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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Dom Ago 17, 2014 11:25 am
por Bourne
É o Mantega sendo Mantega :mrgreen:

A entrevista e os discursos seguem o roteiro que está tudo bem, minimiza os problemas e descambam para bate-boca com discorda. Por isso o Mantega é considerado uma piada, um dos piores ministro da Dona Dilma e responsável por atrair todo tipo de crítica ao governo. Não é nem o que ele fala, mas como se comunica e o discurso. O PT tinha nomes muito melhores e equilibrados para assumir o cargo como Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo (Unicamp) ou Márcio Holland (FGV-Sp) entre outros.

Para ser ministro não precisa ter contribuições acadêmicas de ponta, ser nobel, possuir PhD em economia ou ser formado na área, menos ainda trabalhar no mercado financeiro, ser especialista em economia monetária e financeira. A questão é ter condições de vender o plano para o público, falar a realidade de forma coerente e sem sobressaltos. Era o que o Palocci e Malan faziam. O mundo poderia estar desmoronando que o discursos e coerência não mudavam. O Ministro age coimo um altista que ignora o mundo e repete um discurso sem emoção.

O mantega nunca foi grande coisa como acadêmico e tem o grande problema de falar demais. Nunca teve perfil psicológico para ser ministro da fazenda. Atenção como ele é um dos caras que bate-boca e persegue as análises do mercado financeiro e imprensa. Não importa se concorda ou não. Esse tipo de atitude cria problemas, legitima a análise e vira uma bola de neve ao longo do tempo. Enquanto na prática, seria irrelevantes e logo esquecidas se fossem ignoradas. Talvez, um dos motivos dele estar lá é por ser um dos comandantes do grande expurgo que ocorreu entre 2008-12.

Esses dias cheguei ou um debate na CBN que tinha o Belluzzo, um cara da FGV-Sp e outro maluco do mercado financeiro. No meio do debate, o Belluzzo que ainda é um dos nomes do governo e conselheiro da presidente, começou a criticar duramente as atitudes da equipe econômica sem citar o Mantega, mas estava na cara que se referia ao ministro da fazenda.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 5:11 am
por akivrx78
A indústria segue em queda livre
A perda de musculatura da indústria é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo governo
por Carlos Drummond — publicado 19/08/2014 04:38
Divulgação / Governo da Bahia
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Polo industrial de Camaçari

As notícias mais recentes de queda da produção industrial de 1,53% neste ano (a expectativa anterior era de um declínio de 1,15%), e de um crescimento do PIB de 0,86% (projetava-se um avanço de 0,90%), foram acompanhadas das reações habituais de espanto, indiferença ou sugestões pontuais, quase sempre sob o clima pré-eleitoral.

A falta de uma estratégia clara para a economia, entre governistas e oposicionistas, parece a causa mais provável da dificuldade para relativizar o comportamento dos indicadores. A economia não anda bem, sabe-se, mas não há uma tragédia, como admite a própria oposição. E não se sai disso. A análise concentrada, salvo exceções, em dados de curtíssimo prazo, dificulta avaliações abrangentes.

A profusão de informações fragmentadas atordoa. O PIB projetado caiu, mas a previsão para o IPCA deste ano passou de 6,41% para 6,39%, na terceira queda consecutiva, algo “muito raro”, segundo o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. As estimativas para a indústria pioraram, mas a produção automobilística, carro-chefe do setor, aumentou 8,6% em julho, após cair 21% em junho. Projeta-se um déficit de 81,45 bilhões de dólares em conta-corrente, diante dos 81,65 bilhões anteriores. A balança comercial encerrou julho com superávit de 1,575 bilhão, ante o déficit de 1,899 bilhão há um ano. E assim vai.

Se os altos e baixos do ritmo de curtíssimo prazo, importantes para as aplicações financeiras, podem confundir, é indiscutível a existência de uma forte tendência de declínio da produção industrial e do PIB. Nos dois indicadores, cada nova queda chega a um ponto inferior ao atingido na redução anterior.

Ao contrário da China, mobilizada para constituir grandes players industriais como a Huawei, que desbancou a Siemens do posto de maior fabricante de equipamentos de telefonia do mundo, e dos Estados Unidos, empenhados na reindustrialização do país, a começar pela devastada Detroit, outrora o maior polo mundial da indústria automobilística, o Brasil, na iniciativa privada e no governo, parece não ver a conexão estrutural entre o afundamento da indústria e a quase estagnação do PIB. Mas os números indicadores dessa inter-relação são eloquentes. A queda da indústria arrasta para baixo o PIB e a balança comercial afunda puxada pela manufatura, único setor consistentemente deficitário, como mostram os gráficos. O desprezo pela indústria no Brasil choca também por desconsiderar uma evidência consagrada em inúmeros trabalhos acadêmicos, empresariais e governamentais, inclusive de brasileiros, da dominância dos produtos industriais entre os mais dinâmicos no mundo.

Quase todos reconhecem entre as causas da débâcle da manufatura a valorização do real, mas não há uma soma de esforços para debelar o problema. A CNI e a Fiesp até lembram dos efeitos cambiais, mas se apegam muito mais à agenda do aumento da competitividade, da redução da carga tributária e dos gastos do Estado e da multiplicação de acordos comerciais internacionais. A presidenta da República tem a sua própria lista de pontos. Em debate recente com candidatos na CNI, detalhou a pauta da política industrial do governo: desoneração de tributos, crédito subsidiado, compras governamentais, formação técnica e científica de pesquisadores, recuperação do planejamento, constituição de novos marcos regulatórios, redução da burocracia, parceria com o setor privado no planejamento e na execução de projetos estruturantes. Nenhuma palavra sobre câmbio e juros. Nem os candidatos da oposição encaram esses dois tópicos, tão explosivos quanto importantes. Feitas as contas, não é possível chamar de política industrial a lista de medidas específicas apresentada por Dilma.

Vários economistas consideram a indústria um pouco fora de moda, dado o êxito indiscutível e bem-vindo do agronegócio e o crescimento do setor de serviços. Um dos exemplos mais mencionados pelo economista Jorge Arbache, entre outros, é o do iPad, com 97% do preço final composto por serviços (transporte, marketing, estrutura de vendas etc.) e apenas 3% correspondentes ao produto físico. Não lhes parece ocorrer que, na ausência do iPad físico representado por mísero um dígito no preço, não haveria o que propagandear, comercializar, transportar e distribuir. Vista desse prisma, a importância multiplicadora da indústria contemporânea é muito superior à de antes da invenção do computador. “Caímos no conto de que a manufatura não tinha importância. O Brasil está abrindo mão da sua manufatura, esse é um problema estrutural da economia brasileira e é o maior desafio que o próximo presidente vai ter de enfrentar”, afirmou o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, na palestra “Diagnóstico da economia brasileira e recomendações para o próximo presidente”, na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, na segunda-feira 4.

Belluzzo vê semelhanças entre a situação do Brasil, com déficit em transações correntes e crescimento baixo e em desaceleração, e a da Inglaterra dos anos 1920. O governo estabeleceu a taxa de câmbio de 4,86 libras por dólar, muito alta em relação às da França e dos Estados Unidos, que desvalorizavam suas moedas. “Keynes viu o problema e recomendou taxas de câmbios fixas, mas ajustáveis. No texto “As consequências econômicas de Mr. Churchill”, ele diz: ‘Você vai destruir a indústria inglesa’. E Churchill realmente destruiu a indústria inglesa.” No Brasil, “estamos ainda nas consequências econômicas de Mr. Cardoso. Foi ele quem fez a primeira “estripulia” de valorizar o câmbio”, apontou Belluzzo, em entrevista ao blog da Associação Keynesiana Brasileira, da qual é patrono e homenageado. A ideia de Keynes, diz o economista, é que você não pode valorizar o câmbio em um mundo supercompetitivo, como o enfrentado agora pelo Brasil, pois a valorização cambial destrói a estrutura industrial nacional. “Qualquer recuperação passa pela reconstituição e pelo fortalecimento da indústria. Entendo que se trata de um problema estrutural.” Com câmbio valorizado e competição feroz, nada garante, como sugeriu o economista Edmar Bacha em entrevista recente, que, “para escapar do pibinho, o caminho é a abertura”.

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Apreço ao câmbio valorizado e pouca consideração à indústria são simétricos, como mostra este relato de uma reunião entre industriais brasileiros e representantes do governo, seis meses depois da posse do presidente Itamar Franco. O diretor do Banco Central, Gustavo Franco (posteriormente presidente da instituição, no período FHC), informou a todos que o País tinha uma moeda forte e não sabia. Sugeriu a Jacks Rabinovich, dono da Vicunha, a maior indústria de fibras têxteis do Brasil na época, que fosse produzir tecidos na China, porque era mais barato. E propôs a Hugo Miguel Etchenique (recentemente falecido), dono da maior fabricante de compressores do Brasil, não produzi-los mais aqui, mas na República Tcheca, pela mesma razão. “Em todos os lugares, exceto no Brasil, os setores-chave cabem ao empresário local”, disse Rabinovich.

Para quem considera a economia brasileira às portas do inferno, algumas avaliações permitem um alívio. “Não há problemas insolúveis na economia brasileira”, disse o diretor de pesquisas macroeconômicas do Bradesco, Octavio de Barros, em palestra a analistas do mercado de capitais na terça-feira 5. “Não estamos aqui olhando para amanhã ou depois de amanhã. Não somos americanos, não queremos resultados em três meses”, afirmou o presidente para a América Latina da Mitsubishi Corporation, Seiji Shiraki, durante o Fórum Econômico Brasil-Japão, na segunda-feira 4. “O Brasil tem uma economia promissora, para ser olhada no longo prazo. Estamos aqui há 60 anos e queremos crescer nas próximas décadas”, reiterou Shiraki.

*Reportagem publicada originalmente na edição 812 de CartaCapital, com o título "Queda livre"

http://www.cartacapital.com.br/revista/ ... -3631.html

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 5:38 pm
por motumbo
O principal problema que vejo, é a queda da participação da industria na economia brasileira, embora em SP ela ainda pareça empatada com os serviços (algo em torno de 40%), a verdade é que muito (inclusive de SP) foi buscar a China, Índia e outros países com melhores condições fiscais e trabalhistas.

O verdadeiro desafio do próximo governo é sim uma reforma trabalhista, que diminua os encargos, duvido que o governo faça, mas uma boa medida seria permitir que um funcionário saque o saldo do FGTS após um tempo, bem como otimizar a carga tributária.

O problema é que pra fazer isso o governo terá que cortar cargos comissionados, reduzir ministérios e entregar a iniciativa privada mais empresas estatais, um palavrão na cabeça de muitos.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 6:12 pm
por mmatuso
motumbo escreveu:O principal problema que vejo, é a queda da participação da industria na economia brasileira, embora em SP ela ainda pareça empatada com os serviços (algo em torno de 40%), a verdade é que muito (inclusive de SP) foi buscar a China, Índia e outros países com melhores condições fiscais e trabalhistas.

O verdadeiro desafio do próximo governo é sim uma reforma trabalhista, que diminua os encargos, duvido que o governo faça, mas uma boa medida seria permitir que um funcionário saque o saldo do FGTS após um tempo, bem como otimizar a carga tributária.

O problema é que pra fazer isso o governo terá que cortar cargos comissionados, reduzir ministérios e entregar a iniciativa privada mais empresas estatais, um palavrão na cabeça de muitos.
Índia e China tem mais condições escravistas e não trabalhistas, isso sim. [003]

Condição melhor é para o empregador, mas não para o trabalhador.

Sobre sacar fundo de garantia, isso já é possível há tempos, mesmo para demissão sem justa causa.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 6:51 pm
por LeandroGCard
akivrx78 escreveu:A perda de musculatura da indústria é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo governo
por Carlos Drummond — publicado 19/08/2014 04:38
Divulgação / Governo da Bahia
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Quase todos reconhecem entre as causas da débâcle da manufatura a valorização do real, mas não há uma soma de esforços para debelar o problema. A CNI e a Fiesp até lembram dos efeitos cambiais, mas se apegam muito mais à agenda do aumento da competitividade, da redução da carga tributária e dos gastos do Estado e da multiplicação de acordos comerciais internacionais. A presidenta da República tem a sua própria lista de pontos. Em debate recente com candidatos na CNI, detalhou a pauta da política industrial do governo: desoneração de tributos, crédito subsidiado, compras governamentais, formação técnica e científica de pesquisadores, recuperação do planejamento, constituição de novos marcos regulatórios, redução da burocracia, parceria com o setor privado no planejamento e na execução de projetos estruturantes. Nenhuma palavra sobre câmbio e juros. Nem os candidatos da oposição encaram esses dois tópicos, tão explosivos quanto importantes. Feitas as contas, não é possível chamar de política industrial a lista de medidas específicas apresentada por Dilma.
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Belluzzo vê semelhanças entre a situação do Brasil, com déficit em transações correntes e crescimento baixo e em desaceleração, e a da Inglaterra dos anos 1920. O governo estabeleceu a taxa de câmbio de 4,86 libras por dólar, muito alta em relação às da França e dos Estados Unidos, que desvalorizavam suas moedas. “Keynes viu o problema e recomendou taxas de câmbios fixas, mas ajustáveis. No texto “As consequências econômicas de Mr. Churchill”, ele diz: ‘Você vai destruir a indústria inglesa’. E Churchill realmente destruiu a indústria inglesa.” No Brasil, “estamos ainda nas consequências econômicas de Mr. Cardoso. Foi ele quem fez a primeira “estripulia” de valorizar o câmbio”, apontou Belluzzo, em entrevista ao blog da Associação Keynesiana Brasileira, da qual é patrono e homenageado. A ideia de Keynes, diz o economista, é que você não pode valorizar o câmbio em um mundo supercompetitivo, como o enfrentado agora pelo Brasil, pois a valorização cambial destrói a estrutura industrial nacional. “Qualquer recuperação passa pela reconstituição e pelo fortalecimento da indústria. Entendo que se trata de um problema estrutural.” Com câmbio valorizado e competição feroz, nada garante, como sugeriu o economista Edmar Bacha em entrevista recente, que, “para escapar do pibinho, o caminho é a abertura”.

Apreço ao câmbio valorizado e pouca consideração à indústria são simétricos, como mostra este relato de uma reunião entre industriais brasileiros e representantes do governo, seis meses depois da posse do presidente Itamar Franco. O diretor do Banco Central, Gustavo Franco (posteriormente presidente da instituição, no período FHC), informou a todos que o País tinha uma moeda forte e não sabia. Sugeriu a Jacks Rabinovich, dono da Vicunha, a maior indústria de fibras têxteis do Brasil na época, que fosse produzir tecidos na China, porque era mais barato. E propôs a Hugo Miguel Etchenique (recentemente falecido), dono da maior fabricante de compressores do Brasil, não produzi-los mais aqui, mas na República Tcheca, pela mesma razão. “Em todos os lugares, exceto no Brasil, os setores-chave cabem ao empresário local”, disse Rabinovich.
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*Reportagem publicada originalmente na edição 812 de CartaCapital, com o título "Queda livre"
Concordo com a avaliação do Belluzzo, com câmbio super-valorizado não existe remédio que dê jeito na indústria, vai encolher até secar completamente mesmo.

O câmbio mantido por longo tempo em patamares que garantam um mínimo de competitividade dos produtos brasileiros frente aos produzidos em outros países é uma condição necessária à retomada da indústria no Brasil, isso é inegável. O que se pode discutir é o quanto seria este patamar. Caso as condições internas (juros, burocracia, custos trabalhistas e logísticos, impostos e etc...) fossem favoráveis, o câmbio de equilíbrio poderia ficar em patamares mais baixos, digamos (um chute, sem pensar muito) em 2,8 ou 2,9 reais por dólar. Já se nada disso for corrigido o câmbio teria que se desvalorizar ainda mais, para por exemplo 3,5. A questão é que quanto menor for a eficiência intrínseca do país, mais desvalorizado terá que ser o seu câmbio para garantir a competitividade dos produtos locais. A própria China, quando começou sua abertura comercial, era um dos países com a mais baixa eficiência do planeta, enfrentando seríssimos problemas em todas as áreas, do financiamento ao preparo da mão de obra. Mas com sua moeda valendo menos de 1/10 do dólar na época conseguiu decolar e começar uma trajetória de crescimento industrial inigualável.

Evidentemente o ideal seria corrigir todos os problemas internos, de forma a permitir um câmbio de equilíbrio mais alto. Assim se correriam menores riscos inflacionários durante a fase de ajuste e alcançado o equilíbrio o PIB do Brasil e o poder de compra dos brasileiros seria melhor preservado se comparado com o de outros países (facilitando a atração de investimentos, os financiamentos internacionais, as viagens ao exterior, e etc...). Já se os problemas não forem corrigidos o ajuste teria que ser feito integralmente pelo câmbio, com maior inflação interna e maior dificuldade de transacionar lá fora, pelos custos mais elevados das moedas estrangeiras. E em qualquer destes casos não adianta esperar resultados no curto prazo, o desmonte da indústria no país já atingiu um nível que exige no mínimo uma década para que ela possa voltar a crescer com força comparável ao que se vê em outros países emergentes, mesmo se tudo estiver certinho como deveria ser.

Mas nada disso parece provável. O mais certo é que continuemos a viver no pior cenário possível, em que não é feita nem uma coisa nem outra. A eficiência do país tende a continuar extremamente baixa e piorando pela falta das reformas e o câmbio promete continuar extremamente elevado por ser usado como âncora para combater a inflação por governos que não tem competência para achar outros caminhos. E nesta toada vamos só piorar daqui para frente, até onde eu nem quero imaginar.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 6:52 pm
por motumbo
Eu quis dizer o cara sacar mesmo trabalhando, poh, se é seu, então tem que ser seu pra vc sacar quando quiser, então, digamos vai, 1 ano depois, pode sacar sei la 50$ do que tem la, em fim, isso ia ajudar a economia.

Claro, Índia e China tem condições praticamente escravagistas mesmo, mas nós precisamos flexibilizar as nossas, esta criando um monte de trabalhadores informais.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 6:59 pm
por LeandroGCard
motumbo escreveu:Eu quis dizer o cara sacar mesmo trabalhando, poh, se é seu, então tem que ser seu pra vc sacar quando quiser, então, digamos vai, 1 ano depois, pode sacar sei la 50$ do que tem la, em fim, isso ia ajudar a economia.
Ajudaria como exatamente, injetando mais dinheiro no consumo? Isso é exatamente o que foi feito de 2009 para cá, por caminhos que geraram muito maior capacidade de consumo do que a liberação do FGTS, e não parece ter adiantado praticamente nada.
Claro, Índia e China tem condições praticamente escravagistas mesmo, mas nós precisamos flexibilizar as nossas, esta criando um monte de trabalhadores informais.
Já faz muitos anos que a porcentagem de trabalhadores informais na economia está diminuindo, por uma série de fatores que passam por mudanças no perfil das empresas, maior fiscalização do governo e mercado de trabalho aquecido. Pelas últimas notícias que tenho visto isso também não está ajudando em nada, houve épocas em que o Brasil tinha muito mais trabalhadores informais e crescia bem mais.


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:02 pm
por Wingate
LeandroGCard escreveu:
akivrx78 escreveu:A perda de musculatura da indústria é o principal desafio a ser enfrentado pelo próximo governo
por Carlos Drummond — publicado 19/08/2014 04:38
Divulgação / Governo da Bahia
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Quase todos reconhecem entre as causas da débâcle da manufatura a valorização do real, mas não há uma soma de esforços para debelar o problema. A CNI e a Fiesp até lembram dos efeitos cambiais, mas se apegam muito mais à agenda do aumento da competitividade, da redução da carga tributária e dos gastos do Estado e da multiplicação de acordos comerciais internacionais. A presidenta da República tem a sua própria lista de pontos. Em debate recente com candidatos na CNI, detalhou a pauta da política industrial do governo: desoneração de tributos, crédito subsidiado, compras governamentais, formação técnica e científica de pesquisadores, recuperação do planejamento, constituição de novos marcos regulatórios, redução da burocracia, parceria com o setor privado no planejamento e na execução de projetos estruturantes. Nenhuma palavra sobre câmbio e juros. Nem os candidatos da oposição encaram esses dois tópicos, tão explosivos quanto importantes. Feitas as contas, não é possível chamar de política industrial a lista de medidas específicas apresentada por Dilma.
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Belluzzo vê semelhanças entre a situação do Brasil, com déficit em transações correntes e crescimento baixo e em desaceleração, e a da Inglaterra dos anos 1920. O governo estabeleceu a taxa de câmbio de 4,86 libras por dólar, muito alta em relação às da França e dos Estados Unidos, que desvalorizavam suas moedas. “Keynes viu o problema e recomendou taxas de câmbios fixas, mas ajustáveis. No texto “As consequências econômicas de Mr. Churchill”, ele diz: ‘Você vai destruir a indústria inglesa’. E Churchill realmente destruiu a indústria inglesa.” No Brasil, “estamos ainda nas consequências econômicas de Mr. Cardoso. Foi ele quem fez a primeira “estripulia” de valorizar o câmbio”, apontou Belluzzo, em entrevista ao blog da Associação Keynesiana Brasileira, da qual é patrono e homenageado. A ideia de Keynes, diz o economista, é que você não pode valorizar o câmbio em um mundo supercompetitivo, como o enfrentado agora pelo Brasil, pois a valorização cambial destrói a estrutura industrial nacional. “Qualquer recuperação passa pela reconstituição e pelo fortalecimento da indústria. Entendo que se trata de um problema estrutural.” Com câmbio valorizado e competição feroz, nada garante, como sugeriu o economista Edmar Bacha em entrevista recente, que, “para escapar do pibinho, o caminho é a abertura”.

Apreço ao câmbio valorizado e pouca consideração à indústria são simétricos, como mostra este relato de uma reunião entre industriais brasileiros e representantes do governo, seis meses depois da posse do presidente Itamar Franco. O diretor do Banco Central, Gustavo Franco (posteriormente presidente da instituição, no período FHC), informou a todos que o País tinha uma moeda forte e não sabia. Sugeriu a Jacks Rabinovich, dono da Vicunha, a maior indústria de fibras têxteis do Brasil na época, que fosse produzir tecidos na China, porque era mais barato. E propôs a Hugo Miguel Etchenique (recentemente falecido), dono da maior fabricante de compressores do Brasil, não produzi-los mais aqui, mas na República Tcheca, pela mesma razão. “Em todos os lugares, exceto no Brasil, os setores-chave cabem ao empresário local”, disse Rabinovich.
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*Reportagem publicada originalmente na edição 812 de CartaCapital, com o título "Queda livre"
Concordo com a avaliação do Belluzzo, com câmbio super-valorizado não existe remédio que dê jeito na indústria, vai encolher até secar completamente mesmo.

O câmbio mantido por longo tempo em patamares que garantam um mínimo de competitividade dos produtos brasileiros frente aos produzidos em outros países é uma condição necessária à retomada da indústria no Brasil, isso é inegável. O que se pode discutir é o quanto seria este patamar. Caso as condições internas (juros, burocracia, custos trabalhistas e logísticos, impostos e etc...) fossem favoráveis, o câmbio de equilíbrio poderia ficar em patamares mais baixos, digamos (um chute, sem pensar muito) em 2,8 ou 2,9 reais por dólar. Já se nada disso for corrigido o câmbio teria que se desvalorizar ainda mais, para por exemplo 3,5. A questão é que quanto menor for a eficiência intrínseca do país, mais desvalorizado terá que ser o seu câmbio para garantir a competitividade dos produtos locais. A própria China, quando começou sua abertura comercial, era um dos países com a mais baixa eficiência do planeta, enfrentando seríssimos problemas em todas as áreas, do financiamento ao preparo da mão de obra. Mas com sua moeda valendo menos de 1/10 do dólar na época conseguiu decolar e começar uma trajetória de crescimento industrial inigualável.

Evidentemente o ideal seria corrigir todos os problemas internos, de forma a permitir um câmbio de equilíbrio mais alto. Assim se correriam menores riscos inflacionários durante a fase de ajuste e alcançado o equilíbrio o PIB do Brasil e o poder de compra dos brasileiros seria melhor preservado se comparado com o de outros países (facilitando a atração de investimentos, os financiamentos internacionais, as viagens ao exterior, e etc...). Já se os problemas não forem corrigidos o ajuste teria que ser feito integralmente pelo câmbio, com maior inflação interna e maior dificuldade de transacionar lá fora, pelos custos mais elevados das moedas estrangeiras. E em qualquer destes casos não adianta esperar resultados no curto prazo, o desmonte da indústria no país já atingiu um nível que exige no mínimo uma década para que ela possa voltar a crescer com força comparável ao que se vê em outros países emergentes, mesmo se tudo estiver certinho como deveria ser.

Mas nada disso parece provável. O mais certo é que continuemos a viver no pior cenário possível, em que não é feita nem uma coisa nem outra. A eficiência do país tende a continuar extremamente baixa e piorando pela falta das reformas e o câmbio promete continuar extremamente elevado por ser usado como âncora para combater a inflação por governos que não tem competência para achar outros caminhos. E nesta toada vamos só piorar daqui para frente, até onde eu nem quero imaginar.


Leandro G. Card
Simples, vamos voltar à década de 20 do século passado onde eramos essencialmente agrícolas e importávamos quase tudo o que era manufaturado, de simples pregos e parafusos até automóveis etc... Não me admira que um dia a EMBRAER, nossa vitrine e cartão de visitas industrial, venha a bater asas, partindo para os EUA.

Mais uma vez não se fez a lição de casa.... :roll:

Wingate

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:12 pm
por motumbo
LeandroGCard escreveu:
motumbo escreveu:Eu quis dizer o cara sacar mesmo trabalhando, poh, se é seu, então tem que ser seu pra vc sacar quando quiser, então, digamos vai, 1 ano depois, pode sacar sei la 50$ do que tem la, em fim, isso ia ajudar a economia.
Ajudaria como exatamente, injetando mais dinheiro no consumo? Isso é exatamente o que foi feito de 2009 para cá, por caminhos que geraram muito maior capacidade de consumo do que a liberação do FGTS, e não parece ter adiantado praticamente nada.

Claro, Índia e China tem condições praticamente escravagistas mesmo, mas nós precisamos flexibilizar as nossas, esta criando um monte de trabalhadores informais.
Já faz muitos anos que a porcentagem de trabalhadores informais na economia está diminuindo, por uma série de fatores que passam por mudanças no perfil das empresas, maior fiscalização do governo e mercado de trabalho aquecido. Pelas últimas notícias que tenho visto isso também não está ajudando em nada, houve épocas em que o Brasil tinha muito mais trabalhadores informais e crescia bem mais.


Leandro G. Card
Isso mesmo, ajuda que as pessoas podem comprar mais, pagar dividas etc, mas não é só isso, ora, aquilo ali é da pessoa, pertence a ela e não ao governo, também tem isso.

Olha, eu trabalho com micro empresários, e o que houve no Brasil de positivo, é que muitos prestadores de serviço se formalizaram, e é engraçado pq essa sem duvida seria a maior bandeira para essa burra dessa Dilma mostrar do governo dela, mas ela nem toca no assunto, seja la como for, o que eu percebo do pessoal que atendo é que se pudessem e tivessem menos encargos contratariam mais, e todos eles, em algum momento contratam as pessoas sem registro por um tempo.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:16 pm
por mmatuso
motumbo escreveu:Eu quis dizer o cara sacar mesmo trabalhando, poh, se é seu, então tem que ser seu pra vc sacar quando quiser, então, digamos vai, 1 ano depois, pode sacar sei la 50$ do que tem la, em fim, isso ia ajudar a economia.

Claro, Índia e China tem condições praticamente escravagistas mesmo, mas nós precisamos flexibilizar as nossas, esta criando um monte de trabalhadores informais.
Mas acaba tendo uma função importante também o FGTS da forma que está, se por um lado antecipasse o valor todo mundo gastaria de forma desordenada. Da forma que é hoje acaba sendo um "colchão" para o trabalhador gastar quando está desempregado ou se aposentou justamente quando gera menos renda.

Acaba ajudando quem está desempregado a continuar consumindo.

Talvez dar uma flexibilizada para sacar antes, mas ai eu não sei como seria.

Mas tentaram mexer no aviso prévio e tal a pouco tempo e acabou não dando em nada, esse negócio se tornou algo cultural. rs

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:24 pm
por motumbo
Ah eu acho que da forma como esta, é um colchão é pro governo, prefiro que fique comigo mesmo :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol: :lol:

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:40 pm
por Marechal-do-ar
Na questão do FGTS o motumbo está certo, o FGTS acaba funcionando como um tipo de imposto, e um imposto bem complicado, há muitos impostos, encargos e contribuições sobre os salários, o problema não é só tornar o trabalhador caro, isso é até irrelevante, mas a forma como é cobrado é injusta e complicada demais, já não estava de bom tamanho se preocupar só com o imposto de renda? E com alíquotas que façam mais sentido que as atuais.

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:41 pm
por LeandroGCard
Wingate escreveu:Simples, vamos voltar à década de 20 do século passado onde eramos essencialmente agrícolas e importávamos quase tudo o que era manufaturado, de simples pregos e parafusos até automóveis etc... Não me admira que um dia a EMBRAER, nossa vitrine e cartão de visitas industrial, venha a bater asas, partindo para os EUA.

Mais uma vez não se fez a lição de casa.... :roll:

Wingate
Você talvez seja muito novo para ter ouvido falar no "Efeito Orloff", mas é bem por aí mesmo. Do jeito que a coisa anda, a Argentina é o Brasil de amanhã :( .

Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 7:58 pm
por LeandroGCard
Marechal-do-ar escreveu:Na questão do FGTS o motumbo está certo, o FGTS acaba funcionando como um tipo de imposto, e um imposto bem complicado, há muitos impostos, encargos e contribuições sobre os salários, o problema não é só tornar o trabalhador caro, isso é até irrelevante, mas a forma como é cobrado é injusta e complicada demais, já não estava de bom tamanho se preocupar só com o imposto de renda? E com alíquotas que façam mais sentido que as atuais.
Como bem disse o nosso colega mmatuso, o FGTS vai muito além de ser uma simples forma de arrecadação do governo, ele funciona como um desincentivo à troca desordenada de funcionários pelas empresas (pela multa sobre o saldo) e como um seguro para manter o trabalhador por pelo menos algum tempo quando ele ficar desempregado. Se fosse simplesmente extinto as empresas incorporariam o valor ao seu lucro mas não o repassariam aos trabalhadores, e se fosse recolhido e entregue a eles simplesmente se diluiria, as empresas logo descontariam o valor nos salários nominais oferecidos e muito em breve os trabalhadores receberiam no total a mesma coisa que recebem hoje, e ainda forçaria o governo a criar novas despesas para a seguridade social sob pena de ver crises sociais homéricas a cada vez que surgisse qualquer probleminha na economia. Ou seja, a emenda poderia acabar sendo muito pior que o soneto.

Além disso o FGTS segue regras até que bem simples se comparado a outros impostos, dá para montar o cálculo em uma planilha Excel em uma hora ou menos (meu chefe fez exatamente isso e nunca teve nenhum problema, pelo contrário, corrige as burradas da contabilidade). Os impostos sim, tem que seguir milhares de normas e procedimentos diferentes dependendo do estado, do município, do ramo de atividade, do faturamento, do número de empregados e por aí vai. Hoje as regras são tão complexas e absurdas que chegam a ser conflitantes, e na prática nenhuma empresa no Brasil por mais que se esforce consegue estar totalmente dentro da lei na questão tributária, até porque se estiver certa com relação a uma norma estará necessariamente infringindo alguma outra :roll: .


Leandro G. Card

Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA

Enviado: Ter Ago 19, 2014 8:01 pm
por Wingate
LeandroGCard escreveu:
Wingate escreveu:Simples, vamos voltar à década de 20 do século passado onde eramos essencialmente agrícolas e importávamos quase tudo o que era manufaturado, de simples pregos e parafusos até automóveis etc... Não me admira que um dia a EMBRAER, nossa vitrine e cartão de visitas industrial, venha a bater asas, partindo para os EUA.

Mais uma vez não se fez a lição de casa.... :roll:

Wingate
Você talvez seja muito novo para ter ouvido falar no "Efeito Orloff", mas é bem por aí mesmo. Do jeito que a coisa anda, a Argentina é o Brasil de amanhã :( .

Leandro G. Card
Prezado colega, na época do comercial do "Efeito Orloff" eu já tomava caipirinha de vodka há um bom tempo... :D

Eu testemunhei o "boom" industrial dos anos setenta, trabalhei no chamado "chão-de-fábrica" (PCP) e depois para área de exportação e logística...longa estrada com muitos solavancos, mas nada assim, como estou presenciando agora, esse agoniante desmantelamento de nosso parque industrial.

Wingate