Re: A Revolta da Chibata
Enviado: Sex Mai 07, 2010 9:09 pm
Pobre povo brasileiro.
Se tivesse sido um "combatente da liberdade" e tivesse pegado em armas para instaurar o comunismo no Brasil a família de João Cândido já teria recebido uma indenização milionária além de uma polpuda pensão vitalícia.Revolta da Chibata: filho de João Cândido fala sobre centenário
De frente para as águas da Baía de Guanabara, de costas para o antigo entreposto de pesca que lhe garantiu o sustento até o fim da vida, após a Revolta da Chibata, João Cândido Felisberto, desde 2008, não tem mais apenas as pedras pisadas do cais como monumento — como registra a letra de “Mestre sala dos mares”, de João Bosco e Aldir Blanc. A homenagem ao “Almirante Negro” está ali na Praça Quinze para lembrar, no centenário do levante, que a luta por melhores condições de trabalho e pelo fim dos castigos físicos na Marinha não foi em vão.
— Meu pai passou dois anos na Inglaterra, esperando a frota se modernizar, e conviveu com os sindicatos. Viu que a marujada de lá não apanhava. Na volta, uma semana depois da posse do (presidente) Marechal Hermes, um marinheiro levou 250 chibatadas. Ele e os companheiros deram um basta e assumiram a frota, dando um ultimato ao governo — conta Adalberto do Nascimento Cândido, o Candinho, de 71 anos, caçula do líder, detalhando a origem da revolta naquele longínquo 22 de novembro de 1910.
Anistia esquecida
O objetivo do levante foi atingido, mas a anistia esquecida pela Marinha, que prendeu e perseguiu João Cândido, levado até para o Hospital Nacional de Alienados — de onde recebeu alta graças a um laudo do psiquiatra Juliano Moreira, atestando que o marinheiro não tinha sinais de perturbação.
— Em 1912, ele foi absolvido, mas excluído da Marinha de Guerra. Tentou trabalho na Mercante, mas, quando descobriam quem ele era, tinha que desembarcar.
Patente foi devolvida em 2008
Considerado desertor pela Marinha, João Cândido só recebeu a anistia da União, que devolveu a ele e aos demais envolvidos na revolta a patente, 39 anos após sua morte, em 2008, quando o presidente Lula assinou a Lei 11.756. A indenização esperada pela família, no entanto, não foi concedida.
— A Marinha disse ao presidente que o Tesouro não tinha condições de pagar indenização póstuma a 2.300 marinheiros — explica o historiador Marco Morel.
Marco é neto do jornalista Edmar Morel, autor do livro que deu ao “Almirante Negro” o real valor histórico.
— Foi ele quem criou o nome Revolta da Chibata. Antes, referiam-se ao episódio como Revolta dos Marujos ou Revolução da Armada — diz Marco.
Candinho só descobriu a dimensão do feito do pai, gaúcho de Encruzilhada do Sul, pela obra, em 1959:
— Ele era reservado e nunca se queixou. Era homem de assumir as palavras.
Procurada no Rio e em Brasília, a Marinha não se manifestou sobre o assunto.
Pílulas de história:
1. O nome do líder negro continuará a navegar, uma de suas paixões. Na sexta-feira, a Petrobras lançou ao mar o primeiro navio do Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro, batizado de João Cândido, no Estaleiro Atlântico Sul, em Ipojuca (PE).
2. A perseguição ao líder da revolta o acompanhou até a morte. No dia do seu enterro, havia um carro de polícia em frente ao cemitério do Caju. João Cândido recebia uma pensão especial do governo de Porto Alegre, mas o benefício, não extensivo à viúva Ana do Nascimento, foi cortado.
Fonte: http://extra.globo.com/geral/casosdecid ... 289902.asp
São João de Meriti pretende homenagear marinheiro que liderou a Revolta da Chibata e morou na
cidade até morrer, aos 89 anos
Cada um tem o demagogo que merece.O investimento previsto é de R$ 5 milhões. Matos afirma que já conseguiu R$ 2 milhões do
governo federal e que pelo menos mais R$ 2 milhões estão prometidos para o início de 2011. O projeto
engloba urbanização, iluminação, drenagem e saneamento da área. As ruas do morro são de barro e não
há tratamento de esgoto.
Clermont escreveu:(quem quiser ver "sua santidade", Inácio da Silva, basta ir à Pça XV. Não deixa de ser curioso assistir ao Comandante Supremo das Forças Armadas Brasileiras, participando da celebração do centenário de um motim militar, no qual subordinados assassinaram superiores. A mais total e completa violação do mais básico fundamento de uma organização militar: a disciplina baseada na hierarquia. Só fico imaginando, quando é que vão comemorar, também, a Revolta dos Sargentos de 1963 e a Revolta dos Marinheiros de 1964.)
Marino, me desculpe não concordar com tudo com o que voce disse,mas é complicado e dificil comparar um oficial que comandou uma revolta política, vamos colocar assim, e um marinheiro negro, que pela história,era açoitado por seus superiores como um escravo para repreende-lo por erros cometidos, ele e outros, não estou dizendo que tudo o que ele fez era certo como, o que você disse acima, mas acredito que você concorde com isso era injusto e covarde o que faziam com os marinheiros de patentes inferiores e negros dentro marinha.E ao meu ver qual outra opção eles tinham, a não ser revoltarem contra seus superiores.Marino escreveu:Saldanha da Gama de revoltou e foi para o campo de batalha, onde morreu.
Caso único de um Almirante morto em uma carga de cavalaria no RGS.
João Cândido e revoltosos se amotinaram (diferente da atitude de Saldanha), assassinaram Oficiais dormindo, quase mataram o futuro Alte Álvaro Alberto (veja a perda que o Brasil teria), ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro e sua população inocente com os canhões dos encouraçados, etc.
Viu a diferença?
Floriano, que, por sua vez, era um militar golpista. Ladrão que rouba ladrão, tem cem anos de perdão.marcelo l. escreveu:Só lembrando o Luís Filipe de Saldanha da Gama cujo a Marinha homenageia dando o nome em seu navio escola, depois de uma estupenda carreira militar, foi líder da segunda revolta Marinha contra Floriano Peixoto
Compreendo o ponto de vista. Mas, só gostaria de sugerir que isto é válido para o historiador, seja este civil ou militar. Mas não pode ser válido para o Comandante-Supremo das Forças Armadas, que, de acordo com a Constituição, PRECISA zelar pela manutenção da disciplina e o respeito aos valores básicos das instituições militares.acredito que em todos os casos seja ver os pontos positivos da história de qualquer personagem, afinal pontos negativos sempre tem e é sempre bom ir a um museu, ler um bom livro, uma boa garrafa de vinho etc...afinal, precisamos ter mais condescendência com o passado, a razão para Saldanha da Gama ter se rebelado assim como o João Candido..
À propósito, como já escrevi antes, o próprio comandante do Minas Geraes, que foi morto no motim, era contra a chibata.Marino escreveu:Minha posição foi escrita aqui muitas vezes, basta voltar algumas páginas.
Repito: a chibata era degradante, inaceitável. Ponto.
Mas não podemos nos colocar em erro, como muitos hoje fazem, de avaliarmos uma ação com os olhos de hoje, e não os da época.
A MB tinha saído do século 19, a poucos anos do fim da escravidão, com recrutamento muitas vezes forçado, em que criminosos ganhavam a pena de servir na Armada. Esta era a realidade.