Enviado: Qua Fev 27, 2008 6:03 pm
Há dois anos eu disse ao pessoal daqui que a dívida pública interna iria para 40% do PIB em 2010, fazendo com que o governo tivesse dinheiro para investir em outras áreas. Com os dados atuais, pode até ser antes.Queda da Selic terá maior impacto sobre carga de juros da dívida em 2008, estima BC
BRASÍLIA - Será mais forte em 2008 o impacto da trajetória de queda da taxa básica Selic sobre os juros da dívida pública. Com base nessa expectativa, o Banco Central (BC) estima que a carga de juros e a necessidade de financiamento do setor público recuarão a níveis históricos.
A conta de juros da dívida é estimada em 5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao final deste ano, ante 6,25% de dezembro de 2007. E o resultado nominal seria deficitário em montante equivalente a 1,2% do PIB, considerando o cumprimento da meta de superávit primário fixada em 3,8% do PIB e uma taxa de câmbio de fim de período em R$ 1,80.
Animado com os resultados fiscais relativos a janeiro, o chefe do Departamento Econômico do BC, Altamir Lopes, explicou que embora o Comitê de Política Monetária (Copom) tenha interrompido a trajetória de dois anos de cortes na Selic em setembro de 2007, " a dinâmica dos juros sobre a dívida pública não acompanha, necessariamente, os movimentos da taxa básica " .
Ele explicou que há influência das decisões gerenciais sobre a composição da dívida pelo gestor, o Tesouro Nacional. Citou como exemplo o grande volume de prefixados que vencem no ano (R$ 147,28 bilhões). Colocados a taxas mais altas, mesmo quando a Selic caía, esses títulos federais serão renegociados agora a custos menores, ressaltou o técnico.
Ademais, os juros apropriados sobre a dívida pública (do ponto de vista do financiamento como é contabilizado pelo BC) registram redução acentuada desde 2005. Naquele ano, a conta de juros foi equivalente a 7,32% do PIB, recuando para 6,86% em 2006, para 6,25%, em 2007, e 6,17% do PIB no acumulado em 12 meses até janeiro deste ano.
No primeiro mês do ano, os juros somaram R$ 13,131 bilhões, acima do montante de R$ 12,238 bilhões em dezembro, mas inferior aos R$ 13,927 bilhões de janeiro de 2007 e o menor patamar para o mês desde janeiro de 2005 (R$ 12,275 bilhões).
O resultado nominal foi " surpreendente " , segundo Lopes, ao registrar superávit de R$ 5,531 bilhões, atípico para o período e o melhor para janeiro na série histórica iniciada em 1991. O último superávit nas necessidades de financiamento foi registrado pelo governo em junho de 2007, no valor de R$ 677 milhões. Em janeiro, o resultado positivo foi possível porque a economia para o pagamento dos juros (superávit primário) também foi a melhor da série para janeiro, em R$ 18,662 bilhões.
Lopes comentou que se confirmada a tendência de menor carga de juros e de " continuidade de fortes superávits primários " como o de janeiro, os dados fiscais " serão os melhores da série " ao fim de 2008.
(Azelma Rodrigues | Valor Online)