GEOPOLÍTICA

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Penguin
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Re: GEOPOLÍTICA

#4066 Mensagem por Penguin » Ter Ago 23, 2011 6:06 pm

Navios da Vale e da China em rota de colisão?

Divulgação 9.mai.2011
http://pelomundo.folha.blog.uol.com.br/ ... 48632623-0


Vale Brasil, o primeiro supernavio encomendado pela mineradora a ficar pronto, chega ao RJ.



PEQUIM

Em artigo recente, o diretor da Vale José Carlos Martins escreveu sobre a onipresença do gigante asiático no comércio mundial: “É bom vender para os chineses, é bom comprar dos chineses, mas é difícil competir com os chineses!”. Pois a mineradora brasileira oferece bons exemplos nas três categorias.

Ao contrário da Fiesp, a Vale não tem do que reclamar do gigante asiático: seu insaciável apetite por minério de ferro transformou a mineradora na maior empresa exportadora brasileira. Para abastecê-lo, encomendou a estaleiros da China e da Coreia do Sul os maiores navios de transporte mineral no mundo. Mas a frota da mineradora, que ficará totalmente pronta até 2013, atraiu a ira da poderosa Associação de Proprietários de Navio da China (CSA, na sigla em inglês), cujas empresas representam 80% do setor no país.

Na quinta-feira passada, entrevistei o vice-presidente da CSA, Zhang Shouguo. O encontro foi na sede da associação, instalada dentro de um escritório da empresa Cosco, num prédio antigo a cerca de 1 km da praça da Paz Celestial.

Antes das perguntas, Zhang fez uma longa explicação sobre a situação do transporte marítimo. Sua conclusão foi de que o mundo hoje tem um excesso de navios após a crise de 2008, capacidade ociosa agravada pela alta do combustível e, no caso chinês, pelo crescente preço da mão-de-obra.

“A solução é fazer bom uso da frota existente”, diz Zhang. “A Vale tem o direito de construir os navios, mas é desnecessário”.

Ele diz que a nova frota da Vale, que inclui 35 navios com capacidade para até 400 mil toneladas cada _os maiores do mundo_ está provocando “ansiedade” nas empresas chinesas: “A CSA está preocupada de que o transporte de minério de ferro entre o Brasil e a China seja monopolizado pela Vale”.

Questionado sobre quais medidas podem ser tomadas contra a Vale, ele abriu um libreto intitulado “Regulações da República Popular da China sobre Transporte Marítimo Internacional” e leu a seção 35 do capítulo 5.

O regulamento reza que está sujeita a investigação estatal e a sanções qualquer empresa que controle 30% ou mais do transporte marítimo numa determinada linha por mais de um ano seguido.

O temor de monopólio é refutado pela Vale. Em entrevista à Folha no dia anterior, Martins afirma que a nova frota da Vale suprirá apenas uma parte da demanda da empresa, que hoje utiliza cerca de 300 navios para transportar minério.

O executivo enumera vários motivos para a Vale ter decidido ampliar sua frota, em 2008. O mais citado por ele é “reduzir a desvantagem geográfica” com relação aos principais concorrentes, todos mais próximos da China: Austrália, Índia e África do Sul.

Outro motivo, diz, é evitar o que aconteceu na crise de 2008, quando clientes deixaram de enviar navios para buscar o minério de ferro, levando ao entupimento dos portos e à demissão de funcionários. A Vale teria deixado de faturar US$ 4 bilhões na época.

“A Vale chegou à conclusão de que tinha de ter uma parcela do nosso minério coberto por uma frota dedicada pra nós, sejam navios que a gente construísse seja navios que a gente contratasse”, afirmou.

O diretor da Vale também menciona a volatilidade do frete, que, em 2008, chegou a ficar mais caro do que o próprio minério, e a necessidade de ter navios mais modernos e eficientes para chegar à Ásia.

Martins diz que o objetivo da Vale não é competir com as empresas do setor, e sim ter navios eficientes à disposição. “Nós não queremos ter os navios, podemos a qualquer momento sentar com quem quer que seja para transferir a propriedade dos navios e passar a ser um contratante. A única coisa importante é ter uma classe de navio que nos atenda.”

Dos 35 navios, 19 são da Vale, a um custo de US$ 2 bilhões, e 16 são de empresas com contrato de prestação de serviço com a mineradora.

Em tempo: não é a primeira polêmica que a Vale enfrenta por causa dos navios. Em 2008, o então presidente Lula ficou furioso ao saber que a empresa decidiu construir a frota na China e na Coreia do Sul em vez de usar estaleiros brasileiros. O episódio aumentou o desgaste e contribuiu para a saída de Roger Agnelli da presidência da empresa, neste ano.




Sempre e inevitavelmente, cada um de nós subestima o número de indivíduos estúpidos que circulam pelo mundo.
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Re: GEOPOLÍTICA

#4067 Mensagem por delmar » Ter Ago 23, 2011 8:03 pm

Vai custar um tempo até que as viuvas da guerra fria percebam que as mudanças dos últimos 20 anos. Os nossos concorrentes e rivais são a China, a India e os países asiáticos. São eles que podem destruir nossa indústria e nos tranformar em produtores de matéria prima. Inclusive acabando a indústria nacional voltada para o mercado interno, como eletrodomésticos, calçados, texteis, louças, cutelaria, etc. pela colocação de produtos baratos, subsidiados. No caso da Vale até a participação no transporte dos minerais é questionada, os navios devem ser chineses nós devemos fornecer apenas a matéria prima. O governo brasileiro, parece, já percebeu isto e está tomando medidas para conter a importação desenfreada de material, seja com taxação, seja com controle intenso dos produtos importados nos portos.
Ou o Brasil controla a entrada de produtos asiáticos, ou os produtos asiáticos acabam com a indústria do Brasil.




Todas coisas que nós ouvimos são uma opinião, não um fato. Todas coisas que nós vemos são uma perspectiva, não a verdade. by Marco Aurélio, imperador romano.
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Re: GEOPOLÍTICA

#4068 Mensagem por suntsé » Qua Ago 24, 2011 8:44 am

delmar escreveu:Vai custar um tempo até que as viuvas da guerra fria percebam que as mudanças dos últimos 20 anos. Os nossos concorrentes e rivais são a China, a India e os países asiáticos. São eles que podem destruir nossa indústria e nos tranformar em produtores de matéria prima. Inclusive acabando a indústria nacional voltada para o mercado interno, como eletrodomésticos, calçados, texteis, louças, cutelaria, etc. pela colocação de produtos baratos, subsidiados. No caso da Vale até a participação no transporte dos minerais é questionada, os navios devem ser chineses nós devemos fornecer apenas a matéria prima. O governo brasileiro, parece, já percebeu isto e está tomando medidas para conter a importação desenfreada de material, seja com taxação, seja com controle intenso dos produtos importados nos portos.
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Re: GEOPOLÍTICA

#4069 Mensagem por marcelo l. » Qua Ago 24, 2011 9:17 am

delmar escreveu:Vai custar um tempo até que as viuvas da guerra fria percebam que as mudanças dos últimos 20 anos. Os nossos concorrentes e rivais são a China, a India e os países asiáticos. São eles que podem destruir nossa indústria e nos tranformar em produtores de matéria prima. Inclusive acabando a indústria nacional voltada para o mercado interno, como eletrodomésticos, calçados, texteis, louças, cutelaria, etc. pela colocação de produtos baratos, subsidiados. No caso da Vale até a participação no transporte dos minerais é questionada, os navios devem ser chineses nós devemos fornecer apenas a matéria prima. O governo brasileiro, parece, já percebeu isto e está tomando medidas para conter a importação desenfreada de material, seja com taxação, seja com controle intenso dos produtos importados nos portos.
Ou o Brasil controla a entrada de produtos asiáticos, ou os produtos asiáticos acabam com a indústria do Brasil.
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Re: GEOPOLÍTICA

#4070 Mensagem por Boss » Qua Ago 24, 2011 10:33 am

Felizmente, o Governo já vem trabalhando nisso.




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Re: GEOPOLÍTICA

#4071 Mensagem por Junker » Qua Ago 24, 2011 2:56 pm

Premier Azarov: Ukraine-Brazil cooperation develops successfully

Imagem
Prime Minister Mykola Azarov

KYIV, August 23 /UKRINFORM/. Prime Minister Mykola Azarov, who met Governor of Brazilian state Parana Carlos Alberto Richa, called Brazil the main strategic partner of Ukraine in Latin America, and cooperation of the two countries - successful.

However, besides interstate cooperation in the space area and shipbuilding, Ukraine is interested to cooperate with Brazil at the regional level, Azarov noted.

In particular, "such powerful Brazilian state as Parana is interesting for cooperation with out regions. Turnover presently makes up USD 500 million and we are interested in its growing, such contacts will undoubtedly promote it. Spheres of cooperation are very wide, these are shipbuilding, aircraft construction, chemical industry, cooperation is interesting in the pharmaceutical sector, etc," the Prime Minister accentuated.

Moreover, almost 500,000 Ukrainians reside in Brazil, in particular, 400,000 ethnic Ukrainians in Parana state.

Carlos Alberto Richa, in turn, confirmed intention of Parana state to cooperate with Ukrainian regions.

"There are many businessmen in our delegation, interested in investments. Presently, Parana state exports coffee and pork to Ukraine. We are also interested in cooperation with your specialists in the sphere of shipbuilding and oil production," the Governor said.
http://www.ukrinform.ua/eng/order/?id=229856




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Re: GEOPOLÍTICA

#4072 Mensagem por Booz » Dom Ago 28, 2011 1:22 am

Documentos revelam que embaixada brasileira nos EUA foi grampeada

Folha Transparência mostra despachos diplomáticos que eram mantidos sob sigilo pelo Itamaraty por mais de uma década; consulte aqui



Mesmo quem não for assinante da "Folha", pode ter acesso a uns 12 (ou mais) documentos que ensejam-nos a continuar a crer que como são "bonzinhos" nossos "amáveis" comedores de hamburgueres.
Há inclusive várias violações de malas diplomáticas brasileiras, violções de lacres metálicos, e ameaça de impedir importação de aviões brasileiro.
À disposição na edição eletrônica da Folha e amanhã em papel.

Link: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/9663 ... eada.shtml




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Re: GEOPOLÍTICA

#4073 Mensagem por suntsé » Dom Ago 28, 2011 9:54 am

jp escreveu:Documentos revelam que embaixada brasileira nos EUA foi grampeada

Folha Transparência mostra despachos diplomáticos que eram mantidos sob sigilo pelo Itamaraty por mais de uma década; consulte aqui



Mesmo quem não for assinante da "Folha", pode ter acesso a uns 12 (ou mais) documentos que ensejam-nos a continuar a crer que como são "bonzinhos" nossos "amáveis" comedores de hamburgueres.
Há inclusive várias violações de malas diplomáticas brasileiras, violções de lacres metálicos, e ameaça de impedir importação de aviões brasileiro.
À disposição na edição eletrônica da Folha e amanhã em papel.

Link: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/9663 ... eada.shtml
esse país é muito sem amor próprio mesmo, estas coerções eriam suficientes para este país tomar vergonha na cara a tomar um rumo mais soberano.




Bender

Re: GEOPOLÍTICA

#4074 Mensagem por Bender » Dom Ago 28, 2011 10:15 am

jp escreveu:Documentos revelam que embaixada brasileira nos EUA foi grampeada

Folha Transparência mostra despachos diplomáticos que eram mantidos sob sigilo pelo Itamaraty por mais de uma década; consulte aqui



Mesmo quem não for assinante da "Folha", pode ter acesso a uns 12 (ou mais) documentos que ensejam-nos a continuar a crer que como são "bonzinhos" nossos "amáveis" comedores de hamburgueres.
Há inclusive várias violações de malas diplomáticas brasileiras, violções de lacres metálicos, e ameaça de impedir importação de aviões brasileiro.
À disposição na edição eletrônica da Folha e amanhã em papel.

Link: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/9663 ... eada.shtml
Pois é sapientíssimo Guru,a despeito do nome da série ser "Folha transparência" que por si,já é engraçado,estas revelações que vão sendo "pingadas" na midia a conta gotas de engraçado não tem nada.

Mas se para o "abestados" comuns da massa,causa surpresa e até admiração algumas revelações destas,para nosotros que por vezes somos até taxados de anti-heinz xenofóbicos,isto é somente mais uma estaca cravada no peito de Mr. Sebastian.

Mas aí ficam as perguntas:1)aos que acusam a diplomacia tupiniquim de castrista e chavista,estas revelações dão justa causa a eles?

2)Os espiões do mundo estão certos em tentar controlar e conter os bárbaros tupiniquins,a custa de qualquer expediente safado,pois os mesmos,são uns aloprados que insistem em quebrar as algemas e fugir do porão do galeão cheio de ouro?

3)Quanto de transparência tem nestas divulgações da Folha,e quanto de milhos de pipoca sendo aquecidos logo após a saída de Pai Joban? Quem vai comer a pipoca? Aliás quem pediu pra fazer pipoca?Hummm...

Grande abraço,e bom domingo!




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Re: GEOPOLÍTICA

#4075 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:16 pm

Completando o post do JP:

Embaixada brasileira em Washington foi grampeada
Diplomata relatou interceptação em telefones em despacho de 2001 Rubens Barbosa afirma que informou situação ao Departamento de Estado americano, mas que não houve reação
DE BRASÍLIA
Em março de 2001, a poucos dias de uma visita do presidente Fernando Henrique Cardoso ao colega recém-eleito George Bush, os telefones da Embaixada do Brasil em Washington (EUA) começaram a ter uma "sensível perda de qualidade" e ficaram "praticamente" mudos.
O embaixador brasileiro à época, Rubens Antonio Barbosa, encomendou uma varredura nos telefones.
Técnicos lhe disseram que problemas semelhantes vinham ocorrendo em outras embaixadas, sempre às vésperas de visitas de presidentes e autoridades dos países.
A primeira checagem nos aparelhos não encontrou sinais de grampo. Mas, dois meses depois, uma nova inspeção confirmou as suspeitas do embaixador.
Em um telegrama confidencial enviado a Brasília em 24 de maio de 2001, Barbosa diz ter "certeza de grampo nas linhas telefônicas".
O embaixador contou, em recado para o então ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, que "descobriu-se o que pareceria ser uma ligação telefônica direta entre o prédio da Chancelaria [brasileira] e o Departamento de Defesa norte-americano".
"A ligação opera à semelhança de um ramal interno, isto é, ao se discar o dígito "0" atende uma telefonista daquele órgão do governo dos EUA", relata Barbosa.
Dez anos depois da interceptação, Barbosa revelou à Folha ter levado o assunto ao Departamento de Estado norte-americano. A reação, segundo ele, foi de silêncio absoluto. "Nunca ninguém passou recibo de quem era o autor, do que queriam ou o que estavam querendo de nós."
O ex-chanceler Lafer disse não se recordar dos avisos sobre a suspeita de grampos, mas lembrou que a "a recomendação era não falar ao telefone o que não se queria que fosse sabido".
CRIPTOGRAFIA
Em setembro de 1994, por meio de telegrama enviado do Brasil, o embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima foi informado que dois funcionários do Itamaraty iriam instalar "telefone cripto e rever o sistema de comunicações".
Dias antes da criptografia, o Brasil havia reagido negativamente à possibilidade de o governo dos EUA ter acesso ao conteúdo de informações por meio de um programa de computador. O parecer foi feito pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, ligada à Presidência.
No mesmo documento, é discutida a "inevitabilidade" da internet. Ao falar que os EUA buscam tomar a iniciativa sobre o assunto, o telegrama diz que o "acesso a informações comerciais, militares, diplomáticas, industriais e de pesquisa traria ao seu detentor uma vantagem econômica e estratégica".




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Re: GEOPOLÍTICA

#4076 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:16 pm

Documentos são liberados após pedido da Folha
DE BRASÍLIA
O Itamaraty abriu todo seu arquivo de documentos confidenciais produzidos entre 1990 e 2001 após pedido da Folha. Pela lei, esses papéis não mais estão protegidos por sigilo.
A reportagem iniciou a pesquisa em 4 de julho. Para liberar os telegramas, servidores do Itamaraty registraram em cada página dos papéis originais o carimbo "desclassificado de acordo com o Dec. 5.301 de 09/12/2004".
Essa é a legislação em vigor que estabelece regras de acesso a documentos sigilosos. Papéis classificados como confidenciais devem ser liberados após dez anos, com a possibilidade de prorrogação por igual período.
A reportagem solicitou acesso aos telegramas em 21 de junho, após o ex-presidente e hoje senador Fernando Collor (PTB-AL) afirmar, em artigo na Folha, que "todas as informações" sobre seu governo estão inteiramente disponíveis.
O jornal procurou os principais setores do governo que produzem e guardam documentos. Embora o prazo máximo de sigilo de vários dos arquivos já tenha expirado, papéis do Exército, da Marinha e do Gabinete de Segurança Institucional continuam em segredo, mesmo os produzidos sob Collor (1990-92).
Dos órgãos consultados, apenas o Itamaraty autorizou a pesquisa. O atendimento ao público não é imediato, apenas agendado.




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Re: GEOPOLÍTICA

#4077 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:17 pm

Telegramas diplomáticos inéditos revelam tensão entre Brasil e EUA
Despachos sob sigilo há mais de uma década são liberados pelo Itamaraty após pedido da Folha RUBENS VALENTE
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
Telegramas inéditos, mantidos sob sigilo por mais de uma década, revelam que foram pontuadas por tensão as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos logo depois da redemocratização brasileira.
Produzidas entre 1990 e 2001, as 261 mensagens confidenciais trazem acusações de espionagem, violação de correspondência e de bagagens de diplomatas, além de críticas à política norte-americana.
Esses despachos integram um arquivo de 1 milhão de páginas trocadas entre o Itamaraty e as embaixadas do Brasil no exterior.
Depois de um pedido da Folha, o governo liberou o acesso aos papéis. Por seis semanas, o jornal pesquisou o acervo, guardado em 650 caixas no subsolo do prédio do Itamaraty, em Brasília.
A divulgação desse conteúdo, que está disponível em transparencia.folha.com.br, faz parte da nova etapa do projeto "Folha Transparência" para dar publicidade a documentos que, apesar de públicos, não podem ser acessados livremente.




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Re: GEOPOLÍTICA

#4078 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:17 pm

Americanos violaram malas de diplomatas brasileiros
Bagagens, que possuem passagem livre em alfândegas, tiveram lacres rompidos DE BRASÍLIA
Os telegramas sigilosos do Itamaraty obtidos pela Folha narram frequentes ataques das autoridades alfandegárias norte-americanas à incolumidade das malas diplomáticas do Consulado do Brasil em Miami (EUA) e da Embaixada brasileira em Havana.
Esse tipo de bagagem tem livre passagem pelas alfândegas dos aeroportos no trânsito entre países com acordos de reciprocidade. As malas podem conter documentos sigilosos que, se revelados, poderiam gerar incidentes diplomáticos internacionais.
Entre 1992 e 1993, lacres metálicos foram rompidos e as autoridades alfandegárias norte-americanas em Miami tentaram submeter as malas diplomáticas brasileiras a análises de raio-x, incluindo uma remessa proveniente da embaixada em Havana.
As primeiras violações foram verificadas em 1992. Em 16 de julho, a mala recebida pelo consulado em Miami "teve o arame de fechamento rompido próximo ao lacre, e seu lacre interno também está aberto", segundo telegrama expedido pelo Itamaraty.
Em novembro, o consulado informou que o secretário Fernando Vidal, do correio diplomático de Havana, "foi retido por funcionário da alfândega norte-americana para averiguações" sobre a bagagem que trazia de Cuba em avião de carreira.
A alfândega "levantou suspeitas sobre o caráter da missão, as características da mala e seu conteúdo, e ordenou que a mesma fosse objeto de revista em raio-x". Vidal ameaçou chamar o consulado, o que fez os americanos desistirem da ideia.
PEDIDO DE APURAÇÃO
Em 1992, o Brasil exigiu que as violações fossem apuradas pelos EUA. Em outubro, o Departamento de Estado informou ter solicitado uma "minuciosa investigação".
Não houve resposta por mais de oito meses. Em julho de 1993, o Itamaraty pediu que a embaixada verificasse se as investigações "acerca dos casos de violação das malas diplomáticas já teriam sido concluídas".
A Embaixada brasileira em Washington cobrou os americanos, mas, novamente, não houve resposta.
O ex-chanceler Celso Lafer disse à Folha que, passados quase 20 anos dos incidentes, não se recordava dos problemas em Miami.
Além das violações e de extravios rotineiros, a remessa de malas também foi ameaçada por falta de recursos para quitar dívidas com companhias aéreas responsáveis pelo transporte dos documentos, quadro relatado em dois telegramas enviados pelo consulado em Miami.
Em resposta aos apelos, o Itamaraty informou que, mesmo sem aprovação orçamentária, conseguiu antecipar US$ 5 mil para atender "os compromissos financeiros com o processamento de malas diplomáticas".




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Re: GEOPOLÍTICA

#4079 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:19 pm

Questionário para obter visto é 'humilhante', relatou Amorim
DE BRASÍLIA
O tratamento dado a turistas brasileiros pelos EUA nos consulados e na imigração foi tido como "inadequado" e "degradante" pelo Brasil.
Despacho do gabinete do então chanceler Celso Amorim, hoje ministro da Defesa, definiu como "inadequado" o tratamento e "motivo de humilhação" os questionários para obtenção de visto.
Transmitido à embaixada em Washington em outubro de 1994, o documento relata um encontro em Brasília com o embaixador norte-americano Melvin Levitsky que, na ocasião, admitiu que problemas aconteciam porque os EUA desconfiavam do Brasil -segundo ele, país com grande número de portadores de documentos falsos, só atrás de México e El Salvador.
O argumento não convenceu o ministro brasileiro que, segundo o telegrama, reagiu: "mesmo em casos especiais, como os de autoridades e funcionários do governo em viagens a serviço, era muito difícil contar com a boa vontade do serviço consular".
Em 2000, foi chamado de "degradante" o tratamento dado ao diplomata brasileiro, algemado e detido em cela após dizer, em tom jocoso, que o embrulho que levava era uma bomba. Há relatos de brasileiros, com vistos, que foram barrados e presos.
Em 1993, o consulado brasileiro em Miami protestou contra perguntas "ridículas" do formulário e sugeriu usar a reciprocidade diplomática.




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Re: GEOPOLÍTICA

#4080 Mensagem por Marino » Dom Ago 28, 2011 1:19 pm

Fim de privilégios gerou 'guerrilha' entre países, afirmou embaixador
DE BRASÍLIA
A isenção de impostos para missões diplomáticas gerou desgaste na relação entre o Brasil e os EUA, segundo os documentos confidenciais.
Em telegrama, o embaixador brasileiro Paulo Tarso Flecha de Lima classificou o assunto como "a "guerrilha" de privilégios e imunidades".
Os EUA cancelaram privilégios concedidos ao corpo diplomático brasileiro, como descontos em compra de gasolina. Segundo os americanos, esse serviço era cobrado no território brasileiro. O Itamaraty foi surpreendido com o tom empregado pelos EUA.
"Foi com surpresa que foi recebida a nota [dos EUA] nº 318, não somente pela apresentação de ameaças de retaliação, que não levam em conta as circunstâncias do momento, assim como pela forma do seu encaminhamento, sem contato prévio."




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