Vamos aos pormenores da questão.
No plano estratégico do EB, helo de ataque só em 2031. Ponto. Antes disso não tem grana e nem previsão de compra. A não ser que seja algo tipo "ou Mi-35 ou nada" como no caso da FAB. Goela abaixo mesmo. Mas esta hipótese é remota até onde consigo ver nos próximos anos.
A Avex ainda está modernizando (+$$) Esquilo/Fennec e Pantera; os 8 Cougar estão passando por check D na Helibrás (++$$). A Avex procura obter mais 16 helos de manobra para substituir HM-2/3 (+++$$). Não vai sair barato mesmo que a escolha seja pelo queridinho Black Hawk(+++$$$). E por fim, ainda há mais 4 ou 5 unidades do Jaguar para receber (++++$$$). Tudo isso e mais alguma coisa em investimentos em simuladores, treinamento, infraestrutura e pessoal também estão demandando recursos. (+++$$$)
Trocando em miúdos, não tem espaço no orçamento do EB no curto e médio prazo (5 a 10 anos) para nada de helo de ataque no EB. Uma coisa de cada vez. E não adianta dizer que o governo pode resolver nesse meio tempo "dar de presente" os helos americanos porque não tem orçamento para eles na Avex. E nem prioridade. Com ou sem apoio logístico no país. O planejamento segue inalterado. Seria até um contra senso comprar helo de ataque para a Avex quando ela não tem sequer helos de manobra suficientes para si.
Quanto a entrarmos em um projeto de helo de ataque, seja turco, italiano ou da Zâmbia, tanto faz, é uma opção para quem pensa no longo prazo. E como se trataria de uma iniciativa a nível de Estado que corrobora e atende o previsto na END, a qual pelo menos os militares levam a sério, quanto à capacitação da BID e transferência de tecnologias, participar ou não depende essencialmente do que o comando do exército vislumbra para o futuro da sua aviação. Aliás, os turcos também fabricam Black Hawks, não por acaso.
Lembrar que com apenas 36 unidades no papel a comprar, ninguém vai querer nos dar tudo o que pedimos em vantagens industriais, científicas e tecnológicas por participar de qualquer projeto. Agora, se nos próximos 10 anos ao invés de um projeto de helo de ataque (egolátra) para o Exército tivéssemos um projeto de helo de ataque para as forças armadas, via MD, a coisa mudaria totalmente de figura. Apenas para destacar, a Avex considera um esquadrão com 12 unidades para este tipo de helo. Para equipar os 4 Bavex que temos seriam necessários pelo menos 48 unidades. Não faço ideia do porque de apenas 36 unidades no PEEx. Por baixo, se adicionar mais 12 para FAB e MB respectivamente, já seria um número muito mais prospectivo em termos de negociação com quem quer que fosse, com claras vantagens para a BID e tudo o mais que é mencionado na END neste tipo de negócio.
Enfim, participar ou não de um projeto de desenvolvimento tecnológico é uma opção de Estado e não das forças armadas. O nível da decisão é muito superior e mais complexo. E se a FAB bateu o pé por quase 18 anos para ter o caça que entendia ser o que melhor para si e para a tecnologia e industrial nacional, qual o problema de fazer o mesmo com um helicóptero para as três forças se isto for entendido como sendo o melhor caminho para atender o que reza a cartilha da END e PND?
Agora, se é para ficar apenas nas compras de oportunidade e tá 'bão' demais, desde que tenha um buteco de apoio em cada zona deste país para eventualidades, qualquer coisa serve. Até Mi-35, que agora tem uma loja só para ele em Minas Gerais depois de tantos anos, e apenas 12 operando por aqui.
Aliás, como bem se sabe, os H225M nunca foram pedidos para ninguém. Todas as forças queriam, e querem, o Black Hawk. E se é assim, por que até hoje os nossos cmtes não se mexeram para trazer um linha de montagem ou ao menos uma oficina para eles no Brasil e assim garantir algumas dezenas de unidades para si? E de lambuja poderiam também ter trazido algumas dezenas de AH-1W do deserto também para as forças.
Ma... alguém viu alguma coisa por aí?
Bem, não me parece que comprar helos seja assim tão simples ao ponto de resolver tudo em mera compra de oportunidade ou em visitas aos desertos do Arizona com o erário público.
Há sim, e ainda há quem diga que helo russo não presta nas forças armadas porque o parafuso roda ao contrário, porque não fala inglês, porque não é Stanag, porque a gente não gosta de comunista, porque é muito longe e a gente não gosta de frio, russos são esquisitos, porque o tio Putin é mau, blá,blá, blá...