O WEC e DTM tomaram um susto. Não perceberam que o público perdeu interesse, audiência caiu, os patrocinadores sumiram junto com as montadoras. Pode acontecer com a Formula 1 pela quebra de equipes menores como Williams, as grandes se desfazerem das equipes B como Alfa Romeo e Toro Rosso, equipes tradicionais e grandes empresas como McLaren resolverem investir em outras coisas. A Mercedes e Renault chegarem na conclusão de que o futuro não está na Formula 1 e não tem retorno que justifique o investimento.
A Liberty tenta fazer alterações para permitir surpresas e maior competição. O problema que é tudo amarrado nos contratos dos tempos da F1 coxinha que o Bernie assinou e na resistência das equipes que são beneficiadas.
Pressinto que no futuro próximo que o ambiente forcará mudanças profundas na categoria. Algumas na mesa de negociação e propostas pela Liberty.
Motor, câmbio, partes do sistema hibrido, freios e outros componentes "plugin and play". Isto é, existem parâmetros das peças e componentes que permite cada equipe buscar montar o melhor pacote
Simplificação do motor combustão para que qualquer um possa fazer. Ao mesmo tempo dar maior liberdade para desenvolver a parte elétrica e maior eficiência. Por exemplo, limitar o combustível, permitir tração permanente e forçar maior uso da energia elétrica.
Chassis e aerodinâmica básica comum em que cada equipe possa montar seu pacote. Assim reduzir a probabilidade de equipes desastrosas (Williams, por exemplo) ou grandes vantagens (Mercedes, por exemplo)
Mudar o projeto de carro para algo mais agressivo, compacto e que permita disputas diretas. Dessa forma, passa necessariamente por um carro menor como eram até fim da década de 1990.
Alterar o formato de fim de semana e do campeonato.
O formato do fim de semana e corridas mais curtas. Por exemplo, compactar o evento para duas horas: 15 minutos aquecimento; 15 minutos qualificação; 15 minutos para preparação; 60 minutos de corrida. É antiguado dividir qualificação no sábado e uma hora e corrida de quase duas horas no domingo. O público não tem saco para assistir. Ainda mais quando boa parte do evento não acontece nada e todos ficam enrolando.
O campeonato que tinha que ser desenhado para dar maior competição e incentivar os pilotos e equipes arriscarem. Por exemplo, dar pontos extras para pole e melhor volta. Permitir que a equipe tenha patrocinadores diferentes ou que a mesma equipe tenha ou três ou quatro carros. A venda de carros ou base de carros entre equipes. Pode ser contra as "tradições" que Bernie fundou, mas era a realidade e comum até década de 1980.
Mais traumático é assumir que Formula 1 é esporte de nicho. Há tempos senti a separação entre quem gosta de carros e de formula 1. Para mim era estranho o cara entender de Formula 1, mas não gostar de carros. Ou gostar de carros e entender, mas não curtir formula 1. Outro exemplo, quando apareceu a foto do Hamilton e Neymar, a imprensa leiga comentou "o amigo do Neymar". A público em geral descolou da F1.
É assim no mundo atual. A televisão não é mais determinante para definir o esporte de massa. Ser piloto de Formula 1 é tipo ser medalhista olímpico dos 10 mil metros. Na comunidade que acompanha é muito conhecido e inspira muitos amadores, mas o público em geral não conhece. Pode andar de metrô ou Uber que ninguém reconhece.
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A Indy e Nascar também estão em crise.
A Indy virou um campeonato regional que roda os EUA. Não conseguem atrair a terceira fornecedora de motores que seira a FCA ou Alfa Romeo. E mesmo equipes tradicionais como Ganassi tem dificuldades financeiras graves. O ponto fora da curva é a Penske. Porque o Roger Penske usa a Indy e outras categorias para brincar e fazer propaganda das organizações Penske que faturam dezenas de bilhões por ano.
A Nascar sentiu que o formato de corrida de horas e horas não funciona mais. É cada vez mais frequente ver ovais com lugares vazios ou setores inteiros sem ninguém. A audiência também caiu. Nesses últimos anos introduziram novas regras, incentivos para quem ganha os segmentos da prova e forçar disputas. Outro problema é que GM e Ford querem fabricar SUV e pick-ups, não têm mais sedans para usar de bolha ou interesse nesses segmento de mercado.