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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 2:51 pm
por Marino
A nova ordem mundial ganha outra cara
O mundo tornou-se multipolar, mas é muito diferente daquilo que imaginava Bush pai e muitos americanos
Parag Khanna, Foreign Policy
Por acaso você está procurando um sinal de quando o mundo multipolar repentinamente tornou-se realidade? Não
seria uma má ideia escolher o dia em que Brasil e Turquia - duas potências emergentes que buscam avidamente uma
projeção internacional - se uniram, em maio, anunciando a intenção de intermediar um acordo de troca de combustível
nuclear com o Irã - que teria potencial, mas que não se concretizou, infelizmente - para uma solução pacífica do impasse.
Turquia e Brasil não são superpotências e tampouco são membros do Conselho de Segurança da ONU. No entanto,
como o presidente Barack Obama, ao assumir o governo dos EUA, preconizou um novo foco no multilateralismo, as
potências emergentes nos lembram que o respeito pela hierarquia não consta mais da agenda de ninguém.
Como tudo ficou diferente em questão de algumas décadas. Há pouco mais de 20 anos, o presidente George H. Bush
- que acabara de presenciar a queda do Muro de Berlim e de ver a União Soviética se desintegrar diante de seus olhos -
subiu ao pódio de granito da Assembleia-Geral da ONU, em Nova York, e proclamou uma "nova ordem mundial", em que o
sistema internacional era dominado pelos EUA e "o estado de direito suplantava a lei da selva".
Poder brando.
Duas décadas mais tarde, essa "nova ordem mundial" que estamos vivendo não se parece em nada com o que Bush
e muitos americanos imaginavam ou esperavam. Naturalmente, os EUA ainda possuem o Exército mais poderoso do
mundo, mas sua utilidade vem diminuindo à medida que a capacidade para dissuadir e resistir fica mais difusa.
Senão, vejamos o caso do Iraque e do Afeganistão. A força militar e a influência política já não seguem mais juntas.
Quando a primeira é excessiva, pode prejudicar a última. De modo mais fundamental, o mundo ficou rapidamente multipolar,
com a União Europeia se tornando um ator econômico maior do que os EUA, enquanto a China aumenta, em todos os
aspectos, seu poder brando e duro.
Hoje, Obama não poderia fazer um discurso sobre uma "nova ordem mundial". Antes, ele teria de negociar com seus
pares em Bruxelas e Pequim. No que se refere à democracia, um novo termo entrou no nosso vocabulário, o capitalismo de
Estado autoritário, destacando as opções não ocidentais que todo o Estado tem hoje a sua escolha. Ninguém fala mais do
Consenso de Washington, mas sim em Consenso de Pequim, Consenso de Mumbai e até em alguma coisa meio jocosa
chamada Consenso de Canuck, que estão disputando os corações e as mentes das elites globais.
Novo modelo.
Em vez de um mundo de alianças, o que observamos é um mundo de múltiplos alinhamentos. A globalização significa
jamais precisar escolher um lado. Basta olhar para os Estados do Golfo Pérsico. Eles fazem acordos de armamentos
milionários com Washington, compram armas para reciclar seus petrodólares e dissuadir o Irã, assinam grandes acordos
comerciais com a China, para onde flui cada vez mais o seu petróleo, e negociam, ao mesmo tempo, acordos monetários
com a União Europeia.
Se há alguma dúvida quanto a ausência de uma perspectiva de longo prazo governando as relações internacionais,
basta examinar como os EUA interromperam a produção conjunta de certas armas com Israel, punindo os israelenses por
venderem tecnologia considerada secreta para a China, que, por sua vez, vende tecnologia para fabricação de mísseis para
o Irã, cujos líderes querem apagar Israel do mapa. Todos jogam com todos um tipo de jogo que é uma espécie de "dilema
do prisioneiro" que não tem fim.
George Bush pai decidiu discursar nas Nações Unidas por uma razão: os EUA eram a potência predominante, mas
ele defendia o multilateralismo. Paralisada durante a Guerra Fria, a ONU naquele momento tinha a chance de assumir o
papel central de árbitro da governança global para o qual foi projetada. Mas, em vez de ser a personificação do
multilateralismo, a organização tem provado que é apenas uma simples manifestação dele.
Independência.
Atualmente, agências independentes, como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o Fundo Monetário
Internacional (FMI), que ficaram mais importantes em consequência da crise financeira dos últimos anos, são nossos órgãos
globais efetivos e unicamente econômicos por natureza.
O G-20, entretanto, mal conseguiu cumprir sua proposta de ser o "novo comitê diretor do mundo". No recente
encontro de cúpula, na Coreia do Sul, os líderes mundiais qualificaram as propostas dos EUA para harmonizar os atuais
déficits e superávits das contas correntes de "desinformadas". Há muito tempo, o Conselho de Segurança da ONU deixou de
ser um órgão legítimo ou eficaz e são poucas as perspectivas de reforma.
Como vimos de modo tão doloroso este ano, as Nações Unidas não conseguiram forjar um acordo global sobre o
clima e nem fazer com que o mundo cumprisse as Metas de Desenvolvimento para o Milênio. Para cada uma dessas
questões, existem diversas agências especializadas, como o Programa Alimentar Mundial, o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados, que essencialmente garantem as próprias contribuições para seu financiamento e se
desenvolvem segundo seu próprio ritmo.
As instituições que temos que mais se aproximam de uma governança global estão no plano regional, e são algo
muito mais promissores. Trata-se da profundamente arraigada e supranacional União Europeia, da rejuvenescida
Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), e da nascente União Africana. Cada uma dessas organizações está
criando uma ordem regional ajustada ao nível de desenvolvimento e às prioridades de seus membros.
No Sudão e na Somália, é Uganda que lidera os esforços diplomáticos e de manutenção da paz. No caso dos
palestinos, a Liga Árabe pensa em criar uma força de paz. Quanto ao Irã, a Turquia agora lidera os esforços para conter
Teerã.
A expectativa era a de que o mundo de 1990 continuasse fundamentalmente internacional. No entanto, em vez disso,
sua estrutura mudou à medida que a globalização capacitou legiões de atores não estatais transnacionais, como
corporações, organizações não governamentais e grupos religiosos.
"Nova nova ordem mundial". Como resultado, o que vemos no mundo hoje são reivindicações que coincidem e
competem entre si, de autoridade e legitimidade. A Fundação Gates distribui mais dinheiro anualmente do que qualquer país
europeu.
Os habitantes dos povoados na Nigéria ficam à espera de mantimentos fornecidos pela Shell, e não pelo governo. A
instituição Oxfam é o modelo de agência de desenvolvimento da Grã-Bretanha, muito mais do que o inverso.
Nem os EUA, tampouco as Nações Unidas, podem colocar o gênio de volta na garrafa. A cada ano que passa,
realizar acordos em Davos e as ações da Clinton Global Initiative tornam-se mais importantes do que as declarações vazias
em reuniões de cúpula internacionais.
Davos e outros centros de reunião são lugares em que a "nova nova ordem mundial" está sendo criada. E isso vem
ocorrendo de baixo para cima, e não no caminho contrário.
É BOLSISTA SÊNIOR DA NEW AMERICA FOUNDATION E AUTOR DO LIVRO ""THE SECOND WORLD: HOW
EMERGING POWERS ARE REDEFINING GLOBAL COMPETITION AT THE 21ST CENTURY""

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 2:53 pm
por Marino
Contra China, EUA e Vietnã forjam aliança
Países antes antagônicos buscam parceria econômica, militar e nuclear em oposição ao expansionismo chinês
Hanói quer aumentar o poder de barganha em disputa territorial com vizinho; Washington mira estratégia asiática
FABIANO MAISONNAVE
Unidos pela oposição à política chinesa para o Sudeste Asiático, EUA e Vietnã atravessam o melhor momento das
relações bilaterais desde o fim da guerra, há 35 anos.
A aproximação inclui aumento das relações comerciais, colaboração militar e até negociações para um acordo
nuclear.
Quinze anos depois que o então presidente Bill Clinton restabeleceu as relações diplomáticas, a visita de altos
funcionários americanos ao Vietnã já virou quase uma rotina: a secretária de Estado, Hillary Clinton, e o da Defesa, Robert
Gates, estiveram lá nos últimos meses.
O comércio bilateral também tem se beneficiado. No ano passado, chegou a US$ 15,4 bilhões, contra apenas US$ 1
bilhão em 2001, quando os dois países firmaram um tratado comercial.
A balança tem sido bastante favorável para o Vietnã, que tem nos EUA seu principal comprador. Um dos frutos mais
surpreendentes dessa aproximação é a negociação de um acordo nuclear para fins civis, pelo qual os EUA transfeririam
tecnologia nuclear e urânio enriquecido ao Vietnã, algo impensável poucos anos atrás.
O realinhamento tem como pano de fundo as cada vez mais difíceis relações entre Pequim e Hanói por causa de
disputas territoriais e a estratégia do governo Barack Obama de conter a influência chinesa na Ásia.
FRICÇÃO
Dezenas de pescadores vietnamitas foram presos nos últimos meses por patrulhas chinesas na região das ilhas
Paracel, reclamadas por ambos os países e tomadas por Pequim em 1974.
"Nos últimos três anos, a assertividade chinesa tem provocado fricção nas relações com o Vietnã e se tornou a fonte
mais séria de insegurança no Sudeste Asiático", diz o analista Carlyle Thayer.
Os EUA dão sinais cada vez mais claros de apoio ao Vietnã na disputa. Em sua primeira visita, Hillary provocou a ira
dos chineses ao afirmar que o Mar do Sul da China é "interesse nacional" americano e se oferecer para mediar disputas.
Pequim classificou o discurso como "praticamente um ataque contra a China". "O Vietnã tem uma difícil disputa
territorial com a China e tem buscado usar o poder americano para aumentar seu poder de barganha, mas no final será um
peão sacrificado no jogo de poder dos EUA", disse, em agosto, o almirante chinês Yang Yi.
Pequim prefere negociações bilaterais para lidar com a disputa de cerca de 200 territórios nessa região, de ilhas a
pequenos rochedos, com Vietnã, Brunei, Malásia, Taiwan, Indonésia e Filipinas, todos diplomaticamente mais próximos dos
EUA.
O apoio diplomático tem ganhado contornos militares. Um mês após o discurso de Hillary, em agosto, o destróier USS
John McCain foi ao Vietnã para comemorar os 15 anos de restabelecimento das relações diplomáticas. As duas Marinhas
realizaram as primeiras atividades em conjunto desde a guerra.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 3:14 pm
por EDSON
O maior inimigo dos vietmainas sempre foram os chineses.

"Os vietnamita assim como os russos são uns cães" Mao Tse Tung

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 6:05 pm
por Hader
Para o chinês tudo que está fora da suas fronteiras é "cão".

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 6:15 pm
por suntsé
como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 7:17 pm
por Bolovo
suntsé escreveu:como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....
Pior que tem sim. O Vietnã entrou em guerra com a China em 79 e os dois lados declaram vitória. Alias, o Vietnã é fogo, entrou em guerra com Japão, França, EUA, Camboja, China, enfim, todo mundo hahaha

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 7:58 pm
por suntsé
Bolovo escreveu:
suntsé escreveu:como é bom ser um pais musculoso, a China tem questões territoriais pendentes com varios países vizinhos, todos odeiam eles...mais ninguém tem coragem de bancar o valente....
Pior que tem sim. O Vietnã entrou em guerra com a China em 79 e os dois lados declaram vitória. Alias, o Vietnã é fogo, entrou em guerra com Japão, França, EUA, Camboja, China, enfim, todo mundo hahaha
È mas a China de 79 não é a mesma China de Hoje. Hoje as forças armadas chinesas são muito mais sofisticadas e modernas. O estrago que eles podem fazer no Vietnã em caso de guerra é incalculavel. No campo da guerra eletrônica eles estão muito desenvolvidos, se o Vietnã não tiver forças armadas modernas modernas e com capacidade de fazer bom uso da tecnologia eletrônica, ele podem se dar muito mal.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 8:00 pm
por Bolovo
Sim, obviamente. A China é um gigante. Mas o Vietna é outro país bem safado.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 8:02 pm
por Sterrius
Vietna sempre tiveram que ser bem belicosos para manter sua independencia. ISso vem desde 938 quando conseguiram a independencia da china. Não é facil manter certa independencia perto de um gigante como a china.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 8:07 pm
por prp
Os vetcongs são tudo sangue nos zoi. :twisted: O povim brabo só.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 10:36 pm
por AlbertoRJ
De olho no Pré-Sal:

Petroleiras eram contra novas regras para pré-sal

As petroleiras americanas não queriam a mudança no marco de exploração de petróleo no pré-sal que o governo aprovou no Congresso, e uma delas ouviu do então pré-candidato favorito à Presidência, José Serra (PSDB), a promessa de que a regra seria alterada caso ele vencesse.

É isso que mostra telegrama diplomático dos EUA de dezembro de 2009 obtido pelo site WikiLeaks (http://www.wikileaks.ch). A organização teve acesso a milhares de despachos. A Folha e outras seis publicações têm acesso antecipado à divulgação no site do WikiLeaks.

"Deixa esses caras [do PT] fazerem o que eles quiserem. As rodadas de licitações não vão acontecer, e aí nós vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionava... E nós mudaremos de volta", disse Serra a Patricia Pradal, diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações com o Governo da petroleira norte-americana Chevron, segundo relato do telegrama.

O despacho relata a frustração das petrolíferas com a falta de empenho da oposição em tentar derrubar a proposta do governo brasileiro.

O texto diz que Serra se opõe ao projeto, mas não tem "senso de urgência". Questionado sobre o que as petroleiras fariam nesse meio tempo, Serra respondeu, sempre segundo o relato: "Vocês vão e voltam".

A executiva da Chevron relatou a conversa com Serra ao representante de economia do consulado dos EUA no Rio. O cônsul Dennis Hearne repassou as informações no despacho "A indústria do petróleo conseguirá derrubar a lei do pré-sal?".

O governo alterou o modelo de exploração _que desde 1997 era baseado em concessões--, obrigando a partilha da produção das novas reservas. A Petrobras tem de ser parceira em todos os consórcios de exploração e é operadora exclusiva dos campos. A regra foi aprovada na Câmara este mês.

A *Folha*teve acesso a seis telegramas do consulado dos EUA no Rio sobre a descoberta da reserva de petróleo, obtidos pelo WikiLeaks.

Datados entre janeiro de 2008 e dezembro de 2009, mostram a preocupação da diplomacia dos EUA com as novas regras. O crescente papel da Petrobras como "operadora chefe" também é relatado com preocupação.

O consultado também avaliava, em 15 de abril de 2008, que as descobertas de petróleo e o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) poderiam "turbinar" a candidatura de Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil.

O consulado cita que o Brasil se tornará um "player" importante no mercado de energia internacional.

Em outro telegrama, de 27 de agosto de 2009, a executiva da Chevron comenta que uma nova estatal deve ser criada para gerir a nova reserva porque "o PMDB precisa de uma companhia".

Texto de 30 de junho de 2008 diz que a reativação da Quarta Frota da Marinha dos EUA, na época da descoberta do pré-sal, causou reação nacionalista. A frota é destinada a agir no Atlântico Sul, área de influência brasileira.

http://m.folha.uol.com.br/poder/844642- ... e-sal.html

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 10:41 pm
por DELTA22
Sorry, Serra, não foi dessa vez (again)!!! MUAHAHAHAAHAHA (risada sinistra)... :twisted: :twisted: :twisted: :twisted: :twisted:

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 10:43 pm
por prp
Agora conta a novidade. :roll:

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Dez 12, 2010 11:57 pm
por Túlio
suntsé escreveu: È mas a China de 79 não é a mesma China de Hoje. Hoje as forças armadas chinesas são muito mais sofisticadas e modernas. O estrago que eles podem fazer no Vietnã em caso de guerra é incalculavel. No campo da guerra eletrônica eles estão muito desenvolvidos, se o Vietnã não tiver forças armadas modernas modernas e com capacidade de fazer bom uso da tecnologia eletrônica, ele podem se dar muito mal.


Mas sua grande força ainda é a MASSA! E já tinham isso quando se pegaram com o pequeno Vietnã. Não era uma guerra hi-tech, era na bala e fim. Sua superioridade em meios já era avassaladora mas...

Lembra apenas um pouco a guerra Russo-Finlandesa, aliás... 8-]

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Dez 13, 2010 10:24 am
por GustavoB
Para o que serve mesmo a Otan?

O objetivo do novo projeto estratégico da Otan é garantir a atual distribuição do poder no mundo, que favorece principalmente os EUA e manter o controle de recursos minerais e energéticos para suas empresas

Por Rómulo Pardo Silva

Não é possível compreender as mudanças na Otan olhando apenas para os acordos de Lisboa. É preciso denunciar seu projeto estratégico. Da mesma forma como os impérios de Espanha, Portugal, Holanda, Inglaterra, França, Alemanha, o objetivo é dominar ou eliminar os povos e apoderar-se de cada recurso do planeta. O que mudou foram o canhão e a espada pelo míssil nuclear e a propaganda. E também a capacidade de extermínio e de terror.

A Otan é a força militar mais poderosa que já existiu. Seu pilar são os Estados Unidos e seu condutor é o poder de fato dos norte-americanos. Os gastos militares dos EUA ultrapassam a soma de todos os demais países e sua contribuição para a Aliança Atlântica subiu, de dcez anos para cá, de 49% para 73%. Sua capacidade de guerra consta de milhares de armas nucleares, mísseis ofensivos e defensivos, poderosas bombas convencionais, mais de 800 bases no estrangeiro, frotas em todos os oceanos, instrumentos cibernéticos, armas radioelétricas, bombardeiros em voo permanente. Por trás disso, as burguesias europeias dão o apoio militar e político ao projeto.

EUA-Otan constituem uma cara máquina de destruição que obviamente não foi pensada para combater a Al Qaeda, os piratas do Iêmen, ou grupos terroristas. Sua tarefa é o futuro da humanidade, ainda que seja usada no presente.

Os grandes empresários ocidentais sabem que as crises em desenvolvimento darão fim, em algum momento, ao sistema capitalista e, previdentes, adiantam o controle absoluto do planta para impor em seu benefício a civilização seguinte.

Com o aquecimento global e sua destruição de paisagens e migração caótica de povos; o esgotamento do petróleo e do gás, e o colapso da indústria e do transporte, a fragilidade do sistema financeiro, a falta de água, a escassez de minerais, terras para uso agrícola, florestas, alimentos do mar, o aumento da população aos bilhões, será impossível man ter a ordem capitalista de livre exploração da natureza.

Ante a impossibilidade de crescimento econômico constante com recursos finitos e ao consequente colapso das forças políticas, sociais, ideológicas, os donos das multinacionais preparam a Otan como instrumento de seu modelo de ditadura mundial fascista, “um governo, um exército, um pensamento”.

Que podem fazer os magnatas transnacionais ocidentais sem água, minerais, energia, climas convenientes? Apropriar-se, com o poder das armas, de todas as riquezas do planeta. Repetir de um modo agora absoluto suas próprias histórias coloniais.

Não é um plano secreto. Os figurões da Otan dizem isso abertamente. O secretário geral Anders Fogh Rasmussen declarou que suas forças atuarão em qualquer lugar do mundo para defender “nossa paz” e “prosperidade”! Em um documento oficial anterior falavam de defender seu “estilo de vida”. Chomsky explica: “…A doutrina de Bill Clinton [ex-chefe nominal da Otan] era que os EUA estavam autorizados a usar a força militar para assegurar ‘o acesso desinibido a mercados chave, fornecimentos energéticos e recursos estratégicos´ sem sequer a necessidade de inventar pretextos...”

O objetivo chave são os recursos. Faz pouco tempo a situação ficou tensa quando se acreditou que a China bloquearia a exportação de metais raros, indispensáveis para a indústria eletrônica. O Brasil terá seis submarinos nucleares para proteger seu petróleo e, para 2047, vai incorporar 20 submarinos convencionais, pois é conhecido o interesse de Washington pela Amazônia.

A fria vontade de usar a força dos EUA-Otan se mostrou na destruição da Iugoslávia, Afeganistão, Iraque, nos bombardeiros no Paquistão. No cerco à Rússia e à China. Nos planos de ataque ao Irã e à República Popular da Coréia. A construção de um escudo anti-mísseis que permita ataques impunes. Sua ameaça é tão grave que o presidente Medvedev e a burguesia russa estão optando por se tornarem clientes do império, oque deixaria a China sozinha.

O alvo da Otan está mais no presente do que no futuro. Se o Brasil, país em desenvolvimento, planeja para cinquenta anos à frente, a Otan dona do poder e da tecnologia tem que pensar em séculos.

Os pobres de cada país são vítimas do desígnio da Aliança Atlântica, que usará a força para assegurar sua prosperidade. O socialismo do futuro deve sabe-lo, dizê-lo e levantar a alternativa solidária e sustentável por todos.

Fonte: www.malpublicados.blogspot.com