NOTIMP
N°: 025
Data: 25/01/2008
Brasília - Eliane Cantanhêde: O vôo de Jobim
BRASÍLIA - Sob tiroteio, o ministro Nelson Jobim decidiu ontem sair em sua própria defesa, despejando uma cascata de decisões, planos e idéias: "Agora, o sistema está integrado e o comando é único, é meu", disse ele, que embarca hoje para a França e a Rússia.
O governo decidiu concentrar esforços no coração do sistema, São Paulo. Ele classificou de "decisões tomadas" a construção do terceiro aeroporto, a implantação de trens entre Viracopos e o centro da capital do Estado e a otimização também de Congonhas (mantidos o teto de 15,5 milhões de passageiros/ano) e de Guarulhos.
E anunciou uma "auditoria ou consultoria" no controle de tráfego aéreo, para apurar as operações, os radares, os demais equipamentos, a formação e o desempenho do pessoal do setor, principalmente dos controladores de vôo -que foram peças-chaves na crise.
Na questão do reequipamento militar, Jobim quer estabelecer métodos, formas e parcerias antes de definir compras. Na França, vai discutir o submarino nuclear, a fabricação de helicópteros de carga no Brasil e o projeto F-X, para recompor a frota de aviões de caça da FAB. Na Rússia, principal fornecedores de armas e equipamentos militares para a Venezuela de Chávez, ele também quer ver os caça Sukhoi (os franceses são Rafale) e a possibilidade de uma fábrica de reposição de peças russas no Brasil.
E os EUA? Bem, os americanos também produzem caças moderníssimos, os F-35, mas eles têm um probleminha: não transferem tecnologia. A Embraer não pôde vender aviões para a Venezuela porque eles tinham detalhes americanos.
Os EUA vetaram. Chávez comprou os Sukhoi russos, e quem ficou chupando o dedo foi o Brasil. Idéias não faltam. Agora é combinar não só com os russos e com os franceses mas com o pior inimigo: a tesoura da área econômica. Isso fica para a volta, daqui a 15 dias.
Jobim prioriza negociação de caças com França e Rússia
Ministro descarta comprar supersônicos americanos
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
*Na folha de hoje(sexta-feira)
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, praticamente descartou ontem o caça F-35 Joint Strike Fighter americano como opção para o reequipamento da Força Aérea, argumentando que "os Estados Unidos não transferem tecnologia".
A nova versão do projeto F-X, de compra de supersônicos, fica então focado no Rafale, da França, e no Sukhoi, da Rússia, os dois países para onde o ministro embarca hoje para uma viagem de 15 dias. Ele pretende discutir também a fabricação de helicópteros de carga no Brasil e um projeto comum para o submarino de propulsão nuclear da França.
A agenda de Jobim prevê audiências com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e com o ministro da Defesa, Hervé Morin, além de uma visita a uma base da Força Aérea Francesa que opera os Rafale. Quem acertou o encontro de Jobim com Sarkozy foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo Jobim, o Brasil tem interesse numa "aliança estratégica com a França" na área de defesa e o objetivo principal é discutir a transferência de tecnologia: "Nós não podemos depender de insumos estrangeiros nessa área. Porque, senão, numa hora decisiva, basta [o fornecedor] cortar o suprimento. Aí, acabou", disse ele.
Na Rússia, principal fornecedor de equipamentos de defesa da Venezuela, inclusive dos modelos Sukhoi-30, Jobim terá encontros com o vice-premiê Sergei Ivanov e com os ministros de Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, e da Defesa, Anatoli Serdiukov.
Apesar de quase descartar caças americanos, o ministro disse que sua próxima viagem, em março, será para os EUA.
*Tá na mesma o leilão continua