Carlos Mathias escreveu:Olha, motores a jato movidos por combustível alternativo não é coisa outro mundo não.
A BOEING tá oferecendo tecnologia flex prá quem inventou.
Bosch, Magneti Marelli e Delphi Systems?
A tecnologia conhecida como Flex-Fuel nasceu de pesquisas realizadas nos Estados Unidos, Europa e Japão no final da década de 80. Buscava-se uma solução para o problema de falta de infra-estrutura de distribuição e abastecimento para o uso de metanol e etanol, que inviabilizava o uso e expansão desses combustíveis. Nos Estados Unidos, uma lei de 1988, denominada Ato dos Combustíveis Automotivos Alternativos, estimulou o desenvolvimento dessa tecnologia, que possibilitou o uso de misturas de álcool-gasolina, até o limite de 85% de álcool. Tal limite foi estabelecido com o propósito de facilitar a partida do motor em condições extremas de frio, comuns em diversas regiões daquele país.
A tecnologia se baseia no reconhecimento, por meio de sensores, do teor de álcool em mistura com a gasolina e no ajuste automático da operação do motor para as condições mais favoráveis ao uso da mistura em questão. Pode-se dizer que essa tecnologia transformou o motor convencional à gasolina em um motor inteligente. Em 1992, a General Motors introduziu a tecnologia Flex-Fuel no mercado norte-americano. Em seguida, outros fabricantes passaram também a disponibilizar produtos com características semelhantes, que foram destinados principalmente para frotas cativas. Estima-se que existam atualmente mais de 1,5 milhão desses veículos nos Estados Unidos. Recentes estudos indicam que a tecnologia é considerada confiável pelos usuários e que os custos com manutenção são equivalentes aos dos veículos a gasolina.
No Brasil, os estudos para a aplicação dessa tecnologia se iniciaram na Bosch, em 1994, que vislumbrou a possibilidade de veículos Flex-Fuel substituírem os veículos exclusivamente a álcool, que na ocasião apresentavam declínio nas vendas. Os defensores da nova tecnologia argumentavam que, apesar de o Brasil dispor de uma ampla infra-estrutura de abastecimento de álcool, a sensação de segurança associada à possibilidade de escolha pelo consumidor do uso de gasolina, de álcool ou de qualquer mistura destes combustíveis, representaria um fator de atratividade e diferenciação no mercado consumidor. Representaria, também, economia para as montadoras, que não precisariam mais desenvolver projetos em duplicata para veículos a álcool e a gasolina.
Os primeiros passos no desenvolvimento de um veículo bicombustível na Bosch começaram há 10 anos, quando a empresa comprou um veículo 2.0 a álcool e passou a estudar uma maneira de tornar o funcionamento do seu motor eficiente com gasolina e/ou álcool. "Como o protótipo contava apenas com motor a gasolina, tivemos que trocar os pistões para aumentar a taxa de compressão, que tem de ser mais elevada para o uso do álcool. A seguir, vieram as modificações para fazer o carro aceitar os dois combustíveis", contou Jaime Gulinelli, engenheiro de desenvolvimento da empresa. Além do estudo de materiais resistentes, foi necessário adequar o avanço de ignição, o sistema de partida e as velas de ignição ao uso dos dois combustíveis. Para o motor funcionar adequadamente, o sensor de oxigênio passaria a analisar a proporção da mistura álcool/gasolina que estivesse sendo queimada e remeteria essa informação para a central de injeção eletrônica. A partir daí, o sistema encontraria o ajuste ideal para preservar as condições de dirigibilidade. "No final das contas, os resultados ficaram muito próximos aos dos modelos fabricados em série. No nível em que se encontra, o Flex Fuel da Bosch, desenvolvido por engenheiros brasileiros, está pronto para equipar carros produzidos em série", afirma Oliveira.
Para os produtores de álcool, significaria maior flexibilidade na oferta de seu combustível em função de variações de safra e oportunidades no mercado de açúcar. As pesquisas realizadas no Brasil resultaram em uma concepção tecnológica superior à norte-americana. Enquanto nos EUA os veículos Flex-Fuel foram derivados dos veículos a gasolina, no Brasil se aproveitou a experiência com os veículos a álcool, que são equipados com motores de taxa de compressão mais elevada. Dessa forma, o conceito Flex-Fuel nacional se mostrou melhor em termos de desempenho e economia de combustível, além de possibilitar o uso de até 100% de álcool.
Comparando-se com a matriz na Alemanha a subsidiária da Bosh em Campinas desenvolve apenas 1% das patentes produzidas pela multinacional alemã. Ainda assim, a subsidiária, que conta com 500 pesquisadores, em sua unidade para tecnologias de combustíveis alternativos tornou-se referência mundial graças a criação de peças e softwares que permitiram o surgimento do motor Flex Fuel em 1994, tecnologia hoje utilizada em 90% dos veículos produzidos no país. A invenção foi lançada com sucesso na Europa em 2004. Na Suécia cerca de 25% dos carros vendidos utilizam a tecnologia flex. Com iso a unidade de combustíveis alternativos da empresa tornou-se líder em número de pesquisadores e patentes na América Latina. Em março de 2009 foi criado o Flex Start que dispensa o famoso tanquinho de gasolina que até então era necessário para dar partida no motor Flex. O projeto rendeu aos pesquisadores da unidade brasileira sete pedidos de patente de invenção e de modelos de utilidade, bem como o prêmio mundial de inovação realizado pela Bosh, a primeira vez em que este prêmio ficou fora da Alemanha.
Em 1999, uma outra importante empresa de tecnologia automobilística, a Magneti Marelli, anunciou também dispor dessa tecnologia. A Magneti Marelli gastou R$ 3 milhões nos últimos quatro anos para desenvolver o software que, acoplado ao sistema de gerenciamento do motor, identifica qual combustível está sendo usado, faz a adaptação e possibilita o funcionamento normal do carro. Testes já constataram a manutenção da performance e da dirigibilidade do Flexfuel, diz o diretor de Programas da Magneti, Fernando Damasceno. A empresa tem capacidade para produzir 1 milhão de sistemas ao ano e está negociando o fornecimento para várias montadoras. "Esse carro vai ser um regulador fantástico de preços de combustível", avalia Damasceno, para quem a tecnologia desenvolvida no Brasil também poderá ser exportada.
http://www.redetec.org.br/inventabrasil/flexfuel.htm