08/03/2011 - 15h34
Diferença militar entre Leste e Oeste está caindo rapidamente
Por Peter Apps
LONDRES, 8 de março (Reuters) - Cortes de orçamento no Ocidente e um rápido aumento no gasto militar em economias emergentes estão redesenhando o mapa estratégico global, afirmou um grupo de pesquisa nesta terça-feira, sustentando que o risco de conflitos entre Estados também está crescendo.
Em seu relatório anual Global Military Balance, o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS) afirma que a mudança no poder econômico já começou a ter impacto militar real e está eliminando qualquer diferença estratégica.
"Os orçamentos para defesa dos Estados ocidentais estão sob pressão e suas compras estão restringidas", disse o diretor geral do IISS, John Chipman. "Mas em outras regiões, notadamente na Ásia e Oriente Médio, o gasto com defesa e aquisição de armas estão crescendo. Há evidência suficiente para dizer que uma redistribuição global do poderio militar está a caminho."
Nações da região Ásia-Pacífico, particularmente a China, estão aumentando os investimentos em defesa a taxas de dois dígitos anualmente, afirmou ele. Enquanto isso, há evidências crescentes de que os Estados Ocidentais estão perdendo vantagem tecnológica em áreas como tecnologia de camuflagem e guerra cibernética.
A maior parte das estimativas sugere que Washington ainda é responsável por cerca de metade de todo o gasto militar global a cada ano, com grande parte sendo gasta em guerras no Iraque e Afeganistão. Estimativas sobre os gastos chineses variam muito, mas muitos analistas suspeitam que são dramaticamente subestimados.
"METADE DE UMA GERAÇÃO"
Segundo o relatório, os Estados Unidos investiram 693 bilhões de dólares na área militar em 2010, equivalente a 4,7 por cento do PIB. Enquanto isso, a China gastou 76 bilhões de dólares (1,3 por cento do PIB) e a Inglaterra 57 bilhões de dólares ou 2,5 por cento do PIB.
Falando à Reuters após a publicação do relatório, Chipman afirmou que se a atual tendência se mantiver, a China vai precisar de 15 a 20 anos para atingir a paridade militar com os EUA.
"Estamos falando de cerca de metade de uma geração", disse ele. "Os Estados Unidos sempre disseram que nunca deixariam outra potência conseguir a paridade, então, nos próximos anos, o país terá que tomar algumas decisões muito significativas."
No curto prazo, Chipman afirma que muito do equipamento que a China quer obter, como submarinos e mísseis, são parte de esforço para reduzir a dominância dos porta-aviões dos EUA em águas próximas a seu território, particularmente no estreito de Taiwan.
Enquanto isso, o próprio crescimento militar de Pequim está motivando outros países da Ásia a aumentar suas compras, disse Chipman, em meio a preocupações de que o Irã financiado por fortes receitas do petróleo está também guiando uma rápida expansão nos gastos na região do Golfo Pérsico.
Ainda é muito cedo para dizer se a série de revoltas populares disparadas no norte da África e no Oriente Médio farão com que regimes autoritários se dediquem mais em ameaças à segurança interna, afirma o analista.
As trocas de tiros nas fronteiras entre a Tailândia e o Cambodja, bem como entre as Coreias, mostraram que o risco de guerras locais entre Estados está de volta ao mapa após uma década de foco em ameaças como militância, disse ele.
"Tinha se tornado senso comum o clichê de que conflitos entre Estados eram coisa do passado, mas agora isso está sendo colocado em dúvida."
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