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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 31, 2014 12:42 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Isso reforça a ideia que os investimentos pararam e, as grandes empresas, aquelas que lideram os investimentos e tem efeitos de encadeamento, preferem ganhar dinheiro com aumento de preços. Assim, ao invés de puxar crescimento da economia, preferem puxar aumento de preços.
Típica estratégia de quem pensa apenas no curto prazo, sem planejar para o futuro. Tipo "quero ganha o que der agora e o futuro a Deus pertence".

Mas não daria para ser diferente com a administração idiossincrática da Dilma, que não conversava com ninguém para planejar nada no prazo maior, na economia ficava indo e voltando e criando "puxadinhos" com prazo de validade determinado e no resto era um zero a esquerda, não apontava direção alguma em nada :roll: .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 31, 2014 2:21 pm
por LeandroGCard
Mais do mesmo:
Investimento estrangeiro na indústria é o menor desde 2000
Luiz Guilherme Gerbelli, Renée Pereira - O Estado de S. Paulo - 31 Agosto 2014

A sequência de más notícias não dá trégua para a indústria brasileira. Após a crise internacional em 2008, os problemas se avolumaram: o setor perdeu competitividade, espaço na economia e agora até o que ia bem – ou menos ruim – piorou. De janeiro a julho, a fatia da indústria no volume de investimento estrangeiro recuou quase oito pontos porcentuais em relação a 2013, de 32,86% para 25,09%. Foi a pior participação desde 2000.

Em valores, a indústria brasileira recebeu US$ 8,013 bilhões neste ano, montante mais baixo desde 2008 (US$ 7,733 bilhões). A queda na entrada de recursos para o setor é reflexo da fraca atividade econômica do Brasil nos últimos meses e da falta de perspectiva em relação ao futuro do setor. Os dados divulgados na sexta-feira reforçam o pessimismo. O Produto Interno Bruto (PIB) nacional do segundo trimestre recuou 0,6% e o da indústria, 1,5% comparado aos primeiros três meses do ano.

“Desde a crise (de 2008), não tivemos um ano de sossego. A vida industrial tem sido um inferno”, afirma o ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Julio Sergio Gomes de Almeida. O menor investimento, diz ele, é um processo natural com a indústria em recessão. O economista pondera, entretanto, que nos últimos anos o setor recebeu um volume robusto de investimento externo – US$ 73 bilhões desde 2008. “O que podíamos tentar melhorar é o objetivo desse investimento para que, além do mercado interno, ele se volte também para fazer do Brasil uma economia industrial mais integrada nas cadeias globais.”

Entre as principais justificativas para a perda de competitividade da indústria nacional está a elevada carga tributária, infraestrutura deficiente, alto custo de capital e câmbio valorizado. Nesse ambiente, a indústria foi incapaz de voltar ao nível pré-crise. A produção industrial está 5% abaixo de setembro de 2008, quando a crise internacional eclodiu. “Houve perda de dinamismo generalizada em todos os setores”, diz Armando Castelar, coordenador de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV).

Outra evidência da crise da indústria está na rápida queda de sua participação no PIB. No segundo trimestre deste ano, o peso da indústria de transformação foi de 10,7%. No mesmo período do ano passado, era 11,4%. Em 2010, respondia por 14% do PIB. Na década de 80, bateu os 27%. “O empresário não investe por instinto, muito menos por instinto animal (referência ao economista John Maynard Keynes). Ele investe baseado em retornos”, diz o diretor da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz.
Há um dado incorreto no texto acima.

A indústria nacional já perdia competitividade muito antes de 2008 (vide gráfico abaixo), o processo se iniciou logo no primeiro dia de mandato de FHC. A indústria brasileira já naquela época saiu de um período em que não tinha como planejar nada em função da hiperinflação para outro em que não adiantava planejar nada em função dos juros astronômicos e da defasagem cambial. Mas tínhamos uma base industrial grande e muito diversificada e a estabilização da economia permitiu um crescimento razoável até 2004/2005, embora bem abaixo da média de outros emergentes. Só que os investimentos feitos à época não focaram na inovação mas basicamente em reduções de custos e nacionalização de projetos estrangeiros. Então a partir de 2005 os problemas começaram a mostrar consequências, mas não causaram um colapso total imediato e sim a erosão lenta e contínua que agora cada vez mais se torna aguda. E os governos do PT se mostraram particularmente ineptos em sequer identificar os problemas, que dirá resolve-los.

Muita gente já apontava para o ônus que estava sendo imposto ao nosso setor industrial antes mesmo do final do primeiro governo FHC, mas embalada pela falácia do sucesso do plano real a sociedade brasileira em geral não dava ouvidos. Mesmo agora isso só acontece porque a contração da indústria não está mais sendo compensada pelo crescimento dos preços das commodities, pelas políticas de transferência de renda e pela expansão do crédito à população, e o crescimento do país bateu em uma parede. Agora um eventual colapso total do setor já não é algo assim tão distante, embora ainda não se possa dizer que seja uma certeza. O tempo para tentar consertar o estrago, contudo, está se esgotando rapidamente.

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Notar que a projeção para a queda da participação da indústria no PIB nacional para 2021 já foi atingida e ultrapassada este ano, mostrando a aceleração do processo de desmontagem do setor :? .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 31, 2014 4:45 pm
por Marechal-do-ar
LeandroGCard escreveu: Imagem
Entre 1990 e 2012 o gráfico parece acompanhar o preço do dólar, o que me parece lógico já que com moeda supervalorizada é mais barato importar da China enquanto que com a moeda subvalorizada é lucrativo exportar.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 31, 2014 5:04 pm
por mmatuso
Pior que ao invés de tentar ajudar a aumentar a produtividade nacional a dentuça faz o contrário, tenta ao máximo barrar importação de forma que a coisa continua ruim aqui e importar fica péssimo.

No final das contas as empresas nacionais vão piorando e ela usando essa "ferramenta" para cobrir deficit imediato e entubando quem está aqui.

Ela deve pensar que "ruim é melhor que péssimo".

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 31, 2014 7:01 pm
por Bourne
Os incetivos do governo em investimento e tecnologia são para elevar a produtividade e competitividade. Porém se perdem por que quem lidera não está interessado no momento. Além dos desvios de função como financiar P&D de multinacionais, incentivar política industrial de substituição de importações dos anos 1950s, fechar mercado que os outros países retalham e fecham os deles para produtos brasileiros.

O exemplo mais gritante é a industria automobilística. Ao invés de disputar mercado e ajuda as multinacionais se integrarem ao mercado global, a estratégia foi fecha e produz tudo aqui, aceitando perda de qualidade nos projetos e elevados preços para compeçar as máquinas deslocadas que em maioria são usadas. Agora essas multinacionais choram mais incentivos e subsídios para abastecer um mercado interno que não consegue manter o nível de consumo, mas não exportam por que os outros países restringiram o acesso aos mercados locais devido ao protecionismo brasileiro. O governo tende aceitar a chantagem como dar dinheiro subsidiado para investimento e modificações em P&D.

Outra coisa é que no fim do mandato é que a equipe de governo começou à conversar com os vizinhos para potencialmente fecharem acordos comerciais. Lembrou disso agora e ignorou o trabalho do lula ao longo da década de 2000s.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Set 01, 2014 8:50 am
por knigh7

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Set 01, 2014 2:08 pm
por Paisano
Armínio Fraga e a retórica do espantalho, por Mattoso e Rossi*

Fonte: http://jornalggn.com.br/blog/brasil-deb ... so-e-rossi
BRASIL DEBATE - SEG, 01/09/2014 - 11:47

Da Folha de São Paulo[/b]
Jorge Mattoso e Pedro Rossi: Arminio Fraga e a distribuição de renda

Em artigo publicado nesta seção, Arminio Fraga, assessor do candidato do PSDB à Presidência da República, apontou "mitos do discurso econômico do PT", apelou pela melhoria do debate público e concluiu que "o populismo e a mentira são inimigos da democracia e da boa política". Mas o pedido vem em texto que desenvolve temas econômicos não triviais em poucos parágrafos e faz uso da "retórica do espantalho", distorcendo e exagerando argumentos do adversário para torná-los mais facilmente refutáveis.

Por exemplo, Arminio diz que os petistas carregam um "preconceito ideológico com o investimento" e compartem a visão de que "basta estimular a demanda que o resto se resolve". Esse argumento estapafúrdio dificulta qualquer debate, mas, com boa vontade, podemos supor que ele se refere à tese, de fundo keynesiano, de que a distribuição de renda pode favorecer um ciclo virtuoso de crescimento.

Essa ideia considera que o aumento do poder de compra da população mais pobre, por estimular a demanda, induz o investimento ao incentivar o aproveitamento de economias de escalas, sobretudo das empresas voltadas ao mercado interno.

Isso não é uma aposta irresponsável no consumo como motor do crescimento, tampouco minimiza as ações do lado da oferta, como as políticas industrial, educacional, de infraestrutura e de ciência e tecnologia. De 2004 até a crise de 2008, o Brasil viveu um ciclo virtuoso de crescimento com distribuição de renda, com vigorosa expansão do consumo.

Mesmo após a crise, a demanda interna forte e o baixo desemprego se mantiveram graças à menor vulnerabilidade do país e à adoção de políticas anticíclicas. E, contrariamente ao pretenso "preconceito ideológico com o investimento", entre 2004 e 2013 as taxas de crescimento do investimento foram sistematicamente mais altas do que do PIB, exceto em 2009 e 2012 –a taxa de investimento foi de 16,4% do PIB em 2002 a 20,9% em 2013.

Nesse contexto, o modelo de crescimento e o papel da distribuição de renda devem ser objeto do debate eleitoral, sem espantalhos ou demagogia. Qual será a política salarial em um governo Dilma, Aécio ou Marina? As baixas taxas de desemprego serão sacrificadas em nome do combate à inflação? Haverá compromisso com a continuidade da distribuição de renda? O próprio Arminio já disse que o salario mínimo cresceu demais no Brasil. A sua versão da distribuição de renda ficará a cargo da espontaneidade das forças de mercado?

O autor também alega que o governo teria represado irresponsavelmente os preços da energia e a taxa de câmbio. Quem represou a taxa de câmbio mais que o governo tucano? Em 1998, para garantir a reeleição, FHC adiou uma crise cambial incontornável e recorreu ao FMI com um empréstimo de US$ 41,5 bilhões para queimar reservas e sustentar um real sobrevalorizado. Essa, sim, foi uma política de gestão macroeconômica irresponsável, que endividou o país e culminou na crise cambial de 1999 e na mudança tardia para o regime de câmbio flexível, cuja transição foi administrada pelo próprio Arminio no Banco Central.

Se em um bom debate não se pode desqualificar o adversário, tampouco se pode insinuar que as políticas econômicas são temas técnicos e que existe a "boa política" e a "má política". O que existem são modelos econômicos em disputa em prol de interesses políticos distintos.

A política econômica dos governos Lula e Dilma priorizou, pela primeira vez em nossa história, o crescimento econômico com distribuição de renda e permitiu a redução da pobreza, da desigualdade e do desemprego. E isso com a inflação há dez anos dentro dos limites da meta, com queda da dívida pública líquida e estabilidade da bruta e com a ampliação dos investimentos e das reservas internacionais.

Se a implementação dessas políticas atendeu às demandas de parte substancial da população brasileira, mas contrariou alguns interesses estabelecidos, isto é absolutamente natural. O que não é natural, nem bom para o debate, é recorrer a argumentos falaciosos para desqualificar quem pensa diferente.

JORGE MATTOSO, 64, economista, é professor aposentado do Instituto de Economia da Unicamp. Foi presidente da Caixa Econômica Federal (2003-2006)

PEDRO ROSSI, 33, é professor do Instituto de Economia da Unicamp

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Seg Set 01, 2014 2:49 pm
por Bourne
Esse pessoal da Unicamp vive em um universo paralelo. Defende o indefensável e por vias fantasiosas. Entendo o motivo que o Dirceu e Palocci limitaram o poder desse pessoal enquanto puderam. Os caras são muito malucos.

Depois dessa vão demorar muito para ocupar cargos importantes na estrutura de governo e serem respeitados por grandes centros heterodoxos (UFMG e UFRJ). Para outros viveram piada, mesmo entre os heterodoxos que dizem representar.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Set 02, 2014 9:18 am
por LeandroGCard
Interessantes informações:
Eis os regimes especiais

Trata-se de um emaranhado de leis, decretos e regulamentações que concedem benefícios e pacotes de bondades, supostamente, para garantir proteção aos contemplados

Celso Ming - Estadão - segunda-feira 01/09/14



Levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq) identificou em vigor no Brasil nada menos que 21 regimes especiais concedidos principalmente à indústria. (Veja tabela)

Trata-se de um emaranhado de leis, decretos e regulamentações que concedem benefícios e pacotes de bondades, supostamente, para garantir proteção aos contemplados. O presidente da Abimaq, Carlos Pastoriza, adverte que esses 21 são apenas os mais importantes. “Na verdade, há mais de 40.”

Tabela Regimes Especiais

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O principal vício desse universo é o de multiplicar exceções num ambiente fortemente deteriorado, sem corrigir os problemas originais que prejudicam todo o setor produtivo e não apenas alguns dos seus segmentos. Daí sua falta de isonomia.

É uma parafernália que encadeia distorções. A liberação de seus benefícios exige a mobilização de um corpo de despachantes especializados. Acumulam créditos de impostos que o fornecedor paga e, raramente, consegue recuperar. A qualquer momento, os benefícios podem ser suspensos, dependendo da boa vontade (ou não) de quem manobra os cordéis da marionete, o que gera incerteza e exige montagem de lobbies para garantir sua permanência. Assim, a maioria vai ficando e gera favores cruzados, que, em muitos casos, se sobrepõem e transformam a administração pública em uma mixórdia sem transparência.

Nem todos esses regimes especiais deveriam ser abolidos. O Simples, por exemplo, é um instrumento que não só derruba a insuportável carga tributária para as empresas (apenas para as micro e pequenas), mas também as livra da excessiva burocracia. Deveria ser o ponto de partida para uma reforma de todo o sistema tributário, mas isso não ocorre a quem está lá em Brasília. Coisas equivalentes podem-se dizer das disposições do sistema de drawback, que isenta de tarifas produtos destinados à reexportação, porque o que tem de ser exportado são bens e serviços, e não impostos.

Pastoriza denuncia outra contradição: “Esses ecossistemas são concebidos para proteger a indústria nacional, mas, muitas vezes, se transformam em centros de maquila, cujo resultado trabalha contra e não a favor da indústria”. (Maquila ou maquiagem é o processo de montagem feito a partir de componentes preponderantemente importados.)

Esses regimes especiais são em boa parte o resultado da falência de políticas sistêmicas (abrangentes) que deveriam dar sustentabilidade a todo o sistema produtivo e não apenas a seus eventuais beneficiários. Quando tantos setores ou segmentos da economia precisam de regimes especiais para se desenvolver ou, simplesmente, para sobreviver, não há regime especial. Tão ou mais grave do que isso é o fato de que atuam como centros de cooptação de empresários. Na condição de beneficiários, não ousam criticar a política.
Um dos principais problemas deste tipo de situação é a sensação de instabilidade que cria. Como as regras podem mudar a qualquer momento, os empresários não tem segurança para investir a longo prazo e se habituam a buscar sempre os ganhos imediatos, pois não sabem até quando vão poder obtê-los. Isso inibe os novos desenvolvimentos (que exigem prazos maiores de maturação) e tendem a tornar mesmos os setores industriais favorecidos cada vez mais atrasados e portanto menos competitivos com relação aos seus congêneres internacionais.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Set 02, 2014 4:23 pm
por Bourne
Um pouco surpreso pela origem dos autores e ainda não terem sido mandados para frente russa.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias ... p-,1553365

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Set 02, 2014 5:13 pm
por Grep

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Set 02, 2014 6:08 pm
por Bourne
Pelo menos, creio que as eleições fizeram bem para um setor. :mrgreen:
(...) Entre as dez atividades que aumentaram a produção, os principais impactos foram observados em indústrias extrativas (5,6%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (2,2%), produtos farmacêuticos e farmoquímicos (8,9%), impressão e reprodução de gravações (20,5%) e outros equipamentos de transporte (9,8%). (...)

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Set 02, 2014 7:08 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Um pouco surpreso pela origem dos autores e ainda não terem sido mandados para frente russa.

Fonte: http://economia.estadao.com.br/noticias ... p-,1553365
O artigo é interessante por apontar que a insistência no dualismo maniqueísta que domina o debate econômico no Brasil não trará a solução para nosso baixo crescimento já crônico.

Infelizmente, não tem a ousadia de tentar apontar outros caminhos.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Set 03, 2014 10:54 am
por Bourne
Estava certo. Agora vem os entendidos se explicarem :twisted:
Bolha imobiliária no Brasil está desinflando sem estourar

Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/ ... m-estourar

Bolha está murchando enquanto especuladores abandonam o mercado e construtoras liquidam os imóveis menos rentáveis

Christiana Sciaudone e Denyse Godoy, da

São Paulo - A bolha no mercado imobiliário residencial do Brasil pode desinchar lentamente, e não estourar, enquanto os especuladores abandonam o mercado e construtoras como a Rossi Residencial liquidam casas e apartamentos menos rentáveis de olho em vendas mais lucrativas.

Os preços estão se estabilizando neste ano, subindo a um ritmo que é cerca de um terço do de 2011, quando as construtoras ofereciam residências com data de entrega para agora, segundo dados compilados pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas, a Fipe, e pelo site imobiliário Zap Imóveis.

Os investidores de curto prazo e alguns clientes individuais estão perdendo interesse nesses negócios.

“Hoje nós estamos vivendo um momento de excesso de entrega, então há uma acomodação do mercado”, disse o CEO da Rossi, Leonardo Diniz, em entrevista em 27 de agosto, no escritório da Bloomberg em São Paulo.

“É um negócio de risco. As pessoas, para entrarem nesse risco, precisam vislumbrar um ganho elevado, então tendem a sair”.

O ajuste no mercado pode ser uma boa notícia para os compradores de casas e apartamentos para morar e para as construtoras, mesmo depois que um relatório do governo mostrou, em 29 de agosto, que a economia do Brasil entrou em recessão no primeiro semestre do ano.

Os apartamentos estão se tornando mais acessíveis em um momento em que as construtoras oferecem descontos.

Limpar o estoque das unidades de baixa margem de lucro deve aumentar o fluxo de caixa, abrindo caminho para vendas de imóveis mais lucrativos, disse Diniz.

Robert Shiller, cocriador do índice de preços imobiliários S&P/Case-Shiller, expôs a ideia de uma bolha imobiliária no Brasil há um ano, falando para uma audiência no país. “Eu não estou investindo em imóveis”.

A demanda habitacional não satisfeita e um acesso mais amplo aos empréstimos irão assegurar que os compradores permaneçam no mercado, disse o diretor financeiro da Cyrela, Eric Alencar, em entrevista por telefone, em 28 de agosto.

A diminuição de investidores especulativos de curto prazo manterá os preços mais acessíveis para compradores de longo prazo e individuais, disse ele.

Nós esperamos que os preços “subam com a inflação”, disse Alencar. “O crédito continua firme e forte com os bancos querendo cada vez mais financiar os clientes”.

Renda fixa

Os especuladores começaram a se afastar do setor imobiliário para colocar seu dinheiro em renda fixa, uma vez que o Banco Central começou a elevar a taxa Selic, a taxa básica do Brasil, segundo Marcel Kussaba, chefe de pesquisa de ações da Quantitas Asset Management.

“A participação de especuladores na compra de imóveis nos últimos anos foi subestimada”, disse ele, em entrevista por telefone, de Porto Alegre.

“Mas, agora que a Selic está mais alta, esses investidores preferem opções com retornos melhores do que o mercado imobiliário”.

O comitê de política monetária do Banco Central deve manter a taxa inalterada em 11 por cento, amanhã, pela terceira reunião seguida após nove aumentos consecutivos, segundo economistas consultados pela Bloomberg.

A Selic havia sido reduzida para 7,25 por cento, um nível recorde, em outubro de 2012.

Mesmo com a contração econômica do Brasil, o desemprego continua próximo da taxa mínima histórica enquanto a renda média ainda é alta, e é isso o que mais importa no mercado imobiliário, segundo Raphael Juan, diretor de investimentos da BBT Asset Management em São Paulo.

‘Mais sólido’

“Podemos até ver uma piora nesses indicadores, porém, como o país tem uma base melhor agora, isso não deve ser uma grande preocupação”, disse Juan, em entrevista por telefone.

Os investidores não estão convencidos ainda de que o pior já passou para a Rossi. A queda de 33 por cento da empresa neste ano é a maior entre as 13 maiores construtoras do Brasil.

A companhia também tinha a menor quantidade de caixa entre seus pares no segundo trimestre, segundo dados compilados pela Bloomberg.

Geração de caixa

Embora a estratégia do CEO Diniz de focar na geração de caixa e na redução dos especuladores seja positiva para o mercado, ainda é muito cedo para que a ação atraia investidores novamente, disse Kussaba, da Quantitas.

“Uma demanda mais estável é, em teoria, algo positivo para as construtoras porque assim elas podem planejar seus lançamentos considerando um cenário mais realista e adaptar seus custos e estrutura a essa realidade”, disse Kussaba.

“Mas a Rossi ainda está muito endividada e precisa melhorar sua situação antes de pensar em qualquer outra coisa. Esse é o único jeito de a empresa continuar avançando no futuro”.

O diretor financeiro da Rossi, Rodrigo Medeiros, disse que provavelmente mais compradores cancelarão suas compras neste trimestre. A companhia está oferecendo descontos de até 35 por cento em residências revendidas, disse Medeiros, em entrevista em 28 de agosto com Diniz, o que ajuda a Rossi a se desfazer de um estoque que está pesando nas margens.

Tirar os projetos mais velhos dos livros contábeis ajudará, disse Medeiros. As margens dos projetos iniciados em 2010 são de 34 por cento, contra 39 por cento daqueles que começaram em 2013, segundo o relatório de lucros do segundo trimestre da Rossi.

“Nos novos lançamentos a gente já esta focado em obter rentabilidades mais altas”, disse Medeiros. “É uma prioridade acabar com esse estoque, pois com os novos projetos nossas margens podem melhorar”.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Qua Set 03, 2014 10:55 am
por mmatuso
Agora é hora de comprar imóvel com preço bom. :twisted: