Vamos lá Prick:
PRick escreveu:Você não entendeu, o Manpads pode ser usado de várias maneiras, porque é o sistema mais flexível. Porém, se tiver dentro da rede será mais eficiente.
Isso não é necessariamente verdade, depende de como forem as relações dentro da tal rede. Se ela servir para disponibilizar informações para os operadores do MANPAD quando eles acharem que precisam (for um "serviço" disponível para eles), tudo bem, mas se o comando de disparo depender da autorização de alguém fora do local os MANPAD's vão ficar muito limitados e perderão a maior parte da sua vantagem, que é justamente poder ser disparados em alvos de oportunidade que se exponham a eles pelos poucos segundos que seu curto alcance permite sejam usados. Isso sem falar no problema de manter as comunicações da tal rede funcionando e compreensível no meio da ação.
Linha de frente aqui é a terrestre, quer dizer, estou falando da proteção de unidades AAé de forças inimigas terrestres, afinal é linha de frente terrestre.
Até agora estamos falando da linha de frente terrestre, da proteção de unidades em movimento. A defesa de pontos fixos tem outras características, neste caso os MANPAD's por exemplo são praticamente inúteis e nem entrariam em consideração.
Mas aí está o problema, ter sistemas AAé de média altura em linha de frente terrestre é complicado.
É de fato complicado, mas sem eles as forças de terra podem ter milhões de MANPAD's e canhões de todos os tipos e ainda assim vão acabar sendo saturadas de bombas sem poder reagir. Os aviões adversários não podem ser deixados livres para fazerem o que quiserem, ou será como na Líbia, por mais que as unidades de terra corram, se escondam e tentem se proteger será só uma questão de tempo para serem aniquiladas. A menos que se obtenha a superioridade aérea no TO, o que em termos de Brasil é uma possibilidade muito mais distante que uma defesa AAe minimamente adequada, mesmo contra inimigos regionais.
Sim, para o que descrevi acima é o ideal, você está pensando em defesa aérea somente, eu estou pensando em um TO de guerra real, aérea e terrestre, com linha de frente móvel ação de infantaria, colunas blindadas, ataques aéreos táticos, etc.. Isso pode desorganiza qualquer sistema AAé de maior porte. O Gepard e sistemas análogos foram pensados para atuar assim. Esse cenário hoje na Europa é coisa do passado.
Mesmo ataques táticos hoje são feitos à partir de altitudes que os canhões do Gepard não alcançam, e se uma aeronave descer abaixo desta cota os MANPAD's são armas mais efetivas. Canhões seriam basicamente uma arma anti-munição, e para isso a relação custo-benefício do Gepard é muito baixa. Ainda se ele levasse um sistema de mísseis ACLOS com um mínimo de eficiência contra mísseis vá lá, mas colocar MANPAD's nele e dizer que ficou tão bom quanto um Pantsir chega a ser ridículo. O mesmo com relação ao seu uso contra alvos terrestres, o custo de mantê-los operando para isso não se justificaria.
Cada peça tem cadência acima de 500 tiros, então são 1000 tiros, isso não é baixa cadência.
Sistemas AAe com calibre abaixo dos 40mm hoje tem cadências de 3.000 a 5.000 TPM, que é o caso do Pantsir (alguns sistemas estão chegando a 10.000

), e muitos usam montagens de canos múltiplos para minimizar a dispersão. Os 1.000 TPM do Gepard são uma pálida sombra do que um CIWS moderno é capaz, e a munição AHEAD é só um paliativo que melhora um pouco a situação, mas não a resolve.
Não acho assunto diferente, porque penso no Gepard como sentinelas e proteção terrestre para esses sistemas na situação acima.
A função de um Gepard na proteção de um sistema de mísseis de médio alcance seria justamente protegê-lo contra munições, e vimos que justamente nisso ele é muito fraco. É para isso que foram desenvolvidos os Tor e Pantsir.
Se você estivesse falando no Gepard comprado a 15 milhões de dólares concordaria com você, mas a um custo menor que 1 milhão a unidade. Ele poderia ser exatamente a isca viva e o guardião dos outros sistemas. Volto a repetir, você está considerando a defesa AAé interior somente, eu estou pensando em defesa aérea na linha de frente de um TO. A defesa aérea interna só tem preocupação com ataques aéreos em profundidade, já aquela na frente do TO, tem um cenário muito mais complexos, como defender defesas AAé das forças inimigas. O EB hoje não tem qualquer defesa AAé para atuar num contexto desses. E tem alguma no outro contexto.
Em qualquer dos cenários a capacidade do Gepard é muito limitada, por ter menos eficiência que um MANPAD contra aeronaves e pouca eficiência contra munições pela baixa cadência de fogo e a ausência de mísseis ACLOS. Se é para comprarmos só por serem baratinhos e poderem garantir o trabalho de alguns tenentes e sargentos em tempos de paz tudo bem, mas em termos militares nem que fossem de graça, só o custo de manutenção já não valeria à pena. Até o Chile pensou assim.
Um grande abraço,
Leandro G. Card