Vinicius Pimenta escreveu:
Orestes,
Eu não falei que 12 helicópteros equilibram a balança, claro que não. O que falei foi: "é no mínimo curioso que no momento que se anunciam aproximações entre Brasil e Rússia, com uma substancial compra inédita de equipamentos militares e outros acordos, eles tomam uma medida no sentido contrário dessa aproximação". É ou não é? Disse também que: "O mínimo que se esperava, já que estávamos fazendo algo da nossa parte para diminuir essa diferença na balança é que eles não tivessem essa atitude agora com a tinta da assinatura ainda fresca." É ou não é? Se há argumentos que desconstruam esse meu raciocínio, por favor, só escrever que se eu concordar eu mudo de opinião sem problemas.
Quais são os produtos russos que podem ser competitivos no mercado interno brasileiro além de armamento e vodka? Petróleo? Gás? É claro que os russos não fabricam só isso, mas depende muito mais deles do que de nós. Os produtos precisam ser bons e a preços competitivos. Devem vencer a concorrência (terrível) chinesa ou oferecer uma alternativa aos produtos americanos e europeus. É assim que a gente vende pelo mundo, ninguém dá colher de chá não.
E como não há ligação com o MRE? Quem costura os acordos diplomáticos? Quem chefia as missões comerciais? Quem faz a ligação entre governos? O MRE.
E claro que pode comprar helicóptero de prateleira, vai de encontro com a política de defesa atual, mas tudo bem, só usei o exemplo pra mostrar que os russos fazem o mesmo que qualquer outro. Porque a voz corrente até pouco tempo atrás é que os russos vendiam até a mãe, bem baratinho, transferindo a tecnologia até do útero dela. Desculpe os termos, mas é assim que muita gente boa por aí pensava, ou ainda pensa, vai saber.
Abraço!
Vinícius, eu disse que não discordava do seu ponto de vista, apenas dos argumentos. Veja, me colocando no lugar dos russos eu diria que esta compra de 12 hélis não passou de um "consolo" (sem trocadilhos) ou um cala boca, pois não conta nada na balança comercial. A atitude dos russos (sobre importar dos EUA) deixa claro pra mim que se trata de um profundo descontentamento. Então eu discordo que fizemos o "mínimo", se fosse este o caso os russos não reagiriam de tal forma, pra mim fizemos muito menos que o mínimo, não fizemos nada. Pra deixar registrado, o mesmo ponto de vista que uso aqui se aplica/aplicaria a qualquer outro país em situação análoga, não é porque é a Rússia (não tenho nada com eles! rsrsrs).
Sobre os produtos russos: não podemos ser ingênuos aqui (não é o seu caso, claro!), nenhum país do Planeta tenta abrir novas portas e aumentar importações/exportações com outro país que oferece menos que nós mesmos, isso teria tudo para melar. Se achamos que negociar com os russos seria algo bom é porque foram feitos estudos e análises, caso contrário foi pra lá de amador. Se o Brasil entrou nesta pensando em comprar armamentos (supondo apenas estes produtos) e vender carnes, então a canoa era furada desde o início. Se este não for o caso (apenas troca de carne por equipamentos militares), então quem pisou na bola fomos nós e não os russos.
Sobre MRE: você mesmo disse, apenas acordos diplomáticos, acordos comerciais (conseqüências dos
diplomáticos) está em outra esfera. Então 12 hélis comprados (ou não) na prateleira não ligação com o MRE.
Entendi o que disse sobre compras de prateleira, até os termos usados, nisto estou de acordo com você. Mas veja bem, não foi parte do DB que disse tal coisa, que dizia que os russos transferiam tecnologias foram os ministros Nelson Jobim e Mangabeira Unger, exemplos não faltam. E até hoje estes dois senhores não apresentaram um explicação (por mais idiota que seja) para explicar as contradições sobre o que eles diziam e sobre as declarações da FAB no RFI (que os russos não transferem nada).
Abração,
Orestes