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por jauro » Qui Jan 25, 2007 11:45 am
Indústria militar tenta novo impulso
Lula é pressionado a ativar a Política Nacional da Indústria da Defesa, que pode girar R$ 6,4 bi em encomendas
Roberto Godoy
As Forças Armadas estão pressionando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que ele ative ainda este ano a Política Nacional da Indústria da Defesa (PNID), destinada a estimular o setor de produção de equipamentos de emprego militar no País. O programa precisa receber R$ 6,4 bilhões em encomendas de médio prazo, segundo fontes ligadas à Secretaria de Logística do Ministério da Defesa. A documentação foi solicitada pelo Palácio do Planalto há dois meses.
Algumas providências já foram tomadas pelo governo. O ministro da Defesa, Waldir Pires, assinou a portaria normativa que aprova as ações estratégicas destinadas a tornar operacional o PNID. Antes disso, o vice-presidente da República, José Alencar, havia aprovado a Política da Indústria de Defesa. Na época, Alencar estava respondendo pelo ministério.
O empreendimento pode gerar 30 mil vagas diretas. A previsão foi feita há poucas semanas pelo próprio presidente, durante almoço anual com os oficiais dos três comandos, no Clube Militar. No encontro, Lula teria se mostrado disposto a dar andamento ao PNID.
A proposta está atrasada. Pouco antes da demissão do então ministro José Viegas Filho, em novembro de 2004, o Palácio do Planalto tinha programado o anúncio do PNID para março seguinte. A crise interna provocada pela saída congelou a divulgação do processo de fomento industrial.
O valor das aplicações iniciais estimadas “é atual e correto”, sustenta Roberto Guimarães Carvalho, que era presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa (Abimde) no período em que o plano foi elaborado.
De acordo com Carvalho, há 300 empresas brasileiras envolvidas no fornecimento de material para as Forças Armadas. “Operando a plena capacidade, o segmento poderia, sim, gerar de 30 mil a 100 mil vagas”, diz.
Para o atual presidente da Abimde, Jairo Cândido, “a iniciativa de dar vida ao PNID” é bem-vinda pelo empresariado. Ele defende, porém, que seja dado ao setor o mesmo tratamento conferido aos fornecedores estrangeiros: “Eles não pagam os 40% de impostos incidentes sobre os produtos nacionais.”
O presidente da Abimde diz que seria prudente adotar uma medida legal “determinando que, no orçamento dos comandos militares, tudo que diga respeito a investimento não possa ser contingenciado ou retido”.
RECURSOS
Para 2007, os recursos da Defesa somam R$ 39 bilhões. Desse total, R$ 30 bilhões serão gastos com a folha de pagamento, as pensões e as aposentadorias.
O mais novo e amplo investimento em reequipamento é do Comando da Marinha, que destinará R$ 2,7 bilhões à compra de um submarino IKL-214, de tecnologia alemã, de 1.772 toneladas, e ao início da reforma de cinco navios do mesmo tipo, mas de classes diferentes, todos hoje em uso.
No Exército, a prioridade é para a aquisição, também na Alemanha, de pouco mais de uma centena de tanques Leopard 1A5 usados, provavelmente armados com novos canhões de 120mm. No total, a frota prevista para esse tipo de blindado de batalha deve chegar a 240 unidades, considerados os 128 Leopard 1A1 utilizados pelo Exército. A Força vai desenvolver a terceira versão do blindado sobre rodas Urutu, nacional, produzido nos anos 70 e 80.
Na área tecnológica, a prioridade é ainda a da pesquisa de um sistema radar-míssil antiaéreo e de óculos de visão noturna. Serão ainda criadas três brigadas - uma de selva - e o Centro da Força de Paz, no Rio. Os recursos para o projeto somam R$ 7 bilhões, calculados em R$ 1 bilhão por ano, até 2013.
No Comando da Aeronáutica, estão mantidos os programas de reaparelhamento em execução. O mais importante deles, para a defesa aérea, é o da modernização da frota de 55 supersônicos F-5, 12 já entregues. Na versão M, criada pelo consórcio Embraer com a israelense Elbit, o caça ganhou sistemas eletrônicos de última geração, incluindo um radar de longo alcance que permite detectar vários alvos simultaneamente, priorizando de dois a quatro por grau de ameaça. O pacote é estimado em R$ 726 milhões.
PODER DE FOGO
300 empresas
brasileiras produzem equipamentos militares e poderão gerar 30 mil vagas
340 produtos
são fabricados no Brasil, de munição leve a grandes aviões de vigilância eletrônica
"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
Jauro.