VISÃO DE BIDEN
SOBRE COMÉRCIO
INTERNACIONAL
Historicamente, o ex Vice-Presidente Biden apoia uma política comercial mais tradicional,
com ênfase na redução de barreiras ao comércio e no estabelecimento de padrões globais
de comércio a partir dos valores dos Estados Unidos. No entanto, a defesa das políticas de
livre comércio e pró-mercado de Biden foi, de alguma maneira, relaxada nos últimos meses,
acenando para o novo clima político e econômico dentro dos Estados Unidos.
Duas mudanças significativas em sua visão sobre política comercial – em comparação com
seus anos no governo Obama – são a promessa de equacionar preocupações internas, que
incluem receios sobre a terceirização de empregos na indústria doméstica, especialmente no
centro-oeste industrial (Rust Belt), antes de firmar novos acordos comerciais, e a promessa
de que todas as futuras negociações comerciais incluirão as contribuições de lideranças
trabalhistas e ambientais, o que pode ser sensível para o Brasil, especificamente em razão
das políticas de proteção ambiental na Amazônia.
Em relação à atual política comercial, Biden apoia uma renegociação da Parceria Transpacífica,
da qual os Estados Unidos se retiraram após a eleição de Trump, embora com a inclusão de
novos padrões trabalhistas e ambientais. Em relação à China, Biden defende a construção
de uma coalizão internacional para desafiar as práticas comerciais desleais dos chineses, no
lugar do aumento unilateral de tarifas aplicado pela administração Trump (embora Biden não
tenha confirmado se removeria as sobretaxas hoje em vigor). Em contraste com a preferência
de Trump pelo comércio bilateral com uma perspectiva de ganhos e perdas, Biden prefere
acordos comerciais multilaterais, que ele vê como ganha-ganha para todos os participantes.
No que diz respeito ao Brasil, Biden não fez – até o momento – qualquer comentário específico
sobre a negociação de um acordo comercial ou sobre outro aspecto do relacionamento
bilateral, mas, como observado acima, a maior preocupação com as questões trabalhistas
e ambientais podem trazer um elemento complicador nas relações entre os dois países, no
caso da vitória de Biden. Embora Bolsonaro tenha repetidamente expressado seu apoio a
Trump durante todo do processo de campanha eleitoral nos Estados Unidos, a postura de
uma eventual administração de Biden em relação ao Brasil provavelmente seria guiada por
considerações práticas, ainda que com diferenças ideológicas.
VISÃO DE BIDEN
SOBRE POLÍTICA
EXTERNA
A política externa de Biden em relação à América Latina, até o momento, guarda
enorme correlação com a do governo Obama. Biden afirma que retomaria a tentativa
de normalização das relações com Cuba, iniciadas no governo Obama, procurando se
aproximar da ilha, enquanto apoia seu processo de democratização, ao invés de buscar seu
isolamento econômico e político. Em relação à Venezuela, Joe Biden também reconhece
Juan Guaidó como presidente interino e apóia sanções contra o governo Maduro.
Biden adota uma abordagem muito diferente no tocante à imigração vinda da América
Central, que é impulsionada pelas crises econômicas e de segurança nos países do
“Triângulo Norte”. Biden também apoia programas de ajuda para aumentar a segurança
e a capacidade dos governos em Honduras, Nicarágua e El Salvador para limitar o ímpeto
migratório, em vez de impedir a entrada de migrantes nos Estados Unidos.
A plataforma e a retórica da campanha de Biden não fizeram – até o momento –
menção específica ao Brasil. Considerando que ele, assim como Trump, vê o presidente
venezuelano Nicolas Maduro como um ditador ilegítimo e apoia ações para levar a uma
transição democrática na Venezuela, esse pode ser um ponto de aproximação com o
atual governo brasileiro. A diferença entre a política dos dois candidatos na Venezuela
decorre dos métodos empregados para alcançar um objetivo semelhante, com Biden
preferindo um esforço multilateral coordenado com aliados regionais, como Brasil e
Colômbia, e concentrando-se mais em medidas econômicas e diplomáticas para remover
Maduro. As diferenças na política da Venezuela delineiam uma importante divisão entre a
abordagem de Biden à política externa - multilateral, favorecendo soluções diplomáticas
- e a abordagem de Trump - bilateral ou unilateral, favorecendo soluções militares.
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