Duas das economias europeias em situação mais delicada no Velho Continente --Grécia e Portugal-- encerraram 2011 com fortes contrações na economia, conforme reportaram nesta terça-feira órgãos oficiais.
O PIB (Produto Interno Bruto) de Portugal registrou contração de 1,5% no ano de 2011 e de 1,3% no quarto trimestre do mesmo ano em relação ao trimestre anterior, segundo dados provisórios divulgados hoje pelo INE (Instituto Nacional de Estatísticas).
Os dados são melhores que os previstos pelo governo e o banco central de Portugal, que esperavam uma contração de 1,6% do PIB tanto anual como trimestral.
Entre os meses de outubro e dezembro, o retrocesso foi de 2,7% se comparado com o mesmo período de 2010. Ante o trimestre
O PIB português já havia iniciado o ano com uma queda moderada de 0,5%, mas que foi piorando ao longo do exercício, com retrações de 1% e 1,8% nos trimestres seguintes, sempre na comparação com 2010.
Economistas explicam o retrocesso português principalmente pela redução do consumo privado - o nível de confiança dos cidadãos e empresários na economia está em patamares mais baixos da série histórica.
Além disso, o gasto público também refluiu, num efeito das severas medidas de austeridade do governo para sanear as contas públicas.
O país já recorreu ao FMI para buscar financiamento, tomando um empréstimo de 78 bilhões de euros, mas ao custo de assumir um compromisso com ajustes duros para reduzir o peso do Estado na economia, com forte oposição popular.
Para 2012, o Banco de Portugal estima que o país deve cair em recessão, com uma queda estimada de 3% para o PIB neste exercício.
GRÉCIA
Já o PIB da Grécia registrou uma forte queda de 7% no quarto trimestre de 2011, segundo as primeiras estimativas publicadas nesta terça-feira pelo escritório de estatísticas local.
Esta queda acontece depois de um retrocesso de 5% no terceiro trimestre.
O orçamento para 2011 previa uma recessão de 5,5% que deve prolongar-se em 2012 pelo quinto ano consecutivo
LONDRES - A economia dos 17 países da zona do euro caiu 0,3% no último trimestre de 2011, em comparação com o terceiro trimestre, e cresceu 0,7% em relação ao mesmo período de 2010. O dado do Produto Interno Bruto (PIB), divulgado pela Eurostat pela manhã, alerta para a possibilidade do bloco europeu em breve entrar em leve recessão caso apresente uma nova queda na próxima divulgação..
A queda foi a primeira contração trimestral do bloco desde a queda de 0,2% registrada no segundo trimestre de 2009, enquanto a expansão anual foi a menor desde o quarto trimestre de 2009, quando o PIB teve contração anual de 2,1%.
Cinco economias da zona do euro entraram em recessão no fim do ano passado: Holanda, Itália, Portugal, Grécia e Bélgica. A definição técnica de recessão é a de dois trimestres seguidos de contração econômica.
A Alemanha está entre as outras quatro economias da zona do euro que tiveram queda no PIB no quarto trimestre, mas isso seguiu-se a um crescimento no terceiro trimestre e os economistas não preveem uma recessão no país neste ano. As informações são da Dow Jones.
For the past several decades Germany’s aim for Europe has been to create a wider and deeper union. In this way it sought to advance its economic and national-security interests, to bind itself to ever closer co- operation with its neighbors, and to atone for its history. Today, the system that it designed is in danger of coming apart, and newspapers in Italy and Greece carry digitally altered pictures of Angela Merkel in Nazi uniform.
Gideon Rachman writes in the Financial Times: “Across southern Europe, the ‘ugly German’ is back -- accused of driving other nations into penury, deposing governments and generally barking orders at all and sundry.” The European Union was intended to bury that caricature once and for all. Instead it has brought the ugly German back to life.
Rachman sympathizes with Berlin: The attacks on Germany are deeply unfair, he says. Germans have done plenty for southern Europe and are reluctant -- quite rightly -- to do more. True, he admits, Germany co-designed the euro monetary system, which turned out to be flawed. But what’s done is done. Right now the Germans are doing all they reasonably can.
The Nazi caricatures and other anti-German slurs are disgusting and unforgivable. But Germany’s leaders are much more deeply implicated in the causes and mismanagement of the European crisis than Rachman allows. I don’t think it’s unfair to say the plight of the European project is largely Germany’s fault.
cont.
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Qui Fev 16, 2012 12:51 pm
por GustavoB
Grécia, a receita infalível para destruir um país
O FMI e as autoridades financeiras da União Europeia aumentam a pressão sobre a Grécia e dizem que país "ainda não reúne todas as condições" para receber ajuda. Querem mais cortes de gastos públicos. Enquanto isso, na Grécia, crescem os casos de abandono de crianças e de desnutrição infantil, o desemprego bate na casa dos 20%, as camas dos hospitais foram reduzidas em 40%, alunos não receberam livros escolares e cidadãos deficientes, inválidos ou portadores de doenças raras tiveram subsídios e medicamentos cortados. Saiba como destruir um país e seu povo em nome da austeridade.
Marco Aurélio Weissheimer
A Grécia deveria prestar atenção no que está acontecendo em Portugal, onde o governo decidiu cumprir tudo o que a troika (Fundo Monetário Internacional, Banco Central Europeu e Comissão Europeia) exigiu e a situação econômica do país só está piorando. A advertência foi feita por Landon Thomas, colunista econômico do jornal The New York Times, em um artigo intitulado Portugal’s Debt Efforts May Be Warning for Greece. Portugal, diz Thomas, vem fazendo tudo o que a troika exigiu em troca dos 78 bilhões de euros de “resgate” liberados em maio de 2011. No entanto, o resgate está fazendo a economia do país afundar cada vez mais no buraco. Neste momento, a Grécia está sendo pressionada a seguir o mesmo caminho para garantir um “resgate” de 130 bilhões de euros.
Em Portugal, o portal Esquerda.net destacou a advertência de Landon Thomas que vem apoiada em um dado eloquente: quando Portugal fechou o acordo para receber o “resgate” de 78 bilhões, a relação dívida/PIB do país era de 107%. Agora, a expectativa é que ela suba para 118% até 2013. Na opinião do colunista do New York Times, isso não se deve ao fato de que a dívida de Portugal está crescendo, mas sim ao encolhimento da economia do país. “Sem crescimento, a redução da dívida torna-se quase impossível”, resume. Os números mais recentes ilustram bem essa tese. O PIB português caiu 1,5% em 2011, sendo que, no último trimestre do ano passado, a queda foi de 2,7%. A taxa de desemprego no país chegou a 13,6% e o governo admite que esses números não devem melhorar em 2012.
Grécia “ainda não reuniu todas as condições”
A resistência da Grécia em aceitar os termos exigidos pelo FMI e pela União Europeia está fazendo aumentar o tom das ameaças dirigidas contra o país. Os ministros de Finanças da zona do euro cancelaram uma reunião marcada para terça-feira (14) para discutir a situação grega alegando que o país “ainda não reuniu todas as condições” para conseguir um novo empréstimo. As autoridades monetárias europeias querem que o governo grego especifique em que áreas serão executados cortes para atingir a meta de 325 milhões anuais exigida pelo bloco europeu. O problema é onde cortar na penúria? A cobertura jornalística sobre a crise na Grécia e em outros países europeus é abundante em números, mas escassa em relatos sobre os dramas sociais cada vez maiores.
Uma exceção nessa cobertura é uma matéria da BBC que fala sobre como a crise financeira grega causou tamanho desespero em algumas famílias que elas estão abrindo mão dos próprios filhos. Há casos de abandono de crianças em centros de juventude e instituições de caridade em Atenas. “No último ano, relatou à BBC o padre Antonios, um jovem sacerdote ortodoxo grego, “recebemos centenas de casos de pais que querem deixar seus filhos conosco por nos conhecerem e confiarem em nós. Eles dizem que não têm dinheiro, abrigo ou comida para suas crianças e esperam que nós possamos prover-lhes isso”. Até há bem pouco tempo, a Aldeias Infantis SOS da Grécia costumava cuidar de crianças afastadas de seus país por problemas com álcool e drogas. Agora, o problema principal é a pobreza (ver vídeo acima).
Crescem casos de abandono e desnutrição infantil
Segundo os responsáveis pelas Aldeias SOS está crescendo o caso também de crianças abandonadas nas ruas. De acordo com as estatísticas oficiais, 20% da população grega está vivendo na pobreza e cerca de 860 mil famílias estão vivendo abaixo da linha da pobreza. No final de janeiro, o governo grego anunciou que iria começar a distribuir vales-refeição para as crianças após quatro casos de desmaios em escolas por desnutrição. A medida, segundo o governo, seria aplicada principalmente nos bairros mais afetados pela crise econômica e pelo desemprego. Em um segundo momento, também receberiam os vales as famílias em situação econômica mais grave. “Há casos de alunos de famílias pobres que passam o dia todo na escola sem comer nada”, denunciou, em dezembro de 2011, Themis Kotsifakis, secretário geral da Federação de Professores de Ensino Médio.
Apesar desses relatos, para as autoridades do FMI, do Banco Central Europeu e da Comissão Europeia, a Grécia ainda não reuniu todas as condições para receber uma nova ajuda. A perversidade embutida neste discurso anda de mãos dadas com o cinismo. No dia 24 de janeiro deste ano, Sonia Mitralia, membro do Comitê Grego contra a Dívida e do Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM), denunciou, diante da Comissão Social da Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa, em Estrasburgo, a crise humanitária sem precedentes que está sendo vivida na Grécia. Segundo ela, as medidas de austeridade propostas pela troika representam um perigo para a democracia e para os direitos sociais.
“Dizimaram toda uma sociedade europeia para nada”
Mitralia lembrou que as próprias autoridades financeiras admitem que, se suas políticas de austeridade fossem 100% eficazes, o que não é o caso, a dívida pública grega seria reduzida para 120% do PIB nacional, em 2020, ou seja, a mesma percentagem de 2009 quando iniciou o processo de agravamento da crise. “Em resumo, o que nos dizem agora cinicamente, é que dizimaram toda uma sociedade europeia...absolutamente para nada!”. Estamos vendo agora, acrescentou, “o sétimo memorando de austeridade e destruição de serviços públicos, depois dos seis primeiros terem provado sua total ineficácia. Assiste-se a mesma cena em Portugal, na Irlanda, na Itália, na Espanha e um pouco por toda a Europa, disse ainda Mitralia: afundamento da economia e das populações numa recessão e num marasmo sempre mais profundos.
Além do abandono de crianças e da desnutrição infantil, Mitralia aponta outros deveres de casa que estão sendo cobrados da Grécia e cuja execução é considerada insuficiente: o desemprego é de 20% da população e de 45% entre os jovens; as camas dos hospitais foram reduzidas em 40%; já não há nos hospitais públicos curativos ou medicamentos básicos, como aspirinas; em janeiro de 2012, o Estado grego não foi capaz de fornecer aos alunos os livros do ano escolar começado em setembro passado; milhares de cidadãos gregos deficientes, inválidos ou que sofrem de doenças raras tiveram seus subsídios e medicamentos cortados. Mas, para o FMI e a União Europeia, a Grécia ainda não está fazendo o suficiente...
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Qui Fev 16, 2012 2:44 pm
por marcelo l.
texto da vice sobre os distúrbios na Grécia, muitas fotos, críticas (por que são eles e não outro órgão de imprensa).
Lembra quando a gente foi pra Atenas em outubro e participamos daqueles protestos? Bom, agora, o Parlamento Grego — louco para por as mãos em outra rodada de ajuda financeira estrangeira — votou para tornar as coisas ainda mais austeras e as festividades recomeçaram na cidade. Só que dessa vez, gangues de hooligans decidiram saquear lojas e incendiar marcos da cidade.
Meu amigo “Adam” (já conversamos com ele antes) foi aos protestos levando sua câmera. Ele faz isso sempre que rola alguma confusão em Atenas — e não pelo dinheiro, ainda estou tentando convencer ele a nos vender alguns vídeos — mas para ter certeza que os manifestantes tenham provas das surras que levam da polícia grega se precisarem.
Falei com ele hoje pra saber das últimas.
VICE: Oi, Adam. Tudo bem?
Adam: Já estive melhor, obrigado.
O que aconteceu com você noite passada?
Fui encurralado por um pelotão em algum lugar da Rua Panepistimiou — dois coquetéis molotov explodiram dos meus lados direito e do esquerdo, e foi aí que a polícia me notou — eles acharam que eu era jornalista por causa da câmera. Acho que eram uns 15 deles. Um deles começou a gritar comigo: “A gente vai te pegar, seu jornalista de merda”. Aí eu disse: “Olha cara, só estou tentando ganhar a vida, como você”. Ele me derrubou no chão com um tapa — eu estava usando uma máscara de gás, então doeu. Ele me chutou e me mandou dar o fora. Quando eu estava indo embora o resto da gangue me deu uns chutes também.a
cont...
Tem gente no Twitter dizendo que forças policiais estrangeiras foram chamadas para ajudar.
Não, isso é besteira. Quer dizer, não dá pra achar policiais melhores que os gregos. Esses caras fizeram mestrado em rebelião. O que você acha que um policial francês faria se desse de cara com milhares de caras de preto jogando bolinhas de gude e coquetéis molotov na cabeça dele? Ele voltaria correndo pra Paris.
Mas não foi mais ou menos isso que a polícia grega fez ontem?
Sim. Pela primeira vez na vida vi os policiais com medo. Eles estavam batendo em retirada, nunca vi isso antes. Eles ficaram sem gás lacrimogêneo e começaram a jogar pedras. Foi ridículo. Acho que uns cem policiais acabaram no hospital, metade deve estar entrando em cirurgia enquanto a gente conversa.
cont.
E como você se sente?
Eu discordo completamente dos saques e de todas essas coisas. Eu não acredito que nessa altura do campeonato os jovens escolham agir assim contra sua própria gente — basicamente contra si mesmos. Por outro lado, temos que ver a imagem toda e entender que as pessoas estão escolhendo agir contra a lei porque o governo é ilegal.As pessoas votaram em Papandreou porque ele prometeu melhores salários e mais empregos. Tem sido o caos desde então. Em dois anos já temos fascistas de verdade no governo e um banqueiro como Primeiro Ministro. É tipo colocar um barão da droga no controle de um centro de reabilitação.
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Qui Fev 16, 2012 2:52 pm
por tflash
Mas as bases que sustentavam a economia da Grécia eram empréstimos especulativos. Acho que ninguém está a destruir nada. O problema humanitário é, de facto, grave mas a opção ao cortar para receber o empréstimo é não receber nada e perder mais.
A opção era um investimento massivo na economia grega. Uns milhares de empresas criadas para empregar os desempregados e gerar mais divisas para o governo grego ou um aumento exponencial da procura turística.
Mas quem é que vai fazer isso? Se os "PIIGS" estiverem bem, vão concorrer com os outros países desenvolvidos. Há uma coisa que eu concordo, a maioria das pessoas ainda não se consciencializou que as economias dos países em crise não estão a gerar dinheiro suficiente. Eu sou da opinião que não interessa muito aos emprestadores que estas se elevem ao nível deles.
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Qui Fev 16, 2012 4:33 pm
por Bourne
Esse seria o caminho para um plano de recuperação de fato.
Entretanto, prevalecem duas visões extremas e suicidas para a Grécia e projeto da UE. Uma que está sendo implementada de exigir cortes e políticas recessivas para que os gregos recebam empréstimos e evitem pagar uma dívida impagável. O resultado é o caos social e econômico que contamina com instabilidade os demais países da eurolândia.
A outra aberração que ouvi é tirar a Grécia do euro com a desculpa de que "será a melhor solução para a população". O problema é que a Grécia é uma ilha que vive de turismo. Por acaso é um inimigo mortal meu só por que peguei uma carona com a menina que ele assediava (:lol: ). Se sair da UE e sem recursos externos ela vai se isolar do mundo. O caos vai piorar de outra forma e não duvidem que cedo ou tarde apareçam nos órgãos internacionais implorando doações humanitárias de mantimentos.
A não ser que as instituições internacionais e países paguem se proponham em lançar um plano e pagar a conta. Além de destruir o cambaleante projeto europeu e vai levar a instabilidade financeira para os demais países do bloco piorando a situação da periferia e atingindo os países maiores como Espanha, Itália e França. Aí sim o bicho pega e implode o euro e UE de vez. Ou, na possibilidade otimista, reerguem o quarto reich.
Dessa forma, a solução passa pelo plano de recuperação para Grécia que não é expulsar do euro ou exigir ajustes impossíveis. Caso contrário se isola do mundo e volta para a idade média ou vira uma Coreia do Norte do ocidente. É mais o menos a mesma receita para os outros.
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Qui Fev 16, 2012 5:26 pm
por marcelo l.
Wolfgang Schäuble, ministro alemão das Finanças, disse em uma entrevista de rádio na Grécia pode atrasar suas pesquisas e instalar um governo tecnocrático que não inclui políticos como o Sr. Venizelos e Samaras, semelhante ao modelo atualmente em vigor na Itália.
New York Times em campanha aberta para a Alemanha começar a gastar em favor dos países da periferia...que mundo...
Re: Crise Econômica Mundial
Enviado: Sáb Fev 18, 2012 3:12 pm
por FoxTroop
A minha pergunta é; Que tanto interesse têm os USA em que a Alemanha abra os cordões à bolsa (aka se endivide para lá do pagável "a la USA")?
Nunca duvidei que houvesse muita coisa por detrás disto tudo e o que me assusta, é que ao ver as coisa pelo lado frio da lógica, os alemães são capazes de ter razão e a sua actuação talvez seja a única maneira de se romper com o ciclo vicioso de destruição em que entrámos. A "besta" precisa de hospedeiro novo que, do actual, não dá para sacar muito mais e só se mantém vivo à conta de "choques".