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Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 9:17 am
por elraffis
Junker escreveu:
Lessa: É "estúpido" Brasil ser 3º maior comprador da dívida dos EUA
Quarta, 20 de julho de 2011, 10h19 Atualizada às 11h35

Reuters
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Mulher protesta em frente ao Capitólio: "Nós somos a Grécia?" e "Acordo é uma coisa boa"

Marcela Rocha

Ex-presidente do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES), Carlos Lessa comenta o delicado momento das economias norte-americana e europeia. Em entrevista a Terra Magazine, ele não poupa o Banco Central (BC) brasileiro e o caracteriza de "estúpido" por ter se tornado o terceiro maior comprador de títulos da dívida dos Estados Unidos, atrás apenas da China (1º) e do Japão (2º).

- Não dá para retroceder, a única coisa que dá para fazer é acender velas para Santo Antônio - diz, pessimista.

O presidente dos EUA, Barack Obama, negocia com o Congresso o aumento do teto da dívida do país para evitar desconfiança dos investidores a respeito de um eventual calote. Não houve acordo com os parlamentares até terça-feira (19), quando um grupo de senadores democratas e republicanos apresentaram ao chefe do Estado projeto q prevê alta de US$ 1 trilhão na arrecadação e corte de US$ 3,7 trilhões nos próximos dez anos.

Carlos Lessa ministra aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro e, em tom professoral, explica porque o Brasil faz "um dos piores negócios do planeta" ao ser o terceiro maior credor dos EUA. "O Brasil contrai essa dívida que só rende 2% e, ao mesmo tempo, paga 12,25%. Estamos fazendo isso em escala colossal e aumentamos a nossa dívida por causa disso. É de uma estupidez monumental".

Nesta quarta-feira (20), o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC divulga a taxa Selic (juro básico da economia brasileira). Cumpridas as expectativas do mercado, o juro deve passar de 12,25% para 12,5%. Até o final do ano, espera-se mais uma alta de 0,25%.

O professor comenta também a política econômica brasileira e critica o sistema de metas de inflação: "Modelo idiota". "Esse conceito é furado, tecnicamente não se sustenta. Eles fixam um teto para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a partir disso eles sobem juros para evitar que a economia cresça. O BC trabalha para o Brasil ficar estagnado".

Confira a íntegra da entrevista:

Terra Magazine - Como o senhor vê o fato de os EUA terem que restabelecer o teto da dívida? Por que e como chegaram a esse ponto? Quais as consequências disso e o que é preciso ser repensado pela economia norte-americana?
Carlos Lessa - Toda e qualquer economia dita capitalista tem um pedaço da receita que não é a base produtiva, mas títulos e relações de débito/crédito entre os parceiros da sociedade. Isso é fundamental para que a economia funcione normalmente. Agora, as razões pelas quais você gera débito e crédito são variadas. Uma delas é o próprio setor público, o Estado. A dívida pública tem diversas origens: quando a dívida é utilizada para melhorar a infraestrutura de um país, ou quando é utilizada para aperfeiçoar um padrão de vida social. Essas são formas virtuosas pelas quais se cria uma dívida. Mas uma dívida também se cria com guerra. O conflito gera despesas absolutamente colossais.

No caso dos Estados Unidos, mais especificamente...
O principal elemento que tem puxado para cima a dívida norte-americana tem sido a geopolítica daquele país. Não apenas há o gasto de ser o xerife do mundo, como, além disso, gastam brutalidades com a guerra do Afeganistão e do Iraque. A dívida de um país acontece porque um país tem gastos produtivos e improdutivos. Um improdutivo por excelência é o juro. O serviço é um gasto que não é produtivo, mas é contratual.

O que precisa ser, então, repensado?
A dívida norte-americana vem crescendo vertiginosamente nos últimos anos por causa das guerras do Iraque, Afeganistão e por causa da luta dita 'antiterrorista'. A dívida também cresceu muito por causa do socorro que os EUA tiveram que dar ao sistema bancário, abatido com a crise de 2008.

O Brasil tem títulos da dívida. O que o senhor acha dessa prática financeira?
Ah, sim. Isso mostra a estupidez da política brasileira. Porque o Brasil é o terceiro maior comprador de títulos do tesouro americano, antes dele, só a China e o Japão. Isso é um absurdo.

Por quê?
Nós atraímos uma quantidade enorme de capitais de curto prazo especulativos para dentro do Brasil. Esses dólares que entram a mais no Brasil vão parar nas reservas do Banco Central. O BC emite dívida pública brasileira e paga 12,25% de juros e aplica em títulos de tesouro norte-americanos que, na melhor das hipóteses, são 2% ao ano. O Brasil contrai essa dívida que só rende 2% e, ao mesmo tempo, paga 12,25%. Um dos piores negócios do planeta. Estamos fazendo isso em escala colossal e aumentamos a nossa dívida por causa disso. Isso é de uma estupidez monumental.

O senhor chama de "estupidez" e uma das causas que o senhor aponta é a taxa de juros. O Copom divulga hoje a nova taxa Selic. A expectativa do mercado é de um leve aumento.
Pois é, são suicidas. Com isso virá mais dólar para o Brasil. O ideal é que o Brasil só absorvesse os dólares necessários para o financiamento do balanço de pagamentos. Só.

Sobre o processo de decisão da Selic...
Totalmente misterioso. O Conselho Monetário administra nossas vidas, o emprego que você tem, a compra da sua casa, se você vai pagar ou não sua conta nas Casas Bahia... E o povo não sabe como eles definem nem juros nem câmbio. Eles decidem através das 'metas de inflação', que fixam uma taxa limite superior à inflação e, ao mesmo tempo, partem da hipótese de que o país só pode crescer acima de uma certa taxa, porque se crescer acima dela, aparece a inflação. Então, toda vez que a economia brasileira começar a crescer, o BC eleva a taxa de juros.

Sim, mas há aí uma consulta ao mercado antes de ser definida a taxa Selic, por exemplo. É o processo a que me refiro.
Isso eles fazem. Eles chamam o mercado de amiguinhos no mercado de capitais, mas muitas vezes surpreendem os amiguinhos.

O que o senhor acha disso?
É um modelo que precisa ser rediscutido, claro. Mas estou rouco de dizer isso. Falo isso há muitos e muitos anos. Eu e mais alguns colegas. Lula utilizou isso, Dilma continua... Eu acredito que é um modelo idiota. Esse modelo não é ideal, esse conceito é furado, tecnicamente não se sustenta. Então, eles fixam um teto para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a partir disso, eles sobem juros para evitar que a economia cresça. O BC trabalha para o Brasil ficar estagnado.

O senhor acredita que "o BC trabalha para o Brasil ficar estagnado"?
Eu e a torcida do Flamengo achamos isso.

A Islândia quebrou. A Grécia também. Portugal vai mal, Espanha também... Demais países europeus ainda sofrem com a recessão. O senhor acredita que a moeda única deve ser revista?
Vou te dar a reposta mais honesta: Eu realmente não sei. Pode ser que eu esteja errado, mas o Euro, sendo a moeda única europeia, não tem um lastro no continente. O Euro está lastreado em dólar. Se é assim, não controla o endividamento dos países. Portanto, o controle do Banco Central Europeu é muito pequeno. O Euro é uma moeda meio pendurada no ar. Agora, eu não sei se eles vão resolver isso fortalecendo o Euro ou retrocedendo para as moedas nacionais. O que inquestionável é que, como está, não poderão atravessar a crise que vivem.

Como o senhor definiria esse cenário?
Como um cenário muito preocupante porque muitos países europeus assumiam a presença do Euro, dos bancos europeus e até de filiais de bancos norte-americanos como um cenário extremamente favorável ao endividamento. Os bancos operaram sem nenhum critério, simplesmente foram emprestando. À medida em que os bancos emprestam, criam uma articulação monetária maior e, em cima disso, os bancos emprestam mais. Isso é conhecido como uma manada financeira. Tudo vai em direção à expansão e quando dá uma parada, tudo vai para trás. É a manada em pânico. O pânico começou e quebrou a Islândia, que já estava quebrada antes, ficou apenas explícito. Quebrou a Grécia, e agora, balança a Itália e a Espanha. Por extensão da Grécia, os outros países terão muita dificuldade, porque significará que os outros países não segurarão a dívida soberana da Grécia.

Os Estados Unidos adotam a posição de ajudar a Grécia...
Essa é uma posição que, teoricamente, os EUA adotam há muito tempo. Eles não conseguem, no entanto, encontrar um acordo sobre como farão isso. A Alemanha e a Holanda acham que não dá para ajudar sem a cooperação da área privada. Isto significa que os bancos europeus teriam prejuízo com a operação na Grécia. E isso é justamente o que os bancos não querem, claro.

Quais as semelhanças entre a situação europeia e norte-americana?
A crise financeira parece um castelo de cartas. Cada carta que cai aumenta a pressão para outras caírem também. Evidente que os EUA estão balançando. Obviamente que a Europa balança mais. A Europa balançando, balança ainda mais os EUA. E os bobões do Brasil viraram o terceiro credor mundial do tesouro norte-americano. Isso é uma vergonha. É inacreditável que o nosso BC tenha feito isso.

É possível retroceder?
Não. A única coisa que dá para fazer é acender velas para Santo Antônio. Com essa visão de mundo, resta pedir ajuda ao santo mesmo. Tem que baixar controle de câmbio, tem que aplicar imposto de importação... Tem uma porção de coisas para fazer e que eles não vão fazer.

O Estado perdeu a capacidade de gerir a economia?
Pelo contrário, eles ainda acham que estão gerindo otimamente bem. Na minha opinião, vai por um caminho muito ruim.

Terra Magazine
http://terramagazine.terra.com.br/inter ... s+EUA.html



O PIB brasileiro cresceu 7,8% em 2010 com inflação controlada e ele critica a politica econômica ? Imagine então se a condução da econômia fosse boa.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 10:09 am
por Bourne
LeandroGCard escreveu:
Túlio escreveu:Essa do Lessa é tudoavê! A gente compra mais e mais títulos altamente propensos a um desastroso default ao mesmo tempo em que, para isso, se aumenta mais e mais a dívida interna, a juros várias vezes superiores aos que supostamente renderiam as treasuries: POR QUÊ?
Na verdade não é exatamente isso, não se está aumentando a dívida interna PARA comprar títulos americanos, a dívida interna aumenta devido ao aumento dos juros para segurar o crescimento, o que é considerado uma estratégia segura de combate à inflação (aí sim, na minha opinião uma grande imbecilidade). Já a compra dos títulos americanos é uma forma de enxugar os dólares em excesso comprados pelo Banco Central para conter a alta da moeda, um efeito colateral deletério do aumento dos juros. Poder-se-ia talvez comprar outras coisas, como ouro, mas os títulos do tesouro americano são mais cômodos.
Leandro G. Card
O Lessa está gaga, mas nem tanto. A critica dele é que montaram um monstro que virou um buraco negro para atrair dólares devido a liberdade da movimentação de capitais e taxas de juros estratosféricos que levam a valorização do real prejudicando o setor produtivo e aumento na dívida do governo. Comprar títulos norte-americanos é um produto que não é ruim em si, mas fruto de um processo ruim.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 12:36 pm
por PRick
Bourne escreveu:
LeandroGCard escreveu:Na verdade não é exatamente isso, não se está aumentando a dívida interna PARA comprar títulos americanos, a dívida interna aumenta devido ao aumento dos juros para segurar o crescimento, o que é considerado uma estratégia segura de combate à inflação (aí sim, na minha opinião uma grande imbecilidade). Já a compra dos títulos americanos é uma forma de enxugar os dólares em excesso comprados pelo Banco Central para conter a alta da moeda, um efeito colateral deletério do aumento dos juros. Poder-se-ia talvez comprar outras coisas, como ouro, mas os títulos do tesouro americano são mais cômodos.
Leandro G. Card
O Lessa está gaga, mas nem tanto. A critica dele é que montaram um monstro que virou um buraco negro para atrair dólares devido a liberdade da movimentação de capitais e taxas de juros estratosféricos que levam a valorização do real prejudicando o setor produtivo e aumento na dívida do governo. Comprar títulos norte-americanos é um produto que não é ruim em si, mas fruto de um processo ruim.
Vou ver se assim alguém vê ou lê algo: A dívida se mede em percentual do PIB, E A DÍVIDA INTERNA NÃO ESTÁ AUMENTANDO, PELO CONTRÁRIO ESTÁ CAINDO EM RELAÇÃO AO PERCENTUAL DO PIB!!!!!!

Então não tem buraco negro nenhum, apenas por uma conjuntura internacional, o Dólar vem se desvalorizando, isso ocorre em todos os países, e o Chineses fazem o mesmo que nós compram Dólares para manter a paridade cambial e reduzir a liquidez. Os juros brasileiros estão baixos historicamente, e foram aumentados para reduzir a inflação.

Sobre o fluxo de capitais, se aumentou a taxação sobre eles, porém, ninguém taxa ou impede a entrada de capital para investimento, e nós estamos recebendo muito dele, por conta da Copa, Olimpíada, do crescimento e do aumento do mercado interno.

[]´s

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 1:37 pm
por P44
Reestruturação da dívida
Fitch: Novo pacote de assistência à Grécia implica incumprimento parcial

22.07.2011 - 14:41 Por Pedro Crisóstomo

Os termos do segundo programa financeiro que os líderes da zona euro acordaram ontem para a Grécia pressupõe uma entrada em incumprimento parcial da dívida e levará a uma descida do rating para esse nível, confirmou hoje a agência de notação Fitch.

http://economia.publico.pt/Noticia/fitc ... al_1504260

uma bombinhas nas sedes desta gente e era pouco... Imagem

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 2:29 pm
por LeandroGCard
PRick escreveu:Vou ver se assim alguém vê ou lê algo: A dívida se mede em percentual do PIB, E A DÍVIDA INTERNA NÃO ESTÁ AUMENTANDO, PELO CONTRÁRIO ESTÁ CAINDO EM RELAÇÃO AO PERCENTUAL DO PIB!!!!!!

Então não tem buraco negro nenhum, apenas por uma conjuntura internacional, o Dólar vem se desvalorizando, isso ocorre em todos os países, e o Chineses fazem o mesmo que nós compram Dólares para manter a paridade cambial e reduzir a liquidez. Os juros brasileiros estão baixos historicamente, e foram aumentados para reduzir a inflação.

Sobre o fluxo de capitais, se aumentou a taxação sobre eles, porém, ninguém taxa ou impede a entrada de capital para investimento, e nós estamos recebendo muito dele, por conta da Copa, Olimpíada, do crescimento e do aumento do mercado interno.

[]´s
Prick, você é que parece que não entende o ponto.

O problema não é o tamanho da dívida interna em si, mas o fato de que com a estratégia de combate a inflação baseada na taxa de juros Selic muito alta e o montante da dívida atual o custo para o governo em valores totais no final fica absurdamente alto, tolhendo os investimentos e o crescimento ATUAL E FUTURO do país. O pagamento de juros é DE LONGE o maior item no orçamento do governo brasileiro, muito acima dos gastos com previdência que ficam em um distante segundo lugar (e ainda assim são apontados como um grande problema). Por conta disso não se podem reduzir os impostos, os investimentos em infra-estrutura não podem ser feitos, a educação e a saúde ficam às moscas, os projetos de defesa são cortados, etc... .

E por uma série de motivos os juros básicos muito elevados praticados pelo BC tem efeito limitado no controle do processo inflacionário atual ou seja, o país paga muitíssimo caro por uma estratégia de combate à inflação capenga, que tem efeitos positivos limitados e efeitos negativos enormes. Além disso a valorização da moeda, também decorrente dos juros demasiado elevados, está prejudicando muito o setor industrial, o maior responsável pelo crescimento e desenvolvimento justamente dos países que estão apresentando os melhores resultados econômicos em cada região do mundo (China,Coréia do Sul, Alemanha, Índia, etc...). Enquanto isso nós jogamos nosso setor industrial no limbo em função de uma metodologia incorreta de combate à inflação que já foi abandonada em todo o restante do planeta.

Por tudo isso e muito mais o fato do valor relativo da dívida estar caindo (muito lentamente e sem constância, aliás) é o menos importante, com a política de juros atual vão se passar décadas até que isso faça alguma diferença, décadas que os efeitos limitantes do crescimento desta política econômica estúpida farão com que sejam perdidas. Isto já está acontece agora, com o crescimento do país este ano ficando abaixo da média latino-americana apesar do potencial muito maior que o Brasil tem para o crescimento se comparado aos seus vizinhos. Só uma situação esdrúxula e muito, muito errada pode explicar este desempenho medíocre da economia brasileira, que apesar de nossas vantagens (as quais você tanto menciona) sofre mais com a situação econômica mundial do que um Chile, uma Colômbia, um Perú e até uma mesmo uma Argentina!

Os juros brasileiros podem até estar baixos historicamente, mas os do restante do mundo estão ainda mais baixos e por isso os nossos ainda são de longe os maiores do mundo, com todos os problemas que isso acarreta. O simples fato de que alguém poder achar que tais juros se justificam já significa que existe alguma coisa muito errada em nossa economia (e todos sabemos que não é uma coisa só, mas muitas) e se isto não for resolvido corremos um sério risco de que o crescimento razoável do Brasil nos últimos poucos anos venha a se configurar apenas em mais um vôo de galinha, como os muitos que testemunhamos em nossa história recente.


Leandro G. Card

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 3:07 pm
por Wolfgang
A ideia da Dilma é terminar 2014 com juros reais em 2%.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 3:10 pm
por PRick
LeandroGCard escreveu:
PRick escreveu:Vou ver se assim alguém vê ou lê algo: A dívida se mede em percentual do PIB, E A DÍVIDA INTERNA NÃO ESTÁ AUMENTANDO, PELO CONTRÁRIO ESTÁ CAINDO EM RELAÇÃO AO PERCENTUAL DO PIB!!!!!!

Então não tem buraco negro nenhum, apenas por uma conjuntura internacional, o Dólar vem se desvalorizando, isso ocorre em todos os países, e o Chineses fazem o mesmo que nós compram Dólares para manter a paridade cambial e reduzir a liquidez. Os juros brasileiros estão baixos historicamente, e foram aumentados para reduzir a inflação.

Sobre o fluxo de capitais, se aumentou a taxação sobre eles, porém, ninguém taxa ou impede a entrada de capital para investimento, e nós estamos recebendo muito dele, por conta da Copa, Olimpíada, do crescimento e do aumento do mercado interno.

[]´s
Prick, você é que parece que não entende o ponto.

O problema não é o tamanho da dívida interna em si, mas o fato de que com a estratégia de combate a inflação baseada na taxa de juros Selic muito alta e o montante da dívida atual o custo para o governo em valores totais no final fica absurdamente alto, tolhendo os investimentos e o crescimento ATUAL E FUTURO do país. O pagamento de juros é DE LONGE o maior item no orçamento do governo brasileiro, muito acima dos gastos com previdência que ficam em um distante segundo lugar (e ainda assim são apontados como um grande problema). Por conta disso não se podem reduzir os impostos, os investimentos em infra-estrutura não podem ser feitos, a educação e a saúde ficam às moscas, os projetos de defesa são cortados, etc... . Essa argumentação não se sustenta se olharmos os últimos 10 anos, apesar das taxas de juros muito mais altas que as atuais, mesmo assim, continuamos crescendo, as taxas de juros atuais são umas das mais baixas de nosso história, então seu argumento não se sustenta. Por sinal, o governo está promovendo cortes orçamentários para tentar segurar a inflação e diminuir o crescimento, porque ano passado foi o maior desde 1985. Seu argumento é genérico, não é feito sobre a realidade brasileira, nem de nossa história.
E por uma série de motivos os juros básicos muito elevados praticados pelo BC tem efeito limitado no controle do processo inflacionário atual ou seja, o país paga muitíssimo caro por uma estratégia de combate à inflação capenga, que tem efeitos positivos limitados e efeitos negativos enormes. Além disso a valorização da moeda, também decorrente dos juros demasiado elevados, está prejudicando muito o setor industrial, o maior responsável pelo crescimento e desenvolvimento justamente dos países que estão apresentando os melhores resultados econômicos em cada região do mundo (China,Coréia do Sul, Alemanha, Índia, etc...). Enquanto isso nós jogamos nosso setor industrial no limbo em função de uma metodologia incorreta de combate à inflação que já foi abandonada em todo o restante do planeta.Nisso eu concordo, o aumento dos juros é um remédio conservador para controle de inflação. Com efeitos colaterais indesejáveis. Porém, de forma nenhuma dá base para adjetivos de "buraco negro" e outras coisas que andam sendo ditas.

Por tudo isso e muito mais o fato do valor relativo da dívida estar caindo (muito lentamente e sem constância, aliás) é o menos importante, com a política de juros atual vão se passar décadas até que isso faça alguma diferença, décadas que os efeitos limitantes do crescimento desta política econômica estúpida farão com que sejam perdidas. Isto já está acontece agora, com o crescimento do país este ano ficando abaixo da média latino-americana apesar do potencial muito maior que o Brasil tem para o crescimento se comparado aos seus vizinhos. Só uma situação esdrúxula e muito, muito errada pode explicar este desempenho medíocre da economia brasileira, que apesar de nossas vantagens (as quais você tanto menciona) sofre mais com a situação econômica mundial do que um Chile, uma Colômbia, um Perú e até uma mesmo uma Argentina!Olha, se olharmos o cenário mundial, o Brasil é um dos poucos países no mundo que consegue diminuir o percentual dívidaXPIB, boa parte perdeu o controle. Então o esforço que estamos fazendo não é pequeno, nem pode ser deprezado. Olha, nosso desempenho está muito bom na comparação com a maior parte dos países, e não me venha com estatísticas da Argentina, nenhuma delas é confiável, o Perú e a Colombia são economias que não podem ser comparadas com as nossas, e não adianta crescer um ano e depois não crescer, o que podemos observar é que o Brasil hoje representa 60% do PIB da América do Sul, a 20 anos antes éramos 40%. Isso ocorreu porque Argentina e Venezuela estão menores do que 20 anos atrás, e nós, apesar de todos os problemas, continuamos a crescer. Então é necessário ver em que bases se dá o crescimento.

Os juros brasileiros podem até estar baixos historicamente, mas os do restante do mundo estão ainda mais baixos e por isso os nossos ainda são de longe os maiores do mundo, com todos os problemas que isso acarreta. O simples fato de que alguém poder achar que tais juros se justificam já significa que existe alguma coisa muito errada em nossa economia (e todos sabemos que não é uma coisa só, mas muitas) e se isto não for resolvido corremos um sério risco de que o crescimento razoável do Brasil nos últimos poucos anos venha a se configurar apenas em mais um vôo de galinha, como os muitos que testemunhamos em nossa história recente. Os juros na China e Índia não estão baixos, os juros estão baixos nos países em recessão ou que não crescem desde a crise de 2008. E outros estagnados fazem 10 anos ou mais caso do Japão. Novamente, é preciso relativizar essas leituras e análises. Repito, 8,5% ou 12,5% não são fator de impedimento de crescimento de nosso PIB. Veja que a menor taxa de juros de nossa história moderna foi de 8,5%. E os juros reais, descontados a inflação a diferença não deve chegar a 3%. Repito, o aumento dos juros é ruim para o pagamento da dívida, o serviço, porém de modo algum é representativo para o crescimento ou não de nossa economia, o efeito é indireto, como fator isolado a valorização do Dólar limita muito mais nosso crescimento do PIB que os juros. É certo que o aumento do juros valoriza o Real, porém, o Dólar está perdendo valor para todas as moedas, a queda do Dólar é decorrência dos problemas da economia dos EUA, esse é o fator determinante. Repito, porderíamos estar fazendo um política mais agressiva para contar a queda do Dólar, porém, mesmo assim duvido que pudêssemos manter o Dólar numa paridade acima de 1,65 ou 1,70 por Real. Mesmo com os juros a 8.5%, o Dólar continuaria a se desvalorizar. E com a inflação atual a taxa não chegaria no piso histórico.

[]´s



Leandro G. Card

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 4:38 pm
por LeandroGCard
PRick escreveu: Essa argumentação não se sustenta se olharmos os últimos 10 anos, apesar das taxas de juros muito mais altas que as atuais, mesmo assim, continuamos crescendo, as taxas de juros atuais são umas das mais baixas de nosso história, então seu argumento não se sustenta. Por sinal, o governo está promovendo cortes orçamentários para tentar segurar a inflação e diminuir o crescimento, porque ano passado foi o maior desde 1985. Seu argumento é genérico, não é feito sobre a realidade brasileira, nem de nossa história.
O crescimento do PIB no ano passado ainda se baseava em grande parte na simples retomada dos níveis de antes da crise de 2008. Por exemplo, a indústria cresceu 8,5% ano passado (e foi uma das principais causas do aumento acelerado do PIB), mas só agora no segundo trimestre de 2011 é que a produção industrial chegou ao nível de setembro de 2008! E agora a taxa de crescimento industrial caiu uma barbaridade, o que em boa parte explica a queda acentuada do crescimento para este ano mesmo com todo o aumento do preço das commodities, da safra, da produção de petróleo, etc... . A leitura que se faz disso é que a indústria brasileira apenas aproveitou a base instalada para aumentar a produção em 2010, mas os investimentos foram muito baixos e a produção não vai conseguir crescer mais no mesmo ritmo. Isto nos deixa extremamente vulneráveis, pois se por qualquer motivo houver uma reversão do câmbio (e ela deveria acontecer) a indústria nacional não terá como suprir a demanda e os importados estarão mais caros, trazendo de novo uma elevação da inflação. Isso em falar no déficit comercial do setor industrial, que já explodiu. E termina assim mais um vôo de galinha que porventura houvesse começado... .

Nisso eu concordo, o aumento dos juros é um remédio conservador para controle de inflação. Com efeitos colaterais indesejáveis. Porém, de forma nenhuma dá base para adjetivos de "buraco negro" e outras coisas que andam sendo ditas.
Com o volume atual da dívida pública e as taxas de juros praticadas pelo banco central o Brasil está gastando por ano cerca de 200 bilhões de reais em juros. Para um país que precisa desesperadamente reduzir impostos e aumentar os investimentos em infra-estrura, educação, etc..., eu acho que qualificar esta enorme drenagem de recursos de “buraco-negro” tem sim um certo cabimento.

Olha, se olharmos o cenário mundial, o Brasil é um dos poucos países no mundo que consegue diminuir o percentual dívidaXPIB, boa parte perdeu o controle. Então o esforço que estamos fazendo não é pequeno, nem pode ser deprezado. Olha, nosso desempenho está muito bom na comparação com a maior parte dos países, e não me venha com estatísticas da Argentina, nenhuma delas é confiável, o Perú e a Colombia são economias que não podem ser comparadas com as nossas, e não adianta crescer um ano e depois não crescer, o que podemos observar é que o Brasil hoje representa 60% do PIB da América do Sul, a 20 anos antes éramos 40%. Isso ocorreu porque Argentina e Venezuela estão menores do que 20 anos atrás, e nós, apesar de todos os problemas, continuamos a crescer. Então é necessário ver em que bases se dá o crescimento.
Nosso esforço para manter a dívida sob controle é ENORME, basta ver os cortes dos investimentos desde sempre e o das despesas este ano. Mas com o pessoal do BC brincando de bruxa malvada de que isto está adiantando? O fantasma da inflação continua rondando (senão porque o BC ainda aumenta a taxa de juros?!?), a relação dívida/PIB cai extremamente devagar, os investimentos não deslancham e os serviços públicos continuam uma catástrofe. Você mesmo colocou o ponto, os países mais mal administrados da AS (Argentina e Venezuela) perderam participação no PIB conjunto da região. Por isso nossa participação aumentou. Mas não quero que o Brasil se compare aos maiores incompetentes do planeta, e sim com quem trabalha direito. Chile, Colômbia, Perú e outros tem mostrado taxas de crescimento maiores e mais estáveis que as nossas já há muito tempo, esta história de vôo de galinha é uma tradição bem brasileira, e com os últimos números divulgados para nosso crescimento pelo próprio governo parece que já estamos aterrissando de mais um.

Os juros na China e Índia não estão baixos, os juros estão baixos nos países em recessão ou que não crescem desde a crise de 2008. E outros estagnados fazem 10 anos ou mais caso do Japão. Novamente, é preciso relativizar essas leituras e análises. Repito, 8,5% ou 12,5% não são fator de impedimento de crescimento de nosso PIB. Veja que a menor taxa de juros de nossa história moderna foi de 8,5%. E os juros reais, descontados a inflação a diferença não deve chegar a 3%. Repito, o aumento dos juros é ruim para o pagamento da dívida, o serviço, porém de modo algum é representativo para o crescimento ou não de nossa economia, o efeito é indireto, como fator isolado a valorização do Dólar limita muito mais nosso crescimento do PIB que os juros. É certo que o aumento do juros valoriza o Real, porém, o Dólar está perdendo valor para todas as moedas, a queda do Dólar é decorrência dos problemas da economia dos EUA, esse é o fator determinante. Repito, porderíamos estar fazendo um política mais agressiva para contar a queda do Dólar, porém, mesmo assim duvido que pudêssemos manter o Dólar numa paridade acima de 1,65 ou 1,70 por Real. Mesmo com os juros a 8.5%, o Dólar continuaria a se desvalorizar. E com a inflação atual a taxa não chegaria no piso histórico.[]´s
Os juros da China, da Índia e de outros países estão RELATIVAMENTE altos com relação à média histórica deles, mas ainda estão cerca de dois pontos abaixo da inflação. Se formos comparar, equivaleriam a uma Selic de 4,5% a.a hoje, e não 12,5%! E a dívida interna destes países é muito menor em relação ao PIB do que a nossa, então o custo da relativa elevação dos juros que eles estão praticando é incomparavelmente mais baixo do que no Brasil. Por isso a diferença entre 8,5 e 12,5% é muito significativa sim em termos de capacidade de investimentos do país, embora de fato tenha pouco significado em termos de combate à inflação (ainda mais com os spreads praticados em nosso país). É bem verdade que já tivemos taxas de juros reais ainda mais altas aqui, mas ou a dívida interna era bem menor, ou o cresciemnto foi também altamente prejudicado. Este problema não é de fato novo, mas terá que ser resolvido um dia.

Com 6,5% previstos para a inflação dos próximos 12 meses e 12,5% de Selic, estamos falando de juros reais positivos de 6% (e não de 3%), e isso é mais alto que a taxa nominal de financiamento imobiliário na grande maioria dos países do mundo. Para qualquer investidor vale mais à pena comprar papéis do Brasil do que financiar a compra de um imóvel em quase qualquer outro lugar do planeta! Isso não existe em mais nenhum outro país do mundo. Não precisa ser um gênio para perceber o quanto este tipo de coisa pressiona o valor do dólar. Agora, é claro que apenas a queda dos juros não seria suficiente para segurar o valor do dólar frente ao real na situação em que se encontram os EUA, mas existem outras medidas que se deveria tomar para ajudar nisso. Mas o governo brasileiro prefere não fazer nem uma coisa nem outra, e por isso vamos ficando mesmo mais e mais parecidos com um galináceo doméstico, enquanto outros países com menos recursos do que nós, porém mais sérios, estão se transformando em falcões e águias .


Triste ver isso, pois não havia necessidade.


Leandro G. Card

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 5:28 pm
por PRick
LeandroGCard escreveu: Os juros da China, da Índia e de outros países estão RELATIVAMENTE altos com relação à média histórica deles, mas ainda estão cerca de dois pontos abaixo da inflação. Se formos comparar, equivaleriam a uma Selic de 4,5% a.a hoje, e não 12,5%! E a dívida interna destes países é muito menor em relação ao PIB do que a nossa, então o custo da relativa elevação dos juros que eles estão praticando é incomparavelmente mais baixo do que no Brasil. Por isso a diferença entre 8,5 e 12,5% é muito significativa sim em termos de capacidade de investimentos do país, embora de fato tenha pouco significado em termos de combate à inflação (ainda mais com os spreads praticados em nosso país). É bem verdade que já tivemos taxas de juros reais ainda mais altas aqui, mas ou a dívida interna era bem menor, ou o cresciemnto foi também altamente prejudicado. Este problema não é de fato novo, mas terá que ser resolvido um dia.

Com 6,5% previstos para a inflação dos próximos 12 meses e 12,5% de Selic, estamos falando de juros reais positivos de 6% (e não de 3%), e isso é mais alto que a taxa nominal de financiamento imobiliário na grande maioria dos países do mundo. Para qualquer investidor vale mais à pena comprar papéis do Brasil do que financiar a compra de um imóvel em quase qualquer outro lugar do planeta! Isso não existe em mais nenhum outro país do mundo. Não precisa ser um gênio para perceber o quanto este tipo de coisa pressiona o valor do dólar. Agora, é claro que apenas a queda dos juros não seria suficiente para segurar o valor do dólar frente ao real na situação em que se encontram os EUA, mas existem outras medidas que se deveria tomar para ajudar nisso. Mas o governo brasileiro prefere não fazer nem uma coisa nem outra, e por isso vamos ficando mesmo mais e mais parecidos com um galináceo doméstico, enquanto outros países com menos recursos do que nós, porém mais sérios, estão se transformando em falcões e águias .


Triste ver isso, pois não havia necessidade.


Leandro G. Card
Acho que você não entendeu, quando a taxa de juros estavam a 8,5% a inflação era de uns 4,5%, hoje a taxa de juros está em 12,5% com uma inflação de 6,5%, então temos uma taxa de juros reais de 6% contra 4%, quer dizer mais 2%. Foi isso que eu falei.

Porém, como estamos falando de juros bruto, e não real, devemos observar que China e Índia usaram o mesmo tipo de mecanismo do BACEN para segurar a inflação, aumento do juros e restrição ao crédito. A China ainda tem um câmbio centralizado.

Nossa taxa de juros é atrativa para quem está em um país com uma taxa de 01% ou menos, agora, do ponto de vista de lucratividade, a taxa de juros atual não é determinante para que uma pessoa deixe de investir em negócios, porque existe a possibilidade de ganhos bem maiores.

Então, o aumento do juros age sobretudo na restrição ao crédito, valorização da moeda e no componente psicológico, porém, mesmo assim não seria um aumento de 2% na taxa real de juros que operaria uma parada no ritmo de crescimento, ainda mais diante das obras de infraestruturas que vamos fazer. Como de fato está ocorrendo é uma diminuição do crescimento, agora não sei se isso se deve ao aumento dos juros ou a toda uma conjuntura, principalmente, pela desvalorização do Dólar. A medida mais efetiva para diminuir o crescimento foi a pisada no freio dos gastos estatais.

Por sinal, um dos motivos do Governo pisar no freio, em muito se deve ao salário mínimo do ano que vem. Ele trará um aumento significativo do consumo. Então, é preciso que se leve em consideração toda essa conjuntura antes de culparmos apenas um única medida ou fator pelos problemas atuais.

Do mesmo modo que o crescimento do ano passado foi possível porque 2009 foi muito fraco, o crescimento da Argentina é feito sobre um país que perdeu 30% do PIB em uma única crise. O Peru também passou um longo período de baixo ou nenhum crescimento.

[]´s

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 6:47 pm
por Túlio
Eu queria saber é ONDE o Prick compra esses óculos de lentes cor de rosa, deve ser tri ver kgada e mais kgada e achar LINDO!!! :roll: :roll: :roll: :roll:

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 6:51 pm
por Bourne
Túlio escreveu:Eu queria saber é ONDE o Prick compra esses óculos de lentes cor de rosa, deve ser tri ver kgada e mais kgada e achar LINDO!!! :roll: :roll: :roll: :roll:
Não sei. Não é com o pessoal do governo Dilma. Não ouço ou leio eles falando assim. Eles estão mais próximos da visão do Leandro.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 6:56 pm
por LeandroGCard
PRick escreveu:Acho que você não entendeu, quando a taxa de juros estavam a 8,5% a inflação era de uns 4,5%, hoje a taxa de juros está em 12,5% com uma inflação de 6,5%, então temos uma taxa de juros reais de 6% contra 4%, quer dizer mais 2%. Foi isso que eu falei.
Entendi sim, e este é o problema, nossa taxa real que já era muito elevada foi aumentada mais ainda. Estes “pequenos” 2% a mais significam cerca de 20 bilhões a mais de juros pagos em um ano, o equivalente ao custo de duas hidroelétricas, a metade do custo do malfadado trem-bala, a umas 3 usinas nucleares, a milhares de km de estradas, a 2 FX, etc... . POR ANO!
Porém, como estamos falando de juros bruto, e não real, devemos observar que China e Índia usaram o mesmo tipo de mecanismo do BACEN para segurar a inflação, aumento do juros e restrição ao crédito. A China ainda tem um câmbio centralizado.
A proporção dívida interna/PIB da China e da índia são muito menores do que a nossa, e o custo desta política de aumento de juros é incomensuravelmente menor para eles. Mesmo assim eles não se atrevem a colocar os juros em patamares sequer próximos aos nossos (lembre-se, os juros reais deles são NEGATIVOS), nem por uma fração do tempo em que nós o fazemos. Assim faz sentido usar a ferramenta dos juros altos, em pequenas doses e por tempo limitado, como administrar um remédio contra febre enquanto se ataca a infecção por outros meios. Aqui se esquece da infecção e se tenta manter a febre do doente baixa administrando quilos de aspirina por dia, durante anos e anos... .
Nossa taxa de juros é atrativa para quem está em um país com uma taxa de 01% ou menos, agora, do ponto de vista de lucratividade, a taxa de juros atual não é determinante para que uma pessoa deixe de investir em negócios, porque existe a possibilidade de ganhos bem maiores.

Então, o aumento do juros age sobretudo na restrição ao crédito, valorização da moeda e no componente psicológico, porém, mesmo assim não seria um aumento de 2% na taxa real de juros que operaria uma parada no ritmo de crescimento, ainda mais diante das obras de infraestruturas que vamos fazer. Como de fato está ocorrendo é uma diminuição do crescimento, agora não sei se isso se deve ao aumento dos juros ou a toda uma conjuntura, principalmente, pela desvalorização do Dólar. A medida mais efetiva para diminuir o crescimento foi a pisada no freio dos gastos estatais..
O retorno típico de investimentos médios em qualquer lugar do mundo é de apenas 10 ou 20% ao ano (prazos de retorno de 5 a 10 anos ou até mais para um supermercado ou uma fábrica são normais), isso depois de muito trabalho duro. Um estrangeiro consegue praticamente a mesma coisa no Brasil, sem nenhum esforço e com risco mais baixo. Um empresário brasileiro, que tem que conviver com a inflação local, realmente ficaria tentado a investir, se para isso não depender de financiamento bancário. Só que os bancos contariam com retornos menores do que uma empresa (claro, caso contrário o empresário não teria lucro e trabalharia somente para o banco) e portanto o retorno dos bancos cairia abaixo do que ele pode obter com os mais de 12% que paga o governo. Por este mecanismo os juros elevados, acima da faixa de 8% a.a, inibem mais o investimento que o consumo (os juros para consumo são tão maiores que a Selic que a variação desta é praticamente irrelevante), e dificultam a queda da inflação no médio/longo prazo, um efeito exatamente oposto ao que se procura. Só sobram mesmo a valorização da moeda (efeito muito ruim nos níveis atuais do real, que já está sobrevalorizado) e o efeito psicológico. Estamos pagando muito caro por isso, o governo gastaria bem menos com uma distribuição gratuita de Gardenal :lol: :roll: !
Por sinal, um dos motivos do Governo pisar no freio, em muito se deve ao salário mínimo do ano que vem. Ele trará um aumento significativo do consumo. Então, é preciso que se leve em consideração toda essa conjuntura antes de culparmos apenas um única medida ou fator pelos problemas atuais.
Este é outro problema, os vários itens indexados da economia, como as tarifas públicas, preços controlados pelas agências reguladoras, contratos com reajuste pelo INPC, IGPM ou mesmo TR, e agora o salário mínimo (se bem que nestas condições reconheço que a indexação do salário mínimo é até uma questão de justiça). Eliminar isso deveria ser também uma prioridade para um governo sério. Tenho fé que um dia teremos um.
Do mesmo modo que o crescimento do ano passado foi possível porque 2009 foi muito fraco, o crescimento da Argentina é feito sobre um país que perdeu 30% do PIB em uma única crise. O Peru também passou um longo período de baixo ou nenhum crescimento.[]´s
Pois é, estamos no mesmo barco destes, mesmo com um potencial muito maior. Devíamos é estar à frente do Chile e da Colômbia, como o China está à frente de todos na Ásia (e no mundo). É isso que quero dizer, se contentar com crescimento abaixo da média da América do Sul não é coisa para se comemorar num país como o Brasil de hoje.


Leandro G. Card

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 6:57 pm
por LeandroGCard
Bourne escreveu:Não sei. Não é com o pessoal do governo Dilma. Não ouço ou leio eles falando assim. Eles estão mais próximos da visão do Leandro.
Se é assim eles estão até pensando direito.

Falta agir de acordo.


Leandro G. Card

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 6:59 pm
por Túlio
Exato. E é favor notar que levo muito a sério mesmo as opiniões do BOURNE em Economia mas essa me deixou de queixo caído... :shock: :shock: :shock: :shock:

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sex Jul 22, 2011 10:22 pm
por PRick
LeandroGCard escreveu:
PRick escreveu:Acho que você não entendeu, quando a taxa de juros estavam a 8,5% a inflação era de uns 4,5%, hoje a taxa de juros está em 12,5% com uma inflação de 6,5%, então temos uma taxa de juros reais de 6% contra 4%, quer dizer mais 2%. Foi isso que eu falei.
Entendi sim, e este é o problema, nossa taxa real que já era muito elevada foi aumentada mais ainda. Estes “pequenos” 2% a mais significam cerca de 20 bilhões a mais de juros pagos em um ano, o equivalente ao custo de duas hidroelétricas, a metade do custo do malfadado trem-bala, a umas 3 usinas nucleares, a milhares de km de estradas, a 2 FX, etc... . POR ANO!Isso nada tem haver com o que falei, estava dizendo que do ponto de vista de segurar a economia, esses 2% não fazem muita diferença, não estou falando em serviço da dívida.
Porém, como estamos falando de juros bruto, e não real, devemos observar que China e Índia usaram o mesmo tipo de mecanismo do BACEN para segurar a inflação, aumento do juros e restrição ao crédito. A China ainda tem um câmbio centralizado.
A proporção dívida interna/PIB da China e da índia são muito menores do que a nossa, e o custo desta política de aumento de juros é incomensuravelmente menor para eles. Mesmo assim eles não se atrevem a colocar os juros em patamares sequer próximos aos nossos (lembre-se, os juros reais deles são NEGATIVOS), nem por uma fração do tempo em que nós o fazemos. Assim faz sentido usar a ferramenta dos juros altos, em pequenas doses e por tempo limitado, como administrar um remédio contra febre enquanto se ataca a infecção por outros meios. Aqui se esquece da infecção e se tenta manter a febre do doente baixa administrando quilos de aspirina por dia, durante anos e anos... . Novamente, não estou analisando o aumento do juros enquanto serviço da dívida, mas como instrumento de controle da inflação e para segurar o crescimento econômico, China e Índia fazem o mesmo que nós, agora, por uma série de razões não precisam elevar os juros muito acima, o motivo está mais abaixo no texto.
Nossa taxa de juros é atrativa para quem está em um país com uma taxa de 01% ou menos, agora, do ponto de vista de lucratividade, a taxa de juros atual não é determinante para que uma pessoa deixe de investir em negócios, porque existe a possibilidade de ganhos bem maiores.

Então, o aumento do juros age sobretudo na restrição ao crédito, valorização da moeda e no componente psicológico, porém, mesmo assim não seria um aumento de 2% na taxa real de juros que operaria uma parada no ritmo de crescimento, ainda mais diante das obras de infraestruturas que vamos fazer. Como de fato está ocorrendo é uma diminuição do crescimento, agora não sei se isso se deve ao aumento dos juros ou a toda uma conjuntura, principalmente, pela desvalorização do Dólar. A medida mais efetiva para diminuir o crescimento foi a pisada no freio dos gastos estatais..
O retorno típico de investimentos médios em qualquer lugar do mundo é de apenas 10 ou 20% ao ano (prazos de retorno de 5 a 10 anos ou até mais para um supermercado ou uma fábrica são normais), isso depois de muito trabalho duro. Um estrangeiro consegue praticamente a mesma coisa no Brasil, sem nenhum esforço e com risco mais baixo. Um empresário brasileiro, que tem que conviver com a inflação local, realmente ficaria tentado a investir, se para isso não depender de financiamento bancário. Só que os bancos contariam com retornos menores do que uma empresa (claro, caso contrário o empresário não teria lucro e trabalharia somente para o banco) e portanto o retorno dos bancos cairia abaixo do que ele pode obter com os mais de 12% que paga o governo. Por este mecanismo os juros elevados, acima da faixa de 8% a.a, inibem mais o investimento que o consumo (os juros para consumo são tão maiores que a Selic que a variação desta é praticamente irrelevante), e dificultam a queda da inflação no médio/longo prazo, um efeito exatamente oposto ao que se procura. Só sobram mesmo a valorização da moeda (efeito muito ruim nos níveis atuais do real, que já está sobrevalorizado) e o efeito psicológico. Estamos pagando muito caro por isso, o governo gastaria bem menos com uma distribuição gratuita de Gardenal :lol: :roll: !Como falei acima, você apenas confirmou o que eu disse, que para o estrangeiro pode ser uma grande vantagem, porém, vocês tem que colocar aí o IOF.
Por sinal, um dos motivos do Governo pisar no freio, em muito se deve ao salário mínimo do ano que vem. Ele trará um aumento significativo do consumo. Então, é preciso que se leve em consideração toda essa conjuntura antes de culparmos apenas um única medida ou fator pelos problemas atuais.
Este é outro problema, os vários itens indexados da economia, como as tarifas públicas, preços controlados pelas agências reguladoras, contratos com reajuste pelo INPC, IGPM ou mesmo TR, e agora o salário mínimo (se bem que nestas condições reconheço que a indexação do salário mínimo é até uma questão de justiça). Eliminar isso deveria ser também uma prioridade para um governo sério. Tenho fé que um dia teremos um.Esse é um dos motivos porque a taxa de juros no Brasil tem que ser mais alta, ainda temos muita coisa indexada.
Do mesmo modo que o crescimento do ano passado foi possível porque 2009 foi muito fraco, o crescimento da Argentina é feito sobre um país que perdeu 30% do PIB em uma única crise. O Peru também passou um longo período de baixo ou nenhum crescimento.[]´s
Pois é, estamos no mesmo barco destes, mesmo com um potencial muito maior. Devíamos é estar à frente do Chile e da Colômbia, como o China está à frente de todos na Ásia (e no mundo). É isso que quero dizer, se contentar com crescimento abaixo da média da América do Sul não é coisa para se comemorar num país como o Brasil de hoje.Esse ano não estamos no mesmo barco, já que 2010 o crescimento foi o mais alto dos últimos 25 anos. E não vamos nos igualar aos produtores de comodities puros, é exatamente o resto de nossa economia que cresce a taxas menores, por ser uma economia muito mais complexa e diversificada o Brasil cresce menos que os produtores de comodities puros, mas não todos, porque a Venezuela tem apresentado um desempenho muito ruim nos últimos anos.

[]´s



Leandro G. Card