O futuro da AAAe no Brasil

Assuntos em discussão: Exército Brasileiro e exércitos estrangeiros, armamentos, equipamentos de exércitos em geral.

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LeandroGCard
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4006 Mensagem por LeandroGCard » Qui Nov 10, 2011 10:19 am

Pepê Rezende escreveu:Vou repetir:

CONCENTREM-SE NOS EQUIPAMENTOS DE MÉDIA ALTITUDE
Acho que fui bastante claro e é uma boa dica. Aconselho a todos darem uma olhada no depoimento do Amorim na CREDN ontem.

Abraços

Pepê
Tudo bem Pepê,

Estamos só discutindo em termos conceituais o que poderia ser um bom sistema de defesa AAe para o EB, sem compromisso em tentar advinhar o que será efetivamente comprado (e virará notícia real). Veja que um dos principais motivadores para esta aquisição agora é a Copa do Mundo de 2014 e a Olímpiada de 2016, e sequer estamos mencionando como poderia ser a proteção destes eventos (na minha opinião inclusive o melhor seria alugar logo algum sistema dedicado só para isso, como foi feito na África do Sul, assim os requisitos específicos destes eventos pontuais não contaminariam a discussão sobre um sistema AAe mais efetivo no longo prazo).


Um abraço,


Leandro G. Card




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eligioep
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4007 Mensagem por eligioep » Qui Nov 10, 2011 10:28 am

PRick escreveu:
ZeRo4 escreveu: Imagem
Panzer Museum - Munster/Alemanha




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Túlio
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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4008 Mensagem por Túlio » Qui Nov 10, 2011 10:55 am

Ainda não consigo compreender inteiramente esse - para mim - estranho conceito de 'defesa contra munições' englobando até bombas burras (gozado, não vi ainda ser aventada a possibilidade/necessidade de se abater salvas de foguetes do tipo SBAT-70 mas deve estar vindo por aí). Enquanto o VETOR permanecer imune, ele pode voltar e lançar mais. E mais e mais e mais. E, dentro de nossa realidade ATUAL, FAB e nada é quase a mesma kôza, não dura um dia, SE durar tudo isso. E num possível - provável, eu diria - contexto FUTURO, com TAMPAX-FIGHTERS ou Rafales/Super Hornets/Gripens/Flankers/PAKs IMPORTADOS - ou mesmo PARCIALMENTE feitos sob licença, duraria pouco igualmente. Então, a AAAe proposta pela grande maioria dos colegas, igualmente IMPORTADA ou feita PARCIALMENTE sob licença, teria de segurar o tranco sozinha e isso AAAe NENHUMA é capaz de fazer. Ainda mais se limitando a abater - ou tentar - primordialmente as MUNIÇÕES lançadas pelo inimigo. Acabam os mísseis IMPORTADOS - total ou parcialmente - e as granadas IMPORTADAS - idem - e sobrarão apenas os sistemas de detecção que, desarmados, poderão no máximo avisar que os caras que vão nos matar vêm do leste a 550 kt e em FL150. E aí é pernas pra que te quero, vamos abater caças e aviões de ataque com FAL e MAG?

Sustento ainda, portanto, que Defesa Aérea se faz com CAÇAS que, para serem enfrentados, implica no descarte das munições pelos atacantes visando sobreviver, o que já é um 'mission kill'. O que eventuaklmente passar, aí sim, está no escopo da AAAe mas esta deve - lógica básica - se concentrar NO VETOR e não em suas munições.

Aliás, munições dignas de atenção são as de alto poder destrutivo e grande precisão, como os modernos mísseis de cruzeiro, lançados de longas distâncias. Temer uma bomba planadora de umas 20/30 nm de alcance mostra uma Aviação de Caça e uma AAAe deficientes, a primeira em efetividade e a segunda em mobilidade/camuflagem. Há contramedidas até contra ARMs, POWS!!!

Montar uma AAAe para abater granada de morteiro, obuseiro e bomba burra, deixando em paz o vetor, é cortejar a derrota por manter a INICIATIVA por todo o conflito nas mãos do inimigo e todo mundo sabe no que dá isso. Deve-se ter em conta que isso, INICIATIVA, na guerra moderna, está nas mãos da Aviação e mísseis de cruzeiro, ou seja, são os primeiros meios de ataque e defesa de um País. No mar há os subs e NAes (neste caso, leia-se aviação de combate), além de fragatas/destróieres/cruzadores, todos capazes de lançar mísseis de cruzeiro, que são a verdadeira capacidade OFENSIVA desses meios, que lhes garante a INICIATIVA e não apenas ficar passivamente defendendo a FT contra a aviação inimiga e seus mísseis AN e os subs inimigos e seus torpedos/mísseis.

INICIATIVA! Quem não a tem já perdeu o combate antes mesmo do primeiro disparo... 8-]




“You have to understand, most of these people are not ready to be unplugged. And many of them are so inured, so hopelessly dependent on the system, that they will fight to protect it.”

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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4009 Mensagem por LeandroGCard » Qui Nov 10, 2011 11:43 am

Túlio escreveu:Ainda não consigo compreender inteiramente esse - para mim - estranho conceito de 'defesa contra munições' englobando até bombas burras (gozado, não vi ainda ser aventada a possibilidade/necessidade de se abater salvas de foguetes do tipo SBAT-70 mas deve estar vindo por aí). Enquanto o VETOR permanecer imune, ele pode voltar e lançar mais. E mais e mais e mais. E, dentro de nossa realidade ATUAL, FAB e nada é quase a mesma kôza, não dura um dia, SE durar tudo isso. E num possível - provável, eu diria - contexto FUTURO, com TAMPAX-FIGHTERS ou Rafales/Super Hornets/Gripens/Flankers/PAKs IMPORTADOS - ou mesmo PARCIALMENTE feitos sob licença, duraria pouco igualmente. Então, a AAAe proposta pela grande maioria dos colegas, igualmente IMPORTADA ou feita PARCIALMENTE sob licença, teria de segurar o tranco sozinha e isso AAAe NENHUMA é capaz de fazer. Ainda mais se limitando a abater - ou tentar - primordialmente as MUNIÇÕES lançadas pelo inimigo. Acabam os mísseis IMPORTADOS - total ou parcialmente - e as granadas IMPORTADAS - idem - e sobrarão apenas os sistemas de detecção que, desarmados, poderão no máximo avisar que os caras que vão nos matar vêm do leste a 550 kt e em FL150. E aí é pernas pra que te quero, vamos abater caças e aviões de ataque com FAL e MAG?

Sustento ainda, portanto, que Defesa Aérea se faz com CAÇAS que, para serem enfrentados, implica no descarte das munições pelos atacantes visando sobreviver, o que já é um 'mission kill'. O que eventuaklmente passar, aí sim, está no escopo da AAAe mas esta deve - lógica básica - se concentrar NO VETOR e não em suas munições.

Aliás, munições dignas de atenção são as de alto poder destrutivo e grande precisão, como os modernos mísseis de cruzeiro, lançados de longas distâncias. Temer uma bomba planadora de umas 20/30 nm de alcance mostra uma Aviação de Caça e uma AAAe deficientes, a primeira em efetividade e a segunda em mobilidade/camuflagem. Há contramedidas até contra ARMs, POWS!!!

Montar uma AAAe para abater granada de morteiro, obuseiro e bomba burra, deixando em paz o vetor, é cortejar a derrota por manter a INICIATIVA por todo o conflito nas mãos do inimigo e todo mundo sabe no que dá isso. Deve-se ter em conta que isso, INICIATIVA, na guerra moderna, está nas mãos da Aviação e mísseis de cruzeiro, ou seja, são os primeiros meios de ataque e defesa de um País. No mar há os subs e NAes (neste caso, leia-se aviação de combate), além de fragatas/destróieres/cruzadores, todos capazes de lançar mísseis de cruzeiro, que são a verdadeira capacidade OFENSIVA desses meios, que lhes garante a INICIATIVA e não apenas ficar passivamente defendendo a FT contra a aviação inimiga e seus mísseis AN e os subs inimigos e seus torpedos/mísseis.

INICIATIVA! Quem não a tem já perdeu o combate antes mesmo do primeiro disparo... 8-]
Túlio,

É exatamente para evitar que a iniciativa fique toda com o inimigo que eu SEMPRE coloco que a defesa AAe tem TAMBÉM que contar com mísseis de maior altitude/alcance (vou discutir esta questão das classificações depois, com mais tempo). Mas hoje um avião lançar uma bomba com kit de guiagem GPS, laser ou de TV à partir de 8.000-10.000m e a 30-40 Km do alvo não é mais uma excessão e sim a regra, e aí não há muito o que fazer se você não tiver UMA PANCADA de caças para cobrir todo o TO. Os EUA podem pensar nisso, a China também, mas e resto do mundo? E nós, com um território maior do que toda a Europa para proteger e levando mais de 12 anos para comprar míseras 3 dúzias de caças razoáveis? O grosso da nossa defesa aérea hoje está baseada em F-5 :shock:! Quanto teríamos que gastar só para equilibrarmos a balança em termos de caças contra 1 único PA americano, ou dois chineses? E o custo de manter esta força voando, bem adestrada e bem armada (caso contrário seriam só alvos, e também não durariam mais do que um dia!)? E se uma unidade do EB ou nossos FN estiverem fora do Brasil e um inimigo vier com Mig's 29, Mirages F-1 ou F-16 B contra eles, todos aviões hoje já de segunda linha mas bem equipados para usar armas stand-off? Vamos continuar passando vergonha e declinando de agir como aconteceu no caso do Timos Leste por quanto mais tempo?

Ou seja, até o Brasil poder contar com caças para a defesa é coisa para daqui a 50 anos, não devo sequer estar vivo até lá. Mas uma defesa AAe credível pode ser montada em 5 anos, se trabalharmos direito, então é isso que estamos discutindo.

Nestas condições entra a questão da proteção contra armamentos. Como coloquei acima, os principais riscos são as armas stand-off e os mísseis de cruzeiro, ambos lançáveis desde distâncias muito além da capacidade de sistemas SHORAD. Neste caso para hostilizar as aeronaves lançadoras são obrigatórios mísseis de médio/longo alcance, e estes se tornam justamente a prioridade número 1 dos atacantes. Como tais sistemas são caros, complexos e volumosos e para serem efetivos precisam ser distribuídos no cenário a grande distância uns dos outos (dezenas de km), fica relativamente fácil para o atacante concentrar seus ataques em cada bateria de uma vez, saturando a capacidade dos mísseis maiores ou simplesmente esgotando-os em ataques falsos (lembra dos mais de 100 alvos falsos abatidos pelos iraquianos só no primeiro dia na segunda guerra do golfo?).

Mísseis de maior alcance precisam ser usados com uma certa parcimônia, e só devrão ser disparados quando as chances de acerto forem muito elevadas, e não nos limites do alcance. Assim, é de se esperar que em algumas ocasiões um ou outro atacante consiga passar e lançar uma bomba planadora ou um míssil como o MAR-1, cujo alcance estimado por alguns é de até 70 km! E aí, como o avião escapou dos mísseis maiores vai-se simplesmente sentar e esperar que a bomba ou o míssil chegue? Será possível deslocar e ocultar o sistema rapidamente para escapar de qualquer munição, mesmo as guiadas por TV? E se o que se deseja proteger for um alvo estratégico fixo, se as bombas forem sequer lançadas a gente já manda um e-mail para o comandante lamentando a perda sofrida antes mesmo delas chegarem?

Na minha opinião é possível sim ser bem mais ativo do que isso. Por isso levanto tanto esta questão da defesa SHORAD especificamente contra munições, e as características dela já discuti em muitos outros posts anteriores (entre outras coisas tem que ser em ENORME quantidade, o que só é possível produzindo completamente aqui). No limite, a maior ameaça a ser enfrentada neste caso seria a de bombas cluster ou cachos de bombas burras lançadas em modo CCLP/CCIP desde 20-25 km do alvo, mas aí de fato os mísseis de médio/longo alcance já deveriam ter sido capazes de interceptar o avião lançador (e portanto falar em Tor, Pantsir, Crotale, etc... para isso é perda de tempo, nenhum deles tem alcance suficiente, então ou estes mísseis vão ser usados contra as munições ou esqueça deles). Já os ataques que você mecionou com foguetes ou outras coisas assim exigem que a aeronave chegue no mínimo a poucos km do alvo, voando a baixa altitude, e aí o trabalho seria dos MANPAD's. Mas na prática ninguém sério ataca mais assim, mesmo os helis artilhados carregando mísseis AT estão sendo abandonados, não se vê falar mais da ação deles fora apoio contra guerrilheiros favelados.

Acho que assim fica mais claro o meu ponto.


Um abração,


Leandro G. Card




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4010 Mensagem por ZeRo4 » Qui Nov 10, 2011 11:59 am

Eu acho que essa discussão precisa ser mais profunda. A primeira arma AAe é o caça! não há como fugir disso, é inevitável... qualquer kitzinho "vagabal" hoje, permite que uma bomba burra seja transformada numa bomba inteligente com capacidade de ser lançada a a dezenas e até mesmo centenas de km.

A Umbani, projeto Sul-Africano tem capacidade de colocar uma bomba de 250/500kg no alvo de uma distância de 120km! Portanto, falar em sistemas de média alcance é temerário, nessas condições só da pra falar em S-300/400! Coisa que nunca teremos dinheiro para operar.

Acho que é necessário definir, se o atacante for Classe A (EUA, China e etc...) não vai interessar o que nós temos, vamos perder a guerra! A deveremos pensar no ataacante Classe B que na minha opinião seria uma força similar a Britânica nas Malvinas e depoisvamos pensar no Classe C que serão nossos inimigos da AL.

Ainda que exista saturação, não acredito que nossos inimigos da AL tenham capacidade de adquirir esses kits de forma inesgotável, portanto, da mesma maneira que temos o problema de ter de adquirir as munições de um fornecedor estrangeiro, eles tbm tem de adquirir os sistemas de fornecedores estrangeiros e vão estar pagando muito mais caro por munições inteligentes, do que nós pagando por foguetes "guiados" por controle remoto.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4011 Mensagem por knigh7 » Qui Nov 10, 2011 12:01 pm

Pepê Rezende escreveu:Vou repetir:

CONCENTREM-SE NOS EQUIPAMENTOS DE MÉDIA ALTITUDE
Acho que fui bastante claro e é uma boa dica. Aconselho a todos darem uma olhada no depoimento do Amorim na CREDN ontem.

Abraços

Pepê
Ô Pepê,

Eu procurei algo sobre artilharia antiaérea de média altura que o Amorim tenha dito ontem na Comissão e não achei nada.

Já que vc tá aí no MD, vc não pode colocar a transcrição do que ele disse nesse sentido, ou pelo menos indicar onde ela está?




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4012 Mensagem por Túlio » Qui Nov 10, 2011 12:09 pm

Leandro véio, teu ponto sempre esteve claro. O que questiono é que, quanto mais na defensiva te colocas, mais a INICIATIVA te foge das mãos. Ou tens capacidade OFENSIVA ou, ao invés de GASTAR os tubos com AAAe, INVESTES bem menos (e com melhor resultado) em BANDEIRAS BRANCAS! Repito, não há UM SÓ EXEMPLO NA HISTÓRIA em que a AAAe segurou as pontas sozinha contra um inimigo de primeira linha. Mesmo o densamente artilhado Vietnã não dispensava seus MiGs, concentrando sua iniciativa em operações TERRESTRES! Mas isso foi há meio século, seria difícil repetir aquela dose com a tecnologia aeronáutica de hoje, com radares de abertura sintética capazes de 'ver' sob as folhagens e mesmo sob a terra, localizando/mapeando túneis, UCAVs com FLIR capazes de rastrear as cinzas de uma fogueira apagada, detectar a tchurma se deslocando e atacá-la sem arriscar qualquer perda humana 'dos nossos', entre outros 'brinquedos' novos...

É, porque sem caças do primeiro time - ou com as muquiranagens & gambiarras que temos, o que dá praticamente na mesma - volto àqueles dois cenários que propus várias páginas atrás:

:arrow: Inimigo regional: O que temos dá e sobra. Não precisamos de NADA!

:arrow: Potência (Coalizão) extrarregional: ou nos equipamos para isso - e se começa por CAÇAS no ar e subs (SSKs + SSNs) no mar - ou é o que falei acima. Poderíamos até desenvolver um Marruá porta-bandeira. BRANCA!




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4013 Mensagem por ZeRo4 » Qui Nov 10, 2011 12:10 pm

LeandroGCard escreveu:
ZeRo4 escreveu:Fala Leandro, mas esse sistema Alemão, que foi adotado pelos Suecos e pelos Filandeses, contam justamente com mísseis Bolide apontados automaticamente pelo sistema ótico dos veículos, por isso a pergunta.
Pelo que eu entendi da descrição do sistema quando usando o Bolide o operador é que tem que manter o alvo no visor, para que o míssil fosse guiado automaticamente seguindo o feixe do laser (sistema SACLOS, típico do RBS-70). Um sistema ACLOS nem deveria ter visor, ele é controlado à partir de um console. Agora, outros mísseis tipo MANPAD podem também ser usados, e aí sim a guiagem é autônoma após o disparo. Mas se o sistema rastreia sozinho o alvo para o Bolilde então de fato é um sistema ACLOS, só não me pareceu que seja assim.

Os alemães estão desenvolvendo também o míssil LKF para integrar no SysFla, mas ainda não consegui caracterizar bem este míssil. Ele tem um tamanho intermediário entre o de um MANPAD e o Bolide, lençamento vertical, alcance relativamente grande, uma ogiva de 2,5Kg e a guiagem ativa IR que é dita como sendo suficientemente precisa para interceptar outros mísseis. Não me parece muito manobrável pelo desenho estreito das aletas, mas não sei se usa algum outro mecanismo para controle de atitude (trusters?). Acho que a idéia dos alemães é usá-lo em substituição aos MANPAD's e o Bolide, mas não na tarefa de interceptar munições.


Abraços,


Leandro G. Card
Não, Leandro. No sistema que substituiu o Gepard, o alvo é acompanhado automaticamente pelo sistema, o Operador somente acompanha, no caso, o sistema adquirido pelos Suecos e pelos Filandeses, substituiu os mísseis Stingers por mísseis Bolide, o que acaba adicionando uma capacidade contra munições espetacular se levarmos em consideração o custo-benefício do sistema.




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Carlos Mathias

Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4014 Mensagem por Carlos Mathias » Qui Nov 10, 2011 12:11 pm

Como disse o Leandro, está-se debatendo conceitos.
Eu acho.

Cadê a fala do CA que o PP falou? :)




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4015 Mensagem por LeandroGCard » Qui Nov 10, 2011 12:33 pm

ZeRo4 escreveu:Eu acho que essa discussão precisa ser mais profunda. A primeira arma AAe é o caça! não há como fugir disso, é inevitável... qualquer kitzinho "vagabal" hoje, permite que uma bomba burra seja transformada numa bomba inteligente com capacidade de ser lançada a a dezenas e até mesmo centenas de km.

A Umbani, projeto Sul-Africano tem capacidade de colocar uma bomba de 250/500kg no alvo de uma distância de 120km! Portanto, falar em sistemas de média alcance é temerário, nessas condições só da pra falar em S-300/400! Coisa que nunca teremos dinheiro para operar.
Verdade, falar em interceptar somente vetor vai nos jogar para sistemas do Patriot para cima. Tão difícil virmos a dispor disso quanto de caças adequados e em número suficiente. Mas se dispusermos de algo que possa deter estas bombas (e mísseis) de longo alcance o atacante terá que encolher entre chegar mais perto ou desistir.
Acho que é necessário definir, se o atacante for Classe A (EUA, China e etc...) não vai interessar o que nós temos, vamos perder a guerra! A deveremos pensar no ataacante Classe B que na minha opinião seria uma força similar a Britânica nas Malvinas e depoisvamos pensar no Classe C que serão nossos inimigos da AL.
Não precisamos também chegar ao ponto de pensar em vencer uma guerra contra os EUA ou a China, bastaria tornar a relação custo/benefício de um ataque negativa para dissuadí-los de vir nos atacar (e, é claro, jamais tomaríamos nós a iniciativa de atacá-los). Se eles acharem que podem sobrevoar nosso território e despejar todo tipo de bomba e míssil sem riscos a chance de um dia termos que enfrentar exatamente esta situação existe sim. Mas se eles derem uma avaliada no que temos de proteção e concluírem que seria o suficiente para abater alguns dos aviões deles cada vez que viessem nos atacar, POR TODA A DURAÇÃO DE UM EVENTUAL CONFLITO (se formos capazes apenas de derrubar dez ou vinte aviões no primeiro dia e depois ficarmos sem munição eles até encaram :wink: ), aí teríamos que ter feito realmente alguma coisa muito, muito séria para que viessem se meter conosco. A questão então é discutir: O que precisaríamos ter de defesas para garantir pelo menos este nível de dissuasão?
Ainda que exista saturação, não acredito que nossos inimigos da AL tenham capacidade de adquirir esses kits de forma inesgotável, portanto, da mesma maneira que temos o problema de ter de adquirir as munições de um fornecedor estrangeiro, eles tbm tem de adquirir os sistemas de fornecedores estrangeiros e vão estar pagando muito mais caro por munições inteligentes, do que nós pagando por foguetes "guiados" por controle remoto.
Dependendo do que tivermos como armamento defensivo o inimigo pode partir para ataques muito baratos, e a coisa ficar complicada. Somos basicamente uma ilha, e em caso de guerra não teríamos como repor armas comprando de ninguém além de nossos próprios vizinhos no continente, a menos que tivéssemos o controle do mar, o que também não vai acontecer no meu tempo de vida (só negação do uso do mar ao inimigo aí já não adianta). E não acho que em caso de guerra desse para contar muito com qualquer vizinho nosso neste aspecto. Assim seria fácil para um inimigo "classe B" ou um "classe C" mais prevenido do que nós esgotar nossos estoques, e depois estaríamos tão indefesos quanto uma Líbia. Não vejo muita solução neste caso, contra munições ou é produção local ou só teremos condições de lutar contra uma Argentina ou uma Venezuela, e olhe lá! Até contra um Chile eu ficaria muito preocupado.


Leandro G. Card




PRick

Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4016 Mensagem por PRick » Qui Nov 10, 2011 12:44 pm

LeandroGCard escreveu:Vamos lá Prick:
PRick escreveu:Você não entendeu, o Manpads pode ser usado de várias maneiras, porque é o sistema mais flexível. Porém, se tiver dentro da rede será mais eficiente.
Isso não é necessariamente verdade, depende de como forem as relações dentro da tal rede. Se ela servir para disponibilizar informações para os operadores do MANPAD quando eles acharem que precisam (for um "serviço" disponível para eles), tudo bem, mas se o comando de disparo depender da autorização de alguém fora do local os MANPAD's vão ficar muito limitados e perderão a maior parte da sua vantagem, que é justamente poder ser disparados em alvos de oportunidade que se exponham a eles pelos poucos segundos que seu curto alcance permite sejam usados. Isso sem falar no problema de manter as comunicações da tal rede funcionando e compreensível no meio da ação.

Linha de frente aqui é a terrestre, quer dizer, estou falando da proteção de unidades AAé de forças inimigas terrestres, afinal é linha de frente terrestre.
Até agora estamos falando da linha de frente terrestre, da proteção de unidades em movimento. A defesa de pontos fixos tem outras características, neste caso os MANPAD's por exemplo são praticamente inúteis e nem entrariam em consideração.

Mas aí está o problema, ter sistemas AAé de média altura em linha de frente terrestre é complicado.
É de fato complicado, mas sem eles as forças de terra podem ter milhões de MANPAD's e canhões de todos os tipos e ainda assim vão acabar sendo saturadas de bombas sem poder reagir. Os aviões adversários não podem ser deixados livres para fazerem o que quiserem, ou será como na Líbia, por mais que as unidades de terra corram, se escondam e tentem se proteger será só uma questão de tempo para serem aniquiladas. A menos que se obtenha a superioridade aérea no TO, o que em termos de Brasil é uma possibilidade muito mais distante que uma defesa AAe minimamente adequada, mesmo contra inimigos regionais.

Sim, para o que descrevi acima é o ideal, você está pensando em defesa aérea somente, eu estou pensando em um TO de guerra real, aérea e terrestre, com linha de frente móvel ação de infantaria, colunas blindadas, ataques aéreos táticos, etc.. Isso pode desorganiza qualquer sistema AAé de maior porte. O Gepard e sistemas análogos foram pensados para atuar assim. Esse cenário hoje na Europa é coisa do passado.
Mesmo ataques táticos hoje são feitos à partir de altitudes que os canhões do Gepard não alcançam, e se uma aeronave descer abaixo desta cota os MANPAD's são armas mais efetivas. Canhões seriam basicamente uma arma anti-munição, e para isso a relação custo-benefício do Gepard é muito baixa. Ainda se ele levasse um sistema de mísseis ACLOS com um mínimo de eficiência contra mísseis vá lá, mas colocar MANPAD's nele e dizer que ficou tão bom quanto um Pantsir chega a ser ridículo. O mesmo com relação ao seu uso contra alvos terrestres, o custo de mantê-los operando para isso não se justificaria.
Cada peça tem cadência acima de 500 tiros, então são 1000 tiros, isso não é baixa cadência.
Sistemas AAe com calibre abaixo dos 40mm hoje tem cadências de 3.000 a 5.000 TPM, que é o caso do Pantsir (alguns sistemas estão chegando a 10.000 :shock: ), e muitos usam montagens de canos múltiplos para minimizar a dispersão. Os 1.000 TPM do Gepard são uma pálida sombra do que um CIWS moderno é capaz, e a munição AHEAD é só um paliativo que melhora um pouco a situação, mas não a resolve.Isso para munição de impacto direto. E falar em cadência de 10000 tiros para CIWS terrestre é besteira, porque esses sistemas não tem nem 2000 tiros disponíveis para uso imediato. Cadência teórica alta, não quer dizer cadência real.

Não acho assunto diferente, porque penso no Gepard como sentinelas e proteção terrestre para esses sistemas na situação acima.
A função de um Gepard na proteção de um sistema de mísseis de médio alcance seria justamente protegê-lo contra munições, e vimos que justamente nisso ele é muito fraco. É para isso que foram desenvolvidos os Tor e Pantsir.

Se você estivesse falando no Gepard comprado a 15 milhões de dólares concordaria com você, mas a um custo menor que 1 milhão a unidade. Ele poderia ser exatamente a isca viva e o guardião dos outros sistemas. Volto a repetir, você está considerando a defesa AAé interior somente, eu estou pensando em defesa aérea na linha de frente de um TO. A defesa aérea interna só tem preocupação com ataques aéreos em profundidade, já aquela na frente do TO, tem um cenário muito mais complexos, como defender defesas AAé das forças inimigas. O EB hoje não tem qualquer defesa AAé para atuar num contexto desses. E tem alguma no outro contexto.
Em qualquer dos cenários a capacidade do Gepard é muito limitada, por ter menos eficiência que um MANPAD contra aeronaves e pouca eficiência contra munições pela baixa cadência de fogo e a ausência de mísseis ACLOS. Se é para comprarmos só por serem baratinhos e poderem garantir o trabalho de alguns tenentes e sargentos em tempos de paz tudo bem, mas em termos militares nem que fossem de graça, só o custo de manutenção já não valeria à pena. Até o Chile pensou assim.

Um grande abraço,


Leandro G. Card
Olha pelo que li do RFI do EB, Gepard é de longe muito superior a tudo que está sendo cogitado para sistemas de baixa altura móveis. Só para você ter uma ideia o EB considera altitude acima de 3000 metros, média altura. :wink:




PRick

Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4017 Mensagem por PRick » Qui Nov 10, 2011 12:49 pm

Outra coisa o EB vai manter e modernizar os 35mm e os 40mm. Quer dizer esses calibres são os padrões para defesa AAé de primeira linha, a segunda linha se considera canhões de 20 e 30 mm.

Então temos o Gepard usando a mesma munição que será empregada, o mesmo chassi que já usamos em nossas OM´s, e isso é importante dentro do conceito do RFI.




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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4018 Mensagem por LeandroGCard » Qui Nov 10, 2011 12:52 pm

PRick escreveu:Olha pelo que li do RFI do EB, Gepard é de longe muito superior a tudo que está sendo cogitado para sistemas de baixa altura móveis. Só para você ter uma ideia o EB considera altitude acima de 3000 metros, média altura. :wink:
A verdade é que a doutrina do EB tem diversas limitações, que estão refletidas no RFI, fazer o que? Por isso não me prendo muito a eles nestas discussões conceituais, senão acabo ficando deprimido como quando penso no nosso programa espacial :( .


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4019 Mensagem por LeandroGCard » Qui Nov 10, 2011 12:56 pm

ZeRo4 escreveu:Não, Leandro. No sistema que substituiu o Gepard, o alvo é acompanhado automaticamente pelo sistema, o Operador somente acompanha, no caso, o sistema adquirido pelos Suecos e pelos Filandeses, substituiu os mísseis Stingers por mísseis Bolide, o que acaba adicionando uma capacidade contra munições espetacular se levarmos em consideração o custo-benefício do sistema.
Esta é então uma informação bem interessante que eu desconhecia.

Se já está disponível para a Alemanha e a Finlândia um sistema ACLOS com o Bolide, que sentido faz o EB estar analizando o RBS-70, que é SACLOS? Deveriam estar focados nestes sistemas novos, não acha?


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Re: O futuro da AAAe no Brasil

#4020 Mensagem por gribel » Qui Nov 10, 2011 3:02 pm

Muito bom esse tópico. Parabéns a todos vcs! Tô me deleitando e aprendendo pacas por aqui. Valeu DB!




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