GEOPOLÍTICA
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Re: GEOPOLÍTICA
29 de Outubro de 2010. INDÚSTRIA DA GUERRA
Índia e Israel, uma parceria confidencial
A cooperação armamentista entre os países é antiga e movimentou, em dez anos, US$ 10 bilhões. De maneira paradoxal, a aproximação com Israel deu à Índia uma alavanca em sua política no Oriente Médio: os Estados da região aprenderam a levar em consideração os interesses indianos
por Isabelle Saint-Mézard
Índia e Israel nasceram com um ano de intervalo, a primeira em 1947 e o segundo em 1948, sobre os escombros do Império Britânico, ao fim de um violento processo de divisão. Apesar de ambos experimentarem, desde o início, conflitos internos complexos, marcados por recorrentes enfrentamentos armados, isso não foi suficiente para criar afinidades entre os dois países. Muito pelo contrário.
A partir dos anos 1920, os chefes do movimento nacionalista indiano uniram-se aos árabes da Palestina contra o imperialismo britânico, opondo-se à vontade sionista de criar um Estado judeu. A Índia votou contra o plano de partilha da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 29 de novembro de 1947, e só reconheceu Israel em 1950. Até os anos 1980, ela continuou compondo um bloco com os países árabes na defesa do direito dos palestinos a um Estado soberano.
Essa postura, claro, era cheia de segundas intenções. A Índia preocupava-se com um possível alinhamento do mundo muçulmano às reivindicações paquistanesas sobre a Caxemira. Havia também o imperativo da segurança energética: Nova Délhi dependia dos países do Oriente Médio para seu abastecimento de petróleo. Além disso, para atenuar o grave desequilíbrio de sua balança de pagamentos no fim dos anos 1980 e na virada da década de 19901, contava com o dinheiro enviado por seus numerosos cidadãos que trabalhavam nos países do Golfo.
No entanto, com o passar das décadas, o fosso entre Índia e Israel reduziu-se. Desde os anos 1960, os dois países estabeleceram contatos secretos no campo militar e de informação. Israel mostrou-se disposto a ajudar o exército indiano em seus conflitos com a China (em 1962) e depois com o Paquistão (em 1965 e 1971). Em 1978, o então ministro de Defesa do país, Moshe Dayan, chegou a fazer uma visita secreta ao governo indiano para evocar uma eventual cooperação. Finalmente, em 1992, Nova Délhi estabeleceu laços diplomáticos formais com Tel Aviv. Essa decisão foi facilitada por um contexto internacional marcado pelo fim da Guerra Fria e pela conferência de Madrid, em outubro de 1991, sobre o Oriente Médio, que deixava entrever perspectivas de paz. Mas decorria também de uma decepção da Índia diante dos ínfimos resultados de sua política externa: não apenas Nova Délhi não neutralizou a influência do Paquistão junto aos países árabes, mas viu inúmeras vezes a Organização da Conferência Islâmica (OCI) adotar resoluções que condenavam suas posições sobre a Caxemira.
Embora tenha sido o Partido do Congresso, de centro-esquerda, que primeiro estabeleceu relações diplomáticas com Israel, foram os extremistas hindus do Bharatiya Janata Party (BJP) que, no poder entre 1998 e 2004, levaram ao máximo a parceria e deram um novo significado a ela. Desconfiado e até mesmo hostil em relação ao mundo muçulmano, o BJP não teve pudores em declarar abertamente sua simpatia por Tel Aviv. O contexto do pós 11 de setembro reforçou ainda mais esse novo laço, pois o governo de coalizão do BJP começou a promover a ideia de um “front das democracias liberais” face à ameaça do terrorismo islâmico.
Antiterrorismo
Essa visão política desembocou no sonho de um triângulo estratégico entre Israel, Índia e Estados Unidos2, ideia enunciada pela primeira vez no dia 8 de maio de 2003 por Brajesh Mishra, então conselheiro nacional de segurança indiano, no jantar de gala anual do American Jewish Committee (Comitê Judaico Americano): “Nosso tema principal aqui é lembrar coletivamente o horror do terrorismo e celebrar a aliança das sociedades livres engajadas no combate contra essa calamidade. Estados Unidos, Índia e Israel foram os principais alvos do terrorismo. Eles devem enfrentar em conjunto essa mesma monstruosa aparição que é o terrorismo dos tempos modernos3.” Em seguida, ocorreram discussões entre representantes dos três governos, sobretudo a respeito das questões de defesa e antiterrorismo.
Em 2004, o retorno do Partido do Congresso à frente de um governo de coalizão atenuou essa dimensão ideológica. Mas, no fundo, a relação israelo-indiana não foi substancialmente afetada. Pelo contrário, os laços diversificaram-se e nasceram colaborações nos setores da agricultura, turismo, ciências e tecnologias. Embora continuem largamente tributárias da indústria do diamante (quase 50% do volume total das importações e exportações entre os dois países em 2008)4, as trocas comerciais passaram de US$ 200 milhões em 1992 para US$ 4 bilhões em 2008. Mas a defesa permanece o centro da cooperação.
A sobrevivência da indústria armamentícia israelense depende de suas exportações. Até o fim dos anos 1990, elas eram realizadas majoritariamente em direção à China. Mas o veto dos Estados Unidos à transferência de tecnologias sensíveis a Pequim forçou Tel Aviv a voltar-se para outros mercados, entre os quais a Índia. Essa reorientação mostrou-se lucrativa, pois se deu num momento em que o crescimento econômico finalmente permitia que Nova Délhi financiasse suas necessidades (consideráveis) em matéria de defesa. A Índia, por sua vez, procurava novos fornecedores, pois os russos só conseguiam suprir parcialmente o vazio deixado pelo desaparecimento da União Soviética. Por fim, os Estados Unidos também aproximaram-se da Índia, facilitando as transferências de tecnologia. Os radares israelenses Phalcon, desenvolvidos pela indústria de defesa de Israel para a força aérea indiana5, são um bom exemplo disso. Depois de ter proibido a venda à China em 2000, Washington autorizou que ela fosse realizada para a Índia. Nova Délhi tirou dessa experiência uma conclusão clara: a aproximação com Tel Aviv permitiria-lhe o acesso às tecnologias de ponta que os Estados Unidos recusavam-se tanto a exportar.
Assim, em uma década, Tel Aviv conseguiu impor-se entre os principais fornecedores de armamento à Índia, que se tornou seu primeiro mercado de exportação. O volume dos contratos assinados ao longo dos dez últimos anos é estimado em algo próximo a US$ 10 bilhões6. Flexibilidade e reatividade foram os grandes trunfos de Israel. Flexibilidade porque o país teve de se adaptar às particularidades das forças armadas indianas, cujos equipamentos são, em sua maioria, de origem russo-soviética – daí os polpudos contratos para a modernização de tanques, porta-aviões, helicópteros e aviões de combate russo – todos equipados com material eletrônico israelense. Reatividade, com o abastecimento de emergência do exército indiano em munição, durante o enfrentamento com o Paquistão na Caxemira, em 1999, a chamada “crise de Kargil7”.
Cooperação
A cooperação industrial concentrou-se em dois setores de ponta: de um lado, radares de vigilância e drones; de outro, sistemas de mísseis. No que concerne aos primeiros, um contrato no valor de US$ 1,1 bilhão foi fechado em 2004 para a venda de três Phalcon. Já em relação aos mísseis Barak, a cooperação teve início em 2001, com um contrato de US$ 270 milhões para a venda de um sistema de defesa antinavio. Os negócios deram um passo decisivo em janeiro de 2006, quando os dois países decidiram codesenvolver uma nova geração do míssil. Um ano depois, eles anunciaram um projeto de acordo no valor de US$ 2,5 bilhões para o codesenvolvimento de um sistema de combate antiaéreo baseado no Barak, mas dessa vez destinado à força aérea e ao exército em terra.
As imagens de satélite são outro ponto de troca entre as nações. Em janeiro de 2008, a Índia lançou, por conta de Israel, um satélite de espionagem de última geração, capaz de fornecer informações sobre as instalações estratégicas iranianas. E, por sua própria conta, em abril de 2009 lançou outro, adquirido emergencialmente após os atentados de Mumbai, que, em novembro de 2008, fizeram 170 mortos e revelaram graves lacunas em matéria de vigilância do território. O país também comprou radares israelenses, por um valor de US$ 600 milhões, com o objetivo de reforçar seu dispositivo de alerta ao longo da costa ocidental.
Não há dúvida de que Israel está em posição privilegiada para acompanhar a Índia em seu esforço de aperfeiçoamento do dispositivo de segurança do território e, de maneira mais geral, para aprofundar uma cooperação já estreita em matéria de contraterrorismo. Os israelenses ajudaram na construção de uma barreira ao longo da linha de controle com o Paquistão, forneceram diversos sistemas de vigilância para impedir a infiltração de militantes islâmicos. Mas, acima de tudo, os israelenses estão entre os raríssimos intervenientes externos a fazerem-se presentes no teatro de operações da Caxemira.
Hoje Nova Délhi, assim como o conjunto da comunidade internacional, apoia a criação de um Estado palestino independente. Mas, ao longo das sucessivas crises entre Israel e seus vizinhos, sua diplomacia aprendeu a navegar de acordo com a maré. A abordagem indiana consiste em dissociar a relação bilateral dos vaivéns da situação no Oriente Médio – em outras palavras, proteger prioritariamente a cooperação com Israel, evitando voltar as costas aos países árabes. Daí as declarações oficiais cheias de nuances, condenando primeiro uma, depois outra, ponderadamente, tanto a cegueira dos ataques terroristas contra Israel quanto a brutalidade das “represálias”. A diplomacia indiana, aliás, tomou gosto por adotar uma posicão dúbia já que, embora se aproximando de Israel, o país também estabeleceu laços com o Irã no início dos anos 2000. Assim, antes da visita de Ariel Sharon, em setembro de 2003, Nova Délhi recebera, em janeiro do mesmo ano, o presidente Mohammed Khatami. De maneira um pouco paradoxal, a aproximação com Israel deu à Índia uma nova alavanca em sua política no Oriente Médio: os Estados da região aprenderam a considerar melhor os interesses indianos.
As tensões da Índia no Oriente Médio trazem muitas lições. Em um nível diplomático, elas são resultado de uma polarização previsível entre os defensores da postura tradicional, pró-árabe, e os partidários da parceria com Israel. Mas, de modo mais sutil, revelam também uma tensão interior, entre a necessidade de lidar com uma minoria de 160 milhões de indivíduos, que faz da Índia o terceiro Estado muçulmano no mundo, e uma fascinação inconfessa pelos métodos expeditivos de Israel. Métodos que alguns em Délhi estariam bem tentados a experimentar contra as esferas de influência terroristas baseadas no Paquistão.
Isabelle Saint-Mézard é especialista em questões estratégicas na Ásia Meridional e professora do Instituto de Estudos Políticos de Paris e do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco), coautora de Dictionnaire de l’Inde Contemporaine, Armand Collin, outubro 2010.
Índia e Israel, uma parceria confidencial
A cooperação armamentista entre os países é antiga e movimentou, em dez anos, US$ 10 bilhões. De maneira paradoxal, a aproximação com Israel deu à Índia uma alavanca em sua política no Oriente Médio: os Estados da região aprenderam a levar em consideração os interesses indianos
por Isabelle Saint-Mézard
Índia e Israel nasceram com um ano de intervalo, a primeira em 1947 e o segundo em 1948, sobre os escombros do Império Britânico, ao fim de um violento processo de divisão. Apesar de ambos experimentarem, desde o início, conflitos internos complexos, marcados por recorrentes enfrentamentos armados, isso não foi suficiente para criar afinidades entre os dois países. Muito pelo contrário.
A partir dos anos 1920, os chefes do movimento nacionalista indiano uniram-se aos árabes da Palestina contra o imperialismo britânico, opondo-se à vontade sionista de criar um Estado judeu. A Índia votou contra o plano de partilha da Palestina na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 29 de novembro de 1947, e só reconheceu Israel em 1950. Até os anos 1980, ela continuou compondo um bloco com os países árabes na defesa do direito dos palestinos a um Estado soberano.
Essa postura, claro, era cheia de segundas intenções. A Índia preocupava-se com um possível alinhamento do mundo muçulmano às reivindicações paquistanesas sobre a Caxemira. Havia também o imperativo da segurança energética: Nova Délhi dependia dos países do Oriente Médio para seu abastecimento de petróleo. Além disso, para atenuar o grave desequilíbrio de sua balança de pagamentos no fim dos anos 1980 e na virada da década de 19901, contava com o dinheiro enviado por seus numerosos cidadãos que trabalhavam nos países do Golfo.
No entanto, com o passar das décadas, o fosso entre Índia e Israel reduziu-se. Desde os anos 1960, os dois países estabeleceram contatos secretos no campo militar e de informação. Israel mostrou-se disposto a ajudar o exército indiano em seus conflitos com a China (em 1962) e depois com o Paquistão (em 1965 e 1971). Em 1978, o então ministro de Defesa do país, Moshe Dayan, chegou a fazer uma visita secreta ao governo indiano para evocar uma eventual cooperação. Finalmente, em 1992, Nova Délhi estabeleceu laços diplomáticos formais com Tel Aviv. Essa decisão foi facilitada por um contexto internacional marcado pelo fim da Guerra Fria e pela conferência de Madrid, em outubro de 1991, sobre o Oriente Médio, que deixava entrever perspectivas de paz. Mas decorria também de uma decepção da Índia diante dos ínfimos resultados de sua política externa: não apenas Nova Délhi não neutralizou a influência do Paquistão junto aos países árabes, mas viu inúmeras vezes a Organização da Conferência Islâmica (OCI) adotar resoluções que condenavam suas posições sobre a Caxemira.
Embora tenha sido o Partido do Congresso, de centro-esquerda, que primeiro estabeleceu relações diplomáticas com Israel, foram os extremistas hindus do Bharatiya Janata Party (BJP) que, no poder entre 1998 e 2004, levaram ao máximo a parceria e deram um novo significado a ela. Desconfiado e até mesmo hostil em relação ao mundo muçulmano, o BJP não teve pudores em declarar abertamente sua simpatia por Tel Aviv. O contexto do pós 11 de setembro reforçou ainda mais esse novo laço, pois o governo de coalizão do BJP começou a promover a ideia de um “front das democracias liberais” face à ameaça do terrorismo islâmico.
Antiterrorismo
Essa visão política desembocou no sonho de um triângulo estratégico entre Israel, Índia e Estados Unidos2, ideia enunciada pela primeira vez no dia 8 de maio de 2003 por Brajesh Mishra, então conselheiro nacional de segurança indiano, no jantar de gala anual do American Jewish Committee (Comitê Judaico Americano): “Nosso tema principal aqui é lembrar coletivamente o horror do terrorismo e celebrar a aliança das sociedades livres engajadas no combate contra essa calamidade. Estados Unidos, Índia e Israel foram os principais alvos do terrorismo. Eles devem enfrentar em conjunto essa mesma monstruosa aparição que é o terrorismo dos tempos modernos3.” Em seguida, ocorreram discussões entre representantes dos três governos, sobretudo a respeito das questões de defesa e antiterrorismo.
Em 2004, o retorno do Partido do Congresso à frente de um governo de coalizão atenuou essa dimensão ideológica. Mas, no fundo, a relação israelo-indiana não foi substancialmente afetada. Pelo contrário, os laços diversificaram-se e nasceram colaborações nos setores da agricultura, turismo, ciências e tecnologias. Embora continuem largamente tributárias da indústria do diamante (quase 50% do volume total das importações e exportações entre os dois países em 2008)4, as trocas comerciais passaram de US$ 200 milhões em 1992 para US$ 4 bilhões em 2008. Mas a defesa permanece o centro da cooperação.
A sobrevivência da indústria armamentícia israelense depende de suas exportações. Até o fim dos anos 1990, elas eram realizadas majoritariamente em direção à China. Mas o veto dos Estados Unidos à transferência de tecnologias sensíveis a Pequim forçou Tel Aviv a voltar-se para outros mercados, entre os quais a Índia. Essa reorientação mostrou-se lucrativa, pois se deu num momento em que o crescimento econômico finalmente permitia que Nova Délhi financiasse suas necessidades (consideráveis) em matéria de defesa. A Índia, por sua vez, procurava novos fornecedores, pois os russos só conseguiam suprir parcialmente o vazio deixado pelo desaparecimento da União Soviética. Por fim, os Estados Unidos também aproximaram-se da Índia, facilitando as transferências de tecnologia. Os radares israelenses Phalcon, desenvolvidos pela indústria de defesa de Israel para a força aérea indiana5, são um bom exemplo disso. Depois de ter proibido a venda à China em 2000, Washington autorizou que ela fosse realizada para a Índia. Nova Délhi tirou dessa experiência uma conclusão clara: a aproximação com Tel Aviv permitiria-lhe o acesso às tecnologias de ponta que os Estados Unidos recusavam-se tanto a exportar.
Assim, em uma década, Tel Aviv conseguiu impor-se entre os principais fornecedores de armamento à Índia, que se tornou seu primeiro mercado de exportação. O volume dos contratos assinados ao longo dos dez últimos anos é estimado em algo próximo a US$ 10 bilhões6. Flexibilidade e reatividade foram os grandes trunfos de Israel. Flexibilidade porque o país teve de se adaptar às particularidades das forças armadas indianas, cujos equipamentos são, em sua maioria, de origem russo-soviética – daí os polpudos contratos para a modernização de tanques, porta-aviões, helicópteros e aviões de combate russo – todos equipados com material eletrônico israelense. Reatividade, com o abastecimento de emergência do exército indiano em munição, durante o enfrentamento com o Paquistão na Caxemira, em 1999, a chamada “crise de Kargil7”.
Cooperação
A cooperação industrial concentrou-se em dois setores de ponta: de um lado, radares de vigilância e drones; de outro, sistemas de mísseis. No que concerne aos primeiros, um contrato no valor de US$ 1,1 bilhão foi fechado em 2004 para a venda de três Phalcon. Já em relação aos mísseis Barak, a cooperação teve início em 2001, com um contrato de US$ 270 milhões para a venda de um sistema de defesa antinavio. Os negócios deram um passo decisivo em janeiro de 2006, quando os dois países decidiram codesenvolver uma nova geração do míssil. Um ano depois, eles anunciaram um projeto de acordo no valor de US$ 2,5 bilhões para o codesenvolvimento de um sistema de combate antiaéreo baseado no Barak, mas dessa vez destinado à força aérea e ao exército em terra.
As imagens de satélite são outro ponto de troca entre as nações. Em janeiro de 2008, a Índia lançou, por conta de Israel, um satélite de espionagem de última geração, capaz de fornecer informações sobre as instalações estratégicas iranianas. E, por sua própria conta, em abril de 2009 lançou outro, adquirido emergencialmente após os atentados de Mumbai, que, em novembro de 2008, fizeram 170 mortos e revelaram graves lacunas em matéria de vigilância do território. O país também comprou radares israelenses, por um valor de US$ 600 milhões, com o objetivo de reforçar seu dispositivo de alerta ao longo da costa ocidental.
Não há dúvida de que Israel está em posição privilegiada para acompanhar a Índia em seu esforço de aperfeiçoamento do dispositivo de segurança do território e, de maneira mais geral, para aprofundar uma cooperação já estreita em matéria de contraterrorismo. Os israelenses ajudaram na construção de uma barreira ao longo da linha de controle com o Paquistão, forneceram diversos sistemas de vigilância para impedir a infiltração de militantes islâmicos. Mas, acima de tudo, os israelenses estão entre os raríssimos intervenientes externos a fazerem-se presentes no teatro de operações da Caxemira.
Hoje Nova Délhi, assim como o conjunto da comunidade internacional, apoia a criação de um Estado palestino independente. Mas, ao longo das sucessivas crises entre Israel e seus vizinhos, sua diplomacia aprendeu a navegar de acordo com a maré. A abordagem indiana consiste em dissociar a relação bilateral dos vaivéns da situação no Oriente Médio – em outras palavras, proteger prioritariamente a cooperação com Israel, evitando voltar as costas aos países árabes. Daí as declarações oficiais cheias de nuances, condenando primeiro uma, depois outra, ponderadamente, tanto a cegueira dos ataques terroristas contra Israel quanto a brutalidade das “represálias”. A diplomacia indiana, aliás, tomou gosto por adotar uma posicão dúbia já que, embora se aproximando de Israel, o país também estabeleceu laços com o Irã no início dos anos 2000. Assim, antes da visita de Ariel Sharon, em setembro de 2003, Nova Délhi recebera, em janeiro do mesmo ano, o presidente Mohammed Khatami. De maneira um pouco paradoxal, a aproximação com Israel deu à Índia uma nova alavanca em sua política no Oriente Médio: os Estados da região aprenderam a considerar melhor os interesses indianos.
As tensões da Índia no Oriente Médio trazem muitas lições. Em um nível diplomático, elas são resultado de uma polarização previsível entre os defensores da postura tradicional, pró-árabe, e os partidários da parceria com Israel. Mas, de modo mais sutil, revelam também uma tensão interior, entre a necessidade de lidar com uma minoria de 160 milhões de indivíduos, que faz da Índia o terceiro Estado muçulmano no mundo, e uma fascinação inconfessa pelos métodos expeditivos de Israel. Métodos que alguns em Délhi estariam bem tentados a experimentar contra as esferas de influência terroristas baseadas no Paquistão.
Isabelle Saint-Mézard é especialista em questões estratégicas na Ásia Meridional e professora do Instituto de Estudos Políticos de Paris e do Instituto Nacional de Línguas e Civilizações Orientais (Inalco), coautora de Dictionnaire de l’Inde Contemporaine, Armand Collin, outubro 2010.
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- Localização: Rio de Janeiro. RJ.
Re: GEOPOLÍTICA
"... Nova Délhi tirou dessa experiência uma conclusão clara: a aproximação com Tel Aviv permitiria-lhe o acesso às tecnologias de ponta que os Estados Unidos recusavam-se tanto a exportar..."
"... Os negócios deram um passo decisivo em janeiro de 2006, quando os dois países decidiram codesenvolver uma nova geração do míssil. Um ano depois, eles anunciaram um projeto de acordo no valor de US$ 2,5 bilhões para o codesenvolvimento de um sistema de combate antiaéreo baseado no Barak, mas dessa vez destinado à força aérea e ao exército em terra..."
"...As imagens de satélite são outro ponto de troca entre as nações. Em janeiro de 2008, a Índia lançou, por conta de Israel, um satélite de espionagem de última geração, capaz de fornecer informações sobre as instalações estratégicas iranianas. E, por sua própria conta, em abril de 2009 lançou outro, adquirido emergencialmente após os atentados de Mumbai, que, em novembro de 2008, fizeram 170 mortos e revelaram graves lacunas em matéria de vigilância do território..."
"...Não há dúvida de que Israel está em posição privilegiada para acompanhar a Índia em seu esforço de aperfeiçoamento do dispositivo de segurança do território e, de maneira mais geral, para aprofundar uma cooperação já estreita em matéria de contraterrorismo. Os israelenses ajudaram na construção de uma barreira ao longo da linha de controle com o Paquistão, forneceram diversos sistemas de vigilância para impedir a infiltração de militantes islâmicos. Mas, acima de tudo, os israelenses estão entre os raríssimos intervenientes externos a fazerem-se presentes no teatro de operações da Caxemira..."
"... Os negócios deram um passo decisivo em janeiro de 2006, quando os dois países decidiram codesenvolver uma nova geração do míssil. Um ano depois, eles anunciaram um projeto de acordo no valor de US$ 2,5 bilhões para o codesenvolvimento de um sistema de combate antiaéreo baseado no Barak, mas dessa vez destinado à força aérea e ao exército em terra..."
"...As imagens de satélite são outro ponto de troca entre as nações. Em janeiro de 2008, a Índia lançou, por conta de Israel, um satélite de espionagem de última geração, capaz de fornecer informações sobre as instalações estratégicas iranianas. E, por sua própria conta, em abril de 2009 lançou outro, adquirido emergencialmente após os atentados de Mumbai, que, em novembro de 2008, fizeram 170 mortos e revelaram graves lacunas em matéria de vigilância do território..."
"...Não há dúvida de que Israel está em posição privilegiada para acompanhar a Índia em seu esforço de aperfeiçoamento do dispositivo de segurança do território e, de maneira mais geral, para aprofundar uma cooperação já estreita em matéria de contraterrorismo. Os israelenses ajudaram na construção de uma barreira ao longo da linha de controle com o Paquistão, forneceram diversos sistemas de vigilância para impedir a infiltração de militantes islâmicos. Mas, acima de tudo, os israelenses estão entre os raríssimos intervenientes externos a fazerem-se presentes no teatro de operações da Caxemira..."
- Marino
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Re: GEOPOLÍTICA
Estudo oficial alerta para abandono e vulnerabilidade das fronteiras do País
Trabalho de 140 páginas assinado por grupo ligado ao Ministério da Integração Nacional registra a forte presença
do tráfico de drogas e do contrabando nessas regiões e propõe 34 medidas, incluindo reforço de segurança e
medidas para atrair profissionais
Marcelo de Moraes - O Estado de S.Paulo
A poucos dias do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo concluiu o estudo sobre os
problemas encontrados na faixa de fronteira do País. Em 140 páginas, o trabalho constata a conhecida vulnerabilidade das
extensas áreas (15,7 mil quilômetros) ao contrabando e ao tráfico e exibe a carência de políticas públicas específicas para
essas localidades.
O relatório foi preparado pelo Grupo de Trabalho Interfederativo de Integração Fronteiriça e entregue ao presidente
neste mês. Teve coordenação do Ministério da Integração Nacional e propõe 34 medidas para tentar reagir aos problemas
encontrados. As propostas incluem desde os óbvios pedidos de reforço de efetivo policial e de capacitação de agentes,
fiscais e outros profissionais para atuar em ações específicas até a criação de gratificações especiais para incentivar
profissionais a se interessarem pelo trabalho nessas regiões.
Foi considerado prioritário o aumento de infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo na faixa
de fronteira, especialmente nas isoladas áreas da região Norte do Brasil.
Além disso, outra prioridade defendida é a de implementar a infraestrutura hospitalar - quase sempre mínima ou
inexistente nesses locais.
O grupo de trabalho ainda sugere a legalização do processo de contratação de médicos e de outros profissionais de
países vizinhos, mas apenas para operação nesses locais, e a criação de escolas bilíngues.
A ampliação dos horários de funcionamento das aduanas vem como proposta para tentar aumentar o combate ao
contrabando. Além disso, é sugerida a criação de um regime especial ou diferenciado para exportações e importações entre
micro e pequenas empresas. Segundo o estudo, essas empresas hoje não conseguem operar por conta dos "requisitos
legais e cadastrais aplicados de forma igualitária às médias e grandes empresas".
Armas e drogas. Os problemas nos cuidados da enorme extensão da faixa de fronteira brasileira se refletem em
situações cotidianas, como a entrada ilegal de armas e drogas que chegam aos grandes centros urbanos. A faixa abrange
588 cidades, espalhadas por 11 Estados, envolvendo cerca de 10 milhões de habitantes.
Uma característica especial desse vasto território é a presença das chamadas cidades-gêmeas. Na prática, são
cidades vizinhas, separadas apenas pela fronteira entre os países. Em alguns casos, isso se resume ao simples gesto de
atravessar uma rua.
O estudo do governo mostra que, se as cidades-gêmeas podem ajudar na desejada integração da faixa de fronteira,
representam também um caminho de acesso ao Brasil para o tráfico e para o contrabando. "Estas também servem de porta
de entrada de produtos ilícitos de diversas naturezas e de saída de recursos naturais e minerais, explorados sem controle e
ilegalmente, gerando danos ao meio ambiente", cita o documento.
Além disso, em várias situações, o chamado "fluxo financeiro e econômico não desejável" acaba tendo a tolerância de
governos vizinhos.
"Cabe lembrar que nem todos os fluxos financeiros e econômicos observados ao longo da zona de fronteira
representam situações desejáveis, na medida em que algumas relações ocorrem à margem da lei. Contudo, tratam-se de
características do desenvolvimento dessas regiões que acabam por requerer um olhar especial do poder público, no sentido
de modificar os incentivos econômicos e promover a adequação das economias locais aos limites da legislação", descreve o
relatório.
"Um exemplo do sistema produtivo de fronteira, que combina comportamentos legais e ilegais, é encontrado na zona
de fronteira entre Foz do Iguaçu e a Zona Franca de Ciudad del Este. Esta última concentra empresas que consomem
subprodutos de indústrias localizadas no Brasil sob a forma de contrabando, voltando ao Brasil e sendo registrado como
produto brasileiro ou paraguaio ou ainda de um terceiro país, dependendo do câmbio e das mudanças na política brasileira
de impostos incidentes sobre importação e exportação", exemplifica o trabalho.
Desafio. "É um grande desafio conseguir soluções concretas para os problemas apresentados na faixa de fronteira. E
eu diria que o ponto central não está na quantidade de pessoas que se coloca para trabalhar nessa região. O principal é a
organização e racionalização do trabalho e dos recursos financeiros destinados", avalia Fábio Cunha, diretor do
Departamento de Programas das regiões Norte e Nordeste da Secretaria de Políticas Regionais do Ministério da Integração
Nacional.
"O tratamento diferenciado da faixa de fronteira entrou definitivamente na agenda do governo", diz Cláudia Cybelle
Freire, gerente-executiva do Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira.
Trabalho de 140 páginas assinado por grupo ligado ao Ministério da Integração Nacional registra a forte presença
do tráfico de drogas e do contrabando nessas regiões e propõe 34 medidas, incluindo reforço de segurança e
medidas para atrair profissionais
Marcelo de Moraes - O Estado de S.Paulo
A poucos dias do fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governo concluiu o estudo sobre os
problemas encontrados na faixa de fronteira do País. Em 140 páginas, o trabalho constata a conhecida vulnerabilidade das
extensas áreas (15,7 mil quilômetros) ao contrabando e ao tráfico e exibe a carência de políticas públicas específicas para
essas localidades.
O relatório foi preparado pelo Grupo de Trabalho Interfederativo de Integração Fronteiriça e entregue ao presidente
neste mês. Teve coordenação do Ministério da Integração Nacional e propõe 34 medidas para tentar reagir aos problemas
encontrados. As propostas incluem desde os óbvios pedidos de reforço de efetivo policial e de capacitação de agentes,
fiscais e outros profissionais para atuar em ações específicas até a criação de gratificações especiais para incentivar
profissionais a se interessarem pelo trabalho nessas regiões.
Foi considerado prioritário o aumento de infraestrutura de transporte rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo na faixa
de fronteira, especialmente nas isoladas áreas da região Norte do Brasil.
Além disso, outra prioridade defendida é a de implementar a infraestrutura hospitalar - quase sempre mínima ou
inexistente nesses locais.
O grupo de trabalho ainda sugere a legalização do processo de contratação de médicos e de outros profissionais de
países vizinhos, mas apenas para operação nesses locais, e a criação de escolas bilíngues.
A ampliação dos horários de funcionamento das aduanas vem como proposta para tentar aumentar o combate ao
contrabando. Além disso, é sugerida a criação de um regime especial ou diferenciado para exportações e importações entre
micro e pequenas empresas. Segundo o estudo, essas empresas hoje não conseguem operar por conta dos "requisitos
legais e cadastrais aplicados de forma igualitária às médias e grandes empresas".
Armas e drogas. Os problemas nos cuidados da enorme extensão da faixa de fronteira brasileira se refletem em
situações cotidianas, como a entrada ilegal de armas e drogas que chegam aos grandes centros urbanos. A faixa abrange
588 cidades, espalhadas por 11 Estados, envolvendo cerca de 10 milhões de habitantes.
Uma característica especial desse vasto território é a presença das chamadas cidades-gêmeas. Na prática, são
cidades vizinhas, separadas apenas pela fronteira entre os países. Em alguns casos, isso se resume ao simples gesto de
atravessar uma rua.
O estudo do governo mostra que, se as cidades-gêmeas podem ajudar na desejada integração da faixa de fronteira,
representam também um caminho de acesso ao Brasil para o tráfico e para o contrabando. "Estas também servem de porta
de entrada de produtos ilícitos de diversas naturezas e de saída de recursos naturais e minerais, explorados sem controle e
ilegalmente, gerando danos ao meio ambiente", cita o documento.
Além disso, em várias situações, o chamado "fluxo financeiro e econômico não desejável" acaba tendo a tolerância de
governos vizinhos.
"Cabe lembrar que nem todos os fluxos financeiros e econômicos observados ao longo da zona de fronteira
representam situações desejáveis, na medida em que algumas relações ocorrem à margem da lei. Contudo, tratam-se de
características do desenvolvimento dessas regiões que acabam por requerer um olhar especial do poder público, no sentido
de modificar os incentivos econômicos e promover a adequação das economias locais aos limites da legislação", descreve o
relatório.
"Um exemplo do sistema produtivo de fronteira, que combina comportamentos legais e ilegais, é encontrado na zona
de fronteira entre Foz do Iguaçu e a Zona Franca de Ciudad del Este. Esta última concentra empresas que consomem
subprodutos de indústrias localizadas no Brasil sob a forma de contrabando, voltando ao Brasil e sendo registrado como
produto brasileiro ou paraguaio ou ainda de um terceiro país, dependendo do câmbio e das mudanças na política brasileira
de impostos incidentes sobre importação e exportação", exemplifica o trabalho.
Desafio. "É um grande desafio conseguir soluções concretas para os problemas apresentados na faixa de fronteira. E
eu diria que o ponto central não está na quantidade de pessoas que se coloca para trabalhar nessa região. O principal é a
organização e racionalização do trabalho e dos recursos financeiros destinados", avalia Fábio Cunha, diretor do
Departamento de Programas das regiões Norte e Nordeste da Secretaria de Políticas Regionais do Ministério da Integração
Nacional.
"O tratamento diferenciado da faixa de fronteira entrou definitivamente na agenda do governo", diz Cláudia Cybelle
Freire, gerente-executiva do Programa de Promoção do Desenvolvimento da Faixa de Fronteira.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Continuidade com incertezas
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis
A relação com a China será o maior desafio, pelo impacto divisor que produz no Brasil: o
setor manufatureiro perde enquanto a mineração ganha
Entendemos a política externa a partir das relações internacionais do Brasil em sentido amplo,
que inclui política, economia, defesa-segurança e ambiente-clima-energia, produzidos em vários
ministérios. A política externa de Dilma provavelmente dará continuidade aos principais delineamentos
da de Lula: ênfase crescente nas relações Sul-Sul -com destaque para políticas direcionadas à América
do Sul, China, Índia, a países africanos e árabes- e estabilidade com os Estados Unidos, a União
Europeia, a Rússia e o Japão.
A nova escalada autoritária na Venezuela e as tensões com o Ocidente, geradas pela política de
Lula com o Irã, podem produzir certo distanciamento em relação a esses regimes. A importância da
atuação no G20 prosseguirá, ao lado de demandas por mais reformas no FMI e no Banco Mundial.
Provavelmente haverá diminuição da ênfase na reforma do Conselho de Segurança da ONU, pelo
reconhecimento de que as perspectivas são remotas. Na proteção internacional dos direitos humanos,
pode-se esperar certa crítica aos regimes ostensivamente violadores.
Haverá, provavelmente, a diminuição da retórica integracionista da América do Sul, devido ao
reconhecimento das limitações estruturais para o avanço, já que todos os países, exceto o Uruguai,
priorizam ostensivamente o interesse nacional imediato em detrimento da integração. Com o iminente
acesso da Venezuela ao Mercosul, a estagnação do bloco se aprofundará. A relação com a China será
provavelmente o maior desafio, pelo impacto divisor que produz no Brasil: enquanto produtores de
minérios e alimentos ganham muito com a interdependência comercial crescente, o setor manufatureiro é
perdedor. O dilema é manter economia equilibrada e diversificada ou aprofundar a retomada da
tendência de grande produtor de commodities.
É difícil conjeturar sobre a direção do governo Dilma, em função da falta de visão estratégica de
longo prazo das últimas décadas. Por parte do governo Obama, poderá haver interesse em elevar para
um nível mais estratégico a relação com o Brasil, mas sua efetivação dependerá do governo brasileiro
perceber os limites na sua atual política Sul-Sul. Os conflitos comerciais entre o Brasil e os Estados
Unidos poderão se aprofundar. Haverá continuidade na politica de defesa: parceria estratégica prioritária
com França e secundariamente com EUA e outros países europeus, participação destacada das Forças
Armadas brasileiras em operações de paz da ONU e oposição ao Protocolo Adicional ao Tratado de Não
Proliferação Nuclear.
A defasagem entre o recente avanço da política climática brasileira, com metas de redução de
emissões, e a posição de negociação internacional, que mantém o país atrelado às posições
conservadoras de China e Índia, é provável que não permaneça por muito tempo, em função do peso de
empresas modernas e da opinião pública.
Uma eventual exploração do pré-sal, com captura e estocagem de carbono, poderá acelerar essa
tendência. As potencialidades do Brasil têm sido subestimadas quando expressas na atual política
externa focalizada nas relações Sul-Sul.
O país, se colocado como ponte entre Norte e Sul, alçaria posição legítima de liderança na
construção da governança global.
Esse é um fator estrutural de mudança que pode ser considerado no médio e no longo prazo. Um
elemento positivo para potenciais avanços é a mentalidade mais pragmática do ministro Patriota.
EDUARDO VIOLA, 61, é professor titular de relações internacionais da UnB (Universidade de
Brasília).
HÉCTOR RICARDO LEIS, 67, é professor associado de ciência política da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina). Ambos são membros do Instituto Millenium.
Eduardo Viola e Héctor Ricardo Leis
A relação com a China será o maior desafio, pelo impacto divisor que produz no Brasil: o
setor manufatureiro perde enquanto a mineração ganha
Entendemos a política externa a partir das relações internacionais do Brasil em sentido amplo,
que inclui política, economia, defesa-segurança e ambiente-clima-energia, produzidos em vários
ministérios. A política externa de Dilma provavelmente dará continuidade aos principais delineamentos
da de Lula: ênfase crescente nas relações Sul-Sul -com destaque para políticas direcionadas à América
do Sul, China, Índia, a países africanos e árabes- e estabilidade com os Estados Unidos, a União
Europeia, a Rússia e o Japão.
A nova escalada autoritária na Venezuela e as tensões com o Ocidente, geradas pela política de
Lula com o Irã, podem produzir certo distanciamento em relação a esses regimes. A importância da
atuação no G20 prosseguirá, ao lado de demandas por mais reformas no FMI e no Banco Mundial.
Provavelmente haverá diminuição da ênfase na reforma do Conselho de Segurança da ONU, pelo
reconhecimento de que as perspectivas são remotas. Na proteção internacional dos direitos humanos,
pode-se esperar certa crítica aos regimes ostensivamente violadores.
Haverá, provavelmente, a diminuição da retórica integracionista da América do Sul, devido ao
reconhecimento das limitações estruturais para o avanço, já que todos os países, exceto o Uruguai,
priorizam ostensivamente o interesse nacional imediato em detrimento da integração. Com o iminente
acesso da Venezuela ao Mercosul, a estagnação do bloco se aprofundará. A relação com a China será
provavelmente o maior desafio, pelo impacto divisor que produz no Brasil: enquanto produtores de
minérios e alimentos ganham muito com a interdependência comercial crescente, o setor manufatureiro é
perdedor. O dilema é manter economia equilibrada e diversificada ou aprofundar a retomada da
tendência de grande produtor de commodities.
É difícil conjeturar sobre a direção do governo Dilma, em função da falta de visão estratégica de
longo prazo das últimas décadas. Por parte do governo Obama, poderá haver interesse em elevar para
um nível mais estratégico a relação com o Brasil, mas sua efetivação dependerá do governo brasileiro
perceber os limites na sua atual política Sul-Sul. Os conflitos comerciais entre o Brasil e os Estados
Unidos poderão se aprofundar. Haverá continuidade na politica de defesa: parceria estratégica prioritária
com França e secundariamente com EUA e outros países europeus, participação destacada das Forças
Armadas brasileiras em operações de paz da ONU e oposição ao Protocolo Adicional ao Tratado de Não
Proliferação Nuclear.
A defasagem entre o recente avanço da política climática brasileira, com metas de redução de
emissões, e a posição de negociação internacional, que mantém o país atrelado às posições
conservadoras de China e Índia, é provável que não permaneça por muito tempo, em função do peso de
empresas modernas e da opinião pública.
Uma eventual exploração do pré-sal, com captura e estocagem de carbono, poderá acelerar essa
tendência. As potencialidades do Brasil têm sido subestimadas quando expressas na atual política
externa focalizada nas relações Sul-Sul.
O país, se colocado como ponte entre Norte e Sul, alçaria posição legítima de liderança na
construção da governança global.
Esse é um fator estrutural de mudança que pode ser considerado no médio e no longo prazo. Um
elemento positivo para potenciais avanços é a mentalidade mais pragmática do ministro Patriota.
EDUARDO VIOLA, 61, é professor titular de relações internacionais da UnB (Universidade de
Brasília).
HÉCTOR RICARDO LEIS, 67, é professor associado de ciência política da UFSC
(Universidade Federal de Santa Catarina). Ambos são membros do Instituto Millenium.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA
Dilma sinaliza que dará ênfase à relação com a China
América Latina deve se manter como prioridade do governo
Garcia: "Com a China não temos nenhum contencioso geopolítico"
Sergio Leo | De Brasília
Antes mesmo de tomar posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, esboça iniciativas para dar
grande importância às relações entre China e Brasil, informou ao Valoro assessor internacional do atual
e do próximo governo, Marco Aurélio Garcia. Dilma cogita ir à China em abril; pretende mandar em visita
ao país o novo ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o próprio Garcia; e planeja
"multiplicar esforços com os chineses", para encontrar áreas de atuação conjunta e enfrentar os
problemas bilaterais, como atritos na área comercial.
"Vai haver em abril a reunião dos BRICs [Brasil, Índia, Rússia e China] e queremos fazer essa
viagem", informou Garcia. "Queremos desenhar um conjunto de iniciativas em direção à China". O
assessor, que deverá ter reforçada a equipe da assessoria no próximo governo, dá apenas indicações
gerais dos planos de Dilma Rousseff, sobre os quais tem conversado "três a quatro vezes por dia" com o
futuro ministro de Relações Exteriores. "Com a China não temos nenhum contencioso geopolítico, o que
é algo importante; temos de trabalhar bem essas questões, tirar proveito disso", diz Garcia. "Não temos
de buscar posições de enfrentamento, mas de clarificação de questões: onde houver diferenças,
explicitar e tentar resolver claramente".
O futuro governo não cederá "a determinadas posições aqui ou lá fora, por uma política de
contenção dos chineses", diz Garcia, enigmático, parecendo sugerir que as pressões por barreiras à
importação de produtos chineses não serão uma prática indiscriminada. "Temos alguns problemas
bilaterais que vamos resolver; alguns já estão sendo resolvidos, com medidas com processos
antidumping", comenta o assessor. "Mas outros problemas não são da China, são nossos,
potencializados pela competitividade chinesa."
A América do Sul continua a maior prioridade do governo. "Se queremos garantir espaço para a
América Latina como polo mundial, temos de dar mais musculatura à região", analisa. Dilma pretende
aproveitar a cerimônia de posse, em 1º de janeiro, para ter a primeira conversa, após eleita, com o
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um dos principais líderes da região, que, após perder a
vantagem folgada que tinha no Congresso venezuelano, conseguiu aprovar medidas que aumentam o
poder do Executivo e o controle presidencial sobre o país.
Garcia não comenta a avaliação feita pelo novo governo sobre o que é considerado pela
oposição venezuelana e por analistas internacionais um ataque de Chávez à democracia no país e no
continente. "Temos uma política para lidar com Chávez, e determinadas questões não serão comentadas
em público", diz ele. A conversa com Dilma, se confirmada, servirá para ter uma visão abrangente sobre
o que acontece na Venezuela. argumenta. "Temos de ter mais informação, ver de perto, ter uma posição
de resolver problemas, não de sair disparando", comenta o assessor, um dos principais interlocutores do
governo Lula com a Venezuela.
"Faz algum tempo que a gente não conversa, ele estava ocupado com questões internas, uma
situação difícil, nem foi à reunião do Mercosul", diz Garcia. O encontro entre os dois presidentes não está
ainda confirmado, e mais de 20 chefes de Estado devem vir à posse ("mais que na posse de Lula"), além
de personalidade como a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que, enviada pelo presidente
Barack Obama, interromperá férias para prestigiar a cerimônia em Brasília. Não está decidido, também,
se Dilma encontrará Hillary.
Garcia minimiza as declarações de assessores da presidente eleita, de que haverá mudanças na
política externa para reaproximar os governos brasileiro e americano. Se houve esfriamento, não foi por
decisão do governo brasileiro, argumenta ele, que, porém, como o futuro ministro Antonio Patriota,
conversou com o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, William Burns, sobre a
reativação da agenda de cooperação entre os dois países. Há conversas para uma visita de Dilma aos
EUA, seguida de uma visita de Obama ao Brasil, se possível no primeiro semestre, confirmou o
assessor.
América Latina deve se manter como prioridade do governo
Garcia: "Com a China não temos nenhum contencioso geopolítico"
Sergio Leo | De Brasília
Antes mesmo de tomar posse, a presidente eleita, Dilma Rousseff, esboça iniciativas para dar
grande importância às relações entre China e Brasil, informou ao Valoro assessor internacional do atual
e do próximo governo, Marco Aurélio Garcia. Dilma cogita ir à China em abril; pretende mandar em visita
ao país o novo ministro de Relações Exteriores, Antonio Patriota, e o próprio Garcia; e planeja
"multiplicar esforços com os chineses", para encontrar áreas de atuação conjunta e enfrentar os
problemas bilaterais, como atritos na área comercial.
"Vai haver em abril a reunião dos BRICs [Brasil, Índia, Rússia e China] e queremos fazer essa
viagem", informou Garcia. "Queremos desenhar um conjunto de iniciativas em direção à China". O
assessor, que deverá ter reforçada a equipe da assessoria no próximo governo, dá apenas indicações
gerais dos planos de Dilma Rousseff, sobre os quais tem conversado "três a quatro vezes por dia" com o
futuro ministro de Relações Exteriores. "Com a China não temos nenhum contencioso geopolítico, o que
é algo importante; temos de trabalhar bem essas questões, tirar proveito disso", diz Garcia. "Não temos
de buscar posições de enfrentamento, mas de clarificação de questões: onde houver diferenças,
explicitar e tentar resolver claramente".
O futuro governo não cederá "a determinadas posições aqui ou lá fora, por uma política de
contenção dos chineses", diz Garcia, enigmático, parecendo sugerir que as pressões por barreiras à
importação de produtos chineses não serão uma prática indiscriminada. "Temos alguns problemas
bilaterais que vamos resolver; alguns já estão sendo resolvidos, com medidas com processos
antidumping", comenta o assessor. "Mas outros problemas não são da China, são nossos,
potencializados pela competitividade chinesa."
A América do Sul continua a maior prioridade do governo. "Se queremos garantir espaço para a
América Latina como polo mundial, temos de dar mais musculatura à região", analisa. Dilma pretende
aproveitar a cerimônia de posse, em 1º de janeiro, para ter a primeira conversa, após eleita, com o
presidente da Venezuela, Hugo Chávez, um dos principais líderes da região, que, após perder a
vantagem folgada que tinha no Congresso venezuelano, conseguiu aprovar medidas que aumentam o
poder do Executivo e o controle presidencial sobre o país.
Garcia não comenta a avaliação feita pelo novo governo sobre o que é considerado pela
oposição venezuelana e por analistas internacionais um ataque de Chávez à democracia no país e no
continente. "Temos uma política para lidar com Chávez, e determinadas questões não serão comentadas
em público", diz ele. A conversa com Dilma, se confirmada, servirá para ter uma visão abrangente sobre
o que acontece na Venezuela. argumenta. "Temos de ter mais informação, ver de perto, ter uma posição
de resolver problemas, não de sair disparando", comenta o assessor, um dos principais interlocutores do
governo Lula com a Venezuela.
"Faz algum tempo que a gente não conversa, ele estava ocupado com questões internas, uma
situação difícil, nem foi à reunião do Mercosul", diz Garcia. O encontro entre os dois presidentes não está
ainda confirmado, e mais de 20 chefes de Estado devem vir à posse ("mais que na posse de Lula"), além
de personalidade como a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que, enviada pelo presidente
Barack Obama, interromperá férias para prestigiar a cerimônia em Brasília. Não está decidido, também,
se Dilma encontrará Hillary.
Garcia minimiza as declarações de assessores da presidente eleita, de que haverá mudanças na
política externa para reaproximar os governos brasileiro e americano. Se houve esfriamento, não foi por
decisão do governo brasileiro, argumenta ele, que, porém, como o futuro ministro Antonio Patriota,
conversou com o subsecretário de Estado para Assuntos Políticos dos EUA, William Burns, sobre a
reativação da agenda de cooperação entre os dois países. Há conversas para uma visita de Dilma aos
EUA, seguida de uma visita de Obama ao Brasil, se possível no primeiro semestre, confirmou o
assessor.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
Barão do Rio Branco
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Re: GEOPOLÍTICA
Vou deixar aqui um link para um texto muito interessante que eu não consigo postar...
http://www.revistamilitar.pt/modules/ar ... php?id=439
Boa leitura!
http://www.revistamilitar.pt/modules/ar ... php?id=439
Boa leitura!
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Re: GEOPOLÍTICA
OPINIÃO
Caleidoscópio mundial
*José Luís Fiori
Durante a primeira década do Século XXI, o Brasil conquistou um razoável grau de liberdade
para poder definir autonomamente sua estratégia de desenvolvimento e de inserção internacional num
mundo em plena transformação. O sistema mundial saiu da crise econômica de 2008, dividido em três
blocos cada vez mais distantes, do ponto de vista de suas políticas e da sua velocidade de recuperação:
os EUA, a União Europeia e algumas grandes economias nacionais emergentes, entre as quais se inclui
o Brasil.
Mas do ponto de vista geopolítico, o sistema mundial ainda segue vivendo uma difícil transição -
depois do fim da Guerra Fria - de volta ao seu padrão de funcionamento original. Desde o início do
século XIX, o sistema interestatal capitalista se expandiu liderado pela Grã Bretanha, e por mais algumas
potências europeias, cuja competição e expansão coletiva foi abrindo portas para o surgimento de novos
"poderes imperiais", como foi o caso da Prússia e da Rússia, num primeiro momento, e da Alemanha,
EUA e Japão, meio século mais tarde. Da mesma forma como aconteceu depois da "crise americana" da
década de 1970.
Depois da derrota do Vietnã, e da reaproximação com a China, entre 1971 e 1973, o poder
americano cresceu de forma contínua, construindo uma extensa rede de alianças e uma infraestrutura
militar global que lhe permite até o hoje o controle quase monopólico, naval, aéreo e espacial de todo o
mundo. Mas ao mesmo tempo, essa expansão do poder americano contribuiu para a "ressurreição"
militar da Alemanha e do Japão e para a autonomização e fortalecimento da China, Índia, Irã e Turquia,
além do retorno da Rússia, ao "grande jogo" da Ásia Central e do Oriente Médio. Os revezes militares
dos Estados Unidos na primeira década do século desaceleraram o seu projeto imperial. Mas uma coisa
é certa, os EUA não abdicarão voluntariamente do poder global que já conquistaram e não renunciarão à
sua expansão contínua, no futuro. Qualquer possibilidade de limitação desse poder só poderá vir do
aumento da capacidade conjunta de resistência das novas potências.
Por outro lado, depois do fim do Sistema de Bretton Woods, entre 1971 e 1973, a economia
americana cresceu de forma quase contínua, até o início do século XXI. Ao associar-se com a economia
chinesa, a estratégia americana diminuiu a importância relativa da Alemanha e do Japão, para sua
"máquina de acumulação", a escala global. E ao mesmo tempo, contribuiu para transformar a Ásia no
principal centro de acumulação capitalista do mundo, transformando a China numa economia nacional
com enorme poder de gravitação sobre toda a economia mundial.
Essa nova geometria política e econômica do sistema mundial se consolidou na primeira década
do século XXI, e deve se manter nos próximos anos. Os Estados Unidos manterão sua centralidade
dentro do sistema como única potência capaz de intervir em todos os tabuleiros geopolíticos do mundo e
que emite a moeda de referência internacional. Desunida, a União Europeia terá um papel secundário,
como coadjuvante dos Estados Unidos, sobretudo se a Rússia e a Turquia aceitarem participar do
"escudo europeu anti-mísseis", a convite dos EUA e da Otan. Nesse novo contexto internacional, a Índia,
o Brasil, a Turquia, o Irã, a África do Sul, e talvez a Indonésia, deverão aumentar o seu poder regional e
global, em escalas diferentes, mas ainda não terão por muito tempo capacidade de projetar seu poder
militar além das suas fronteiras regionais.
De qualquer forma, três coisas se podem dizer com bastante certeza, neste início da segunda
década do século XXI:
1. Não existe nenhuma "lei" que defina a sucessão obrigatória e a data do fim da supremacia
americana. Mas é absolutamente certo que a simples ultrapassagem econômica dos EUA não
transformará automaticamente a China numa potência global, nem muito menos no líder do sistema
mundial.
2. Terminou definitivamente o tempo dos "pequenos países" conquistadores. O futuro do sistema
mundial envolverá - daqui para a frente - uma espécie de "guerra de posições" permanente entre grandes
"países continentais", como é o caso pioneiro dos EUA, e agora é também o caso da China, Rússia, Índia
e Brasil. Nessa disputa, os EUA já ocupam o epicentro do sistema mundial, mas mesmo antes que os
outros quatro países adquiram a capacidade militar e financeira indispensável à condição de potência
global, eles já controlam em conjunto cerca de 1/3 do território, e quase 1/2 da população mundial.
3. Por fim, a definição da estratégia internacional do Brasil não depende da "taxa de declínio" dos
EUA, mas não pode desconhecer a existência do poder americano. Assim mesmo, gostem ou não os
conservadores, o Brasil já entrou no grupo dos Estados e das economias nacionais que fazem parte do
"calidoscópio central" do sistema, onde todos competem com todos, e todas as alianças são possíveis,
em função dos objetivos estratégicos do país.
*José Luís Fiori é professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Economia Política Internacional da UFRJ, e autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo,
2007.
Caleidoscópio mundial
*José Luís Fiori
Durante a primeira década do Século XXI, o Brasil conquistou um razoável grau de liberdade
para poder definir autonomamente sua estratégia de desenvolvimento e de inserção internacional num
mundo em plena transformação. O sistema mundial saiu da crise econômica de 2008, dividido em três
blocos cada vez mais distantes, do ponto de vista de suas políticas e da sua velocidade de recuperação:
os EUA, a União Europeia e algumas grandes economias nacionais emergentes, entre as quais se inclui
o Brasil.
Mas do ponto de vista geopolítico, o sistema mundial ainda segue vivendo uma difícil transição -
depois do fim da Guerra Fria - de volta ao seu padrão de funcionamento original. Desde o início do
século XIX, o sistema interestatal capitalista se expandiu liderado pela Grã Bretanha, e por mais algumas
potências europeias, cuja competição e expansão coletiva foi abrindo portas para o surgimento de novos
"poderes imperiais", como foi o caso da Prússia e da Rússia, num primeiro momento, e da Alemanha,
EUA e Japão, meio século mais tarde. Da mesma forma como aconteceu depois da "crise americana" da
década de 1970.
Depois da derrota do Vietnã, e da reaproximação com a China, entre 1971 e 1973, o poder
americano cresceu de forma contínua, construindo uma extensa rede de alianças e uma infraestrutura
militar global que lhe permite até o hoje o controle quase monopólico, naval, aéreo e espacial de todo o
mundo. Mas ao mesmo tempo, essa expansão do poder americano contribuiu para a "ressurreição"
militar da Alemanha e do Japão e para a autonomização e fortalecimento da China, Índia, Irã e Turquia,
além do retorno da Rússia, ao "grande jogo" da Ásia Central e do Oriente Médio. Os revezes militares
dos Estados Unidos na primeira década do século desaceleraram o seu projeto imperial. Mas uma coisa
é certa, os EUA não abdicarão voluntariamente do poder global que já conquistaram e não renunciarão à
sua expansão contínua, no futuro. Qualquer possibilidade de limitação desse poder só poderá vir do
aumento da capacidade conjunta de resistência das novas potências.
Por outro lado, depois do fim do Sistema de Bretton Woods, entre 1971 e 1973, a economia
americana cresceu de forma quase contínua, até o início do século XXI. Ao associar-se com a economia
chinesa, a estratégia americana diminuiu a importância relativa da Alemanha e do Japão, para sua
"máquina de acumulação", a escala global. E ao mesmo tempo, contribuiu para transformar a Ásia no
principal centro de acumulação capitalista do mundo, transformando a China numa economia nacional
com enorme poder de gravitação sobre toda a economia mundial.
Essa nova geometria política e econômica do sistema mundial se consolidou na primeira década
do século XXI, e deve se manter nos próximos anos. Os Estados Unidos manterão sua centralidade
dentro do sistema como única potência capaz de intervir em todos os tabuleiros geopolíticos do mundo e
que emite a moeda de referência internacional. Desunida, a União Europeia terá um papel secundário,
como coadjuvante dos Estados Unidos, sobretudo se a Rússia e a Turquia aceitarem participar do
"escudo europeu anti-mísseis", a convite dos EUA e da Otan. Nesse novo contexto internacional, a Índia,
o Brasil, a Turquia, o Irã, a África do Sul, e talvez a Indonésia, deverão aumentar o seu poder regional e
global, em escalas diferentes, mas ainda não terão por muito tempo capacidade de projetar seu poder
militar além das suas fronteiras regionais.
De qualquer forma, três coisas se podem dizer com bastante certeza, neste início da segunda
década do século XXI:
1. Não existe nenhuma "lei" que defina a sucessão obrigatória e a data do fim da supremacia
americana. Mas é absolutamente certo que a simples ultrapassagem econômica dos EUA não
transformará automaticamente a China numa potência global, nem muito menos no líder do sistema
mundial.
2. Terminou definitivamente o tempo dos "pequenos países" conquistadores. O futuro do sistema
mundial envolverá - daqui para a frente - uma espécie de "guerra de posições" permanente entre grandes
"países continentais", como é o caso pioneiro dos EUA, e agora é também o caso da China, Rússia, Índia
e Brasil. Nessa disputa, os EUA já ocupam o epicentro do sistema mundial, mas mesmo antes que os
outros quatro países adquiram a capacidade militar e financeira indispensável à condição de potência
global, eles já controlam em conjunto cerca de 1/3 do território, e quase 1/2 da população mundial.
3. Por fim, a definição da estratégia internacional do Brasil não depende da "taxa de declínio" dos
EUA, mas não pode desconhecer a existência do poder americano. Assim mesmo, gostem ou não os
conservadores, o Brasil já entrou no grupo dos Estados e das economias nacionais que fazem parte do
"calidoscópio central" do sistema, onde todos competem com todos, e todas as alianças são possíveis,
em função dos objetivos estratégicos do país.
*José Luís Fiori é professor titular e coordenador do Programa de Pós-Graduação em
Economia Política Internacional da UFRJ, e autor do livro "O Poder Global", da Editora Boitempo,
2007.
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Re: GEOPOLÍTICA
Este texto é muito bom, reitero o alerta, A Lêr!!!! Finalmente consegui perceber a cola que uniu o intrincado rendilhado do nazismo.Hader escreveu:Vou deixar aqui um link para um texto muito interessante que eu não consigo postar...
http://www.revistamilitar.pt/modules/ar ... php?id=439
Boa leitura!
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Re: GEOPOLÍTICA
País queixou-se de voos militares perto da fronteira
Segundo WikiLeaks, Brasil manifestou sua preocupação à Colômbia e pediu o cancelamento de manobras com os
EUA
Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
Um telegrama da Embaixada dos EUA em Bogotá indica que militares americanos realizaram voos na fronteira entre a
Colômbia e o Brasil, na Floresta Amazônica. Segundo o documento, vazado pelo site WikiLeaks, o Ministério da Defesa
brasileiro sabia dos exercícios e chegou a pedir o cancelamento das manobras.
O telegrama é de 2009 e revela uma conversa em agosto desse ano entre o então Ministro da Defesa da Colômbia,
Gabriel Silva, com o então embaixador americano em Bogotá, William Brownfield. "Silva informou ao embaixador sobre as
ações diplomáticas tomadas pelo governo brasileiro, que está preocupado com os voos americanos próximos ao Brasil e um
possível aumento dos militares americanos na Colômbia", afirmou o telegrama.
Silva relatou aos americanos como teria sido a visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Colômbia em agosto de
2009. "Silva afirmou que os brasileiros expressaram preocupação com as missões transfronteiriças", indicou o documento.
Segundo o telegrama americano, o embaixador brasileiro em Bogotá chegou a se reunir com Silva e com o então
vice-chanceler para manifestar essa preocupação. A diplomacia americana também foi informada de que o Brasil tinha
pedido aos colombianos uma cópia do acordo para o estabelecimento de bases militares americanas no país. "O chanceler
da Colômbia nos informou que não pretendiam compartilhar o texto (do acordo)", afirmou o telegrama.
Na mesma conversa, Silva informou aos americanos sobre a preocupação do então presidente colombiano, Álvaro
Uribe, com possíveis "ataques cirúrgicos" por parte da Venezuela. Silva, então, pediu aos americanos que aumentassem
suas atividades militares na fronteira com a Venezuela.
Segundo WikiLeaks, Brasil manifestou sua preocupação à Colômbia e pediu o cancelamento de manobras com os
EUA
Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
Um telegrama da Embaixada dos EUA em Bogotá indica que militares americanos realizaram voos na fronteira entre a
Colômbia e o Brasil, na Floresta Amazônica. Segundo o documento, vazado pelo site WikiLeaks, o Ministério da Defesa
brasileiro sabia dos exercícios e chegou a pedir o cancelamento das manobras.
O telegrama é de 2009 e revela uma conversa em agosto desse ano entre o então Ministro da Defesa da Colômbia,
Gabriel Silva, com o então embaixador americano em Bogotá, William Brownfield. "Silva informou ao embaixador sobre as
ações diplomáticas tomadas pelo governo brasileiro, que está preocupado com os voos americanos próximos ao Brasil e um
possível aumento dos militares americanos na Colômbia", afirmou o telegrama.
Silva relatou aos americanos como teria sido a visita do ministro da Defesa, Nelson Jobim, à Colômbia em agosto de
2009. "Silva afirmou que os brasileiros expressaram preocupação com as missões transfronteiriças", indicou o documento.
Segundo o telegrama americano, o embaixador brasileiro em Bogotá chegou a se reunir com Silva e com o então
vice-chanceler para manifestar essa preocupação. A diplomacia americana também foi informada de que o Brasil tinha
pedido aos colombianos uma cópia do acordo para o estabelecimento de bases militares americanas no país. "O chanceler
da Colômbia nos informou que não pretendiam compartilhar o texto (do acordo)", afirmou o telegrama.
Na mesma conversa, Silva informou aos americanos sobre a preocupação do então presidente colombiano, Álvaro
Uribe, com possíveis "ataques cirúrgicos" por parte da Venezuela. Silva, então, pediu aos americanos que aumentassem
suas atividades militares na fronteira com a Venezuela.
"A reconquista da soberania perdida não restabelece o status quo."
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Re: GEOPOLÍTICA
Wikileaks: EUA acharam 'débil' reação do Brasil a Bolívia
30 de dezembro de 2010 • 09h06
Para os Estados Unidos, a reação do governo brasileiro à medida da Bolívia que nacionalizou os hidrocarbonetos em 2006 foi "débil". É o que consta nos telegramas da diplomacia americana em Brasília, vazados pelo WikiLeaks e divulgados nesta quinta-feira pelo jornal Folha de São Paulo . Os documentos sugerem que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, teve influência nas ações de Evo Morales que culminaram na nacionalização de refinarias da Petrobras na Bolívia.
"No âmbito político, Lula e sua equipe de política externa não poderiam estar pior do que estão agora", afirma o comentário enviado pela embaixada em 3 de maio de 2006, dois dias depois da nacionalização boliviana. Com ironia, a diplomacia americana considerou a crise um revés para "a teologia do governo Lula sobre uma nova era de 'integração regional' liderada pelo Brasil". Os documentos sugerem, ainda, que Lula era cada vez mais visto pela "imaginação popular" como um presidente "atropelado, manipulado e enganado pelos 'hermanos' Chávez e Morales". O telegrama inclui a explicação brasileira para a atuação do governo diante da "crise". Nos documentos, Marcelo Biato, então da assessoria internacional do Planalto e hoje embaixador em La Paz, justifica: "Nós não podemos escolher nossos vizinhos. Não gostamos do modus operandi de Chávez ou das surpresas de Morales, mas temos de lidar com esses caras de alguma maneira e manter a ideia de integração regional viva".
O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.
Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais, e solto no dia 16. Agora, Assange espera em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição
30 de dezembro de 2010 • 09h06
Para os Estados Unidos, a reação do governo brasileiro à medida da Bolívia que nacionalizou os hidrocarbonetos em 2006 foi "débil". É o que consta nos telegramas da diplomacia americana em Brasília, vazados pelo WikiLeaks e divulgados nesta quinta-feira pelo jornal Folha de São Paulo . Os documentos sugerem que o presidente venezuelano, Hugo Chávez, teve influência nas ações de Evo Morales que culminaram na nacionalização de refinarias da Petrobras na Bolívia.
"No âmbito político, Lula e sua equipe de política externa não poderiam estar pior do que estão agora", afirma o comentário enviado pela embaixada em 3 de maio de 2006, dois dias depois da nacionalização boliviana. Com ironia, a diplomacia americana considerou a crise um revés para "a teologia do governo Lula sobre uma nova era de 'integração regional' liderada pelo Brasil". Os documentos sugerem, ainda, que Lula era cada vez mais visto pela "imaginação popular" como um presidente "atropelado, manipulado e enganado pelos 'hermanos' Chávez e Morales". O telegrama inclui a explicação brasileira para a atuação do governo diante da "crise". Nos documentos, Marcelo Biato, então da assessoria internacional do Planalto e hoje embaixador em La Paz, justifica: "Nós não podemos escolher nossos vizinhos. Não gostamos do modus operandi de Chávez ou das surpresas de Morales, mas temos de lidar com esses caras de alguma maneira e manter a ideia de integração regional viva".
O vazamento WikiLeaks
No dia 28 de novembro, a organização WikiLeaks divulgou mais de 250 mil documentos secretos enviados de embaixadas americanas ao redor do mundo a Washington. A maior parte dos dados trata de assuntos diplomáticos - o que provocou a reação de diversos países e causou constrangimento ao governo dos Estados Unidos. Alguns documentos externam a posição dos EUA sobre líderes mundiais.
Em outros relatórios, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, pede que os representantes atuem como espiões. Durante o ano, o WikiLeaks já havia divulgado outros documentos polêmicos sobre as guerras do Afeganistão e do Iraque, mas os dados sobre a diplomacia americana provocaram um escândalo maior. O fundador da organização, o australiano Julian Assange, foi preso no dia 7 de dezembro, em Londres, sob acusação emitida pela Suécia de crimes sexuais, e solto no dia 16. Agora, Assange espera em liberdade condicional por uma nova audiência de extradição
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Re: GEOPOLÍTICA
Taí a prova de que o Brasil agiu de maneira correta no caso das nacionalizações das refinarias na Bolívia.Marino escreveu:Wikileaks: EUA acharam 'débil' reação do Brasil a Bolívia
30 de dezembro de 2010 • 09h06
Bancar o valentão a `la USA´ só iria trazer mais problemas do que soluções.
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Re: GEOPOLÍTICA
Acho que isso resume a sinuca."Nós não podemos escolher nossos vizinhos. Não gostamos do modus operandi de Chávez ou das surpresas de Morales, mas temos de lidar com esses caras de alguma maneira e manter a ideia de integração regional viva".
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Re: GEOPOLÍTICA
Paisano escreveu:Taí a prova de que o Brasil agiu de maneira correta no caso das nacionalizações das refinarias na Bolívia.Marino escreveu:Wikileaks: EUA acharam 'débil' reação do Brasil a Bolívia
30 de dezembro de 2010 • 09h06
Bancar o valentão a `la USA´ só iria trazer mais problemas do que soluções.
Mas foi o discurso do Serra, na última campanha. Surpresa ???
Salu2.
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"
Re: GEOPOLÍTICA
Olá Marino, desculpe insistir perguntar isso aqui, sei que o tópico não é o mais apropriado para isso.Marino escreveu:Sou Oficial da Armada.
Se vc pretende fazer a EspCEx, sugiro pensar em fazer a prova para o Colégio Naval, ou a Escola Naval. A Escola de Aprendizes Marinheiros faz a formação das Praças, dos Marinheiros que guarnecerão as OM da MB.
De lá saem Marinheiros que, depois de fazerem sua especialização, são promovidos a Cabo; que ao fazerem concurso para a Escola de Sargentos, são promovidos a esta graduação; depois fazendo o Curso de Sob-Oficiais, são promovidos.
O Colégio Naval é o antigo 2º Grau, e dá acesso direto à Escola Naval, que forma os Oficiais da MB.
A EspCEx será transformada, e lá ocorrerá o 1º ano da AMAN, que passará a ter 5 anos. Se vc se preparou para este concurso, estará preparado para os da MB também.
Boa sorte.
Como deve ter visto em meu avatar, eu também quero prestar EsPCEx, aliás já prestei esse ano e fui bem na prova objetiva e por ela teria passado...porém meu português ,como deve estar vendo, é um lixo(morei minha vida inteira no Canadá e fui alfabetizado em inglês) e assim me ferrei na redação e fui eliminado (além de escrever um texto ruim esqueci o título). Estou no 2° colegial indo para o 3°, portanto antes só tinha EsPCEx em mente pois era a única que eu tinha idade para ingressar porém agora tenho várias possibilidades. Queria perguntar se nas FFAA há alguma distinção de remuneração ente as 3 forças ou se varia apenas por patente e não pela força. A idéia de escolher a vida militar pela remuneração me parece terrível, mas somos todos filhos de Deus e assim temos que comer... Queria saber também, se puder dizer, como será essas mudanças na EsPCEx, quando elas ocorrerão e se a escolaridade mínima será aumentada para o 3° colegial(o que implicaria em um acréscimo de matérias que teremos de estudar para a prova). Em um tom menos formal, queria perguntar o que você acha da vida nas FFAA e se o esforço que o militar faz através de sua vida inteira é "recompensado".(não sou "mercenário" mas eu vi que o salário inicial, segundo o site da EsPCEx, de um aspirante a oficial no EB sofreu um aumento de ~4800$ para ~5100$, ou seja um aumento de 6,25% no salário bruto , isso dá o que? 1-2% acima da inflação? Enquanto isso lá em Brasília estão dando um aumento de 61,83% )
ps- achei o site da Escola Naval muito confuso...já tentei procurar informações lá mas você fica meio que "andando em circulos"...hora que você vê você está no mesmo lugar que estava há uma hora atrás e ainda não descobriu o que queria
Abraços
João
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Re: GEOPOLÍTICA
O Serra tem que explicar o baton na cueca chamado "o pré-sal e a Chevron".pafuncio escreveu:Paisano escreveu: Taí a prova de que o Brasil agiu de maneira correta no caso das nacionalizações das refinarias na Bolívia.
Bancar o valentão a `la USA´ só iria trazer mais problemas do que soluções.
Mas foi o discurso do Serra, na última campanha. Surpresa ???
Salu2.