ZeRo4 escreveu:Eu acho o contrário. Na minha opinião acabaram partindo pra esse caminho pois a AAe sempre estará defesada em relação a aviões. Não adianta querer gastar rios de dinheiro com S-300/400 abatendo aeronaves. A primeira função deles acaba sendo defesa anti-míssil e secundariamente a negação de espaço-aéreo para os atacantes fazendo com que eles tenham dificuldades de lançar armas stand-off.
Aqui infelizmente não há muito o que fazer, ou se tenta enfrentar as aeronaves atacantes ou elas simplesmente vão lançar bomba atrás de bomba lá do alto até que alguma acerte o alvo. E os alvos prioritários serão justamente os sistemas de defesa AAe, que ficarão vulneráveis contra bombas cluster ou grandes quantidades de bombas menores lançadas quase simultaneamente se as aeronaves tiverem liberdade de agir livremente (e contra isso as defesas SHORAD ficam praticamente indefesas).
Agora, o hostilização dos aviões em si não necessariamente tem que se basear em mísseis tão grandes quanto os S300/400. A vantagem deles é ter grande cobertura (alcance), e assim exigirem menor número de lançadores para cobrir uma determinada área, mas uma quantidade maior de mísseis de menor alcance e mais baratos também pode dar conta do recado. Só que neste caso é muito importante ter em mente que tais mísseis não podem ser colocados na própria área dos alvos, pois seu alcance menor iria impedir seu uso efetivo (bombas planadores e mísseis ar-terra decidiriam a questão). Eles teriam que ser colocados ocultos nas rotas de acesso, para tentar tocaiar os aviões atacantes na mínima distância possível. Nestas condições mesmo mísseis com alcances abaixo de 50 km já seriam eficientes, desde que não tivessem limitação de altitude. Eu usaria mísseis maiores como os S300/400 apenas em pequenas quantidades, para complicar ainda mais a situação dos inimigos forçando-os a evitar certas regiões e rotas de acesso, de forma a "arrebanhá-los" para as zonas de ação dos mísseis menores.
De qualquer forma, mísseis modernos de alcance maior podem ser muito caros, mas as aeronaves atuais são ainda muito, muito mais caras. Já os mísseis balísticos tendem a ser mais baratos, bem mais do que os aviões (e também menos precisos e menos capazes). Poucos países os usam realmente em quantidade na guerra convencional, e fora o caso da China nenhum deles é capaz de efetuar uma guerra de fato moderna.
Quanto ao resto vejo que já concordamos 100%
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Carlos Mathias escreveu:Eu não vejo nada demais e acho complicado, além do que, tem o pecado capital, é montado em carrocinhas.
Uma arma anti-míssil com canhão eu acho que necessariamente deverá sr de calibre menor e altíssima cadência.
Bolinhas batendo na lateral de uma bomba de 1 ton não deve fazer muito estrago.
Prá mim, sistema de canos rotativos e cadência acima de de 3000 TPM.
Esta é uma discussão muito interessante, e na verdade não tenho uma opinião formada.
Concordo que contra bombas de ferro os pequenos balins da munição inteligente são menos efetivos que impactos diretos de um calibre 20 ou 30mm (já contra mísseis isso não é tão verdadeiro), mas é preciso avaliar em que condições armas deste calibre podem realmente obter impacto direto contra seus alvos. Se o alvo do ataque fica no próprio ponto onde está localizado o canhão e a munição inimiga (míssil ou bomba) vem diretamente contra ele a coisa é mais fácil, o sistema de mira verá a munição inimiga o tempo todo praticamente na mesma posição em azimute e com uma variação de elevação bastante previsível. Assim é fácil montar uma “parede de balas” na frente da munição e esperar que ela acabe atingida por algum disparo. Por isso tais sistemas são considerados eficientes na auto-proteção de navios de guerra.
Mas se o alvo do ataque está deslocado com relação à posição do canhão existe uma grande mudança de azimute durante seu acompanhamento, combinada com a variação de elevação, e a montagem da “parede de balas” é impossível. Neste caso a possibilidade de se conseguir algum impacto direto é muitíssimo menor, e a munição inteligente elimina este problema. Por isso os navios de escolta levam também mísseis, pois precisam defender não apenas a si próprios mas aos navios escoltados, o que cai nesta condição. Além disso, tendo maior calibre e não dependendo da velocidade de impacto a munição inteligente tem um alcance efetivo maior, o que aumenta a área de cobertura do sistema AAe.
Por isso eu pessoalmente tendo a preferir os sistemas de maior calibre e munição inteligente, principalmente para uso em terra, pois aí ao invés de proteger um navio valendo centenas de milhões (que será sempre o alvo prioritário, as bombas e mísseis estarão quase sempre vindo diretamente contra ele) ele estará protegendo uma quantidade de alvos dispersos e de valor em muitos casos acima do próprio valor do sistema AAe, e muitas das munições lançadas pelo inimigo estarão justamente passando por ele à distância e com rápida variação de azimute. Além disso, se o sistema for móvel (e mesmo que não possa atirar em movimento) a melhor defesa contra um ataque direto com bombas de ferro será simplesmente acelerar e trocar de lugar, e quando a bomba chegar umas poucas dezenas de metros já garantirão a segurança. E se a bomba estiver direcionada a outro alvo que não possa se mover, então a solução é um míssil ACLOS e não um canhão.
Abraços à todos,
Leandro G. Card