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Re: A Questão Indigena

Enviado: Qui Jun 11, 2009 10:34 pm
por Izaias Maia
Coisas da Política :: Mauro Santayana
Amazônia: uma questão militar

O projeto, elaborado pelo ministro Mangabeira Unger, e alterado nas discussões interministeriais, de regularização da posse das terras amazônicas, já não era o melhor, e se complicou com as emendas acrescentadas pelos parlamentares. A questão prioritária da Amazônia é a da soberania, e nisso podemos duvidar do Congresso, que não parece submetido plenamente à vontade do povo. A ação parlamentar dos últimos anos não nos conforta: ela se faz mais pro domo sua, do que no interesse geral do país. No caso em pauta, Câmara e Senado, em sua maioria – embora, no Senado, fosse de apenas dois votos – agiram para atender aos interesses dos empresários do agronegócio e outros.

Os estudos recomendavam que se regularizassem apenas as posses cadastradas até 400 hectares de área, o que corresponderia a 81% dos ocupantes e a 7,8 milhões de hectares. Ainda no âmbito do Poder Executivo, decidiu-se ampliar a área a ser concedida a 1.500 hectares, o que eleva a 67 milhões de hectares o total das glebas. De acordo com omissão do projeto aprovado, estrangeiros, tanto como pessoas físicas quanto jurídicas, poderão ser beneficiados, o que favorecerá a desnacionalização do território. Além disso, os latifundiários que vivem fora – e mantêm laranjas ou prepostos nas glebas – poderão regularizá-las, e revendê-las três anos depois, o que retira do projeto o seu interesse social, em benefício dos ricos.

O presidente Lula declarou, ontem, que irá vetar os acréscimos à medida provisória. É provável que, ao reexaminar a questão, ele venha a proibir claramente a legalização de terras ocupadas por estrangeiros, qualquer que seja sua extensão. Talvez fosse melhor que a vetasse por inteiro, e mandasse ouvir a sociedade, antes de enviar ao Congresso não medida provisória mas projeto de lei, bem estruturado. Não está em jogo uma situação conjuntural mas a integridade do território brasileiro. A Amazônia já é ocupada pelas ONGs, missões religiosas, madeireiras indonésias, antropólogos neolíticos, caçadores de bichos e plantas medicinais, traficantes de drogas e minerais.

A questão, mais do que fundiária, é bélica. Não temamos usar o adjetivo que expressa a ultima ratio das nações. Seria importante que as Forças Armadas fossem reforçadas com homens e equipamentos, uma vez que não se trata só de preservar a Amazônia mas, sim, de reconquistá-la, reincorporá-la, em todas as suas dimensões, ao território e à alma nacional. Desde o projeto malsinado da internacionalização da Hileia, durante o governo Dutra, damos ao mundo a impressão de que nos sentimos constrangidos em possuir tal patrimônio. É como se, por incompetência, estivéssemos dispostos a compartilhar sua soberania com os outros. A realidade, no entanto, demonstra que só nós mesmos, os brasileiros, e ninguém mais, dispomos da experiência, da vontade e do conhecimento para usufruir racionalmente do território e assegurar seu futuro. Isso significa dispensar a ajuda de organizações estrangeiras, restringir e fiscalizar a ação de "pesquisadores", bem como as missões religiosas – e garantir aos órgãos civis do governo a execução de política fundiária adequada. Ao mesmo tempo, é necessária vigilância da cidadania sobre o Congresso. Se houvesse pressão legítima dos cidadãos, o Parlamento não teria amolgado a medida provisória, contra o interesse da nação como um todo.

Alguns antropólogos e ongueiros combatem a presença militar ali pelos motivos que os historiadores conhecem. Os ingleses, a pretexto de observações botânicas, enviaram, em meados do século 19, ao Norte do Brasil – com autorização do nosso governo imperial – o explorador alemão Robert Schomburgk. O "pesquisador" se assenhoreou da região do Pirara e, a pretexto de proteger tribos indígenas (as mesmas que foram protegidas agora pelo STF, na amputação de Roraima), colocou os marcos de soberania inglesa em nosso território. Em 1904, perdemos grande parcela daquelas terras para os ingleses, com o laudo de arbitragem de Vittorio Emanuele II, da Itália, que se baseou, entre outras "provas", no depoimento de índios macuxis, que brandem agora bandeiras da "nação indígena" em Roraima.

Quem entende da Amazônia são os seus caboclos e indígenas não "catequizados" pelos estrangeiros. Quem entende dos caboclos e dos indígenas, com a experiência do convívio solidário, desde a heroica saga de Rondon, são os militares.

http://www.fab.mil.br/portal/capa/index ... a_notimpol

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Nov 17, 2009 8:58 am
por PQD
Milícia indígena quer armas e patentes

Ticunas pedem à Procuradoria aval para que seus "policiais" se tornem servidores públicos e possam usar armas de fogo

Procurador negou permissão para uso de armas, mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela Procuradoria em Brasília

KÁTIA BRASIL

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS



Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.

A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.

No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.

Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos.

Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do Ministério Público Federal (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.

Gasperin disse à Folha que a Procuradoria vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a Polícia Federal.

"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."

Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".

Os índios alegam que criaram as "polícias" porque a Polícia Federal e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região.

PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Nov 24, 2009 9:13 pm
por Guerra
Sobre isso só existe uma historinha que pode explicar o que esta acontecendo.
Um dia um homem achou um filhote de cobra quase morrendo. Ele pegou o filhote e cuidou com todo carinho. O tempo passou e quando o filhote cresceu o homem foi fazer um carinho e a cobra mordeu sua mão. Com o sangue saindo pelo couro cabeludo, boca, nariz devido ao veneno, o homem já agonizado para morrer olhou para cobra e disse:
_ Porque?
A cobra sem entender a pergunta obvia respondeu:
_ Porque eu sou uma cobra, ué!

Re: A Questão Indigena

Enviado: Qua Nov 25, 2009 12:34 pm
por Marino
"Povos ressurgidos", nova forma de fabricar índios
21 November, 2009 11:10 Editoria
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17/nov/09 (Alerta em Rede) – Surgiu na praça uma nova categoria de indígenas contendo todos os ingredientes para causar grandes dores de cabeça às autoridades e produtores: são os “povos ressurgidos”.

O alerta foi dado pelo pesquisador Inácio Régis a partir das investigações que fez sobre a Gleba Nova Olinda, no Pará, onde algumas comunidades que lá habitam aguardam o veredicto da FUNAI se a área trata-se ou não de terra indígena. Segundo o administrador regional do órgão em Itaituba, Jaime Santos, a Funai fez um estudo na região e está considerando os indígenas de Santarém como “povos ressurgidos” e admitiu que a gleba Nova Olinda, atualmente, é o maior problema administrado pelo órgão. [1]

Três das 14 comunidades da gleba Nova Olinda - Novo Lugar, Cachoeira do Maró e São José III - formada por ribeirinhos da região do rio Arapiuns, afirmam que são descendentes dos índios Borari e têm como bandeira a regularização de toda a gleba como terra indígena. A liderar o movimento encontra-se Odair José Sousa Alves, mais conhecido como cacique Odair Borari.

Régis colheu os relatos por escrito dos mais antigos moradores da região, como os irmãos Saturnina e Graciano Martinho, bisnetos dos primeiros habitantes da Gleba Nova Olinda, que afirmam que a colonização no local ocorreu por pessoas de origens diversas: paraenses, cearenses, maranhenses, rio-grandenses e até paraguaios e colombianos.

Mais contundente foi o depoimento de Basílio Matos dos Santos, tio que desempenhou a função de pai de Odair Borari, ao afirmar que o “cacique” não passa de um farsante. 'Eu sou tio do Odair, eu ajudei a criar esse menino desde que o pai dele morreu. O bisavô dele era rio-grandense, meu pai, avô de Odair, morava em Belém, nós nunca tivemos índio na família. Aqui no Maró, a gente se conhece uns aos outros e nunca teve índio nessa gleba, como concordar com uma mentira dessas?', afirmou Basílio, agregando que Odair, na verdade, é filho de Albino e dona Edite, moradores da comunidade Novo Lugar.

Interessante é que Basílio reclamou dos ditos índios por estarem impedindo a chegada do desenvolvimento às outras comunidades: “Por onde vamos tirar nossa produção se no verão tem uma cachoeira que não passa barco? Por onde vai chegar a energia Luz Para Todos? Pelo ar? O Odair eu ajudei a criar e, agora, esse moleque vem dizer que é cacique de índios que nunca existiu em nossa região e, muito menos em nossa família”, reclamou.

Régis montou a árvore genealógica de Odair Borari e descobriu que ele não tem nenhum parente indígena em seu passado. 'Conforme fartos relatos de antigos habitantes da Gleba, concedidos por escrito a mim, nem Odair, nem os membros que compõe as comunidades que, por indução, se autodeclararam índios, detém descendência étnica dos primitivos habitantes que habitaram a região', ressaltou.

Segundo Régis, o “cacique” Odair Borari assumiu a nova identidade depois que antropólogos da Funai, o frei Florêncio Vaz, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém (STTR) e integrantes do Greenpeace apareceram na região. Para o pesquisador, quem está por trás da farsa é o Greenpeace, com o objetivo de engessar a área do entorno da BR-163.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Seg Jan 25, 2010 2:41 pm
por Edu Lopes
Funai terceiriza a estrangeiros a gestão de aldeias indígenas

Questão indígena: ONGs assumem o papel do Estado

Vasconcelo Quadros , Jornal do Brasil


BRASÍLIA - A Fundação Nacional do Índio (Funai) está terceirizando para Organizações Não-Governamentais (ONGs) a gestão de ações em aldeias indígenas. Duas delas, o Centro de Trabalho Indígena (CTI) e o Instituto Sócio-Ambiental (ISA), estrelas gigantes do setor, estão sendo acusadas por indigenistas e organizações de utilizar a proximidade com a Funai para atrair parcerias e recursos de governos e entidades internacionais. O CTI, por exemplo, é hoje responsável pelo contato e proteção aos índios isolados – como são chamados os selvagens sobre as quais pouco se sabe.

A ampliação do papel das ONGs veio à tona na semana passada com a crise deflagrada pelo decreto baixado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no final do ano passado. A reestruturação chegou de surpresa e acabou desencadeando uma onda de protestos e conflitos, cujo ato mais insólito foi uma briga de bordunas entre índios das tribos xavante e kayapó, com um ferido, durante a invasão da sede da Funai, em Brasília, na semana passada. Era para ser uma reação conjunta contra a extinção de 22 administrações executivas regionais e 334 postos indígenas, mas os kaiapó aceitaram negociar isoladamente com a Funai.

O conflito mais sério viria com as acusações contra o ISA e CTI, dirigidos pelo ex-deputado, ex-presidente da Funai e premiado ambientalista Márcio Santilli, e o antropólogo Gilberto Azanha, acusados de usar a causa indigenista para encorpar as entidades. Com trânsito livre na Funai, os dois participaram decisivamente dos debates que resultaram na edição do decreto. Eles já vinham sendo favorecidos por convênios em que a Funai repassa quase todas as ações de atendimento aos índios, inclusive a gestão de exploração de ouro e diamantes, como vem fazendo o CTI na área dos índios cinta larga, em Rondônia.

Em fevereiro do ano passado, durante reunião em Brasília, CTI, Funai e Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) acertaram os detalhes para iniciar as ações com índios isolados. Os críticos reconhecem que as ONGs têm em seus quadros profissionais competentes e dedicados, mas reclamam que, até para evitar interferência externa num setor sensível e frágil, esse é um papel de Estado, a ser executado por indigenistas e sertanistas dos quadros da autarquia, e chamam a atenção para o apelo financeiro embutido nas parcerias.

– Eles ganharam uma franquia para captar recursos no Brasil e no exterior. Índios isolados é uma grife. As ONGs viraram grandes empresas que não pagam impostos – diz o ex-presidente da Funai, Mércio Gomes, que dirigiu a autarquia na gestão no primeiro mandato de Lula. Segundo ele, Santilli e Azenha, outro dirigente do ISA, João Paulo Capobianco, ex-secretário de Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente, e o atual presidente da Funai, Márcio Meira integram o mesmo grupo que domina a política indigenista.

Em meio à onda de protestos, Santilli e Azenha assumiram a defesa do decreto. O fundador do ISA chegou a afirmar, pela internet, que a reestruturação da Funai não sairia se o debate sobre o decreto fosse aberto e cutucou os opositores chamando os protestos de rebelião fisiológica. Ou seja, estariam preocupados com os cargos que estavam perdendo. Servidores e entidades reagiram.

Mércio Gomes disse que o que está em choque são dois modelos: um, neoliberal, travestido de modernidade, representado por seu sucessor, e o outro, que chama de indigenismo revolucionário, baseado nos marcos deixados pelo marechal e sertanista Cândido Rondon, onde o Estado cuida da questão indígena.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/pextra/201 ... 117109.asp
Ahhh, essa Funai...

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Mai 11, 2010 10:12 am
por PQD
Antropologia

A farsa da nação indígena

Na Bolívia, país de maioria mestiça, a ideologia que mistura nostalgia inca com marxismo levou Evo Morales ao poder. Muitos índios começam a perceber o engano

Duda Teixeira, de La Paz



Erguida em um vale e nas encostas de uma montanha, La Paz foi feita sob medida para as passeatas, sempre em um único sentido: morro abaixo. Nos últimos quatro anos, a capital da Bolívia foi tomada por demonstrações públicas de apoio ao presidente Evo Morales, à nova Constituição nacional, à expropriação de empresas e aos ataques do governo contra a oposição. Nas últimas duas semanas, ao menos sete manifestações desceram as ruas da capital. Desta vez, porém, as palavras de ordem voltaram-se contra o governo. Entre os que andavam vagarosamente com cartazes em punho estavam centenas de cholas, as descendentes indígenas identificáveis pelas vestes típicas que incluem chapéu-coco, anáguas e saia colorida. Eram mães da cidade de El Alto protestando por ter de complementar o salário dos professores de seus filhos. "Evo deve fazer o que está escrito na nossa Constituição, na qual a educação e o respeito aos índios são uma prioridade", diz o dirigente das juntas escolares Ricardo Huarana, um aimará. Enquanto isso, índios de Caranavi, a 160 quilômetros da capital, bloqueavam uma estrada pedindo a instalação de uma fábrica e a renúncia de um ministro.

A presença de índios nos protestos contra o governo é um fenômeno recente na atual gestão presidencial. Seu crescimento está desmoralizando o nacionalismo indígena, ideologia que nas últimas duas décadas ganhou espaço entre os bolivianos e assumiu uma posição central no discurso populista de Evo Morales. Criado em universidades americanas e europeias e transferido para o altiplano com a ajuda de 1 600 ONGs que atuam na Bolívia, o nacionalismo indígena contém a promessa de tirar da miséria o país mais pobre da América do Sul. O argumento básico dessa forma de indigenismo é a necessidade de eliminar o que os seus ideólogos chamam de "exploração secular de brancos europeus contra índios". Para isso, é preciso empenhar-se em uma luta de classes modificada, na qual o proletariado é substituído pelo índio. "Enquanto o marxismo entende que o operário oprimido possui direitos que estão por cima dos direitos dos demais, o indigenismo concede esse privilégio ao índio", diz o espanhol Alberto Carnero, especialista em América Latina e diretor da Fundação para a Análise e Estudos Sociais, em Madri. No lugar do "capitalismo explorador", o nacionalismo indígena boliviano – o movimento também existe no Peru, no Paraguai e no Equador – propõe o retorno ao Collasuyo, uma das quatro regiões do império inca, que ocupava um terço do território boliviano.

Enfeitada com uma colorida embalagem étnica, essa mistura de mito do bom selvagem de Rousseau com conceitos marxistas deu força a uma linhagem de políticos que até recentemente nunca tinham conquistado mais que 10% dos votos em uma eleição. Um deles foi Evo Morales, um representante dos produtores de folha de coca sem vivência em costumes indígenas, embora descendente de aimarás. Morales não falava em retorno ao Collasuyo até 2005, depois de ganhar projeção no país como agitador e de ser descoberto pelas ONGs e pelos teóricos do nacionalismo indígena. Eleito naquele mesmo ano e reeleito em 2009, Morales encampou o indigenismo apenas por conveniência. O verdadeiro ideólogo indigenista do governo é o vice-presidente Álvaro García Linera, um professor universitário que integrou o Exército Guerrilheiro Tupac Katari nos anos 90. O grupo misturava o nacionalismo indígena ao maoismo. Após a posse de Morales, muitos bolivianos que se deixaram encantar por essas ideias começaram a perceber que o discurso nativista era uma farsa. Eles reclamam da falta de abertura democrática, da escassez de perspectivas econômicas e da repressão a dirigentes indígenas.

O nacionalismo indígena foi institucionalizado na Bolívia com a aprovação de uma nova Constituição, em novembro de 2007, dentro de um quartel e sem os representantes da oposição. O referendo que endossou a Carta só ocorreu em janeiro de 2009, depois de muitos conflitos. O texto estabelece que a Bolívia é um estado plurinacional constituído por "36 nações originais de camponeses indígenas". "Cumprindo o mandato de nossos povos, com a fortaleza de nossa Pachamama (mãe-terra, a deusa da fertilidade) e graças a Deus, refundamos a Bolívia", diz o preâmbulo da Constituição. São conceitos artificiais, pois a sociedade boliviana é majoritariamente urbana e mestiça. Os índios representam apenas 17% da população. Os delírios utopistas do documento constitucional, no entanto, são os que menos causam danos à sociedade boliviana. O perigo maior está no fato de o texto promover o caos social interno ao institucionalizar a chamada Justiça comunitária, que não está submetida à Justiça comum. Há séculos, conselhos formados por anciãos indígenas punem ladrões e assaltantes locais obrigando-os a desempenhar trabalhos forçados. Sanções com açoitamentos eram raras até recentemente. Na prática, a inclusão dos julgamentos comunitários na Lei Magna do país teve duas repercussões. A primeira foi propagar linchamentos entre a população, que agora acredita estar livre para fazer justiça com as próprias mãos. Na Bolívia, há em média um linchamento por semana. Pichações com a frase "Ladrão será linchado" podem ser vistas em vários muros e em bonecos pendurados em postes de La Paz e da vizinha El Alto. Os agressores não são presos nem indiciados porque alegam seguir uma tradição autorizada por lei. A segunda consequência foi ter criado uma brutal arma contra a oposição e ex-aliados de Morales.

Ao valorizar a Justiça comunitária, o nacionalismo indígena enfraqueceu a Justiça ordinária, "eurocêntrica", e deu o aval para que militantes do Movimento ao Socialismo (MAS), o partido do presidente, investissem contra seus desafetos impunemente. Com isso, a Bolívia tornou-se uma terra sem lei. Um caso recente é o do aimará Felix Patzi, ex-ministro da Educação do governo Morales. Apesar de estar em vantagem nas pesquisas para as eleições a governador do departamento de La Paz, de abril deste ano, não contava com o apoio de Morales. Flagrado dirigindo bêbado, foi condenado pela Justiça comunitária a fazer 1 000 tijolos. Além disso, teve a candidatura inabilitada. Se Patzi tivesse concorrido ao pleito e vencido, isso tampouco garantiria a sua posse. Em Achocalla, cidade a poucos quilômetros de La Paz que vive da produção de hortaliças, o mecânico Pedro Ninaja, um aimará, venceu as eleições para prefeito com 32% dos votos. O resultado foi divulgado no site da Corte Nacional Eleitoral no dia 10 de abril. Cinco dias depois, os números foram alterados para beneficiar o MAS. Votos de uma urna desapareceram. Ninaja reclamou para a Corte, sem efeito. "As pessoas de Achocalla sabem que é uma trapaça. Se continuar assim, Morales não conseguirá terminar o seu mandato", diz Patzi, que apoiou o cocaleiro nas últimas duas eleições presidenciais. Outras punições anunciadas como sentenças da Justiça comunitária são mais bárbaras. Em 2009, o ex-vice-presidente Victor Hugo Cárdenas, um aimará, teve a casa às margens do Lago Titicaca invadida por militantes do MAS. Ele escapou porque estava dando aulas na capital. Sua filha de 16 anos, seu filho e a esposa tiveram menos sorte e foram golpeados com pau e chicote. "A imagem de que esse governo defende os indígenas está desmoronando mais rápido do que se pensava", desabafa Cárdenas. "Os índios perceberam que a vida não mudou em nada, tampouco conseguiram alguma representatividade política."

A desilusão com a promessa de uma nação indígena pode ser aferida de várias formas. Quando iniciou seu mandato, em 2006, Morales contava com a adesão das quatro maiores organizações de índios do país. Já perdeu o apoio de duas delas: o Conselho Nacional de Ayullus e Markas do Collasuyo (Conamaq) e a Assembleia do Povo Guarani (APG). Uma terceira está dividida. É a Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia (CSUTCB). A perda de apoio entre os índios também pode ser confirmada pelo crescente número de bloqueios em estradas, greves e passeatas. Antes de assumir a Presidência, havia 55 protestos por mês no país, muitos deles organizados por Morales. A situação acalmou-se nos anos seguintes, já que o presidente controlava os baderneiros. Neste ano, contudo, os distúrbios populares voltaram a patamares semelhantes aos de 2005. Por fim, nas eleições regionais de abril, apesar de ter garantido o controle da maioria dos departamentos do país, o MAS só conquistou a prefeitura de três das dez maiores cidades. "Morales perdeu o monopólio do voto indígena", disse a VEJA o antropólogo Ricardo Calla, da Universidade da Cordilheira, em La Paz. "Sua antiga base agora está dividida, e há índios que se consideram de direita, de centro e de esquerda." Mais do que o retorno a um passado pré-colombiano idealizado, o nacionalismo indígena angariou fãs ao prometer um futuro de harmonia e prosperidade. Na Bolívia, a ascensão de uma ideologia assim é compreensível. Apesar de serem minoria no país, os índios formam 65% da camada mais pobre da população. Agora, eles começam a tomar consciência do fato de que foram enganados.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Mai 11, 2010 10:37 pm
por marcelo l.
Sei não...mas, a veja e abril não iam demitir alguém apenas por criticar...tem algum interesse sério ferido.


http://blogdaamazonia.blog.terra.com.br/
Abril demite editor que criticou matéria da revista Veja no Twitter

A National Geographic Brasil, da Editora Abril, demitiu no final desta terça-feira (11), o editor-assistente Felipe Milanez pelas críticas que fez no Twitter dele à revista Veja, da Abril, por causa da reportagem “A farra da antropologia oportunista”, que trata de delimitação de reservas indígenas e quilombos no país.

- A decisão me foi comunicada pelo redator-chefe Matthew Shirts. Ela veio lá de cima e ainda estou zonzo porque não imaginava que minha opinião fosse resultar nisso - disse Milanez.

Bastante conhecedor da Amazônia, especialmente das tribos indígenas, o repórter-fotográfico estava com viagem marcada para o Amazonas na quinta-feira (13). Ele iria percorrer durante 15 dias a BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Vellho (RO), acompanhando uma equipe da Embratel que dá suporte às torres de telefonia.

Ele usou o Twiter para avisar aos seus seguidores sobre a demissão:

- To destruido, muito chateado. Acabo de ser demitido por causa dessa infeliz conta de Twitter. Sonhos e projetos desmancharam no ar virtual

Milanez havia se manifestado no Twitter a respeito da nota do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro, citado por Veja na reportagem, mas que nega ter dado entrevista para a revista.

- Eduardo Viveiros de Castro achou um bom adjetivo pra definir a matéria da Veja: “repugnante” - escreveu.

Milanez acrescentou mais adiante:

- Veja é abusada. Assim E. Viveiros de Castro corre o risco de nunca mais ser citado na revista(!), como JonLee Anderson.

Além de ter reproduzido tweets em que o antropólogo acusa Veja de “fabricar” declaração, Milanez também chegou a citar os microblogs dos repórteres Leonardo Coutinho, Igor Paulin e Júlia de Medeiros, autores da reportagem, como exemplos “anti-indígenas” para quem quisesse segui-los.

- Não sei ainda o que vou fazer da vida. Não estou arrependido porque nunca imaginei que minha opinião pudesse causar uma reação tão drástica. Talvez eu tenha sido ingênuo, mas quem defende índio tem que estar com a cabeça preparada para levar paulada - afirmou Milanez.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Qua Mai 12, 2010 1:08 am
por Sterrius
Espero que o problema da Funai seja levado a campanha presidencial. È fato que isso tem que ser resolvido com urgencia até pra deixar tudo em pratos limpos e acabar a confusão.

Pra melhor ou pra pior com certeza algo que todos querem é o fim dessa bagunça juridica e legislativa onde todos brigam e no final quem ganha são as ONG´s.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Qui Mai 13, 2010 2:18 pm
por marcelo l.
Pela indignação da associação a coisa está preta, pena que ninguém explique o que ocorre nos bastidores, mas a VEJA teve algum interesse fortemente contrariado para ter agido de tanta má-fé.

http://antropologiaemdebate.blogspot.co ... as-de.html

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Fev 01, 2011 9:44 am
por PQD
31/01/2011 13h14 - Atualizado em 31/01/2011 16h01

Divulgadas fotos inéditas de índios isolados entre o Brasil e o Peru
Imagens foram feitas no ano passado e publicadas pela primeira vez agora.
Segundo ONG e Funai, tribo está em área pressionada por madeireiros.

Imagem

organização não governamental (ONG) Survival International, sedidada em Londres, na Inglaterra, divulgou nesta segunda-feira (31), imagens inéditas de indígenas isolados que habitam a região do Vale do Rio Envira, no Acre, na fronteira do Brasil com o Peru.
Segundo a Survival, que trabalha na defesa de povos ameaçados pelo mundo e lançou um site para mostrar as imagens dos índios em território brasileiro, as fotos foram cedidas a eles pela Fundação Nacional do Índio (Funai).

Por meio de sua assessoria de imprensa, a Funai informou que as imagens foram feitas no ano passado. Até agora, as fotografias ainda não tinham sido divulgadas.

De acordo com a ONG, a tribo fotografada é a mesma que foi registrada em 2008 pela primeira vez. Nas novas imagens divulgadas, foi possível chegar mais perto dos índios.

As imagens revelam "uma comunidade próspera e saudável com cestos cheios de mandioca e mamão fresco cultivados em suas roças", informou a ONG, em nota. Segundo a Survival, a tribo está em perigo por conta da pressão de madeireiros que atuam no Peru. "Autoridades brasileiras acreditam que o influxo de madeireiros está empurrando índios isolados do Peru para o Brasil".

De acordo com Ariovaldo José dos Santos, chefe substituto da Coordenação-Geral de Índios Isolados da Funai, os indígenas fotografados vivem em uma área sensível. "Eles não estão imunes da ocupação territorial. Os indícios de exploração de madeira e a prospecção de petróleo já são uma pressão exógena que de alguma forma se aproxima dos últimos refúgios onde vivem os indígenas isolados. Dependendo da proximidade, o risco pode ser iminente", diz ele.

"De tempos em tempos, temos que fazer o monitoramento para saber em que pé que está a situação e se os índios estão bem ou não", explica Santos.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Fev 01, 2011 12:39 pm
por Viktor Reznov
É assim que vão nos tomar a Amazônia, meus caros. Não com invasões militares.

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Fev 01, 2011 4:49 pm
por Bolovo
Como indios isolados tem aquela panelinha branca?

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Fev 01, 2011 5:44 pm
por Viktor Reznov
Bolovo escreveu:Como indios isolados tem aquela panelinha branca?
Eles entraram no neolítico ate´que enfim?

Re: A Questão Indigena

Enviado: Ter Fev 01, 2011 8:41 pm
por soultrain
*
ONG encontra Serra e Indio em tribo isolada
31/01/2011 18:37 | Categoria: Brasil



ONG encontra Serra e Indio em tribo isolada

A pedido de Fernando Henrique, Serra experimentou o cachimbo da paz. "Fumei, mas não traguei", revelou - em nota - o tucano



AMAZÔNIA - A ONG Paparazzi sem Fronteiras revelou hoje pela manhã o refúgio de José Serra e Indio da Costa, candidatos derrotados na eleição presidencial de 2010. Fora dos holofotes desde o resultado das urnas, Serra se refugiou "em um lugar livre das temerosas bolinhas de papel, onde o PT não dita as regras", segundo uma nota divulgada por sua assessoria de imprensa.

Ainda segundo a nota, Serra e Indio têm se dedicado à trabalhos em prol da aldeia como a caça, pesca e a construção de ocas a preço populares. No início do ano, o tucano Abaetê - alcunha pela qual Serra é conhecido entre os indígenas - concorreu à eleição para se tornar Cacique. Mas perdeu.

Mesmo com a derrota, a assessoria informou que Abaetê está tão entusiasmado com a experiência que sugerirá a Geraldo Alkmin alocar um pajé em cada hospital público de São Paulo.

Imagem

Re: A Questão Indigena

Enviado: Qua Fev 02, 2011 1:04 am
por prp
PQD escreveu:Milícia indígena quer armas e patentes

Ticunas pedem à Procuradoria aval para que seus "policiais" se tornem servidores públicos e possam usar armas de fogo

Procurador negou permissão para uso de armas, mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela Procuradoria em Brasília

KÁTIA BRASIL

DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS



Índios ticunas que montaram milícias no Amazonas enviaram ao Ministério Público Federal no Estado pedido de aval para que os "policiais indígenas" se tornem servidores públicos, recebam salários e possam usar armas de fogo.

A Folha revelou anteontem que a Polícia Federal investiga dois assassinatos e abusos atribuídos às milícias e o suposto treinamento delas por membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).

Os índios criaram as milícias neste ano, sob a alegação de que combatem o consumo de álcool e o tráfico de drogas nas aldeias do oeste do Amazonas.

No documento enviado à Procuradoria, intitulado "Estatuto Único da Polícia Indígena do Alto Solimões", os ticunas pedem aval para que a organização seja oficializada, com criação de cargos públicos e remuneração para os "policiais" custeada pelo governo federal.

Querem ainda utilizar patentes militares como soldados, cabos e sargentos.

Em resposta já enviada aos índios, o procurador da República em Tabatinga (AM), Juliano Gasperin, negou a autorização para uso de armas de fogo. Mas disse que as outras reivindicações devem ser discutidas pela 6ª Câmara do Ministério Público Federal (que trata de povos indígenas e minorias), em Brasília.

Gasperin disse à Folha que a Procuradoria vai enviar um antropólogo à fronteira com a Colômbia e o Peru para ouvir índios brasileiros sobre a "polícia indígena". Ele afirmou que é prematuro chamar a organização de milícia armada, como faz a Polícia Federal.

"Não vejo assim, é prematuro nesse momento. Essa questão da polícia indígena deverá ser objeto de complexo estudo pericial na área de antropologia, mas ainda não temos prazo para conclusão do estudo."

Em relação ao inquérito da PF para investigar os supostos crimes e o treinamento pelas Farc, Gasperin afirmou que a possível ligação com os guerrilheiros, "se realmente existir, será averiguada pelo Ministério Público Federal".

Os índios alegam que criaram as "polícias" porque a Polícia Federal e a Funai não impediam a alta incidência de crimes na região.

PF e Funai negam e dizem que as milícias são ilegais.
Isso é só a ponta do iceberg. O pau tá quebrando pra aqueles lados de lá.