Em linhas gerais olhar o crescimento de um ano isolado é um erro, é fácil ter um crescimento maior em um ano da mesma forma que é fácil para uma empresa "bombar" os lucros, no caso da empresa é só cortar investimentos, no caso do governo é cortar investimentos, tomar dinheiro emprestado e gastar mais com salários, por exemplo, claro que essa situação é insustentável, ela acaba afetando o crescimento futuro.irlan escreveu:Esse crescimento de 2,3% é um alívio se não até um pouco eleitoeiro sendo este melhor crescimento do governo Dilma.Agora estou pensando aqui, como o Lula conseguiu aqueles 10% no final do mandato?
MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
"Quando um rico rouba, vira ministro" (Lula, 1988)
- J.Ricardo
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Já disse, não vou me meter na briga, eles que se entendam... vou fazer a única coisa que pode acabar com a crise, trabalhar...GustavoB escreveu:Aproveita e fala com o G1/Globo também:
Mas também acho que esta comparação não esta certa, o único emergente nessa tabela é a China, o Brasil tem de ser comparado com China, México, Índia e África do Sul, nos comparar neste momento com a Europa é covardia... com eles!
Não temais ímpias falanges,
Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
São muralhas do Brasil!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Caros..., ninguém falou que foi um bom crescimento, mas vendo de uma forma global, nao esta ruim.
O importante é que apesar das dificuldades, ficamos numa posição razoável. Isso Com toda a torcida contra.
Sds Coloradas
Major Fraguas
O importante é que apesar das dificuldades, ficamos numa posição razoável. Isso Com toda a torcida contra.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Respondendo minha própria pergunta, terceiro entre os 13 que divulgaram seus números, considerando o número de europeus na lista isso explica muita coisa.Marechal-do-ar escreveu:Também acho estranho ficar abaixo da média mundial e ter o terceiro maior crescimento, a China sozinha tá carregando o mundo nas costas?
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- jumentodonordeste
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Indonesia deve crescer quase 6%.
Peru também deve ter crescido perto disso.
Mongólia deve ter tido um crescimento maior que o da China, acima de 10%.
Mas não são países "relevantes" para esse número, são monstros completamente diferentes, não dá para comparar os 2,3% do Brasil com os 10% da Mongólia ou com os quase 6 da Indonésia.
Você tem que pegar números de economias que tenham mais ou menos o mesmo tamanho/relevância. É o caso do quadro aí, são as top 7 economias do mundo.
Peru também deve ter crescido perto disso.
Mongólia deve ter tido um crescimento maior que o da China, acima de 10%.
Mas não são países "relevantes" para esse número, são monstros completamente diferentes, não dá para comparar os 2,3% do Brasil com os 10% da Mongólia ou com os quase 6 da Indonésia.
Você tem que pegar números de economias que tenham mais ou menos o mesmo tamanho/relevância. É o caso do quadro aí, são as top 7 economias do mundo.
- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Peru, Indonésia e outros que não aparecem na imprensa golpista e são ignorados pelo grande público são extremamente importantes pra região e economia mundial. Nenhuma das 30 maiores economias do mundo pode ser minimizada.
E se for fazer comparação. O que vale é ser em desenvolvimento ou desenvolvido. É claro que o primeiro grupo cresce mais que o segundo.
No fim tudo é numerologia tão relevante quando astrologia.
E se for fazer comparação. O que vale é ser em desenvolvimento ou desenvolvido. É claro que o primeiro grupo cresce mais que o segundo.
No fim tudo é numerologia tão relevante quando astrologia.
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- irlan
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
O engraçado é esse Boom da indonésia, tem muito instrumento musical vindo de lá, poderiam nos contar oque fazem deles tão atraentes para negócios...
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
- Bourne
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
A Indonésia é a nova fronteira para a industria e finanças asiáticas. É um centro industrial que se integrou as cadeias produtivas asiáticas de eletrônicos, automobilística e todo o tipo de industria. Fora petróleo e ter uma população gigantesca de mais de 200 milhões que constitui um mercado atrativo. Não é uma ilha perdida no sul do Pacifico.
O Peru está sempre de cabeça alta. Junto com Chile e Colômbia são os países que mais crescem, tem melhor nível de vida e estabilidade da América Latina. São países médio que nunca vão ser uma potencia, mas tem um bem-estar social e estabilidade bem interessante para se viver. E ótimos potenciais parceiros para Brasil. É claro isso estava na política externa do Lula, a Dilma prefere ignorar por questões internas.
O Peru está sempre de cabeça alta. Junto com Chile e Colômbia são os países que mais crescem, tem melhor nível de vida e estabilidade da América Latina. São países médio que nunca vão ser uma potencia, mas tem um bem-estar social e estabilidade bem interessante para se viver. E ótimos potenciais parceiros para Brasil. É claro isso estava na política externa do Lula, a Dilma prefere ignorar por questões internas.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Chile eu não sei, mas o Peru tem o Sendero Luminoso ea Colômbia as FARC.
Na União Soviética, o político é roubado por VOCÊ!!
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
"Relevante" no meu dicionário são economias em nível de desenvolvimento similar, não as que mais convém, comparar o Brasil com qualquer país desenvolvido é obrigação do Brasil ter um crescimento maior ou o Brasil nunca será um país desenvolvido.jumentodonordeste escreveu: Mas não são países "relevantes" para esse número, são monstros completamente diferentes, não dá para comparar os 2,3% do Brasil com os 10% da Mongólia ou com os quase 6 da Indonésia.
Você tem que pegar números de economias que tenham mais ou menos o mesmo tamanho/relevância. É o caso do quadro aí, são as top 7 economias do mundo.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Véio... Isso é coisa do começo dos anos 1990s. O Sandero Luminoso desapareceu e as FARC assinaram o acordo de paz.irlan escreveu:Chile eu não sei, mas o Peru tem o Sendero Luminoso ea Colômbia as FARC.
Peru e Colômbia entraram em uma espiral de crescimento e desenvolvimento na última década inédito. De países instáveis, rurais com violência e pobreza alta para estabilidade política, possuem uma estratégia de inserção na economia global, especialmente com os vizinhos do outro lado do Pacifico e EUA-México, a infraestrutura está melhorando com redução da pobreza. Começaram a ter classe média.
E olhem o Peru crescendo
É ruim? De forma alguma. Vizinhos desses são ótimos por que ajudam a estabilidade interna, redução da violência, negócios ilegais, contrabando, são ótimos parceiros comerciais.Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/20 ... peru.shtml ou as ferramentas oferecidas na página. Investimento e classe média turbinam economia do Peru
DO "FINANCIAL TIMES"
30/11/2013 03h00
Em Los Olivos, um espaçoso bairro de Lima, Cindy Mamani está atrasada para uma aula na Universidade César Vallejo, onde se prepara para ser advogada.
Mamani fala com orgulho sobre ser a primeira pessoa em sua família, mestiça, a fazer um curso superior. "Meus pais trabalharam muito para que eu pudesse estar aqui."
Sua história é emblemática da transformação social do Peru, celebrado na última década como economia de mais rápido crescimento na América Latina.
Além disso, embora "o surgimento de uma nova classe média" seja uma história
comum nos mercados emergentes, o que distingue o Peru é que seu crescimento vem sendo sustentado por um boom de investimento, e não pelo surto de consumismo, agora estagnado, que impulsionou o crescimento de alguns de seus pares regionais, como o Brasil.
A despeito do crescimento mais lento que a China registra e do medo quanto à retirada do estímulo do Fed (BC dos EUA) à economia norte-americana, a economia do Peru deve crescer mais de 5% neste ano, segundo projeções do FMI, ante uma média regional de 2,6%.
"O que é diferente quanto ao fenômeno peruano é a velocidade de crescimento da classe média", diz o sociólogo Rolando Arellano.
"As novas gerações só viram progresso e querem continuar progredindo."
A propensão generalizada a investir parece ser um dos principais motivos que embasam o crescimento continuado do Peru -e não apenas em casos como o de Mamani ou dos seus 35 mil colegas universitários, que pagam mensalidade média de US$ 150 (R$ 350) pelos seus cursos.
MINERAÇÃO
No ano passado, o investimento peruano, boa parte do qual no setor de mineração, equivaleu a 28% do PIB (ante apenas 18% no Brasil), um índice digno da Ásia.
O país é o terceiro maior produtor mundial de cobre e prata e o sexto maior produtor mundial de ouro, e o presidente Ollanta Humala afirma que existem projetos de investimento em mineração da ordem de US$ 60 bilhões esperando implementação.
Esse crescimento alimentado pelo investimento resultou em uma redução do índice de pobreza, de metade para um quarto da população, e levou uma proporção hoje estimada em metade dos peruanos à classe média. De fato, segundo uma pesquisa conduzida em agosto pela "Latam Confidential", os peruanos hoje têm probabilidade um terço maior de investir em educação do que seus pares regionais e quase o dobro de probabilidade de adquirir serviços de saúde.
Economistas, no entanto, alertam sobre a fragilidade da nova classe média peruana e sobre a necessidade de levar novas reformas adiante a fim de sustentar o boom em um país que sofre de instituições fracas e no qual boa parte da economia é informal, e assim não permite arrecadar tributos.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
E pensar que até os anos 1980 tinham peruanos que se mudavam para a periferia de Buenos Aires.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Na verdade o que mais a america do sul PRecisa é de países com crescimento e que melhorem as condições de vida de seus habitantes. Um puxa o outro conforme as coisas melhoram e passam a ajudar em problemas comuns a ambos os territórios.
Brasil não tem condições de crescer sozinho na America latina! Não somos uma ilha por mais que alguns gostem de pensar assim.
Brasil não tem condições de crescer sozinho na America latina! Não somos uma ilha por mais que alguns gostem de pensar assim.
Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
JORNALISMO ECONÔMICO
O inexorável peso dos fatos
ou
A manipulação criminosa da expectativas econômicas pela mídia
Por Luciano Martins Costa em 28/02/2014 na edição 787
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 28/2/2014
É manchete nos principais jornais de sexta-feira (28/2) o resultado da economia brasileira no ano de 2013. O tom de espanto domina os títulos das reportagens e das análises dos economistas credenciados pela imprensa. O Produto Interno Bruto cresceu 2,3%, contrariando o canto fúnebre entoado incessantemente pela mídia tradicional até o dia anterior. O discurso muda subitamente: agora, diz-se que “uma surpresa favorável estancou a piora das expectativas”.
As edições da véspera de carnaval devem ser guardadas pelos analistas da comunicação jornalística como um caso a ser estudado em futuras pesquisas. Trata-se da mais deslavada demonstração de irresponsabilidade, para não dizer manipulação criminosa, no exercício dessa que já foi considerada uma atividade luminar da vida moderna.
Ao ver desmentidas pelos números suas próprias adivinhações, a imprensa usa o contorcionismo das metáforas para dizer que, agora, as expectativas catastrofistas não têm sentido. Ora, mas quem foi que criou essas expectativas, se não a própria imprensa, ao dar abrigo e destaque para as piores previsões disponíveis?
Com exceção de uma minoria de especialistas, que passaram as últimas semanas fazendo penosos malabarismos verbais para não cair na corrente do apocalipse, o conteúdo dos jornais tem induzido os operadores da economia a um estado mental depressivo, que afeta principalmente o setor industrial, mais suscetível ao clima de pessimismo. Alguns textos acusam o governo atual de haver insuflado no mercado um otimismo exagerado, há três anos, ao projetar taxas de crescimento anuais em torno de 4%.
Acontece que, desde então, a imprensa tem trabalhado no sentido contrário, produzindo um clima que induz a estratégias cautelosas por parte dos investidores. Ainda assim, note-se, o nível de investimento cresceu 6,3% em 2013, a maior alta desde 2010. O gráfico apresentado pelo Estado de S. Paulo anota, timidamente, que os investimentos devem crescer mais em 2014, impulsionados pelas obras da Copa do Mundo.
Manipulação e malabarismo
No amplo espectro das causas que compõem os fenômenos complexos, não se pode descartar o efeito do pessimismo da imprensa sobre escolhas de empresários e executivos mais conservadores. Observe-se que, progressivamente, a predominância de opiniões negativas sobre a economia brasileira se tornou tão hegemônica que alguns autores passaram a usar e abusar de figuras de linguagem para se dirigir a seus leitores, abrindo mão do vocabulário econômico específico.
Interessante notar também que um dos destaques das edições de sexta-feira (28) é a frase de uma jovem economista muito apreciada pelos jornais, que costuma usar referências literárias para ilustrar suas análises. Em declaração no Estado de S. Paulo, ela afirma que o desempenho do PIB “vai gerar um choque de realidade sobre a economia do País. O pessimismo não se traduz em recessão ou queda do PIB”, observou. O leitor atento vai pesquisar suas manifestações anteriores e constata que a economista tem sido uma das mais agressivas ativistas do pessimismo, useira contumaz de ironias.
Note-se também que, mesmo diante da realidade que contraria tudo que vinha publicando, a imprensa se esforça para diminuir o impacto dos fatos sobre suas previsões alarmistas. Numa página inteira em que analisa sinais de mudança no modelo brasileiro de crescimento, a Folha de S. Paulo apresenta na edição de sexta-feira um ranking das economias que mais cresceram, lançando mão de um artifício primário para minimizar a importância do desempenho do Brasil: em dezembro, quando noticiaram estudos sobre mudanças na economia dos Estados Unidos, os jornais dividiram os países em dois blocos – os mais vulneráveis e os menos vulneráveis.
E qual o critério adotado agora pela Folha, para classificar o desempenho dessas mesmas economias em 2013? Divide os países em três blocos, colocando o Brasil no bloco intermediário.
Se optasse pelo mesmo critério usado para destacar a análise pessimista, o jornal teria feito um quadro com dois blocos, e o Brasil seria apresentado entre os quatro países que mais cresceram, junto com China, Indonésia e Coréia do Sul.
São manobras como essa, inspiradas claramente num viés ideológico e no interesse político, que afetam a credibilidade da imprensa.
O inexorável peso dos fatos
ou
A manipulação criminosa da expectativas econômicas pela mídia
Por Luciano Martins Costa em 28/02/2014 na edição 787
Comentário para o programa radiofônico do Observatório, 28/2/2014
É manchete nos principais jornais de sexta-feira (28/2) o resultado da economia brasileira no ano de 2013. O tom de espanto domina os títulos das reportagens e das análises dos economistas credenciados pela imprensa. O Produto Interno Bruto cresceu 2,3%, contrariando o canto fúnebre entoado incessantemente pela mídia tradicional até o dia anterior. O discurso muda subitamente: agora, diz-se que “uma surpresa favorável estancou a piora das expectativas”.
As edições da véspera de carnaval devem ser guardadas pelos analistas da comunicação jornalística como um caso a ser estudado em futuras pesquisas. Trata-se da mais deslavada demonstração de irresponsabilidade, para não dizer manipulação criminosa, no exercício dessa que já foi considerada uma atividade luminar da vida moderna.
Ao ver desmentidas pelos números suas próprias adivinhações, a imprensa usa o contorcionismo das metáforas para dizer que, agora, as expectativas catastrofistas não têm sentido. Ora, mas quem foi que criou essas expectativas, se não a própria imprensa, ao dar abrigo e destaque para as piores previsões disponíveis?
Com exceção de uma minoria de especialistas, que passaram as últimas semanas fazendo penosos malabarismos verbais para não cair na corrente do apocalipse, o conteúdo dos jornais tem induzido os operadores da economia a um estado mental depressivo, que afeta principalmente o setor industrial, mais suscetível ao clima de pessimismo. Alguns textos acusam o governo atual de haver insuflado no mercado um otimismo exagerado, há três anos, ao projetar taxas de crescimento anuais em torno de 4%.
Acontece que, desde então, a imprensa tem trabalhado no sentido contrário, produzindo um clima que induz a estratégias cautelosas por parte dos investidores. Ainda assim, note-se, o nível de investimento cresceu 6,3% em 2013, a maior alta desde 2010. O gráfico apresentado pelo Estado de S. Paulo anota, timidamente, que os investimentos devem crescer mais em 2014, impulsionados pelas obras da Copa do Mundo.
Manipulação e malabarismo
No amplo espectro das causas que compõem os fenômenos complexos, não se pode descartar o efeito do pessimismo da imprensa sobre escolhas de empresários e executivos mais conservadores. Observe-se que, progressivamente, a predominância de opiniões negativas sobre a economia brasileira se tornou tão hegemônica que alguns autores passaram a usar e abusar de figuras de linguagem para se dirigir a seus leitores, abrindo mão do vocabulário econômico específico.
Interessante notar também que um dos destaques das edições de sexta-feira (28) é a frase de uma jovem economista muito apreciada pelos jornais, que costuma usar referências literárias para ilustrar suas análises. Em declaração no Estado de S. Paulo, ela afirma que o desempenho do PIB “vai gerar um choque de realidade sobre a economia do País. O pessimismo não se traduz em recessão ou queda do PIB”, observou. O leitor atento vai pesquisar suas manifestações anteriores e constata que a economista tem sido uma das mais agressivas ativistas do pessimismo, useira contumaz de ironias.
Note-se também que, mesmo diante da realidade que contraria tudo que vinha publicando, a imprensa se esforça para diminuir o impacto dos fatos sobre suas previsões alarmistas. Numa página inteira em que analisa sinais de mudança no modelo brasileiro de crescimento, a Folha de S. Paulo apresenta na edição de sexta-feira um ranking das economias que mais cresceram, lançando mão de um artifício primário para minimizar a importância do desempenho do Brasil: em dezembro, quando noticiaram estudos sobre mudanças na economia dos Estados Unidos, os jornais dividiram os países em dois blocos – os mais vulneráveis e os menos vulneráveis.
E qual o critério adotado agora pela Folha, para classificar o desempenho dessas mesmas economias em 2013? Divide os países em três blocos, colocando o Brasil no bloco intermediário.
Se optasse pelo mesmo critério usado para destacar a análise pessimista, o jornal teria feito um quadro com dois blocos, e o Brasil seria apresentado entre os quatro países que mais cresceram, junto com China, Indonésia e Coréia do Sul.
São manobras como essa, inspiradas claramente num viés ideológico e no interesse político, que afetam a credibilidade da imprensa.
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Nada disso é claro muda o fato de que uma persistência do crescimento em torno de 2% ano após ano para um país com as características e os recursos do Brasil é no mínimo pífio (em outros países mais sérios seria considerado péssimo). Ainda mais pela constatação de que foi basicamente o crescimento de 7% do setor agrícola que o segurou neste patamar, senão teria vindo ainda bem mais baixo.
Abaixo os dados do Santander sobre a América Latina, o grupo no qual estamos de fato incluídos:

Leandro G. Card
Abaixo os dados do Santander sobre a América Latina, o grupo no qual estamos de fato incluídos:
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Re: MOMENTO ATUAL DA ECONOMIA BRASILEIRA
Eles não são mendigos
Os bem-sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não sujeitos de direito
por Luiz Gonzaga Belluzzo — publicado 13/03/2014 04:49
http://www.cartacapital.com.br/revista/ ... -1404.html
Eleições suscitam polarização de opiniões e exageros de pontos de vista. A campanha eleitoral já em curso, como outras, emite sinais de pródigas manifestações de maniqueísmo. O expediente de satanizar o adversário revela, esta é minha opinião, indigência mental e despreparo para a convivência democrática. Intelectuais, incluídos os jornalistas, não escapam desses desígnios: as sagradas funções da crítica e da dúvida sistemática são atropeladas pela paixão política.
Leio sistematicamente as colunas dos jornais brasileiros. Leio sempre com o espírito disposto a considerar os argumentos, mesmo aqueles que não batem com meus juízos e julgamentos.
Pois, embrenhado no cipoal de opiniões, deparei-me com um luminar da sabedoria nativa que, do alto de sua coluna, alertava a nação para os perigos da exploração do “coitadismo”. Imagino que vislumbrasse nas políticas de redução da pobreza uma afronta aos méritos dos cidadãos úteis e eficientes.
Lembrei-me de uma palestra memorável do escritor americano David Foster Wallace. Diante dos estudantes do Kenyon College, Foster Wallace começou sua fala com um apólogo:
“Dois peixinhos estão nadando juntos e cruzam com um peixe mais velho, nadando em sentido contrário.
Ele os cumprimenta e diz:
– Bom dia, meninos. Como está a água?
Os dois peixinhos nadam mais um pouco, até que um deles olha para o outro e pergunta:
– Água? Que diabo é isso?”
Wallace prossegue: “O ponto central da história dos peixes é que a realidade mais óbvia, ubíqua e vital costuma ser a mais difícil de ser reconhecida. ... Os pensamentos e sentimentos dos outros precisam achar um caminho para serem captados, enquanto o que vocês sentem e pensam é imediato, urgente, real. Não pensem que estou me preparando para fazer um sermão sobre compaixão, desprendimento ou outras ‘virtudes’. Essa não é uma questão de virtude – trata-se de optar por tentar alterar minha configuração-padrão original, impressa nos meus circuitos. Significa optar por me libertar desse egocentrismo profundo e literal que me faz ver e interpretar absolutamente tudo pelas lentes do meu ser”.
O povo brasileiro tem manifestado seu desacordo com os bacanas que, como os peixinhos, mergulhados em seu egocentrismo, não conseguem reconhecer o ambiente social em que vivem. Por isso, os bem-sucedidos tratam os beneficiários das políticas sociais como pedintes, não enquanto sujeitos de direito.
Nas últimas décadas, certos liberais brasileiros julgam defender o mercado, desfechando invectivas contra as políticas públicas que, em sua visão, contradizem os critérios “meritocráticos”.
Em 1942, na Inglaterra ainda maltratada pela guerra, o liberal Sir William Beveridge, em seu lendário Relatório, defendeu o mercado ao fincar as estacas que iriam sustentar as políticas do Estado do Bem-Estar.
Associado à ruptura causada nas concepções da economia convencional pela Teoria Geral do Juro, do Emprego e da Moeda – obra magna do também liberal, porém iconoclasta, John Maynard Keynes –, o Relatório Beveridge cuidou dos princípios e políticas que deveriam orientar a ação do Estado britânico do pós-Guerra.
O liberal Beveridge apontou os “Demônios Gigantes da vida moderna” que os governos estavam obrigados a enfrentar: Carência, Doença, Ignorância, Miséria e Inatividade. Sob sua inspiração, os trabalhistas Atlee e Bevan implantaram a duras penas o National Health Service. Os direitos criados pelo Serviço Nacional de Saúde resistiram bravamente às investidas dos governos conservadores, desde Thatcher até os tempos do mauricinho Cameron.
Na Inglaterra dos anos 20 e 30 do século passado, as diferenças educacionais entre as classes sociais estavam legitimadas por suposições pseudocientíficas, mas, na verdade, preconceituosas a respeito da “inteligência”. A eugenia não foi prerrogativa da Alemanha nazista, mas se espalhava por toda a Europa nas asas do pensamento conservador, que entre outras monstruosidades produziu o criminoso nato de Lombroso. Para os “anticoitadistas” de então, a capacidade intelectual estava predeterminada por hereditariedade e, portanto, nem todos poderiam se beneficiar da educação.
Em seu Relatório, Beveridge proclamou que a ignorância é uma erva daninha que os ditadores cultivam entre seus seguidores, mas que a democracia não pode tolerar entre seus cidadãos. Temo que algumas democracias tenham se descuidado das ignorâncias.