Depois dos post´s do Koslova (com os quais concordo) tentar sequer fazer uma apreciação é... bom, imprudência da minha parte
mas não resisto
Neste momento, a Russia, a China e a India têm os seus projectos independentes uns dos outros, cada um destes paises tem um "timing" de desenvolvimento e operacional diferente uns dos outros. Estes três são mais rivais estratégicos do que potenciais parceiros ou aliados. A única coisa que poderia existir em comum entre os três é o facto de se sentirem embaraçados estrategicamente em cada um dos seus movimentos por um quase omnipresente USA.
Se pensarmos em duas a três décadas no futuro (que é precisamente o tempo de desenvolvimento e operacionalidade de um projecto como o proposto) quem nos diz a nós que uma possivel aliança industrial Russa-Chinesa-Indiana-Brasileira tem qualquer hipótese de avançar de uma forma estável ou duradoura?- Sejamos honestos se por alguma razão nas próximas três décadas a pressão Americana desaparecer do mar da China e do Oceano Indico, vocês acham que os Russos vão continuar a dar-se com os Chineses e estes com os Indianos?!
Um projecto multinacional é sempre complicado, olhe-se para o caso dos Europeus, se tentarmos a mesma coisa com quatro paises tão diferentes uns dos outros e em que existem dois potenciais conflitos graves (Sibéria, Nepal, entre outras situações ) no espaço temporal de 2 décadas estamos a pedir um rotundo falhanço.
Outra coisa, mão de obra barata. Foi sugerido que o ramo aeroespacial teria tendência a deslocalizar-se para países Orientais porque a sua mão de obra seria mais barata, a exemplo do que acontece com outras empresas, discordo. Os exemplos apresentados são interessantes, mas nalguns casos não foram particularmente bem escolhidos, se de facto vai abrir uma fábrica da Airbus na China isso deve-se mais à aquisição de centenas de aparelhos Airbus pelas várias companhias aéreas do país e não devido ao preço da mão de obra, na realidade estamos a falar de contrapartidas. De notar que de facto existiu uma deslocalização da Boeing para o Oriente mas não foi para a China ou outro país de mão de obra barata, mas para o Japão, isto porque a mistura de capacidade tecnológica, com elevada produtividade e capacidade de investimento era muito tentadora. Por definição a industria aeroespacial encontra-se no "cuting edge" da tecnologia e compadece-se muito pouco com paises com produtividade baixa e fracos indices de conhecimentos por parte da população e se isso é verdade na aviação comercial, muito mais se torna na militar. A aviação militar vale o seu peso em ouro
, é plausível que as companhias que trabalham nesta área sejam aquelas que utilizam a tecnologia mais avançada à face do planeta, se misturarmos isto com todos os problemas levantados pelo segredo de estado e militar, dificilmente alguém irá deslocalizar as suas fábricas para outro país...
Finalmente o T50 ou o PAK-FA ou o nome que lhe quiserem dar.
Apesar de toda a conversa de parceiros internacionais, dos acordos, de protocolos entre a India e a Russia, etc, ainda não se viu um dolar, euro, real, crore, o outra coisa qualquer a dirigir-se para o desenvolvimento deste avião, até agora têm sido só Rublos. A India tem o orçamento da defesa para a força aérea manietado com a construção dos SU30MKI, o desenvolvimento do LCA e o concurso MMCA, não vai existir dinheiro na próxima década e meia, os Chineses avançam a toda velocidade com os seus projectos, JF17, J10 e JXX, ainda não deu qualquer passo de forma a criar um acordo com a Rússia para o desenvolvimento de um futuro caça, nem vejo razão para que o façam.
Ou seja, actualmente o PAK-FA pode contar exclusivamente com os Russos, o que não é bom, olhemos para o orçamento militar Russo (inferior ao Britânico ou Francês, por exemplo), olhe-se para o tamanho das suas forças armadas e consequentes gastos anuais, misture-se a isto a factura Tchetchena, olhemos para o facto de os pilotos da RusAF voarem qualquer coisa como 1/3 dos seus homólogos Ocidentais, dos seus navios não saírem dos portos (um porta aviões parado sete anos no cais por exemplo), da inacreditável percentagem de recrutas que desertam do exército e talvez não seja má ideia perguntar de aonde é que virá o dinheiro para desenvolver um avião directamente concorrencial com o F22. Chegará alguma vez aos esquadrões? - Sim acredito, que sim. O complexo militar\industrial Russo, tirando o petróleo e seus derivados, é a ultima indústria que consegue vender alguma coisa para o exterior, por isso acredito que o próximo Sukhoi irá um dia voar operacionalmente, se assim não for, é o fim de grande parte (de toda, eventualmente) da indústria militar Russa. Agora quando é que isso vai ser? – Daqui a muito tempo, a falta de recursos vai garantir mais década e meia de desenvolvimento, antes que qualquer coisa minimamente operacional chegue aos pilotos.
E é agora que a realidade bate à porta.
A FAB alinha na sua ORBAT com o AMX e o F5, o quer que venha a substituir estes aparelhos tem de estar a voar agora e não em 2020 e tem de ser barato, não pode custar biliões de dólares de desenvolvimento a saírem do bolso do contribuinte Brasileiro…
Esqueçam o PAK-FA de uma vez por todas.
