Re: Simulações de Guerra: defesa e ataque, Brasil.
Enviado: Sáb Jul 18, 2020 8:58 pm
gabriel219 escreveu: ↑Sex Jul 10, 2020 4:24 pm Bom, depois de um tempo editando alguns mapas - que o @Túlio ama -, irei dividir o post em duas ou três partes, para não ficar extremamente cheio e cansativo de se ler em apenas uma parte. Todo cenário vem com base em dados geopolíticos, notícias recentes, dados técnicos e, principalmente, suposições sobre as mudanças de cenário, em resposta ao @Henrique Brito e ao @FCarvalho .
PARTE I: Introdução.
Esta simulação leva-se em consideração mais sobre um cenário proxy do que um engajamento de potenciais extrarregionais em nosso continente, como EUA, Rússia e China. Mantendo-se com players da região, o cenário a ser elaborado é muito mais simples de ser estudado e "praticado" em um wargame, com menos fatores a serem considerados e ainda é uma possibilidade maior, já que o enfrentamento de potenciais, mesmo que indiretamente, me parece ser fora de cogitação.
Cenário:
Segundo semestre de 2021, com a economia global recuperando, a Venezuela consegue aproveitar parte disso para diminuir a catástrofe econômica gerada pelo próprio pais, com auxílio de seus commodities e seus dominadores (Rússia, China e Irã). Com a amenização, Maduro se torna mais forte internamente entre seus Generais, porém péssimo entre seus cidadãos, que seriam vitais para uma mudança de eixo econômico, buscando assim um motivo para unificação nacional.
Além desses fatores elencados, o Regime Bolivariano também enxerga a oportunidade de reclamar antigas disputas, como a região de Essequibo, voltando seus olhos para um inimigo frágil e que há grandes riquezas, principalmente no mar: Guiana!
A Guiana é um país que a muito possui relações turbulentas com a Venezuela, incluindo conflitos armados proxy, como o Levante de Rupunumi. Mais recentemente, principalmente após a descoberta pela Exxomobil do campo de Stabroek, Maduro vem dando declarações (desde 2018) sobre a tomada de Essequibo, o que garantiria a Venezuela uma boa parte dos campos de petróleo, devido a expansão da sua zona marítima.
R.:Com o dinheiro do petróleo recentemente descoberto, as estimativas é que a Guiana vai ser o pais com maior crescimento do PIB nos próximos anos, quando essa riqueza começar a brotar, com a Venezuela em seu cangote, é provavel que a Guiana se arme até os dentes e se torne uma país como Singapura ou Emirados Árabes Unidos, pequeno e bem armado, talvez até forme uma legião estrangeira, já que tem uma população bem pequena.
Ainda estimativas antes da Pandemia, o que pode alterar ou não o cenário com a retomada.
O problema da Guiana é grave, já que não possui forças armadas de bom porte, mesmo que para guerra irregular, ao ponto de repelir algum ataque. Como também, não possui aliados de grande porte para que haja uma intervenção diplomática, embora eu imagine que isso seja pouco efetivo em relação há um Regime Ditatorial. Recentemente, a Guiana vem tentando se aproximar do Brasil desde 2018 e é algo que pode ser mais forte a partir desde ano.
Outro problema da Guiana, para se desenvolver com base do petróleo, é a fuga de cérebros e dependência externa. Um acordo com o Brasil pode ser costurado nesse sentindo, envolvendo a ajuda na construção de uma estrutura como também em suas Forças de Defesa, ou GDF.
Com as relações ainda mais turbulentas, principalmente trazendo cada vez mais outro país parceiro para a jogada, no caso a Colômbia, Maduro inicia movimentação de tropas para as fronteiras de ambos os países, bem como as preparações de reservas, principalmente tropas blindadas. Aqui, neste cenário, a guerra já é basicamente inevitável!
EUA entre com ajuda em relação a Colômbia e Brasil, provavelmente no fornecimento de alguns tipos de armamentos e dinheiro, além de, talvez, tropas de Operações Especiais e Drones. Basicamente o mesmo em relação a Venezuela quanto a China, Irã e Rússia.
Confronto Armado: aqui serão alavancadas as possibilidades e os principais meios de combate direto entre os países.
Forças Envolvidas, Guiana vs Venezuela:
Análise Topográfica: com cerca de 743 km de extensão, a fronteira da Venezuela com a Guiana não possui estradas se interligando, com uma grande floresta entre eles. Calculei dos possíveis locais que serviriam de base de operações avançadas, no caso Bochinche e San Martin de Turumberg, até pontos na Guiana onde haveriam estradas, no caso Peters Mine e Issano. Ambos os locais há estradas, sendo elas Kartabu Puruni e Issano, respectivamente, ambas estradas de terra, conectando com a Bartica Portaro, até a cidade de Bartica, que fica há 68 km de distância.
Para a Venezuela fugir disso, haveriam duas opções:
Invasão anfíbia direta ou nos arredores de Georgetown; ou
Invadir o território Brasileiro ou utilizar paraquedistas no extremo sul da Guiana, na região de Rupunumi, onde uma vez tentou se infiltrar, se não fosse a dissuasão promovida por bombardeiros Brasileiros.
Venezuela: imediatamente na fronteira com a Guiana, temos as unidades mais prováveis e prováveis movimentos, além de bases avançadas de operações:
Ejército Nacional Bolivariano de Venezuela:
5 División de Infantería de Selva, composta por:
- 51 Brigada de Infantería de Selva;
- 52 Brigada de Infantería de Selva;
- 53 Brigada de Infantería de Selva;
- 59 Brigada de Artillería de Defensa Anti-Aérae: a 59 Brigada utiliza, aparentemente, sistema de mísseis Pechora, junto com Zu-23 e mísseis Igla, além de um radar JYL-1 em Puerto Ordaz; e
Unidades avulsas:
- 42 Brigada de Infantería Paracaidista.
- Escuadrón de Caballería Motorizada 5102 (Escamoto): unidade equipada com 5 BTR-82A, 5 Dragoon 300 (2 peças de 90 mm), além de morteiros 60 mm, canhão sem recuo M40 (2 peças) e cerca de 130 Soldados.
- Batalhão de Infantaria de Selva (El Dorado): cerca de 500-600 homens, com equipamento e designação ainda desconhecidos; e
Marinha Venezuelana:
- Coletivos Armados e Milícia: estes tem seu papel principal cuidar das minerações legais e ilegais em torno do Rio Chicancan e em Las Claritas, estimado entre 2000 mil milicianos.
- Força de Superfície: o suficientemente formidável para interditar o mar territorial Guianense, com 5 Fragatas leves classe Lupo e 2 submarinos classe Type 209/1300. Sua capacidade de desembarque anfíbio é boa, contanto com 4 Navios de Desembarque. É altamente provável que a Marinha Venezuelana envie apenas corvetas e navios de patrulha, face a inexistente Marinha da Guiana; e
Poderio Aéreo:
- Infanteria de Marina Bolivariana:bem armada, contanto com 120 blindados, entre eles VN-1, VN-16 e VN-18, além de sistema AAe BUK-M2E.
Guiana: aqui o poderio é muito modesto, em torno de 3500 mil homens, basicamente infantaria leve, equipada com 6 EE-9 Cascavél, 12 EE-11 Urutu, peças de artilharia 122 mm, RPG e entre outros. A única estratégia que poderia obter relativo sucesso seria utilizar táticas de guerrilha, tanto urbanas quanto rurais.
- Força Aérea: bases aéreas mais próximas em relação a Guiana são Puerto Ordaz, Barcelona e Nueva Esparta, próximo a Polomar. Descarto o uso de Su-30MK2, provavelmente apenas uso do K-8W como apoio aéreo e talvez de alguns F-16A remanescentes.
Possibilidade de Enfrentamentos:
Em minha opinião, o mais provável é que seja utilizada a 42 Brigada de Infantería Paracaidista na região extremo sul ou até mesmo ao arredores de Geogetown, junto com um desembarque anfíbio e o apoio de uma ou duas Brigadas de Selva. A Infanteria de Marina seria desdobrada para um desembarque anfíbio aos arredores de Georgetown, provavelmente próximo Bounty Hall ou Anna Regina.
R.: De acordo
Já a Guiana possui mísseis Strela-2, com 18 lançadores e 100 mísseis - não é sabido se estão operacionais - podendo causar dor de cabeça para aeronaves como K-8W, que não possuem armamento guiado em seu inventário. A Venezuela também dispõe de apoio aéreo limitadíssimos aos seus Fuzileiros Navais, o que poderia ser explorado com o uso de peças de artilharia próximos a Georgetown, com todos os Manpads concentrados naquela área, além de canhões B10, contra viaturas em desembarque. Os únicos caças Venezuelanos que estão aptos a utilizarem armamento guiado para fugir de Manpads são os Su-30MK2, que estarão bem ocupados com outros dois países.
Uma sugestão seria o envio de Forças Especiais Brasileiras para treinar tropas Guianesas em guerra não-convencional, sabotagem e táticas hit-and-run, além do fornecimento secreto de armas anticarro.
Colômbia vs Venezuela:
Aqui trata-se do já deteriorado relacionamento, com o envio de tropas Venezuelanas para a fronteira com a Colômbia, em ação preventiva contra uma possível retalhação por parte dos Colombianos devido a invasão da Guiana e possível invocação do TIAR. Temos aqui um cenário mais complexo de enfrentamento, principalmente de Cúcuta até Macaraibo com terreno plano para combate.
Análise Topográfica: com 2.219 km de extensão, a fronteira de ambos os países é basicamente terreno firme e significativamente plano, com partes de floresta e montanhas próximas a Cúcuta e Saravena ou como a como Serra Del Pejira. Os dois maiores pontos de tensão são entre as cidades de Cúcuta, San Antonio del Tachira e Ureña, o segundo é entre Maicao e Macaraibo. Esses são os pontos onde mais se darão combates Mecanizados e por tropas Leves.
Venezuela: há uma grande concentração de Força Venezuelana na fronteira com a Colômbia, principalmente devido aos atritos históricos, semelhante ao que temos aqui no Brasil com a Argentina, Uruguai e Paraguai. Aqui é onde encontraríamos os combates mais intensos em todo o conflito simulado.
Ejército Nacional Bolivariano:
- 1 División de Infantería: formata pela 11 Brigada Blindada, 13 Brigada de Infantería Motorizada e 14 Brigada de Infantería Mecanizada, além de mais uma Brigada de Infantaria e Artilharia Antiaérea. Aqui temos um poderio de 55 T-72B1, BMP-3, BTR82A e entre outras viaturas. Sistema Pechora de defesa Antiaérea e uma grande quantidade de Infantaria;
- 2 División de Infantería: organização semelhante ao da 1 División, exceto pela Brigada de Infantaria de Montanha no lugar da Brigada Blindada; e
Existem ainda a 3ª e a 4ª Divisões, sendo elas, em seu grosso modo, Divisões de Choque, com mix de tropa blindada, mecanizada e motorizada, porém deverão ficar na reserva ou serem acionadas contra outro país.
- 6 División Hipomóvil: literalmente cavalaria motorizada e mais Brigadas Caribes.
Poderio Aéreo:
- Bases Aéreas: aqui temos a base aérea de Barquisimeto como a principal base de operações aéreas Venezuelanas, com as de Macaraibo, San Antonio Del Tachica, El Vija e San Domingo como alternativas de desdobramento;
- Grupo Aereo 12: conhecidos pelos seus Su-30MK2, que irão possui bastante vantagem frente aos Kfir C20; e
Existem demais aeronaves a serem desdobradas de cunho logístico, porém essas são o suficiente no quesito enfrentamento direto.
- Grupo Aereo 16: que utilizam caças F-16A/B.
Poderio Naval:Colômbia: a maioria de suas tropas são Infantaria, principalmente leve e de contra-guerrilha. Existem poucas tropas mecanizadas, equipadas de LAV-III, EE-9 e entre outros meios.
- 4 Fragatas Classe Lupo e 2 SSK's Type 209/1300
Ejército Nacional de Colombia:
- Primera División: formada por elementos mais Mecanizados, como LAV-III, EE-9 e entre outras viaturas;
- Segunda, Tercera, Quarta e Quinta División: formada mais por tropas leves, algumas alternando em tropas aeromóveis, de selva e montanha, com esquadrões de cavalaria mecanizada entre eles.
- Oitava División: parecido com as demais, porém com uma concentração maior de infantaria de selva e de contra-insurgência/guerrilha.
Poderio Aéreo:
- AH-60 Harpía.
- Bases Aéreas:várias bases ao longo da fronteira, inclusive uma possível em Maranduá, com as principais sendo em Yopal e Puerto Salgar;
Armada de La República Colombiana:
- Grupo de Combate 11: 23 Kfir.
Possibilidades de Enfrentamento:
- Meios: 4 Fragatas classe Almirante Padilla, 4 SSk's (2 Type 209/1200 e SX 506).
Aqui vemos disparidades e paridades:
No quesito força de choque blindada, a Colômbia está em clara desvantagem, relegando a si uma postura defensiva no combate terrestre. Os prováveis enfrentamentos blindados serão na região de Macaraibo, onde o terreno é mais plano, enquanto confrontos em Cúcuta basicamente serão Mecanizados e de Infantaria Leve, devido ao terreno mais acidentado e por haver cidades de bom porte na região. Já foi visto movimentos agressivos Venezuelanos, onde deslocou-se apenas unidades mecanizadas para a região de Tachira, em forma de dissuadir a Colômbia.
A vantagem de se adotar uma postura mais defensiva, principalmente em Macaraibo, é a grande quantidade de drones e mísseis anticarro, como TOW e os de com capacidade LOAL que a Colômbia possui, principalmente da linha Spike. Seus helicópteros Harpía estão integrados ao míssil Spike NLOS, que, voando baixo, são adversários formidáveis ao sistemas antiaéreos Venezuelanos, até mesmo ao Antey 2500, que deve ser deslocado para a região. Além disso, possuem mísseis Nimrod disparados de viaturas, o que poderia ser bem útil se concentrado na região. Viaturas como EE-9 (110 unidades) podem ser bons adversários se utilizados corretamente contra as tropas mecanizadas Venezuelanas, apesar de não poder operar a noite. Para enfrentamentos urbanos, possivelmente se utilizariam do M1117. As demais regiões não deve haver grandes enfrentamentos devido a não haver ganhos estratégicos.
Quanto ás operações no ar, é um embate interessante. A Colômbia está modernizando/já modernizou seus caças Kfir para o padrão C60, que lhes garante radar E/L-2052 AESA e mísseis I-Derby ER, que aumentam para 100 km de alcance. Os Kfir irão possuir superioridade numérica na região, frente aos Su-30MK2 e aos F-16A, sendo estes últimos praticamente inúteis, pois os que voam somente estão armados com mísseis WVR antigos e de capacidade operacional duvidosa. A Colombia estaria em vantagem quanto ao sensor frente ao PESA Zhuk-MSE e em alcance ao RVV-AE dos Su-30MK2, embora ainda haja os R-27AE, com alcance pouco maior. O que prevaleceria neste cenário seriam as táticas utilizadas por ambas as Forças Aéreas, já que estes engajamentos devem ser feitos em distâncias de 40-60 km entre as aeronaves, principalmente devido a região de fronteira montanhosa no Nordeste da Colômbia, onde pode ser utilizado para ocultar caças de radares adversários. Uma coisa que deverá ocorrer será o uso, por ambas as partes, de radares de solo, como TPS-80 e JYL-1, respectivamente.
Para ataques a solo (instalações e navios), há uma vantagem enorme Venezuelana, com mísseis Kh-31P e Kh-59E, além dos Kh-29E. Isso poderia fazer a vantagem numérica dos Kfir se esfacelar, tendo que proteger a frota contra os Sukhois ou mesmo proteger suas tropas contra os mesmos Sukhois, já que decolando de Barquisimeto, é imprevisível a rota tomada pelos Sukhois.
No enfrentamento naval, temos um pé de igualdade e algumas vantagens Colombianas. Ambos os países possuem quantidades parecidas de SSK's e Fragatas, sendo que atualmente a Venezuela só possui um SSK, já que o outro está em PGM - não se sabe quando volta. A classe Almirante Padilha foi modernizada recentemente e conta com uma gama de sensores superiores a da classe Lupo. Os SSK's são equivalentes, com leve vantagem para o modelo Venezuelano.
R.: Acho que aqui a vantagem é venezuelana, pois a Colômbia tem seus navios divididos entre uma frota no Caribe e outra no Pacífico, que se ligam apenas pelo Canal do Panamá, e isso poderia ser uma grande fragilidade no momento de unir as frotas, poderiam se tornar alvos fáceis na saída do canal.
Conclusão: em ambos os cenários, vantagens táticas podem fazer a diferença frente a vantagens técnicas, se aproveitando do terreno, armamentos disponíveis e elementos topográficos da região, além de como o outro lado utilizará seus meios e saberá negar os meios do inimigo.
Em geral gostei da análise
Nas última ou ainda em duas partes - ainda por decidir, dependerá do tamanho do texto -, irei traçar mais o enfrentamento entre Brasil e Venezuela, com base primeiro nas Operações Aéreas e em segundo as Operações Terrestres.