Re: A Instituição que foi outrora a casa do Barão do Rio Branco
Enviado: Ter Mar 16, 2010 10:58 am
ESP:
O ''vírus da paz'' de Lula
Desta vez, a proverbial sorte do presidente Lula parece tê-lo deserdado. Ele desembarcou
domingo em Tel-Aviv em meio a uma rara crise entre Israel e os Estados Unidos e a mais um bloqueio
da Cisjordânia em represália a um novo surto de manifestações palestinas contra a política israelense de
anexações em Jerusalém Oriental. Nesse ambiente, a pretensão de Lula de ser o "profeta do diálogo" ?
como foi chamado dias antes pelo jornal israelense Haaretz ? se revelou, no mínimo, fútil. Enquanto o
brasileiro fazia as malas para a viagem de 5 dias que o levará também aos territórios ocupados sob o
controle nominal da Autoridade Palestina (AP) e, por fim, à Jordânia, um ministro israelense ainda mais à
direita do que o premiê Benjamin Netanyahu fez o que em outras circunstâncias seria impensável.
Em plena visita do vice-presidente americano, Joe Biden, ele anunciou a construção de 1.600
moradias em Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem instalar a capital do seu futuro país. Foi um
golpe deliberado nos esforços do governo Obama para ressuscitar as negociações de paz na região,
congeladas desde dezembro de 2008. Biden saiu humilhado de Israel. Em Washington, a secretária de
Estado Hillary Clinton se disse "insultada" e o principal assessor do presidente, David Axelrod, falou em
"afronta". Se Israel se permite ofender a tal ponto o seu maior e mais poderoso protetor, para não dar aos
palestinos o Estado contínuo e viável reclamado pela comunidade internacional, incluídos os EUA, que
diferença Lula imagina que poderá fazer?
Ontem, ele disse ser portador, "desde que estava no útero da minha mãe", do "vírus da paz". O
metafórico micróbio não contaminou os israelenses. O presidente Shimon Peres foi absolutamente
protocolar quando disse em discurso saber que o brasileiro trazia uma mensagem de paz ? e que "sua
contribuição será bem-vinda". Do lado israelense é que não será. Primeiro, porque a ideia lulista de "ouvir
mais gente", como já não bastassem a ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia, é
anátema para um governo que acha que a maioria dos países tende a ser pró-palestinos e quer forçar
Israel a concessões "inaceitáveis" (como coibir os assentamentos na Cisjordânia e dividir Jerusalém em
duas). Segundo, porque a "gente" em que Lula pensa inclui ninguém menos do que o presidente
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que prega a erradicação de Israel (perto disso, a negação do
Holocausto é detalhe).
Segundo o assessor Marco Aurélio Garcia, o Irã não pode ser ignorado porque tem "influência de
peso" na questão. É o contrário. A República Islâmica é que não poderá ignorar o eventual acordo de paz
a que se opõe porque legitimaria o Estado judeu. Influência de peso na questão, isso sim, tem a Liga
Árabe, a começar da Arábia Saudita. Em 2002, os sauditas conseguiram que a entidade aprovasse um
plano de paz pelo qual, em troca da devolução dos territórios tomados na Guerra dos Seis Dias as
relações entre Israel e o mundo árabe seriam "normalizadas". Deu em nada. Há pouco, a Liga defendeu
a retomada de negociações ? indiretas ? entre Israel e a Autoridade Palestina. (Dezessete anos depois
do aperto de mãos de Yitzhak Rabin e Yasser Arafat na Casa Branca, fala-se em conversações indiretas
como se fosse um progresso.)
Lula e o Itamaraty parecem ignorar ainda que a aproximação do Brasil com o Irã, valha o que
valer, não é malvista só em Israel, na região. A Arábia Saudita e o Egito, os dois principais países
árabes, tampouco se rejubilam com isso. Enfim, a soberba da diplomacia lulista chega ao disparate de
supor que a atual posição "cética e dura" dos EUA em relação a Israel, nas palavras de Garcia, facilitará
o ingresso de outros atores, um deles o Brasil, no processo de paz no Oriente Médio. É, de novo, o
mundo de ponta-cabeça. Se Netanyahu não ceder a Obama, cederá a quem? A Lula? O sonho faraônico
de se transformar no estadista global que entrará para a história por ter tido êxito ali onde todos
fracassaram nos últimos 60 anos conduz Lula da futilidade à ridicularia. E isso porque a diplomacia
lulista, partidária e eleitoreira, só visa a promover a imagem de seu guia perante o público interno.
Propondo-se a mediar não apenas o conflito histórico entre judeus e palestinos, mas também o
conflito interno entre palestinos do Hamas e do Fatah, Lula exibe o grau de exacerbação da sua
megalomania.
O ''vírus da paz'' de Lula
Desta vez, a proverbial sorte do presidente Lula parece tê-lo deserdado. Ele desembarcou
domingo em Tel-Aviv em meio a uma rara crise entre Israel e os Estados Unidos e a mais um bloqueio
da Cisjordânia em represália a um novo surto de manifestações palestinas contra a política israelense de
anexações em Jerusalém Oriental. Nesse ambiente, a pretensão de Lula de ser o "profeta do diálogo" ?
como foi chamado dias antes pelo jornal israelense Haaretz ? se revelou, no mínimo, fútil. Enquanto o
brasileiro fazia as malas para a viagem de 5 dias que o levará também aos territórios ocupados sob o
controle nominal da Autoridade Palestina (AP) e, por fim, à Jordânia, um ministro israelense ainda mais à
direita do que o premiê Benjamin Netanyahu fez o que em outras circunstâncias seria impensável.
Em plena visita do vice-presidente americano, Joe Biden, ele anunciou a construção de 1.600
moradias em Jerusalém Oriental, onde os palestinos querem instalar a capital do seu futuro país. Foi um
golpe deliberado nos esforços do governo Obama para ressuscitar as negociações de paz na região,
congeladas desde dezembro de 2008. Biden saiu humilhado de Israel. Em Washington, a secretária de
Estado Hillary Clinton se disse "insultada" e o principal assessor do presidente, David Axelrod, falou em
"afronta". Se Israel se permite ofender a tal ponto o seu maior e mais poderoso protetor, para não dar aos
palestinos o Estado contínuo e viável reclamado pela comunidade internacional, incluídos os EUA, que
diferença Lula imagina que poderá fazer?
Ontem, ele disse ser portador, "desde que estava no útero da minha mãe", do "vírus da paz". O
metafórico micróbio não contaminou os israelenses. O presidente Shimon Peres foi absolutamente
protocolar quando disse em discurso saber que o brasileiro trazia uma mensagem de paz ? e que "sua
contribuição será bem-vinda". Do lado israelense é que não será. Primeiro, porque a ideia lulista de "ouvir
mais gente", como já não bastassem a ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e a Rússia, é
anátema para um governo que acha que a maioria dos países tende a ser pró-palestinos e quer forçar
Israel a concessões "inaceitáveis" (como coibir os assentamentos na Cisjordânia e dividir Jerusalém em
duas). Segundo, porque a "gente" em que Lula pensa inclui ninguém menos do que o presidente
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, que prega a erradicação de Israel (perto disso, a negação do
Holocausto é detalhe).
Segundo o assessor Marco Aurélio Garcia, o Irã não pode ser ignorado porque tem "influência de
peso" na questão. É o contrário. A República Islâmica é que não poderá ignorar o eventual acordo de paz
a que se opõe porque legitimaria o Estado judeu. Influência de peso na questão, isso sim, tem a Liga
Árabe, a começar da Arábia Saudita. Em 2002, os sauditas conseguiram que a entidade aprovasse um
plano de paz pelo qual, em troca da devolução dos territórios tomados na Guerra dos Seis Dias as
relações entre Israel e o mundo árabe seriam "normalizadas". Deu em nada. Há pouco, a Liga defendeu
a retomada de negociações ? indiretas ? entre Israel e a Autoridade Palestina. (Dezessete anos depois
do aperto de mãos de Yitzhak Rabin e Yasser Arafat na Casa Branca, fala-se em conversações indiretas
como se fosse um progresso.)
Lula e o Itamaraty parecem ignorar ainda que a aproximação do Brasil com o Irã, valha o que
valer, não é malvista só em Israel, na região. A Arábia Saudita e o Egito, os dois principais países
árabes, tampouco se rejubilam com isso. Enfim, a soberba da diplomacia lulista chega ao disparate de
supor que a atual posição "cética e dura" dos EUA em relação a Israel, nas palavras de Garcia, facilitará
o ingresso de outros atores, um deles o Brasil, no processo de paz no Oriente Médio. É, de novo, o
mundo de ponta-cabeça. Se Netanyahu não ceder a Obama, cederá a quem? A Lula? O sonho faraônico
de se transformar no estadista global que entrará para a história por ter tido êxito ali onde todos
fracassaram nos últimos 60 anos conduz Lula da futilidade à ridicularia. E isso porque a diplomacia
lulista, partidária e eleitoreira, só visa a promover a imagem de seu guia perante o público interno.
Propondo-se a mediar não apenas o conflito histórico entre judeus e palestinos, mas também o
conflito interno entre palestinos do Hamas e do Fatah, Lula exibe o grau de exacerbação da sua
megalomania.