Complementando:
com um tiro direto você tem que acertar o missil de forma frontal que é uma área bem menor do que a lateral. Com os fragmentos você pode acertar o missil pela lateral, além do tamanho ser bem maior tem muitos mísseis que possuem a cabeça blindada. A parte lateral, normalmente é mais frágil...
Mas é como o Pepê disse, a maior vantagem é que são milhares e milhares de fragmentos por tiro, além do maior alcance.
Isto na teoria seria assim, mas há uma quantidade de factores que devem ser considerados.
Em primeiro lugar, a munição é pre-fragmentada e não serão assim tantos milhares de estilhaços.
Depois, quase parece que você parte do principio que quando a munição explode, os estilhaços se dirigem todos para o alvo e para a mesma direcção.
Ora como compreenderá não é assim.
Os estilhaços são isso mesmo e espalham-se em todas as direcções.
Apenas um pequeno número de estilhaços poderá, com muita sorte, atingir alguma coisa.
E mesmo assim será preciso rezar para uma santa muito forte.
É tudo uma questão de probabilidade.
O disparo de um sistema de canhões CIWS produz um fluxo quase continuo de metal, que viaja numa única direcção.
No CIWS de alta cadência de disparo todos os projecteis têm um alvo. No caso dos estilhaços, a maioria dos estilhaços dirige-se para lado nenhum.
É sempre uma questão de opção.
Relativamente à questão dos recontros nas Malvinas, gostaria de lembrar que aquele conflito ocorreu em 1982. Nessa altura, as pessoas que se lembram, tinham computadores pessoais com processadores Z-80.
Quando os novos sistemas de defesa foram desenhados, os processadores já eram Pentium em alguns casos Dual Core.
Os processadores dos sistemas de gestão de combate não são nem «Z-80» nem «Pentium Dual Core», mas a diferença entre os sistemas de 1982 e os de hoje, mede-se da mesma forma.
A capacidade de processamento de dados que um sistema de combate debita num milésimo de segundo é superior ao que um processador de 1982 poderia fazer em um dia inteiro.
Qualquer comparação não tem grande significado, porque estamos a falar de gerações completamente distintas de material de guerra.
Só nove anos depois é que pela primeira vez na História um contra-torpedeiro britânico destrói um míssil com outro míssil. Isto aconteceu na guerra do golfo em 1991.
Há dúvidas sobre o míssil que atingiu a Hanit, os chineses afirmam que foi um C-801, que é superior ao Exocet em alcance. Aliás, tive oportunidade de conhecer a fábrica encarregada do projeto e vi um deles novinho em folha. A propósito, os israelenses estavam preparados e falharam, tanto que conseguiram evitar UM MÍSSIL com contramedidas eletrônicas, que atingiu um navio mercante.
Não existem grandes dúvidas sobre o que ocorreu.
Primeiro: Os chineses nunca reconheceram sequer ter fornecido mísseis aos terroristas, quanto mais dizerem que foi um C-801
No máximo teriam sido os iranianos a dizer alguma coisa, mas nem os iranianos reconhecem ter fornecido sistemas de armas ao Hazbollah.
Ter visto um míssil C-801 ou C-802 ao vivo não habilita ninguém a contestar afirmações de quem viu os destroços dos mísseis utilizados e esteve a bordo da corveta Hanit.
Segundo: Aparentemente tudo indica que se tratou de um sistema C-802, ou similar modificado. Tal sistema tem aparentemente dimensões mais reduzidas, que o C-801, ainda que tenha um alcance superior, por causa de ter um motor mais eficiente. Não é no entanto impossível que tivesse sido um híbrido, modificado na republica islâmica, já que se sabe que eles fazem experiências com mísseis.
Terceiro: Israel tinha informação de que haveria a possibilidade de os terroristas terem recebido mísseis,
mas houve uma interpretação incorrecta da ameaça por parte dos responsáveis da corveta, os quais foram repreendidos por isso.
Quarto:
A principal prova disto, não é a ligação ou não ligação do sistema de defesa, é acima de tudo a distância a que o navio se encontrava da costa.
Se a ameaça estivesse a ser considerada, o navio, conforme as «regras de conduta operacional» estipuladas, teria que sair da área junto à costa e afastar-se em direcção a alto-mar, onde então ligaria os sistemas de defesa automáticos.
Como a ameaça não foi considerada, o navio continuou numa operação de patrulha costeira e por estar junto à costa não ligou os sistemas de defesa anti-míssil porque isso poderia levar a um incidente com a identificação errada de aeronaves amigas como alvos.
(A força aérea de Israel nem sequer estava habituada a ter os seus aviões iluminados por sistemas de defesa. Poucas semanas depois houve vários incidentes, quando os F-16 de Israel começaram a brincar com fragatas alemãs e foi preciso dizer-lhes para pararem, porque poderia ser fatal).
Logo, o facto de haver uma lei a que chamamos «Lei de Murphy», não implica que o sistema não funciona, mas sim que naquele caso, há uma «quantidade enorme de FACTOS CONHECIDOS que demonstram para lá de qualquer dúvida razoável o que aconteceu.
Afirmar que o sistema da Hanit não funcionou, sem sequer ter percebido o que se passou, é apenas achismo sem a mais pequena ponta de fundamento.