gogogas escreveu: ↑Qui Out 29, 2020 1:11 pm
A aviação de patrulha , é algo a se pensar hoje ! Será que vale a pena investir dinheiro em desenvolver ou adaptar aviões da Embraer para está função e substituir os P-3 ?! Será que os Drones podem ajudar nesta função , como no caso dos Heron I cedidos da PF para a FAB , estão desenvolvendo técnicas e doutrina para patrulhas em nossa costa através de Drones , quantos aviões precisamos , já que a MB vai ter o sisgazz , a aviação de caça de ambos as forças podem se unir e usar armamentos de ataque ?! Muitas questões podem ser formuladas , acredito que ambas a forças ,podem resolver está situação o quanto mais rápido , e mesmo assim ter um esforço conjunto via MD !
Uma tentativa de resposta.
Sim, concordo que aviação de patrulha naval tem de ser pensada hoje, mas fato é que não temos nenhuma alternativa viável, nacional ou importada, que possamos apor para substituir os P-3AM no curto prazo. Mas a partir da próxima década teremos a oportunidade de fazer isso a partir de novas condições orçamentárias via MD, caso a proposta dos 2% do PIB seja aprovada, dentre outras questões relativas. Aviões de patrulha são um ativo muito caro de ter e manter. E sendo assim, não é mais aceitável soluções improvisadas ou apenas temporárias. Precisamos de uma solução crível e permanente. Mas realmente, se quisermos algo assim, é preciso começar agora. A primeira pergunta a ser respondida é: quem vai ficar com a patrulha naval depois da aposentadoria dos P-3AM?
O investimento em versões de aviões da Embraer - existente ou ainda a vir a sê-lo - como patrulheiros marítimos pode ser uma solução cara, e também de longo prazo, mas com certeza é a que nos trará mais retorno em termos tecnológicos, industriais e comerciais. E principalmente logística. Prefiro apostar no longo prazo e termos soluções dependentes de nossa capacidade de produzir respostas para nossos problemas.
Como um todo o Brasil ainda está muito atrasado em termos de uso e doutrina de drones. Com relação ao seu uso sobre o mar, a FAB apenas agora está começando a testar os Heron I do DPF pois foi uma solução de oportunidade, vamos dizer assim. Se formos inteligentes, a MB estará ali junto para cooptar todas as informações e aprendizados obtidos. O SIGAAZ tem previsão de uso de diversos tipos de drones em funções de vigilância marítimo, C4ISR, SAR e outras funções que possam vir a desenvolver. Espera-se que os modelos que algumas empresas da BID estão desenvolvendo ou mesmo já existentes possam ser aproveitados nessa missão. Mas até que eles se tornem uma rotina nas forças armadas, ainda temos um longo caminho a percorrer tanto em PDI como desenvolvimento de doutrina, operação e manutenção.
A quantidade de aviões necessários, penso eu, só poderá ser definida com a escolha do modelo a ser utilizado, e de acordo com as capacidades apresentadas pelo mesmo, e também, de acordo com a sua integração com o SIGAAZ e o SISDABRA. Como ele não será apenas um vetor exclusivo para caçar submarinos e navios, o vetor precisará ser uma aeronave com grande autonomia, capaz de permanecer on station de 2 a 4 horas em média, ser multirole, para realizar várias missões ao mesmo tempo, como SAR, REVO, ISR e SINGIT/ELINT. E por fim, carregar uma carga de armas diversas e em quantidade suficiente para alcançar seus objetivos de forma eficaz e eficiente. Aeronaves turbohélices e turbofan podem fazer esse trabalho, apresentando custos e capacidades de acordo com seus desing. A nossa questão é: quanto estamos dispostos a investir em uma aeronave de patrulha naval que seja capaz de realizar todas essas atividades de forma eficiente/eficaz dentro do SIGAAZ? A depender desta vontade, ou a falta dela, os números serão firmados. Mas é provável que a MB e/ou FAB já tenham hoje em mente uma quantidade mínima para que o SIGAAZ possa alcançar seus objetivos de forma integral já que o sistema também prevê o uso de drones e outros vetores. Como parâmetro, os P-95M foram construídos pouco mais de 20 unidades, e se tratavam basicamente de aviões para esclarecimento marítimo. Seus antecessores, como os Neptune também foram utilizados em números pouco expressivos. A FAB possui hoje apenas 3 esquadrões no 7o Gav que é o responsável pela patrulha naval. Dois operam o que restou dos Bandeirulha, em Belém e Florianópolis, e os P-3 no Rio de Janeiro. Eram 4 esquadrões, com a base aérea de Salvador estando sem unidades operacionais atualmente. A permanecer essa estrutura atual até o momento da substituição, podemos pensar, hipoteticamente, em 12 a 18 aviões, como um quantitativo mínimo para um novo vetor de patrulha. Creio ser importante destacar que a MB possui atualmente 6 bases operacionais ao longo do litoral, sendo que há compartilhamento na maioria delas com bases da FAB, o que facilitaria o desdobramento ou a criação de outros esquadrões de ASW/ASupW caso assim a marinha entendesse necessário. Mas esta é também uma questão a ser resolvida mais para frente, já que o planejamento atual indica a diminuição da infraestrutura e pessoal nos próximos anos.
A questão da caça naval e da FAB não necessariamente está ligada a aviação de patrulha, mas é algo que penso terá solução de consenso mais para diante na forma do Gripen. A depender apenas saber qual versão a MB poderá ter acesso, de acordo com a disponibilidade de recursos para tal. Uma vez isto sendo resolvido, a homogenização logística, operacional, doutrinal e sistemas de armas entre os caças de ambas as forças torna-se uma questão lógica.
Por fim, resolver a questão da substituição dos P-3AM é antes de mais nada, na minha opinião, uma decisão que depende do entendimento precoce, preferencialmente, entre FAB e MB sobre a responsabilidade da missão no pós-2030. Pelo que sei, e já li aqui e ali de fontes militares e civis, a MB tem a clara intenção de reaver a patrulha naval a si, mas fato é que neste momento, e no curto e médio prazo, não há planos para isso, visto os pesados encargos que estão sendo dispensados para suportar a modernização dos A-4 e C-2, além da implantação do próprio SIGAAZ, que por si só já é um empreendimento muito caro. É provável que após o fim destes projetos - A-4/C-2 - até 2025, a MB se volte para a questão da patrulha naval. Em havendo condições propícias, é provável uma discussão concreta seja aberta com a FAB no sentido definir o futuro desta importante área, e por conseguinte, a escolha de uma nova aeronave. Assim espero.
abs