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Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sex Abr 20, 2012 3:43 pm
por Sterrius
O problema da argentina passar a perna no Brasil é que o buraco é mais embaixo.

A Argentina tem como principal parceiro comercial o Brasil. Tanto para importação como exportação, atacar a petrobras seria atacar diretamente esse mercado e ae a argentina não quebra devagar, quebra de vez. O brasil sentiria bastante tb mas a argentina ano a ano perde vantagens.

O Risco da petrobras investir na argentina tem que ser calculado. Mas pode sim valer a pena apostar. (literalmente apostar) no país.

Lembre-se que a relação Brasil e Argentina melhorou muito na época das malvinas. Argentinos são orgulhosos mas tb sabem reconhecer aqueles que os ajudam.

O que nunca pode acontecer é dar a sensação pra eles que estão sendo passados pra trás. Se isso ocorrer bate o nacionalismo e cancelam tudo custe o que custar. Por isso o risco calculado pq mesmo um bom acordo pra ambos pode gerar +cedo ou mais tarde essa sensação.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sex Abr 20, 2012 6:28 pm
por wagnerm25
Eles são mestres em prometer coisas e depois fazer tudo ao contrário. Vide montes de caminhões com nossas exportações sempre trancados na fronteira em função de salvaguardas que inventam da noite pro dia.

É RUIM DE ABRAÇAR, HEIN?!?!?!

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sex Abr 20, 2012 6:41 pm
por rodrigo
Sterrius escreveu:O problema da argentina passar a perna no Brasil é que o buraco é mais embaixo.

A Argentina tem como principal parceiro comercial o Brasil. Tanto para importação como exportação, atacar a petrobras seria atacar diretamente esse mercado e ae a argentina não quebra devagar, quebra de vez. O brasil sentiria bastante tb mas a argentina ano a ano perde vantagens.
Se a Argentina conseguir crescer depois desse confisco maluco, vai achar que pode fazer o que quiser. Se afundar, não vale a pena darmos a mão, é mais provável do que ela nos puxe do que tenhamos força possível para ajudar.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sex Abr 20, 2012 6:50 pm
por Clermont
O que se passa na Argentina.

Miriam Leitão, O Globo - 20.04.12.

Empresários brasileiros já estão repensando os investimentos na Argentina. Não exatamente porque houve a expropriação da YPF, nem mesmo pela maneira como aconteceu, mas porque o ambiente para negócios é cada vez mais hostil.

Tudo pode acontecer a partir de uma ordem de Guillermo Moreno ou por algum rompante da presidente Cristina Kirchner. A incerteza jurídica é um ambiente onde o investimento não prospera.

Brasil e Argentina estão unidos pela geografia e separados pelo temperamento. Certa vez, um ministro argentino me disse que a distância entre um e outro é a mesma que existe entre o tango e o samba.

Os dois países enfrentaram problemas muito parecidos ao longo da sua história, com reações diferentes, pelo menos na intensidade.

A hiperinflação deles elevou os preços a níveis muito mais altos do que no Brasil. Eles fizeram um plano que era baseado no câmbio fixo. Só que era rígido. Uma lei proibia a desvalorização da moeda. Nós fizemos um plano que usou o câmbio quase fixo por algum tempo. As duas políticas cambiais entraram em colapso depois de alguns anos.

Aqui, houve alguma confusão, mas a inflação foi controlada rapidamente ao custo de um ano sem crescimento. Na Argentina, tudo acabou em queda de governo e longa recessão.

O Brasil aprendeu a lição e nada alterou o compromisso com as bases da estabilidade, nem mesmo a alternância de partidos adversários na Presidência da República.

A Argentina volta a brincar com o mesmo animal, permitindo que ele se aproxime cada vez mais da economia.

Há artificialismos assim: a presidente visita uma empresa e pergunta por que certo produto não está sendo vendido no mercado. O empresário responde que não é do gosto argentino, por isso ele é feito apenas para exportação. No dia seguinte, o empresário recebe um telefonema de Moreno, que o manda pôr no mercado o tal produto e informa a que preço deve ser vendido. O empresário avisa que aquele preço dá apenas para cobrir o custo da embalagem. Moreno liga então para a empresa fornecedora e dita o preço que ele vai fornecer a embalagem. A empresa pede desconto no custo da energia. E recebe.

Isso é fato real. Aconteceu com empresa brasileira. Moreno, para quem não sabe, é quem manda chover e parar de chover no país, por ordem da presidente. É secretário da Indústria e Comércio, mas é como se fosse primeiro-ministro. Houve um tempo em que ele despachava com revólver em cima da mesa. Hoje, já o recolheu à gaveta, ainda que ameace com outras armas os empresários que não o obedecem.

Ele ligou para um empresário brasileiro estabelecido no país e determinou que suspendesse as exportações. Quando o executivo disse que tinha contratos a cumprir, ele respondeu que não os cumprisse porque aquele produto tinha que ficar no mercado interno.

No Brasil, há também decisões controversas. Aqui foi elevado o imposto interno para carro importado, apesar do alerta de especialistas de que isso fere regras da Organização Mundial do Comércio.

Na Argentina, o governo suspendeu a licença automática de importação e isso está criando problemas concretos para exportadores brasileiros que não podem embarcar mercadorias já vendidas.

Inúmeras empresas brasileiras estão na Argentina vivendo situações em que o voluntarismo substitui leis de mercado. O Brasil é visto hoje como uma economia mais organizada e mais previsível, o que pode, num primeiro momento, nos favorecer, mas os descaminhos do vizinho não nos ajudam.

Para o Brasil, o ideal é que a Argentina tenha sucesso, porque o comércio entre os dois países é pujante, e os interesses comuns se adensaram muito nos últimos anos. O problema é que acordos comerciais negociados pelo bloco com alguns países ou regiões podem emperrar a partir de agora. O acordo Mercosul-União Europeia, por exemplo, é melhor deixar para outra oportunidade.

Atualmente há muito ruído em torno da decisão tomada pelos argentinos. O “Wall Street Journal” pediu em editorial a expulsão da Argentina do G-20, a Espanha ameaça parar de comprar grãos do país e pressiona a União Europeia a retaliar também, as ações da YPF despencam, e diversas autoridades do mundo fazem admoestações ao governo. Tudo isso pode passar, mas ficará a cicatriz.

Cartazes pregados nos muros argentinos dizem que CFK enfrentou YPF e que agora as petrolíferas “são nossas”. Isso pode soar aos brasileiros de forma simpática pela lembrança da campanha do “petróleo é nosso”. É bem diferente.

A empresa argentina tinha sido privatizada, aliás com o apoio dos K. Claro que o país pode mudar de ideia, mas tudo seria aceito se fosse dentro da lei e com indenização negociada aos donos da companhia.

O governo Lula também reclamou que a Vale não investia em siderúrgica no Brasil. A briga foi pública. Os acionistas, entre eles fundos de pensão de estatais e o BNDES, trocaram o presidente da Vale. O mercado não gostou e as ações da mineradora perderam valor, mas a empresa não foi ameaçada de expropriação.

Decisões governamentais controversas existem de um lado e outro da fronteira, mas o que a Argentina fez foi quebrar o cristal da confiança do investidor. Isso produz consequências difíceis de mensurar, mas que se prolongam pelo tempo.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sex Abr 20, 2012 7:48 pm
por wagnerm25
No fundo a aposta é que "não vai dar nada". Acho que esse vez vai, pois são reincidentes contumazes. Chega hora que o caldo entorna.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sáb Abr 21, 2012 8:37 am
por Guerra
A Argentina vai por um caminho que já conhece bem.Não é a primeira vez que o culto a personalidade vai jogar eles na merda.
Mas para nós brasileiros isso vai ser bom. Primeiro para todo povo ver que essa história de eleger um politico o representante dos deuses aqui na terra e dar carta branca parafazer o que bem entender, é furada. Segundo para elite economica brasileira que financia esse tipo de politica aqui no Brasil e na Argentina ficar esperta.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sáb Abr 21, 2012 8:48 am
por Guerra
Sterrius escreveu:O problema da argentina passar a perna no Brasil é que o buraco é mais embaixo.

A Argentina tem como principal parceiro comercial o Brasil. Tanto para importação como exportação, atacar a petrobras seria atacar diretamente esse mercado e ae a argentina não quebra devagar, quebra de vez. O brasil sentiria bastante tb mas a argentina ano a ano perde vantagens.

O Risco da petrobras investir na argentina tem que ser calculado. Mas pode sim valer a pena apostar. (literalmente apostar) no país.

Lembre-se que a relação Brasil e Argentina melhorou muito na época das malvinas. Argentinos são orgulhosos mas tb sabem reconhecer aqueles que os ajudam.

O que nunca pode acontecer é dar a sensação pra eles que estão sendo passados pra trás. Se isso ocorrer bate o nacionalismo e cancelam tudo custe o que custar. Por isso o risco calculado pq mesmo um bom acordo pra ambos pode gerar +cedo ou mais tarde essa sensação.
Na relação Brasil e Argentina só o Brasil tem a perder.Até pouco tempo atrása maior parte das empresas argentinas eram de capital brasileiro. Aliais,não é a toa que adotamos a politica que "nossos vizinhos são gente fina demais". Com relação aos nossos vizinhos (todos eles) só nós temos a perder.

Dinheiro brasileiro nos nossos vizinhos é poupança para epoca de crise. E viver em crise é o esporte nacional nesses paises, cujo o plano do governo é se manter no poder a todo custo.
Acho que a pergunta que deveria estar sendo feita nessa hora é: "para onde vai o Brasil?" com essa politica que nós temos financiar mais essa aventura sulamericana porque eles são legais.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sáb Abr 21, 2012 9:05 am
por Italo Lobo
O que a Argentina tem para oferecer ao Brasil em termos de tecnologia? N A D A !!!!!!!!!!!

A melhor coisa neste momento é a distância de investimentos por lá, até que se transforme em um país sério.

Que fazer negócios com a Argentina? Ok ! Que se construam as refinarias do lado da fronteira brasileira. Quer explorar o petróleo deles? Desde que o refino seja no Brasil..

Até agora nenhum brasileiro engoliu o que o safado do cocaleiro boliviano fez com o Brasil, expropriando uma refinaria inteira !!! O Lula aplaudiu, e ainda e de quebra construiu a transcocaleira, que aumentou em 85% as exportaçoes de cocaìna para o Brasil.

A Refinaria com a Venezuela em Pernambuco ainda não recebeu um centavo do Hugo Chaves... É muita fraqueza do Governo Brasileiro, deviam todos responder pelos danos causados ao povo.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Sáb Abr 21, 2012 10:54 am
por marcelo l.
A parte técnica já deu uma resposta sobre os riscos dos investimentos na Argentina...

http://clippingmp.planejamento.gov.br/c ... ao-no-pais

Desde 2009, a Petrobras vem desconstruindo cuidadosamente sua presença na Argentina. Vendeu a área de fertilizantes para a Bunge, demitiu 400 funcionários e se desfez da refinaria San Lorenzo, que dava prejuízo devido à alta carga de impostos que são cobradas de empresas de grande porte. O grupo Oil M&S, do empresário Cristóbal López, comprou 363 postos de serviços. A distribuição de combustíveis era grande demais para o tamanho da produção de petróleo e exigia gastos com importações.

A produção de óleo e gás é declinante. Em 2005 e 2006 a brasileira produziu cerca de 140 mil barris de óleo equivalente (óleo e gás) por dia e no ano passado a produção estava em 98 mil barris. A retirada da concessão de Veta Escondida, com potencial para recursos não convencionais, afeta a intenção da Petrobras se desverticalizar, dando foco para a exploração e produção.

A redução da presença tem razões financeiras, provocadas por ingerências políticas no setor que inviabilizaram novos investimentos para descobrir novas reservas. E a produção que existia vinha de campos maduros que começaram a perder produtividade. Atualmente o valor de livros da Petrobras na Argentina é de US$ 2,3 bilhões e a dívida total é de US$ 1,6 bilhão.

Um projeto de modernização da refinaria de Bahía Blanca, a única da estatal naquele país, não teria sido aprovada pelo conselho de administração no Brasil. Mas uma fonte a par da situação disse que o governo brasileiro não quer que a Petrobras saia da Argentina.

Uma fonte ouvida pelo Valor descreve a redução da Petrobras na Argentina, acentuada em 2009, como uma "construção da derrota". É uma referência ao desapontamento que foi o país que junto com os Estados Unidos era a maior aposta da Petrobras na estratégia de internacionalização desenhada na década passada.

A estatal chegou à Argentina pela distribuição, com a compra em 2000 da Eg3, após uma troca de ativos com a Repsol. Mas foi em 2002, com a aquisição da Peres Companc por US$ 1,1 bilhão, seguida pela petroleira Santa Fé, da Devon (US$ 89 milhões), que sua posição se tornou relevante. Na época, o então presidente da Petrobras, Francisco Gros (já falecido), afirmou que a Argentina era a "primeira parada" da Petrobras no exterior, justificando a opção pelo vizinho lembrando que a Argentina era a segunda maior economia da América do Sul e parceiro preferencial do Brasil no Mercosul. As expectativas não se confirmaram.

É grande a expectativa sobre o posicionamento da Petrobras na reunião de hoje entre a presidente da Petrobras, Graça Foster, o ministro do Planejamento da Argentina e interventor da YPF, Julio De Vido. De acordo com uma fonte próxima ao tema, em reunião com um funcionário da Petrobras na semana passada, antes da nacionalização da YPF, um funcionário do governo argentino disse que a brasileira teria papel importante "no que ia acontecer", sem dar esclarecimentos. Procurados, executivos da Petrobras não comentam sobre a Argentina.

De Vido vai encontrar uma executiva firme e que vem se mostrando muito direta quando se expressa. Graça já disse que recebeu com surpresa a notícia sobre o cancelamento da concessão Veta Escondida, na bacia de Neuquén, e desmentiu a justificativa argentina de que a Petrobras não investiu naquele país.

A estatal aplicou US$ 10 milhões em exploração na Argentina nos últimos três anos para cumprir o programa exploratório das áreas e furou um poço que se mostrou "seco" nesse bloco. Na terça-feira, quando esteve em um evento do Instituto Brasileiro de Petróleo (IBP), a executiva informou que o plano era perfurar mais seis poços.

Na ocasião, também disse não ter sido informada sobre qualquer iniciativa do governo da Argentina de reverter a decisão tomada por autoridades da província de Neuquén e que não tinha conhecimento de qualquer plano da Argentina de solicitar associação com a Petrobras para novos investimentos.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Dom Abr 22, 2012 9:40 am
por Clermont
Isolada, Argentina assusta os empresários.

Após Cristina Kirchner comandar expropriação, temor ronda empresas, que sofrem perseguições. Investimento é afetado

O Globo - 21.04.12.

BUENOS AIRES - O clima de mal-estar em muitos países, até mesmo de sócios da Argentina no Mercosul, em relação a políticas e atitudes do governo de Cristina Kirchner não começou com a expropriação de 51% da Repsol-YPF. Em março passado, por exemplo, um grupo de 40 países apresentou uma queixa por escrito à Organização Mundial de Comércio (OMC) pelas barreiras impostas pela Casa Rosada ao comércio.

O crescente protecionismo argentino também gerou críticas formais e enfáticas por parte dos governos do Uruguai e Paraguai e, menos ruidosas, do Brasil. A estratégia econômica e comercial da administração K provoca temor entre empresários locais e estrangeiros e, segundo analistas argentinos, poderia aprofundar o isolamento de um país que hoje está em quinto lugar no ranking de investimentos estrangeiros diretos na América Latina, abaixo dos vizinhos Brasil, Chile, Peru e Colômbia.

O jornalista argentino Fernando Laborda publicou semana passada um artigo no “La Nación” intitulado “Brigados com o mundo”. No texto, Laborda comparou a expropriação da Repsol à invasão das Malvinas, comandada pelos militares argentinos em abril de 1982. “As comparações costumam ser odiosas. Mas vale lembrar que, durante os preparativos para a Guerra das Malvinas, muitos militares imaginaram que só enfrentariam o Reino Unido. Rapidamente descobriram que por trás dos britânicos estavam Estados Unidos e Otan”..

De fato, depois de uma morna crítica da secretária americana de Estado, Hillary Clinton, no dia em que a Casa Rosada anunciou a intervenção da companhia petrolífera e o envio ao Congresso do projeto de expropriação, o governo de Barack Obama endureceu o discurso.

- Esse tipo de ação pode afetar de forma adversa o clima de investimentos para os negócios americanos, para outros negócios e para companhias de outros países - assegurou o porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner.

‘Precisamos ser invisíveis’, afirma empresário.

A última ousadia de Cristina provocou comoção entre empresários com operações no país. Ninguém se atreveu a comentar a iniciativa. A União Industrial Argentina (UIA) optou pelo silêncio e os principais homens de negócios do país decidiram esperar a tempestade passar, antes de comentar algo que pudesse ser mal visto pelo governo. Procurados pelo GLOBO, representantes de grandes empresas pediram desculpas, mas só aceitaram falar sem revelar a identidade.

- Neste momento precisamos ser invisíveis, estamos abaixo do nível do mar - brincou um empresário, que tentou resumir o sentimento dos homens de negócios, argentinos e estrangeiros.

- Com este governo, tudo é possível. O conceito de propriedade privada está em risco. Diria até que nossa liberdade é condicional disse a fonte, lembrando que alguns empresários sofrem perseguições judiciais e tributárias por parte do Executivo e organismos estatais como a Afip (Receita Federal local).

A ofensiva nos tribunais atingiu consultores privados que divulgavam projeções e resultados do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) com números muito acima dos calculados pelo polêmico Indec (o IBGE argentino), acusado de manipular as estatísticas do país. Os consultores foram denunciados pelo secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, interventor do Indec desde 2007. Os dados do organismo perderam total credibilidade e hoje os argentinos consultam outras fontes de informação não oficiais, como o site http://www.inflacionverdadera.com, que todos os meses informa a evolução do IPC.

Kicillof: empresas têm de ter sintonia com a política.

O discurso do vice-ministro da Economia, o jovem Axel Kicillof, terça-feira passada, aumentou o nervosismo entre os empresários. Kicillof é autor do projeto de expropriação da Repsol e tornou-se uma espécie de guru econômico de Cristina. Na sua opinião, as empresas que tenham atividades na Argentina devem estar em sintonia com o projeto político do governo.

- Depois de ouvir Kicillof, a conclusão é de que qualquer um de nós poderia ser o próximo - afirmou outro empresário.

Na opinião de Juan Tokatlian, professor de Relações Internacionais da Universidade Di Tella, “mais do que isolar-se, governo e elite terminarão isolados por uma mistura de ações próprias e reações de outros”. - Quanto mais punida pelo Ocidente, a Argentina olhará mais para o Oriente - disse Tokatlian, antecipando possíveis alianças com países como a China.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Dom Abr 22, 2012 11:34 am
por delmar
Com as restrições à entrada de produtos industriais na Argentina, muitas empresas aqui do RS estavam iniciando a tratativa para instalar-se naquele país. Isto valia especialmente para aquelas empresas ligadas à fabricação de máquinas agrícolas. Com a nacionalização da REPSOL e as ameaças contra outros empresários, vão pensar melhor no assunto. De outra parte é uma boa lição àqueles que julgaram-se muito expertos em querer mudar suas fábricas para a Argentina, iludidos pela senhora K.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Dom Abr 22, 2012 4:16 pm
por marcelo l.
http://www.estadao.com.br/noticias/supl ... 3839,0.htm

Ai, ai... como dói uma Argentina. No semblante da presidente Cristina Kirchner, a enlutada, o mesmo pesar, o mesmo sofrimento, a mesma desgraça do dia em que Néstor morreu. Motivos outros, mas idênticas expressões de pura tristeza e toxina botulínica. A miséria d’alma presidencial na segunda-feira se devia a mais um sacrifício, fazer o quê?, pelo povo argentino. Roupa negra, ares nada buenos e um desenho de Eva Perón pendurado ao fundo, Cristina anunciava a renacionalização da petroleira YPF, privatizada em 1993. "Isso é uma política de Estado que deve unir os argentinos", foi como ela explicou à nação que seu governo retomava da espanhola Repsol o controle da companhia, por se tratar de setor de "interesse público e nacional". Aos trabalhadores da YPF - menos os executivos espanhóis, que tiveram 15 minutos para abandonar seus cargos e escritórios - ela implorou: "Ajudem a reconstruir essa grande empresa". E, no projeto de lei mandado ao Congresso (a aprovação pela maioria governista é pule de dez), sugeriu que 51% das ações da petroleira pertencentes aos espanhóis sejam expropriados. Sem choro nem vela e tampouco leveza no coração, porque dói, como dói. Com os 25% que estão nas mãos de milionários investidores locais, pero, ninguém mexe.


"Uma decisão terrível, o fim de uma longa relação de amizade", queixou-se o ministro de Relações Exteriores da Espanha, José Manuel García-Margallo. "A expropriação envia um sinal negativo aos investidores internacionais e poderá prejudicar seriamente o ambiente para negócios na Argentina", ressaltou a porta-voz da União Europeia, Catherine Ashton. "O governo argentino deverá pagar o que deve. Os tribunais são muito obstinados frente a barbaridades desse tipo", declarou o presidente da Repsol, Antonio Brufau. À fúria dos lamentosos, Cristina baixou seus olhinhos pesadamente maquiados: "Esta presidente não vai responder a ameaças nem a frases insolentes". E contou com o apoio de seu jovem vice-ministro da Economia, Axel Kicillof, o mentor do tango YPF: "Idiotas são os que pensam que o Estado deve ser estúpido e cumprir o que a empresa pede". A Repsol quer US$ 10,5 bilhões. Kicillof diz que as dívidas da empresa já dão quase isso: US$ 9 bilhões. Sem contar o "passivo ambiental" que, se doer demais, ele vai cobrar.

Entre um passo e outro dessa dança, diz o historiador argentino Luis Alberto Romero, autor de História Contemporânea da Argentina (Zahar, 2006), boas oportunidades para se entender a Argentina deste terceiro mandato presidencial da dinastia Kirchner - o segundo de Cristina. Para ele, a tomada da YPF esconde de tudo um pouco: corrupção, incompetência do governo e mais uma tentativa de se resgatar o nacionalismo argentino. Uma cortina de fumaça, para usar expressão da moda. Professor da Faculdade Latino-americana de Ciência Sociais, da Universidade Torcuato Di Tella e pesquisador chefe do Conselho de Pesquisas Técnicas e Científicas da Argentina, na entrevista a seguir Romero destrincha Cristina, detona a silenciosa e desarticulada oposição, explica por que, como Kassab, a presidente não é de esquerda nem de direita nem de centro e calcula o que resta ao kirchnerismo para se manter no poder sem um Kirchner: "Resta uma reforma constitucional que aprove o subterfúgio do parlamentarismo".

Antes de se tornar presidente, Néstor Kirchner apoiou a privatização da YPF feita por Carlos Menem em 1993. O que está por trás da reestatização promovida agora por sua viúva e sucessora, Cristina Kirchner?

Por um lado há uma tentativa de levantar uma nova bandeira nacionalista, como no recente caso dos 30 anos da Guerra das Malvinas. O nacionalismo está instalado no subconsciente de todos (ou quase todos), e é muito fácil fazê-lo emergir ou submergir. Como um Aladim e o gênio da lâmpada. É um grande instrumento político, bastante útil para a conjuntura, embora depois todo mundo se lamente dos resultados. Basta lembrar o apoio que os argentinos deram à invasão das Malvinas em 1982. Além do nacionalismo, com a nacionalização da YPF pretende-se tirar as atenções do Boudougate (o vice-presidente, Amado Boudou, é investigado por suposto tráfico de influência e lavagem de dinheiro no caso envolvendo a empresa Ciccone, que imprime cédulas e documentos oficiais). Utilizar cortinas de fumaça é um estratagema conhecido desse governo. E, por fim, eles talvez estejam colocando as mãos naquilo que acreditam ser um saco de dinheiro para cobrir o déficit fiscal.

Por que esse governo precisa tanto levantar bandeiras nacionalistas?

Todos os governos o fizeram, salvo o de Raúl Alfonsín. É um instrumento de poder. No caso dos peronistas, está inscrito em seu DNA. Trata-se de um movimento que se define como povo e como nação.

Para alguns analistas, nacionalizações no setor de energia facilitam o uso político de cargos e, por causa disso, as empresas acabam perdendo produtividade e competitividade. Para outros, a gestão de recursos estratégicos como o petróleo deve ser do Estado, para que os lucros da operação permaneçam no país. Qual sua opinião?

Uma coisa é falar em geral de um Estado que funciona bem, e outra muito diferente é referir-se a este Estado argentino, que está semidestruído e completamente subordinado ao governo. Uma destruição sistemática e deliberada que começou em 1976 com o Processo de Reorganização Nacional conduzido pelo ministro da Economia do regime militar, José Alfredo Martínez de Hoz. Ali têm início a abertura econômica e a redução da participação do Estado como instrumentos aplacadores das tensões políticas e sociais. Essa destruição, que hoje se nota particularmente nas agências reguladoras, no funcionalismo público e na falta de normas, foi então praticada por todos os governos dali em diante - exceto novamente por Alfonsín, que, por outro lado, se não ajudou a destruir, também não fez muito para reverter o processo. Por isso, não esperemos por administradores competentes na YPF. Teremos prepostos de autoridades como o secretário de Comércio, Guillermo Moreno, que só pensa em como resolver o problema do dia.

Ouve-se que o governo esconde os reais índices de inflação, e que esse é o maior problema econômico argentino hoje. E fora da economia, que problemas o país enfrenta?

Um governo que assumiu o controle de todos os meios de poder. E uma oposição que não consegue encontrar uma forma de enfrentá-lo. Depois disso, um cidadão mal informado - resultado da decadência do sistema educacional e do empobrecimento da sociedade - que vive o dia e apoia um governo que, acredita ele, de qualquer forma é melhor que o possível caos.

E quem é e como se organiza a oposição?

Ela vai muito mal. Não encontra um ângulo para enfrentar um governo que dispõe, até agora, de uma grande quantidade de dinheiro para fazer populismo e se apresenta com um discurso populista. A ala progressista da oposição - radicais, socialistas - não sabe como se opor a coisas que aparentemente são dignas de apoio, como a estatização da YPF, mas que na prática são ruins. Seu problema é não ousar dizer o que tem que ser dito, pois teme ser acusada de pouco patriotismo. E então há (o empresário centro-direitista) Mauricio Macri, prefeito de Buenos Aires, que tem dois pontos fracos: não possui uma estrutura partidária fora da capital e é um bocado parvo. Sua única chance é conseguir se alavancar junto a um setor descontente do peronismo.

No primeiro mandato, Cristina enfrentou agricultores e a mídia. Neste começo de segundo, uma empresa estrangeira. Quais as diferenças entre um mandato e outro?

Existe um esquema único, e vão mudando os objetivos. É um discurso que coloca de um lado o governo, o povo e a nação; de outro, o inimigo, que é um e são muitos, e que se pode adaptar conforme a conjuntura. É um recurso discursivo conhecido e clássico. Quem busca alguma lógica nele não o entende, mas a luta de discursos é assim mesmo.

A morte de Néstor tornou impossível a alternância de cônjuges na presidência, uma característica do kirchnerismo segundo a escritora Beatriz Sarlo. Com Cristina impedida de se candidatar novamente, como anda o plano de poder do kirchnerismo?

O peronismo nunca pôde solucionar o problema da sucessão, como fez, por exemplo, o PRI no México. A alternância matrimonial parecia uma boa alternativa. Agora, para seguir em frente, só lhes resta uma reforma constitucional que aprove o subterfúgio do parlamentarismo. Boudou, o vice, é um incompetente que teve uma ideia genial: estatizar o AFJP, sistema de administradoras de fundos de previdência privada do país. Axel Kicillof, o vice-ministro de Economia e uma das mentes por trás da nacionalização da YPF, estamos conhecendo agora. No momento, quem maneja tudo é Guillermo Moreno, que utiliza métodos de quadrilha e obtém bons resultados de curtíssimo prazo. Porém, esse é justamente o problema: o atual governo só pensa em curtíssimo prazo. É uma inversão histórica. Neste momento estamos em clara decadência frente aos países latino-americanos com os quais sempre nos comparamos. Em tudo: desenvolvimento (não só crescimento econômico), igualdade social, reconstrução do Estado, índices de educação, segurança e saúde... Tudo.

A sociedade aceitaria uma reforma pelo parlamentarismo?

Imprevisível. Mas os partidários do fortalecimento das instituições republicanas deveriam estar teoricamente de acordo. Porém, sabem que é só um engodo para solucionar o problema da sucessão e que um regime parlamentarista governado pelos peronistas seria igual ao atual, só que com presidência vitalícia. E assim como no caso da YPF, os adversários tendem a cair na armadilha do discurso oficial.

Como interpretar o luto que Cristina mantém em eventos oficiais? E também o fato de ela sempre aparecer acompanhada de uma gravura de Eva Perón ao fundo?

O luto funcionou bem nos primeiros dias entre a morte de Néstor e a eleição dela. O mesmo vale para as alusões que Cristina faz ao marido nos discursos, como "ele me guia", "ele me ajuda". Tudo isso certamente a ajudou a construir um "discurso", uma tentativa de se criar um mito. Mas tenho a impressão de que já deixou de impressionar, porque ela agora faz coisas e toma decisões completamente distintas da administração de Néstor. Ela está muito distante da própria herança. As diferenças começam com a substituição de colaboradores diretos de Néstor. Depois, fortes mudanças em relação a determinados assuntos. O caso YPF é um exemplo: Néstor, no passado, apoiou a privatização. E, finalmente, a ruptura com aliados que foram importantes para ele, como a Confederação Geral do Trabalho (a maior central sindical do país) e grupos empresariais. Foram muitas rupturas. E as novas alianças ainda não estão claras.

Um prefeito aqui no Brasil criou um partido que ele jura não ser de direita nem de esquerda nem de centro. Cristina é de quê?

Difícil situá-la politicamente. Pessoalmente, acho que as categorias "direita" e "esquerda" não são muito úteis hoje, pois estão carregadas de sentidos diferentes de sua origem. Porém, e isso é clássico na América Latina, o populismo trata de se colocar acima dessas dicotomias.

Então, quer dizer que este atual governo argentino é populista e nada mais.

Populista diz pouco. Ele é peronista, da variante do segundo peronismo, que se caracteriza, entre outras coisas, por utilizar o poder do povo para construir novos ricos - de maneira legítima e não sub-reptícia. Como escrevi num artigo recente, esse peronismo, nas suas práticas e palavras, passou a ocupar os dois polos do discurso populista. São igualmente valiosos um povo alimentado por clientelismo e uma oligarquia formada por "amigos do poder", generosa com os recursos do Estado. O mais assustador é que, apesar dessa ambiguidade, seus enunciadores atuais conseguem conservar a tensão entre os dois polos e manter aceso o conflito irredutível que é a chave do seu êxito. É uma obra-prima da arte política. Dr. Jekyll e Mr. Hyde.

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Seg Abr 23, 2012 8:39 am
por Clermont
(Só uma coisa eu não entendo: como foi que esta Kirchner chegou ao poder? Será que houve alguma revolução comunista na Argentina e eu não ouvi falar? Claro, porque ninguém pode acreditar que essa senhora tenha sido eleita pelo voto do próprio povo argentino. Ela deve ter tomado o poder por meio de algum golpe militar... :mrgreen:)


À caça do liquidificador perdido: Barreiras alfandegárias geram escassez de produtos na Argentina.

Imagem

Pneus, liquidificadores e eletrônicos são “espécies em extinção” nas lojas. Na foto acima, Lívia Stevaux, estudante brasileira que reside na Argentina desde 2006, exibe seu amado ferro de passar roupa e ironiza a sui generis situação criada pelas barreiras do secretário G.Moreno: “o bom das barreiras nas importações é que me fizeram ver meus eletrodomésticos quase como um animal de estimação, que merecem todo o carinho e amor…”. Com o liquidificador não houve jeito. Ele passou desta pra melhor e é impossível encontrar um substituto.

Ariel Palacios - Estadao.com.br - 22.04.12.

"Não queremos importar nem um prego! Queremos que tudo seja produto argentino!”. Com estas palavras, pronunciadas em dezembro passado, poucos dias antes da posse de seu segundo mandato, a presidente Cristina Kirchner deixou claro que sua cruzada anti-importações era a sério. O governo em peso está mobilizado para blindar as fronteiras da Argentina e evitar o máximo possível a entrada de produtos estrangeiros. Os próprios sócios do Mercosul – entre os quais o Brasil – também foram atingidos pelas barreiras, que violam o espírito de livre comércio do bloco do Cone Sul.

No início deste mês, 40 países, entre os quais os EUA, os integrantes da União Europeia e o México, denunciaram na Organização Mundial do Comércio (OMC) “séria preocupação” pelas barreiras impostas pela Argentina. No entanto, o governo Kirchner não se intimidou com a possibilidade de um isolamento internacional cada vez maior e ressaltou que pretende continuar em sua política comercial.

Segundo o vice-presidente argentino, Amado Boudou, a política protecionista “é útil para todos os argentinos…Não estamos contra as importações. Estamos protegendo a indústria argentina”.

Atualmente são escassos na Argentina pneus importados para ônibus, telefones Blackberry, discos duros para notebooks, peças para aparelhos de tomografia, fraldas (além do gel para fabricá-las), agulhas para extração de sangue de bebês, líquido para revelação de raios-x, máquinas para tratamento de madeiras, peças para câmeras fotográficas, shampoos da marca Pantene, produtos da Nike, Adidas, Lacoste e Zara, além de Levi’s, entre outros produtos.

As facas Tramontina – apreciadas pelos argentinos há mais de duas décadas – também estão em falta. As barreiras para a entrada desse produto levaram a empresa a rescindir o contrato de patrocínio que tinha com o clube River Plate em fevereiro passado.

A falta de produtos gerou um boom de comentários na rede de micro-bloggings Twitter. No hashtag #Falta, os consumidores argentinos reclamam da ausência de diversos produtos nos comércios em todo o país.

ESPÉCIE EM EXTINÇÃO - Os ferros de passar e os liquidificadores tornaram-se uma espécie em extinção nas lojas de eletrodomésticos na Argentina. Desde dezembro, milhares de argentinos atravessam o rio da Prata para comprar ferros no Uruguai. “Quem tem um ferro deve cuidá-lo como se fosse o vaso de cristal herdado da avó!”, exclama Petrona Aguirre, dona de casa do bairro de Caballito. “Várias amigas cujos ferros quebraram tiveram que comprar de segunda mão”, explica.

Segundo Diego Noriega, diretor da Alamaula.com, companhia do E-Bay, a demanda de eletrodomésticos usados aumentou em 1.200% desde dezembro na Argentina. “Por causa das barreiras na alfândega ferros e liquidificadores tiveram um aumento enorme na demanda. E esta é muito maior que a oferta”.

“Ia trazer um liquidificador do Brasil. Mas, lembrei que a voltagem aqui é 220 e desisti”, relata ao Estado Lívia Stevaux, estudante brasileira que reside na Argentina desde 2006. “Tinha um liquidificador antes, mas acabou quebrando quando fui fazer mousse de maracujá e não travei bem. Resultado: leite condensado por todo o “motor” do coitado. O liquidificador que estou usando agora é emprestado”. Depois, lamenta: “tenho que devolver o aparelho na semana que vem”.

Lívia possui um ferro de passar roupa que cuida com extrema delicadeza. Com ironia, comenta: “o bom das barreiras nas importações é que me fizeram ver meus eletrodomésticos quase como um animal de estimação, que merecem todo o carinho e amor…”.

VITRINES HUMILDES - Grandes empresas como a Apple e a Sony exibem vitrines humildes, já que os produtos não são liberados nos containers no porto. Um dos casos é a playstation PS Vita, da Sony, empresa que – segundo informações extraoficiais – teve que demitir mais de 50 pessoas no país nas últimas semanas.

Outros produtos eletrônicos também estão padecendo problemas, que levam os consumidores ao desespero ou a resignação. Esse é o caso de Mathias Rothkopf, que disse ao Estado que, por causa da falta de insumos para eletrônicos, teve que vender um computador que não conseguia consertar por falta de peças. “O cara que comprou meu computador estava muito feliz, porque desmancharia a máquina para revender peças que estão faltando no mercado”, explicou. “Computadores usados são um elemento muito apreciado hoje em dia em Buenos Aires, mesmo que não funcionem”.

A vaidade feminina também está em xeque na Argentina, já que faltam diversas linhas de cosméticos, entre eles os da Natura, Mary Kay e Avon. Para evitar problemas, os catálogos somente exibem os produtos que estão em estoque.

Apesar do cenário de escassez, não adianta ficar nervoso. Caso os consumidores angustiem-se com a falta de produtos, deverão fazer o possível para contornar essa situação por conta própria, já que as barreiras de Guillermo Moreno também atingiram a entrada de ansiolíticos como o Rivotril e Lexotan. “O problema é que a produção local de genéricos desses produtos não é suficiente para cobrir a crescente falta de tranquilizantes”, disse ao Estado o diretor de uma empresa farmacêutica em off. “Coincidentemente, alguns laxantes também começam a escassear”, acrescentou com ironia. As barreiras também bloquearam na fronteira produtos eróticos como vibradores e tecidos especiais para lingerie.

A gastronomia japonesa na Argentina também está em colapso, já que praticamente não há salmão disponível para o sushi. “E quando entra, é com aumento de 15%”, explicam fontes do setor.

LOJAS FECHADAS - O setor de construção civil padece a falta de vários tipos de materiais de encanamento e torneiras. Os vasos sanitários e bidês italianos desapareceram do mercado e os consumidores precisam recorrer ao leque reduzido que a indústria nacional oferece.

O setor vinícola também está em problemas, já que as adegas padecem a falta de peças para as colheitadeiras e produtos químicos para os vinhedos. Perante este cenário, várias empresas vinícolas tiveram que suspender ou atrasar suas vendas ao exterior.

As restrições às importações, com a consequente falta de insumos, estão provocando demissões e fechamentos de comércios em todo o país.

Lojas que abasteciam-se totalmente de produtos provenientes do exterior, como a Barbour, tradicional marca inglesa de jaquetas impermeáveis, languideceram ao longo do último ano. Em março, com as prateleiras quase vazias, a Barbour fechou suas portas em pleno bairro da Recoleta, em Buenos Aires. Outra tradicional marca de roupas, a Daniel Hechter, está a ponto de fechar suas portas na elegante avenida Santa Fe.


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Aquele ferro de passar da bisavó Henriqueta? Bom, tente reaproveitá-lo…

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Seg Abr 23, 2012 10:40 am
por Túlio
Deve estar um paraíso para operadores de MERCADO NEGRO. Sugestão para colegas que morem na fronteira, como Uruguaiana, RS: FIQUEM RICOS (até na Argentina acho que seria estranho alguém ser preso e condenado por tráfico de LIQUIDIFICADORES...)!!! :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen: :mrgreen:

Re: Para ONDE vai a ARGENTINA?

Enviado: Seg Abr 23, 2012 11:54 am
por pampa_01
Vou dizer uma coisa....., na verdade não posso dizer o que estou pensando :twisted: :twisted: :twisted: