Frações de Infantaria
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Re: Frações de Infantaria
PERSPECTIVAS DA INFANTARIA parte 2.
James Dunnigan & Albert Nofi – Dirty Little Secrets of World War II.
O QUE ERA MAIS PERIGOSO DO QUE SER SOLDADO DE INFANTARIA?
Ser um recompletamento de infantaria americano. Os Estados Unidos tinham aquilo que, provavelmente, era a pior política para substituir baixas de infantaria. E mais, a política não foi, oficialmente, reconhecida como deficiente, até depois da Guerra do Vietnam. Ao entrar na Segunda Guerra Mundial, foi decidido utilizar os recompletamentos como cartuchos de munição. Quando alguém, numa unidade de combate, era morto ou ferido, outro homem do “fundo de recompletamento” seria, de imediato, enviado para aquela unidade. Isto, com freqüência, era feito enquanto a unidade ainda estava em combate. Os resultados desta política foram desastrosos para as unidades e, normalmente, fatais para os recompletamentos.
Os recompletamentos vinham dos Estados Unidos, onde haviam recebido vários meses de treinamento de infantaria (em acréscimo ao treinamento básico que todo soldado recebia). Durante as pesadas lutas na França e Alemanha, após o Dia-D, muitos dos recompletamentos não eram infantes treinados, mas homens retirados de unidades não-combatentes e enviados para a frente como substituição para as pesadas baixas na infantaria.
Ironicamente, os chefes não teriam pensado em mandar recompletamentos destreinados para unidades de artilharia ou de tanques, ou, pelo menos, eles esperariam que os substitutos recebessem algum treinamento, antes de serem alocados para guarnecerem um tanque ou uma peça de artilharia. De acordo com a política oficial, já que todo soldado recebia um treinamento básico (orientado, basicamente, para ação de infantaria), ele poderia ser jogado numa unidade de infantaria e começar, imediatamente, a desempenhar o papel de um infante. O resultado foi, justamente, o oposto. O trabalho da infantaria era, de longe, mais complexo e assustador do que qualquer coisa que um tanquista ou artilheiro tinha de encarar. A maioria dos outros exércitos reconheceu isto, mas não o Exército dos Estados Unidos.
Quando os recompletamentos de infantaria eram enviados para uma unidade, com freqüência, chegavam à noite (assim, não seriam percebidos, e alvejados, pelas tropas inimigas próximas). Cambaleando no escuro, eles seriam liderados até um grupo de combate desfalcado (algumas vezes, apenas três ou quatro homens, remanescentes dos doze originais). Os veteranos não queriam nada com os novos soldados e, freqüentemente, os colocavam (se havia mais de um, o que era comum) por sua própria conta, em algum lugar onde não poriam em risco os veteranos que sabiam o quanto perigoso o combate podia ser. Se os recompletamentos sobreviviam a sua primeira noite (e muitos não sobreviviam), o líder de GC podia tentar avaliá-los.
O líder de GC era, com freqüência, novo no trabalho, seu antecessor, muito provavelmente, tendo sido morto ou ferido. Estes novos líderes de GC tinham experiência de combate, mas não eram, necessariamente, os melhores homens para a tarefa. No meio do combate, o líder de pelotão nomearia o mais apropriado praça do GC, como o novo chefe deste, e esperaria o melhor. Assim, o líder de GC, normalmente, não tinha experiência em lidar com recompletamentos destreinados e, como os outros veteranos do grupo, queria evitar acabar sendo morto como resultado de algum erro cometido pelos bisonhos. Numa situação defensiva, isto não era tão ruim. Podia ser mostrado aos novos soldados, como manter a cabeça baixa e instruí-los sobre o plano de defesa. Se um novo camarada parecia ter miolos, um dos veteranos poderia utilizá-lo para ajudar a cavar e reforçar as fortificações de campanha. Após um dia ou mais, alguns dos novos sujeitos podiam ser confiados para montar guarda em uma das posições de combate. Após uma semana ou mais desta coisa de “aprender a se fazer respeitar”, os recompletamentos estavam no caminho certo para se tornarem membros confiáveis do grupo de combate. Porém, freqüentemente, os recompletamentos eram enviados quando o GC estava envolvido em ataques ou patrulhas. E, com freqüência, os veteranos tinham de levar consigo os novos sujeitos, porque o grupo inteiro precisava se mover. Sob tais condições, os recompletamentos tendiam a morrer ou ser feridos, rapidamente. Ou, então, os novatos podiam entrar em colapso, após uns poucos dias, devido à tensão física e mental, normalmente, ambas.
A preparação que um soldado precisava para resistir ao combate de infantaria era extensa. Entre outras coisas, o soldado precisava:
A) Se acostumar ao som do fogo de fuzil e de artilharia.
B) Aprender como se movimentar numa zona de combate, sem se apresentar como alvo.
C) Conhecer a importância de cuidar das armas e equipamento numa zona de combate.
D) Saber como viver numa zona de combate sem ficar doente.
E) Saber como lidar com operações noturnas.
F) Permanecer fisicamente apto.
G) Saber como usar as armas de infantaria.
Recompletamentos demais, especialmente, aqueles arrebanhados de unidades não-combatentes, careciam da maioria destas habilidades. Além do mais, estes que foram enviados para a infantaria, no final de 1944 (em especial, para substituir as baixas da Batalha do Bolsão, em dezembro) ficaram chocados ao descobrir que a guerra não estava, quase acabada, e que os alemães ainda estavam cheios de espírito de luta.
Muitos (mas não todos) comandantes, em todos os escalões, logo ficaram conscientes destes problemas. Embora a política oficial de recompletamento do exército não mudasse durante a guerra, muitos comandantes tomaram suas próprias medidas para aliviar o problema. A mais simples, e mais eficaz, solução, era não mandar recompletamentos para unidades que ainda estivessem em ação, ou, ao menos, não para unidades que estivessem envolvidas num ataque. Quando um batalhão ia para a defensiva, ou era retirado de ação por uns poucos dias, eram, então, enviados os recompletamentos. Alguns comandantes estabeleceram programas especiais de treinamento para os recompletamentos. Isso rendeu grandes dividendos, e aquelas unidades que possuíam os mais meticulosos programas de treinamento para recompletamentos, tinham os menores problemas com estes novos soldados. Idealmente, cada divisão teria uma companhia de treinamento, que daria aos recompletamentos uma semana ou mais de intenso adestramento de infantaria. Quando estes novos homens eram mandados para suas unidades, o líder de pelotão faria com que os líderes de GC instruíssem os novos soldados na forma como aquela fração particular operava, apresentando-os aos soldados veteranos, e fundindo recompletamentos e veteranos numa equipe. Infelizmente, estas medidas quebra-galho, não foram, universalmente, aplicadas. Até o fim da guerra, recompletamentos estavam sendo enviados sem nenhuma preparação, e, com freqüência demasiada, se transformavam em baixas, antes que os veteranos em seus GCs pudessem, mesmo, aprender seus nomes.
James Dunnigan & Albert Nofi – Dirty Little Secrets of World War II.
O QUE ERA MAIS PERIGOSO DO QUE SER SOLDADO DE INFANTARIA?
Ser um recompletamento de infantaria americano. Os Estados Unidos tinham aquilo que, provavelmente, era a pior política para substituir baixas de infantaria. E mais, a política não foi, oficialmente, reconhecida como deficiente, até depois da Guerra do Vietnam. Ao entrar na Segunda Guerra Mundial, foi decidido utilizar os recompletamentos como cartuchos de munição. Quando alguém, numa unidade de combate, era morto ou ferido, outro homem do “fundo de recompletamento” seria, de imediato, enviado para aquela unidade. Isto, com freqüência, era feito enquanto a unidade ainda estava em combate. Os resultados desta política foram desastrosos para as unidades e, normalmente, fatais para os recompletamentos.
Os recompletamentos vinham dos Estados Unidos, onde haviam recebido vários meses de treinamento de infantaria (em acréscimo ao treinamento básico que todo soldado recebia). Durante as pesadas lutas na França e Alemanha, após o Dia-D, muitos dos recompletamentos não eram infantes treinados, mas homens retirados de unidades não-combatentes e enviados para a frente como substituição para as pesadas baixas na infantaria.
Ironicamente, os chefes não teriam pensado em mandar recompletamentos destreinados para unidades de artilharia ou de tanques, ou, pelo menos, eles esperariam que os substitutos recebessem algum treinamento, antes de serem alocados para guarnecerem um tanque ou uma peça de artilharia. De acordo com a política oficial, já que todo soldado recebia um treinamento básico (orientado, basicamente, para ação de infantaria), ele poderia ser jogado numa unidade de infantaria e começar, imediatamente, a desempenhar o papel de um infante. O resultado foi, justamente, o oposto. O trabalho da infantaria era, de longe, mais complexo e assustador do que qualquer coisa que um tanquista ou artilheiro tinha de encarar. A maioria dos outros exércitos reconheceu isto, mas não o Exército dos Estados Unidos.
Quando os recompletamentos de infantaria eram enviados para uma unidade, com freqüência, chegavam à noite (assim, não seriam percebidos, e alvejados, pelas tropas inimigas próximas). Cambaleando no escuro, eles seriam liderados até um grupo de combate desfalcado (algumas vezes, apenas três ou quatro homens, remanescentes dos doze originais). Os veteranos não queriam nada com os novos soldados e, freqüentemente, os colocavam (se havia mais de um, o que era comum) por sua própria conta, em algum lugar onde não poriam em risco os veteranos que sabiam o quanto perigoso o combate podia ser. Se os recompletamentos sobreviviam a sua primeira noite (e muitos não sobreviviam), o líder de GC podia tentar avaliá-los.
O líder de GC era, com freqüência, novo no trabalho, seu antecessor, muito provavelmente, tendo sido morto ou ferido. Estes novos líderes de GC tinham experiência de combate, mas não eram, necessariamente, os melhores homens para a tarefa. No meio do combate, o líder de pelotão nomearia o mais apropriado praça do GC, como o novo chefe deste, e esperaria o melhor. Assim, o líder de GC, normalmente, não tinha experiência em lidar com recompletamentos destreinados e, como os outros veteranos do grupo, queria evitar acabar sendo morto como resultado de algum erro cometido pelos bisonhos. Numa situação defensiva, isto não era tão ruim. Podia ser mostrado aos novos soldados, como manter a cabeça baixa e instruí-los sobre o plano de defesa. Se um novo camarada parecia ter miolos, um dos veteranos poderia utilizá-lo para ajudar a cavar e reforçar as fortificações de campanha. Após um dia ou mais, alguns dos novos sujeitos podiam ser confiados para montar guarda em uma das posições de combate. Após uma semana ou mais desta coisa de “aprender a se fazer respeitar”, os recompletamentos estavam no caminho certo para se tornarem membros confiáveis do grupo de combate. Porém, freqüentemente, os recompletamentos eram enviados quando o GC estava envolvido em ataques ou patrulhas. E, com freqüência, os veteranos tinham de levar consigo os novos sujeitos, porque o grupo inteiro precisava se mover. Sob tais condições, os recompletamentos tendiam a morrer ou ser feridos, rapidamente. Ou, então, os novatos podiam entrar em colapso, após uns poucos dias, devido à tensão física e mental, normalmente, ambas.
A preparação que um soldado precisava para resistir ao combate de infantaria era extensa. Entre outras coisas, o soldado precisava:
A) Se acostumar ao som do fogo de fuzil e de artilharia.
B) Aprender como se movimentar numa zona de combate, sem se apresentar como alvo.
C) Conhecer a importância de cuidar das armas e equipamento numa zona de combate.
D) Saber como viver numa zona de combate sem ficar doente.
E) Saber como lidar com operações noturnas.
F) Permanecer fisicamente apto.
G) Saber como usar as armas de infantaria.
Recompletamentos demais, especialmente, aqueles arrebanhados de unidades não-combatentes, careciam da maioria destas habilidades. Além do mais, estes que foram enviados para a infantaria, no final de 1944 (em especial, para substituir as baixas da Batalha do Bolsão, em dezembro) ficaram chocados ao descobrir que a guerra não estava, quase acabada, e que os alemães ainda estavam cheios de espírito de luta.
Muitos (mas não todos) comandantes, em todos os escalões, logo ficaram conscientes destes problemas. Embora a política oficial de recompletamento do exército não mudasse durante a guerra, muitos comandantes tomaram suas próprias medidas para aliviar o problema. A mais simples, e mais eficaz, solução, era não mandar recompletamentos para unidades que ainda estivessem em ação, ou, ao menos, não para unidades que estivessem envolvidas num ataque. Quando um batalhão ia para a defensiva, ou era retirado de ação por uns poucos dias, eram, então, enviados os recompletamentos. Alguns comandantes estabeleceram programas especiais de treinamento para os recompletamentos. Isso rendeu grandes dividendos, e aquelas unidades que possuíam os mais meticulosos programas de treinamento para recompletamentos, tinham os menores problemas com estes novos soldados. Idealmente, cada divisão teria uma companhia de treinamento, que daria aos recompletamentos uma semana ou mais de intenso adestramento de infantaria. Quando estes novos homens eram mandados para suas unidades, o líder de pelotão faria com que os líderes de GC instruíssem os novos soldados na forma como aquela fração particular operava, apresentando-os aos soldados veteranos, e fundindo recompletamentos e veteranos numa equipe. Infelizmente, estas medidas quebra-galho, não foram, universalmente, aplicadas. Até o fim da guerra, recompletamentos estavam sendo enviados sem nenhuma preparação, e, com freqüência demasiada, se transformavam em baixas, antes que os veteranos em seus GCs pudessem, mesmo, aprender seus nomes.
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Re: Frações de Infantaria
PERSPECTIVAS DA INFANTARIA final.
James Dunnigan & Albert Nofi – Dirty Little Secrets of World War II.
TODAS AQUELAS MALDITAS METRALHADORAS...
Uma coisa que todo infante aliado relembra da luta contra os alemães, era o quase constante fogo de metralhadora oriundo do inimigo. Isto não era coincidência, já que os alemães tinham, desde a Grande Guerra, desenvolvido suas táticas de infantaria, ao redor da metralhadora. Esta foi uma sábia ação. Uma única metralhadora fornecia mais poder de fogo do que uma dúzia de soldados disparando fuzis. Além do mais, para a Segunda Guerra Mundial, os alemães desenvolveram a metralhadora leve, MG-42. O Exército alemão ainda a está utilizando, hoje em dia, e os Estados Unidos, para todos os efeitos, a clonaram como a M-60, nos anos 1960. A MG-42 era leve o bastante (11 Kg) que podia ser portada por um homem. Uma cinta de 100 cartuchos pesava 2,5 Kg e o atirador podia ser acompanhado por outros dois ou três homens, carregando mais de mil cartuchos adicionais. Cada grupo de combate de infantaria com dez homens, tinha uma MG-42, e a guarnição de dois ou três homens podia, sempre, posicionar-se, achar alvos, e começar a disparar, antes que o restante do GC avançasse para o ataque. Na defesa, o restante do GC estava lá para, principalmente, proteger e encontrar alvos para a metralhadora. O líder de pelotão tinha as três MG-42 de seus GCs para trabalhar, e estava treinado para assegurar que as tropas inimigas, raramente, pudessem evitar colidir com uma muralha de fogo de metralhadora. Os alemães colocavam uma porção de pensamento e energia para instalar suas metralhadoras nas melhores posições para infligir o máximo dano sobre o inimigo, enquanto protegiam a guarnição da MG-42. Com efeito, um grupo de combate alemão era, basicamente, apenas uma grande peça de metralhadora. Enquanto o atirador de MG-42 vomitava fogo, os outros homens no GC divisavam alvos, forneciam proteção e, naturalmente, carregavam uma porção de munição (vários milhares de cartuchos por GC não eram incomuns). Como conseqüência, as frações de infantaria alemãs carregavam um bocado a mais de munição com elas do que suas contrapartes americanas. No campo de batalha, o poder de fogo era rei, e os alemães sabiam disto.
Próximo ao fim da guerra, muitos infantes alemães trocaram seus fuzis de ação de ferrolho Mauser, de 4 Kg, por StG-44, totalmente automáticos, de 5 Kg (similar ao AK-47). Neste ponto, a companhia de fuzileiros foi reorganizada. Agora, existiam dois pelotões de “assalto” e um pelotão de fuzileiros tradicional, na companhia. Os pelotões de assalto tinham dois grupos de combate de oito homens, armados com StG-44, e um grupo de metralhadoras de oito homens e duas peças MG-42. Uma terceira metralhadora era transportada como sobressalente, juntamente com o suprimento de munição de reserva, mas, freqüentemente, era fornecida ao grupo de metralhadoras para formar uma terceira peça. A antiga organização para um pelotão de fuzileiros tinha três MG-42 (cada uma disparando, na média, 150 cartuchos por minuto) e vinte fuzis (10 cartuchos por minuto), rendendo um poder de fogo de 650 cartuchos por minuto. O novo pelotão de assalto tinha duas MG-42 em ação, mais quatorze StG-44 (80 cartuchos por minuto), gerando 1.420 disparos por minuto. As MG-42 e StG-44 podiam disparar muito mais rapidamente, por uns poucos minutos (antes que seus canos superaquecessem), produzindo três ou quatro vezes a mais de poder de fogo, numa emergência. A MG-42 era, particularmente, notada por seu som de serra (1.200 cartuchos por minuto), que fazia arrepiar a espinha da infantaria aliada que a ouvia bem perto e bem alta.
Não admira que os infantes aliados, quando rememoram suas experiências enfrentando os alemães sempre se lembrem de “todas aquelas malditas metralhadoras”.
James Dunnigan & Albert Nofi – Dirty Little Secrets of World War II.
TODAS AQUELAS MALDITAS METRALHADORAS...
Uma coisa que todo infante aliado relembra da luta contra os alemães, era o quase constante fogo de metralhadora oriundo do inimigo. Isto não era coincidência, já que os alemães tinham, desde a Grande Guerra, desenvolvido suas táticas de infantaria, ao redor da metralhadora. Esta foi uma sábia ação. Uma única metralhadora fornecia mais poder de fogo do que uma dúzia de soldados disparando fuzis. Além do mais, para a Segunda Guerra Mundial, os alemães desenvolveram a metralhadora leve, MG-42. O Exército alemão ainda a está utilizando, hoje em dia, e os Estados Unidos, para todos os efeitos, a clonaram como a M-60, nos anos 1960. A MG-42 era leve o bastante (11 Kg) que podia ser portada por um homem. Uma cinta de 100 cartuchos pesava 2,5 Kg e o atirador podia ser acompanhado por outros dois ou três homens, carregando mais de mil cartuchos adicionais. Cada grupo de combate de infantaria com dez homens, tinha uma MG-42, e a guarnição de dois ou três homens podia, sempre, posicionar-se, achar alvos, e começar a disparar, antes que o restante do GC avançasse para o ataque. Na defesa, o restante do GC estava lá para, principalmente, proteger e encontrar alvos para a metralhadora. O líder de pelotão tinha as três MG-42 de seus GCs para trabalhar, e estava treinado para assegurar que as tropas inimigas, raramente, pudessem evitar colidir com uma muralha de fogo de metralhadora. Os alemães colocavam uma porção de pensamento e energia para instalar suas metralhadoras nas melhores posições para infligir o máximo dano sobre o inimigo, enquanto protegiam a guarnição da MG-42. Com efeito, um grupo de combate alemão era, basicamente, apenas uma grande peça de metralhadora. Enquanto o atirador de MG-42 vomitava fogo, os outros homens no GC divisavam alvos, forneciam proteção e, naturalmente, carregavam uma porção de munição (vários milhares de cartuchos por GC não eram incomuns). Como conseqüência, as frações de infantaria alemãs carregavam um bocado a mais de munição com elas do que suas contrapartes americanas. No campo de batalha, o poder de fogo era rei, e os alemães sabiam disto.
Próximo ao fim da guerra, muitos infantes alemães trocaram seus fuzis de ação de ferrolho Mauser, de 4 Kg, por StG-44, totalmente automáticos, de 5 Kg (similar ao AK-47). Neste ponto, a companhia de fuzileiros foi reorganizada. Agora, existiam dois pelotões de “assalto” e um pelotão de fuzileiros tradicional, na companhia. Os pelotões de assalto tinham dois grupos de combate de oito homens, armados com StG-44, e um grupo de metralhadoras de oito homens e duas peças MG-42. Uma terceira metralhadora era transportada como sobressalente, juntamente com o suprimento de munição de reserva, mas, freqüentemente, era fornecida ao grupo de metralhadoras para formar uma terceira peça. A antiga organização para um pelotão de fuzileiros tinha três MG-42 (cada uma disparando, na média, 150 cartuchos por minuto) e vinte fuzis (10 cartuchos por minuto), rendendo um poder de fogo de 650 cartuchos por minuto. O novo pelotão de assalto tinha duas MG-42 em ação, mais quatorze StG-44 (80 cartuchos por minuto), gerando 1.420 disparos por minuto. As MG-42 e StG-44 podiam disparar muito mais rapidamente, por uns poucos minutos (antes que seus canos superaquecessem), produzindo três ou quatro vezes a mais de poder de fogo, numa emergência. A MG-42 era, particularmente, notada por seu som de serra (1.200 cartuchos por minuto), que fazia arrepiar a espinha da infantaria aliada que a ouvia bem perto e bem alta.
Não admira que os infantes aliados, quando rememoram suas experiências enfrentando os alemães sempre se lembrem de “todas aquelas malditas metralhadoras”.
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Re: Frações de Infantaria
MANTENDO NOSSA INFANTARIA VIVA.
Por William Lind – 30 de setembro de 2009.
A manchete de 23 de setembro do Washington Post, diz, “Perigo Menor para os Civis, porém, Maior para os Soldados.” O tema do artigo é o de que as restrições que o general Stanley McChrystal tem imposto ao uso de armas de apoio no Afeganistão, com o objetivo de reduzir as baixas civis afegãs, tem aumentado as baixas americanas. O Post relatou que, desde que o general McChrystal emitiu sua diretiva em 2 de julho, o número de civis afegãos mortos por forças da coalizão caiu de 151 para 19, para o mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, as mortes de soldados americanos subiram de 42 para 96. Sem surpresa, o Congresso está interessado: o Post cita a senadora Susan Collins do Maine, “Estou preocupada caso estejamos colocando nossos soldados em maior perigo, de forma a ir a extremos para evitar baixas afegãs.”
É improvável que o Congresso compreenda o que general McChrystal sabe muito bem, o fato de que as táticas americanas de poder de fogo intensivo, especialmente, o pesado uso de artilharia e ataques aéreos, nos fará perder a guerra. Para forças armadas estatais, as Guerras de Quarta Geração são fáceis de ganhar, taticamente, e perder estrategicamente. Este é, de fato, o curso normal delas.
Mas, quanto a questão levantada pelo Post e pelo Congresso: as novas restrições no apoio de fogo estão causando mais baixas americanas no Afeganistão? Numa palavra, sim. Mas este não deveria ser o caso.
O problema é que, virtualmente, toda a infantaria americana é treinada em táticas de Segunda Geração. Esta reduz todas as táticas a uma só: tropeçar no inimigo e pedir fogo. Os franceses, que inventaram a Segunda Geração, resumem isto como, “Artilharia Conquista, Infantaria Ocupa.” O poder de fogo de apoio, originalmente, a artilharia, agora, com mais freqüência, os ataques aéreos, deve ser maciço. Se não for – como é, agora, o caso no Afeganistão, sob a diretiva do general McChrystal – a infantaria fica com problemas. Tudo que foi ensinado a esta depende do apoio de fogo que não existe mais. Inevitavelmente, suas baixas subirão, e ela, com freqüência, perderá engajamentos.
Felizmente, a resposta para este problema já é conhecida de há muito tempo – vários séculos, de fato. São as autênticas táticas jäger, ou de infantaria ligeira. Infantaria ligeira autêntica tem um amplo e variado repertório tático. Ela depende, apenas, de seu próprio (e modesto) poder de fogo. Táticas jäger foram influentes no desenvolvimento das táticas de Terceira Geração, mas permanecem sendo uma versão mais sofisticada destas táticas posteriores (infiltração). Elas são ideais para as Guerras de Quarta Geração, especialmente, em terreno montanhoso como o do Afeganistão.
Se nós queremos reduzir as baixas americanas na guerra afegã, enquanto mantemos as restrições, absolutamente necessárias, do general McChrystal sobre as armas de apoio, precisamos de um severo programa para ensinar táticas jäger para as infantarias do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais. Este último, como usual, está um pouco à frente no jogo, já tendo iniciado um tal programa, chamado “Caçador de Combate” (Jäger quer dizer, “caçador”, em alemão).
Este não é um caso onde precisamos inventar coisa alguma. A literatura sobre autênticas táticas de infantaria ligeira é extensa. Obras sobre a infantaria ligeira do século XVIII permanecem instrutivas; eu recomendaria o diário de Johan Ewald da Revolução Americana (Ewald era um comandante de companhia jäger hessiana) e o British Light Infantry in the 18th Century de J.F.C. Fuller. Trabalhos de valor, mais recentes, incluem os manuais de campanha de infantaria ligeira, publicados pelo K.u.K Marine Corps (disponíves no website da Escola de Guerra Expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais); o soberbo Modern Light Infantry and New Technology do Dr. Steven Canby (1983, feito sob encomenda do Departamento de Defesa); e os livros de John Poole. Alguns de nossos aliados da OTAN, também tem unidades jäger de onde podemos aprender.
Cerca de vinte anos atrás, um comandante da Escola de Infantaria do Exército, em Fort Benning, general Burba, tentou transformar a escola para ensinar táticas de infantaria ligeira, ao invés de Segunda Geração. Ele formou uma Força-Tarefa de Infantaria Ligeira, que eu visitei e que estava fazendo um trabalho excelente. O esforço morreu, quando o general Burba saiu, mas alguns de seus oficiais, que participaram dele, ainda devem estar disponíveis. O Exército poderia e deveria encontrá-los, e encarregá-los de um programa de treinamento emergencial.
O Seminário de Guerra Avançada, na Escola de Guerra Expedicionária, que eu liderei, está continuando o trabalho sobre esta questão crítica. Um produto em progresso é um simples manual prático, mostrando para um comandante de companhia como converter sua subunidade em infantaria ligeira. Comandantes de pelotão, companhia e batalhão, tanto como as escolas, são bem-vindos para entrarem em contato com o seminário, através do major Greg Thiele.
Retreinar a infantaria americana em autênticas táticas de infantaria ligeira não é alguma coisa que possamos esperar. É a única alternativa para o dilema de perder soldados e engajamentos por falta de apoio de fogo, ou, então, perder a guerra afegã, por pedir tal apoio. O normal “programa” hiper-extensivo do Departamento de Defesa, de anos de duração, com seu quadro de milhares (de contratados) é inaceitável. Comandantes de pelotões, companhias, batalhões e escolas, tem uma obrigação moral de fazer isto, agora, de cima para baixo, sem esperar pela aprovação do GOSPLAN. Nem um só momento deve ser perdido.
Por William Lind – 30 de setembro de 2009.
A manchete de 23 de setembro do Washington Post, diz, “Perigo Menor para os Civis, porém, Maior para os Soldados.” O tema do artigo é o de que as restrições que o general Stanley McChrystal tem imposto ao uso de armas de apoio no Afeganistão, com o objetivo de reduzir as baixas civis afegãs, tem aumentado as baixas americanas. O Post relatou que, desde que o general McChrystal emitiu sua diretiva em 2 de julho, o número de civis afegãos mortos por forças da coalizão caiu de 151 para 19, para o mesmo período do ano anterior. Ao mesmo tempo, as mortes de soldados americanos subiram de 42 para 96. Sem surpresa, o Congresso está interessado: o Post cita a senadora Susan Collins do Maine, “Estou preocupada caso estejamos colocando nossos soldados em maior perigo, de forma a ir a extremos para evitar baixas afegãs.”
É improvável que o Congresso compreenda o que general McChrystal sabe muito bem, o fato de que as táticas americanas de poder de fogo intensivo, especialmente, o pesado uso de artilharia e ataques aéreos, nos fará perder a guerra. Para forças armadas estatais, as Guerras de Quarta Geração são fáceis de ganhar, taticamente, e perder estrategicamente. Este é, de fato, o curso normal delas.
Mas, quanto a questão levantada pelo Post e pelo Congresso: as novas restrições no apoio de fogo estão causando mais baixas americanas no Afeganistão? Numa palavra, sim. Mas este não deveria ser o caso.
O problema é que, virtualmente, toda a infantaria americana é treinada em táticas de Segunda Geração. Esta reduz todas as táticas a uma só: tropeçar no inimigo e pedir fogo. Os franceses, que inventaram a Segunda Geração, resumem isto como, “Artilharia Conquista, Infantaria Ocupa.” O poder de fogo de apoio, originalmente, a artilharia, agora, com mais freqüência, os ataques aéreos, deve ser maciço. Se não for – como é, agora, o caso no Afeganistão, sob a diretiva do general McChrystal – a infantaria fica com problemas. Tudo que foi ensinado a esta depende do apoio de fogo que não existe mais. Inevitavelmente, suas baixas subirão, e ela, com freqüência, perderá engajamentos.
Felizmente, a resposta para este problema já é conhecida de há muito tempo – vários séculos, de fato. São as autênticas táticas jäger, ou de infantaria ligeira. Infantaria ligeira autêntica tem um amplo e variado repertório tático. Ela depende, apenas, de seu próprio (e modesto) poder de fogo. Táticas jäger foram influentes no desenvolvimento das táticas de Terceira Geração, mas permanecem sendo uma versão mais sofisticada destas táticas posteriores (infiltração). Elas são ideais para as Guerras de Quarta Geração, especialmente, em terreno montanhoso como o do Afeganistão.
Se nós queremos reduzir as baixas americanas na guerra afegã, enquanto mantemos as restrições, absolutamente necessárias, do general McChrystal sobre as armas de apoio, precisamos de um severo programa para ensinar táticas jäger para as infantarias do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais. Este último, como usual, está um pouco à frente no jogo, já tendo iniciado um tal programa, chamado “Caçador de Combate” (Jäger quer dizer, “caçador”, em alemão).
Este não é um caso onde precisamos inventar coisa alguma. A literatura sobre autênticas táticas de infantaria ligeira é extensa. Obras sobre a infantaria ligeira do século XVIII permanecem instrutivas; eu recomendaria o diário de Johan Ewald da Revolução Americana (Ewald era um comandante de companhia jäger hessiana) e o British Light Infantry in the 18th Century de J.F.C. Fuller. Trabalhos de valor, mais recentes, incluem os manuais de campanha de infantaria ligeira, publicados pelo K.u.K Marine Corps (disponíves no website da Escola de Guerra Expedicionária do Corpo de Fuzileiros Navais); o soberbo Modern Light Infantry and New Technology do Dr. Steven Canby (1983, feito sob encomenda do Departamento de Defesa); e os livros de John Poole. Alguns de nossos aliados da OTAN, também tem unidades jäger de onde podemos aprender.
Cerca de vinte anos atrás, um comandante da Escola de Infantaria do Exército, em Fort Benning, general Burba, tentou transformar a escola para ensinar táticas de infantaria ligeira, ao invés de Segunda Geração. Ele formou uma Força-Tarefa de Infantaria Ligeira, que eu visitei e que estava fazendo um trabalho excelente. O esforço morreu, quando o general Burba saiu, mas alguns de seus oficiais, que participaram dele, ainda devem estar disponíveis. O Exército poderia e deveria encontrá-los, e encarregá-los de um programa de treinamento emergencial.
O Seminário de Guerra Avançada, na Escola de Guerra Expedicionária, que eu liderei, está continuando o trabalho sobre esta questão crítica. Um produto em progresso é um simples manual prático, mostrando para um comandante de companhia como converter sua subunidade em infantaria ligeira. Comandantes de pelotão, companhia e batalhão, tanto como as escolas, são bem-vindos para entrarem em contato com o seminário, através do major Greg Thiele.
Retreinar a infantaria americana em autênticas táticas de infantaria ligeira não é alguma coisa que possamos esperar. É a única alternativa para o dilema de perder soldados e engajamentos por falta de apoio de fogo, ou, então, perder a guerra afegã, por pedir tal apoio. O normal “programa” hiper-extensivo do Departamento de Defesa, de anos de duração, com seu quadro de milhares (de contratados) é inaceitável. Comandantes de pelotões, companhias, batalhões e escolas, tem uma obrigação moral de fazer isto, agora, de cima para baixo, sem esperar pela aprovação do GOSPLAN. Nem um só momento deve ser perdido.
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Re: Frações de Infantaria
O TAMANHO NÃO IMPORTA – o importante é saber usar.
Pelo major-fuzileiro naval Brendan B. McBreen.
Ano passado, a II Força Expedicionária de Fuzileiros Navais / Força de Fuzileiros Navais do Atlântico (II MEF / MARFORLANT) determinou que um batalhão de infantaria de fuzileiros navais conduzisse um experimento de longo prazo com uma organização de grupo de combate à dez homens. Oficiais de infantaria pensantes, por todo o Corpo de Fuzileiros apresentaram questões:
. Quais novos conhecimentos adquirimos que ponham em dúvida nossa atual organização?
. Como será conduzido o experimento? Qual rigor será colocado na avaliação?
. Quanto desta idéia é impulsionada por um desejo de cortar pessoal em contraposição com o desejo de aperfeiçoar o grupo de combate?
. Se queremos, realmente, aperfeiçoar as capacidades da infantaria de fuzileiros navais, por quê não focalizamos em nossas, muito mais básicas, mais importantes, deficiências de treinamento?
Uma breve olhada no Exército dos Estados Unidos com sua experimentação com grupos de combate pode ser útil.
OS GC DO EXÉRCITO AMERICANO.
Com muito poucas modificações, o Corpo de Fuzileiros Navais tem mantido a organização dos GC com treze homens, desde 1944. Nossas experiências de combate na Segunda Guerra Mundial criaram e validaram nosso GC modelo – o líder de GC e três esquadras de tiro à quatro homens, cada uma nucleada por um fuzil automático.
O Exército, por comparação, nunca ficou satisfeito com uma organização única para o GC. Entre 1920 e 1963, os soldados tentaram dezesseis diferentes organizações de GC. Do Vietnam até hoje, o Exército continua a fazer experiências com organizações de GC, algumas vezes, simultaneamente, em diferentes tipos de unidades de infantaria. O tamanho do GC tem ficado amarrado, seja à plataformas como a VCI “Bradley” ou ao helicóptero “Blackhawk”, ou a missões de unidades. O Exército tem experimentado com todas as facetas do GC, de número de homens, organização interna, a graduação dos líderes até a combinação de armamentos.
LIÇÕES APRENDIDAS.
Embora os Fuzileiros Navais possam olhar com desdém todos estes constantes e prejudiciais remendos, existiram benefícios. O Exército acumulou uma tremenda quantidade de informação sobre o que funciona e o que não funciona. Cada mudança de estrutura desde a Segunda Guerra foi acompanhada por pesquisa e testes rigorosos. Os laboratórios do Exército coletaram volumes de opiniões de líderes e soldados combatentes. Uma análise destes experimentos, desenhada para identificar lições-chave de um quarto de século de dados, alcançou uma conclusão interessante: o tamanho do grupo de combate não importa.
Se não é o tamanho, o que é que importa? Os estudos do Exército indicam uma resposta:
Dotado com estas descobertas, o general William DePuy, o primeiro general-comandante do Comando de Treinamento e Doutrina do Exército (TRADOC) acabou por concluir que muito da preocupação do Exército com organização do GC tinha sido mal-dirigida. Ele determinou ao TRADOC para “cessar a calibragem do tamanho e equipamento do grupo de combate, e para concentrar-se na melhoria de seu desempenho em combate.” O próprio experimento HUNTER WARRIOR do Corpo de Fuzileiros Navais em 1997, alcançou uma conclusão similar. Idéias iniciais sobre reorganizar o grupo de combate foram descartadas após os experimentos iniciais. O laboratório de guerra concluiu que os GC tinham um tremendo potencial de combate, mas, comumente, eram pouco treinados e pouco exigidos. O laboratório, então, instituiu uma série de iniciativas para aperfeiçoar o desempenho de combate do GC, por meio de treinamento focalizado.
O QUE DEVE SER FEITO?
Se desejamos aperfeiçoar a prontidão de combate de nossos GC, precisamos lidar com as questões subjacentes que, atualmente, enfraquecem estas frações. Não há nenhum “jeitinho”.
Inverter as atuais prioridades de treinamento. As forças terrestres americanas, principalmente, de fuzileiros de infantaria, historicamente, tem sofrido quase 80 % de nossas baixas de tempo de guerra. Estas mesmas unidades, entretanto, recebem, a menor quantidade de nosso enfoque de treinamento. O GC não tem prioridade nenhuma para pessoal, nenhum critério formal de seleção para liderança, e está no último lugar para alocação de tempo, dinheiro e equipamento de treinamento. O foco de treinamento de infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais baseia-se sobre um insalubre entusiasmo por grandes exercícios. Grandes exercícios são ruins para o treinamento das frações. Quanto maior o exercício, mais pobre é o valor do adestramento ao nível de frações. Exercícios combinados das Forças Armadas, exercícios de forças expedicionárias (MEF) e divisões, de armas combinadas e adestramento de unidades expedicionárias de fuzileiros navais (MEU) devem ser realizados depois do adestramento qualificado de frações, não ao invés deste último. Nosso enfoque em grandes exercícios adestra comandantes e estados-maiores. Nós temos muitos construtores de catedrais, mas nossos tijolos - os grupos de combate que são o bloco básico da construção tática de nossas forças – são, em sua maior parte, de areia. Comandantes de unidades precisam examinar suas prioridades de treinamento e perguntarem, a si mesmos, “o quão bem-treinados para combate estão os nossos GC?”
Restaurar o tempo de treinamento dos GC. Em 1920, Hans von Seeckt, chefe do Estado-Maior do Exército alemão, determinou três meses de treinamento para as companhias de infantaria. Oitenta anos depois, nós nem mesmo fazemos isto – e oitenta anos atrás, subunidades de infantaria, com um só armamento, eram muito mais fáceis de se adestrar. Hoje, dada a complexidade de nosso equipamento e a amplitude de nossas esperadas missões, os comandantes de pelotão precisam de três meses para adestrarem seus GC. As subunidades de infantaria precisam adotar um esquema trimestral progressivo que escalone o treinamento de GC para pelotão até a companhia, ao longo de nove meses.
Treinar líderes para treinarem GC. Tenentes na Escola Básica precisam aprender como adestrarem GC. Sargentos no Curso de Líderes de Grupo de Combate (SLC) precisam aprender como adestrarem GC. O Corpo de Fuzileiros Navais não tem nenhum manual visando, especificamente, o adestramento de frações de infantaria.
Criar Condutas de Treinamento de Qualidade. Padrões bem-redigidos de adestramento coletivo para GC, a par com avaliações do tipo Force-on-Force, aumentariam a capacidade combativa de nossos GC. O novo manual de Adestramento e Prontidão (T&R) é um passo na direção certa, mas as publicações do Exército ainda são melhores do que qualquer coisa que nós temos.
Qualificar Líderes de GC. O Curso de Líder de Grupo de Combate na Escola de Infantaria devia ser compulsório para todos os líderes de GC. A promoção de sargentos de infantaria devia ser amarrada à qualificação no curso. Outros exércitos e corpos de fuzileiros fazem isto. O ”Section Commanders Battle Course” britânico é um pré-requisito para promoção. O curso de sargentos no Corpo de Fuzileiros Navais chileno é de um ano de duração.
Manter a coesão do grupo de combate. Os GC são nossas equipes primordiais. Eles precisam viver e treinar juntos durante anos, não semanas. O primeiro dia do trimestre de treinamento deve ser o dia em que os praças cheguem da Escola de Infantaria. O atual plano de coesão é um grande começo. Líderes de unidades precisam acompanhar a idade de seus GC e maximizar o tempo de serviço mediano. Infantes devem passar a totalidade de seu primeiro alistamento adestrando-se e combatendo com a mesma equipe.
Dotar o GC com o melhor equipamento disponível. Isto está sendo feito. Durante os últimos cinco anos, o Corpo de Fuzileiros Navais tem feito grandes coisas para o equipamento do GC. Os Rádios Individuais de Grupo (ISR, ou Individual Squad Rádios) são um tremendo multiplicador de combate. Equipamento de visão noturna de alta-qualidade está disponível para, quase cada homem. O coturno de combate de infantaria, o traje de chuva Gore-Tex e outras vestimentas protetoras são de primeira classe. O equipamento MOLLE, ( Modular Lightweight Load-carrying Equipment) incluindo os novos correames, está em campo e sendo aperfeiçoado. Agora, a metralhadora leve M-249 SAW precisa ser substituída por um fuzil automático confiável e de baixo peso.
CONCLUSÃO.
O tamanho do GC é um dos menos importantes aspectos de sua capacidade. Focar no seu tamanho é, trivialmente, simples e os efeitos são, de forma correspondente, triviais. Se o Corpo de Fuzileiros Navais precisa de espaço nas embarcações, vamos cortar a organização e pagar o preço em retreinamento, modificações na doutrina, reescrita de publicações e ajustamentos nas escolas. Vinte anos, a extensão de uma carreira individual é a gestação básica normal para tais modificações doutrinárias básicas.
Entretanto, se o Corpo de Fuzileiros Navais quer grupos de combate eficazes, não vamos desperdiçar nosso tempo e energias em questões periféricas. Vamos manter o foco em adestramento, liderança de qualidade e coesão. Nossos grupos de combate, e os de exércitos bem-sucedidos, através da história, tem comprovado que tais questões são os indicadores eternos do sucesso em combate.
Pelo major-fuzileiro naval Brendan B. McBreen.
Ano passado, a II Força Expedicionária de Fuzileiros Navais / Força de Fuzileiros Navais do Atlântico (II MEF / MARFORLANT) determinou que um batalhão de infantaria de fuzileiros navais conduzisse um experimento de longo prazo com uma organização de grupo de combate à dez homens. Oficiais de infantaria pensantes, por todo o Corpo de Fuzileiros apresentaram questões:
. Quais novos conhecimentos adquirimos que ponham em dúvida nossa atual organização?
. Como será conduzido o experimento? Qual rigor será colocado na avaliação?
. Quanto desta idéia é impulsionada por um desejo de cortar pessoal em contraposição com o desejo de aperfeiçoar o grupo de combate?
. Se queremos, realmente, aperfeiçoar as capacidades da infantaria de fuzileiros navais, por quê não focalizamos em nossas, muito mais básicas, mais importantes, deficiências de treinamento?
Uma breve olhada no Exército dos Estados Unidos com sua experimentação com grupos de combate pode ser útil.
OS GC DO EXÉRCITO AMERICANO.
Com muito poucas modificações, o Corpo de Fuzileiros Navais tem mantido a organização dos GC com treze homens, desde 1944. Nossas experiências de combate na Segunda Guerra Mundial criaram e validaram nosso GC modelo – o líder de GC e três esquadras de tiro à quatro homens, cada uma nucleada por um fuzil automático.
O Exército, por comparação, nunca ficou satisfeito com uma organização única para o GC. Entre 1920 e 1963, os soldados tentaram dezesseis diferentes organizações de GC. Do Vietnam até hoje, o Exército continua a fazer experiências com organizações de GC, algumas vezes, simultaneamente, em diferentes tipos de unidades de infantaria. O tamanho do GC tem ficado amarrado, seja à plataformas como a VCI “Bradley” ou ao helicóptero “Blackhawk”, ou a missões de unidades. O Exército tem experimentado com todas as facetas do GC, de número de homens, organização interna, a graduação dos líderes até a combinação de armamentos.
LIÇÕES APRENDIDAS.
Embora os Fuzileiros Navais possam olhar com desdém todos estes constantes e prejudiciais remendos, existiram benefícios. O Exército acumulou uma tremenda quantidade de informação sobre o que funciona e o que não funciona. Cada mudança de estrutura desde a Segunda Guerra foi acompanhada por pesquisa e testes rigorosos. Os laboratórios do Exército coletaram volumes de opiniões de líderes e soldados combatentes. Uma análise destes experimentos, desenhada para identificar lições-chave de um quarto de século de dados, alcançou uma conclusão interessante: o tamanho do grupo de combate não importa.
”Análises de ações de combate de frações no Vietnam... Coréia e Segunda Guerra, confirmaram que o tamanho não afeta nem o sucesso tático do GC, nem sua resistência.”
“Testes de campo... analisaram vários tamanhos de GC... mas descobriram que não há diferença importante alguma nas organizações testadas na habilidade para cumprir missões.”
Se não é o tamanho, o que é que importa? Os estudos do Exército indicam uma resposta:
”Evidências acumuladas de um amplo espectro de estudos e testes demonstram que o desenho do grupo de combate... era, de longe, menos significativo em seu desempenho de batalha do que os fatores humanos, em particular, treinamento...”
Dotado com estas descobertas, o general William DePuy, o primeiro general-comandante do Comando de Treinamento e Doutrina do Exército (TRADOC) acabou por concluir que muito da preocupação do Exército com organização do GC tinha sido mal-dirigida. Ele determinou ao TRADOC para “cessar a calibragem do tamanho e equipamento do grupo de combate, e para concentrar-se na melhoria de seu desempenho em combate.” O próprio experimento HUNTER WARRIOR do Corpo de Fuzileiros Navais em 1997, alcançou uma conclusão similar. Idéias iniciais sobre reorganizar o grupo de combate foram descartadas após os experimentos iniciais. O laboratório de guerra concluiu que os GC tinham um tremendo potencial de combate, mas, comumente, eram pouco treinados e pouco exigidos. O laboratório, então, instituiu uma série de iniciativas para aperfeiçoar o desempenho de combate do GC, por meio de treinamento focalizado.
O QUE DEVE SER FEITO?
Se desejamos aperfeiçoar a prontidão de combate de nossos GC, precisamos lidar com as questões subjacentes que, atualmente, enfraquecem estas frações. Não há nenhum “jeitinho”.
Inverter as atuais prioridades de treinamento. As forças terrestres americanas, principalmente, de fuzileiros de infantaria, historicamente, tem sofrido quase 80 % de nossas baixas de tempo de guerra. Estas mesmas unidades, entretanto, recebem, a menor quantidade de nosso enfoque de treinamento. O GC não tem prioridade nenhuma para pessoal, nenhum critério formal de seleção para liderança, e está no último lugar para alocação de tempo, dinheiro e equipamento de treinamento. O foco de treinamento de infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais baseia-se sobre um insalubre entusiasmo por grandes exercícios. Grandes exercícios são ruins para o treinamento das frações. Quanto maior o exercício, mais pobre é o valor do adestramento ao nível de frações. Exercícios combinados das Forças Armadas, exercícios de forças expedicionárias (MEF) e divisões, de armas combinadas e adestramento de unidades expedicionárias de fuzileiros navais (MEU) devem ser realizados depois do adestramento qualificado de frações, não ao invés deste último. Nosso enfoque em grandes exercícios adestra comandantes e estados-maiores. Nós temos muitos construtores de catedrais, mas nossos tijolos - os grupos de combate que são o bloco básico da construção tática de nossas forças – são, em sua maior parte, de areia. Comandantes de unidades precisam examinar suas prioridades de treinamento e perguntarem, a si mesmos, “o quão bem-treinados para combate estão os nossos GC?”
Restaurar o tempo de treinamento dos GC. Em 1920, Hans von Seeckt, chefe do Estado-Maior do Exército alemão, determinou três meses de treinamento para as companhias de infantaria. Oitenta anos depois, nós nem mesmo fazemos isto – e oitenta anos atrás, subunidades de infantaria, com um só armamento, eram muito mais fáceis de se adestrar. Hoje, dada a complexidade de nosso equipamento e a amplitude de nossas esperadas missões, os comandantes de pelotão precisam de três meses para adestrarem seus GC. As subunidades de infantaria precisam adotar um esquema trimestral progressivo que escalone o treinamento de GC para pelotão até a companhia, ao longo de nove meses.
Treinar líderes para treinarem GC. Tenentes na Escola Básica precisam aprender como adestrarem GC. Sargentos no Curso de Líderes de Grupo de Combate (SLC) precisam aprender como adestrarem GC. O Corpo de Fuzileiros Navais não tem nenhum manual visando, especificamente, o adestramento de frações de infantaria.
Criar Condutas de Treinamento de Qualidade. Padrões bem-redigidos de adestramento coletivo para GC, a par com avaliações do tipo Force-on-Force, aumentariam a capacidade combativa de nossos GC. O novo manual de Adestramento e Prontidão (T&R) é um passo na direção certa, mas as publicações do Exército ainda são melhores do que qualquer coisa que nós temos.
Qualificar Líderes de GC. O Curso de Líder de Grupo de Combate na Escola de Infantaria devia ser compulsório para todos os líderes de GC. A promoção de sargentos de infantaria devia ser amarrada à qualificação no curso. Outros exércitos e corpos de fuzileiros fazem isto. O ”Section Commanders Battle Course” britânico é um pré-requisito para promoção. O curso de sargentos no Corpo de Fuzileiros Navais chileno é de um ano de duração.
Manter a coesão do grupo de combate. Os GC são nossas equipes primordiais. Eles precisam viver e treinar juntos durante anos, não semanas. O primeiro dia do trimestre de treinamento deve ser o dia em que os praças cheguem da Escola de Infantaria. O atual plano de coesão é um grande começo. Líderes de unidades precisam acompanhar a idade de seus GC e maximizar o tempo de serviço mediano. Infantes devem passar a totalidade de seu primeiro alistamento adestrando-se e combatendo com a mesma equipe.
Dotar o GC com o melhor equipamento disponível. Isto está sendo feito. Durante os últimos cinco anos, o Corpo de Fuzileiros Navais tem feito grandes coisas para o equipamento do GC. Os Rádios Individuais de Grupo (ISR, ou Individual Squad Rádios) são um tremendo multiplicador de combate. Equipamento de visão noturna de alta-qualidade está disponível para, quase cada homem. O coturno de combate de infantaria, o traje de chuva Gore-Tex e outras vestimentas protetoras são de primeira classe. O equipamento MOLLE, ( Modular Lightweight Load-carrying Equipment) incluindo os novos correames, está em campo e sendo aperfeiçoado. Agora, a metralhadora leve M-249 SAW precisa ser substituída por um fuzil automático confiável e de baixo peso.
CONCLUSÃO.
O tamanho do GC é um dos menos importantes aspectos de sua capacidade. Focar no seu tamanho é, trivialmente, simples e os efeitos são, de forma correspondente, triviais. Se o Corpo de Fuzileiros Navais precisa de espaço nas embarcações, vamos cortar a organização e pagar o preço em retreinamento, modificações na doutrina, reescrita de publicações e ajustamentos nas escolas. Vinte anos, a extensão de uma carreira individual é a gestação básica normal para tais modificações doutrinárias básicas.
Entretanto, se o Corpo de Fuzileiros Navais quer grupos de combate eficazes, não vamos desperdiçar nosso tempo e energias em questões periféricas. Vamos manter o foco em adestramento, liderança de qualidade e coesão. Nossos grupos de combate, e os de exércitos bem-sucedidos, através da história, tem comprovado que tais questões são os indicadores eternos do sucesso em combate.
Re: Frações de Infantaria
Achei que apenas eu percebia isso...Grandes exercícios são ruins para o treinamento das frações. Quanto maior o exercício, mais pobre é o valor do adestramento ao nível de frações.
Carpe noctem!
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Re: Frações de Infantaria
VIETNAM – ANOS 1960.
OPERAÇÃO HUE CITY – Companhia Charlie, I Batalhão/5º Regimento/1ª Divisão de Fuzileiros Navais.
31 de janeiro à 5 de março de 1968.
Mesmo sob as melhores circunstâncias, a luta de rua é um negócio sangrento. Esta foi, no fim, a suprema lição aprendida pelos elementos do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos que participaram desta batalha histórica, considerada por muitos como a mais sangrenta da Guerra do Vietnam.
As forças de Fuzileiros Navais envolvidas na Operação HUE CITY perderam 142 navais mortos em ação, durante a batalha de um mês, incluindo os ferozes combates iniciais envolvendo, primordialmente, lutas através de todas os quarteirões meridionais da cidade, e as batalhas finais em escala total, no interior da própria cidadela. Centenas de navais foram feridos e tiveram de ser evacuados em ambos os lados do rio. As estimativas de baixas inimigas estão em milhares.
Embora a Operação HUE CITY sempre vá ser lembrada sempre como uma avassaladora vitória americana/sul-vietnamita sobre as melhores forças convencionais que o inimigo pôde jogar contra nós e, embora o 5º de Fuzileiros Navais tenha superado circunstâncias muito desfavoráveis e, no fim, triunfado nas mais excelentes tradições dos Fuzileiros Navais em combate, na verdade, esta batalha foi por um triz. Nos escalões GC, pelotão e companhia, o índice de baixas foi muito severo, tão elevado quanto 75 % em algumas unidades. Isto foi verdade, em especial, durante o primeiro ou segundo dia da experiência inicial de cada unidade no combate urbano em escala total.
O sucesso final desta operação poderia ter sido, significativamente, melhor, em nossa opinião, por vários fatores, incluindo:
1) Regras de engajamento melhores (menos restritivas), incluindo flexibilidade situacional, descendo até o escalão pelotão.
2) Aquisição de melhores dados de inteligência, em particular, concernentes à disposição e tamanho das forças inimigas. A sondagem por elementos de reconhecimento e de frações para fixar as posições inimigas é uma questão crítica. As forças sul-vietnamitas enfrentaram os norte-vietnamitas por mais de uma semana (1º-12 de fevereiro 1968), no mesmo campo de batalha em que o I/5º de Fuzileiros Navais lutaria, mas nenhuma transferência direta de conhecimento teve lugar entre comandantes sul-vietnamitas e dos Fuzileiros Navais, em qualquer escalão, antes dos ataques do I/5º em 13 de fevereiro.
3) Melhor transmissão de informações para todos os escalões de comando.
4) Melhor plano de apoio de fogo. Acesso à artilharia, fogo naval, fogo direto de viaturas blindadas (“equipes matadoras” de tanques/”Ontos”) *(”Ontos” era um sistema de 6 canhões antitanque 106 mm sem-recuo, montados em viatura sobre lagartas), e apoio aéreo. Todas as armas de apoio devem ser, judiciosamente, desdobradas.
5) Aumento significativo do adestramento para conflito urbano (luta de rua). Prática e preparação.
6) Desdobramento de armas químicas disponíveis (gás lacrimogêneo CS) para operações ofensivas, durante os estágios iniciais da operação.
7) Disseminação melhorada dos detalhes do plano operacional, descendo até o escalão esquadra de tiro.
Por outro lado, o I/5º derrotou, retumbantemente, as forças norte-vietnamitas no interior da fortaleza da Cidadela (apesar de estar, seriamente, superado em número e dos (inicialmente) índices muito elevados de baixas e da confusão resultante criada pela rápida substituição de oficiais e sargentos). Fatores no sucesso do I/5º durante a Operação HUE CITY incluem:
Experiência de combate das frações,
- Determinação individual dos fuzileiros navais,
- O sistema de duplas (buddy-system).
- A capacidade de aprendizado rápido dos fuzileiros navais sob condições de combate,
- A liderança combinada do I/5º em todos os escalões (oficiais, sargentos de estado-maior, sargentos combatentes).
- E, nossa capacidade de coordenar apoio de fogo e executar táticas de luta de rua debaixo de pesado fogo inimigo.
Certamente, usando a perspectiva de olhar para trás, esta batalha poderia ter sido decidida de um modo mais decisivo e rápido, reduzindo os índices de baixas amigas no processo, prestando atenção aos fundamentos do planejamento de operações de combate dos Fuzileiros Navais.
Os detalhes abaixo, concernentes às lições aprendidas da Operação HUE CITY são oferecidos por antigos oficiais e sargentos da Companhia Charlie, I Batalhão, 5º Regimento, 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, todos os quais serviram em combate durante a operação, e todos os quais estiveram, diretamente, envolvidos na batalha contra as forças norte-vietnamitas no interior da fortaleza da Cidadela, de 13 de fevereiro até 5 de março de 1968.
Situação
Terreno.
Há uma infinita variedade de paisagens possíveis que confrontam uma força de Fuzileiros Navais que recebe a missão de atacar uma força inimiga em terreno urbano.
Quando a Ofensiva Tet foi desfechada em 31 de janeiro de 1968, e forças convencionais norte-vietnamitas avassalaram grandes seções das maiores cidades no Vietnam do Sul, as forças de Fuzileiros Navais estavam, literalmente, afundadas até os joelhos em arrozais e na lama das selvas. Desde ter estabelecido, primeiramente, as cabeças-de-praia em Da Nang e Chu Lai, em 1965, os Fuzileiros Navais tinham recebido a missão de conduzir uma guerra do tipo contra-insurgência. A Guerra do Vietnam era, decididamente, um conflito rural, e os Fuzileiros estavam enfrentando, na maior parte, um exército de guerrilheiros. A Ofensiva Tet de 1968 mudou tudo isto. De repente, e de forma inesperada, pela primeira vez desde o auge da Guerra da Coréia, fuzileiros navais encontravam uma missão que envolvia o combate urbano.
Preparar-se para remover um batalhão inimigo que capturou um arranha-céu de 40 andares ou um campus universitário é uma missão muito diferente do que tirar um GC inimigo de uma casa, escola ou igreja numa pequena localidade. Combate urbano irá ocorrer em grandes cidades e localidades de médio tamanho, e cada campo de batalha urbano apresentará um caráter e desafios próprios. O fator comum em todas estas variantes, entretanto, é que, em todos os casos, no combate urbano, as estruturas dominam o terreno.
Estudar e avaliar o terreno é um desafio fundamental e crítico para os comandantes fuzileiros navais quando planejando uma missão. Isto é ainda mais crítico no planejamento de operações de combate de casa-em-casa. Entra muitas outras considerações, o material das edificações variam, no mundo todo, em sua capacidade de fornecer cobertura contra o fogo de armas leves do inimigo, num grau muito significativo.
Através do uso de reconhecimento e informações, recomendamos a condução de uma séria avaliação de cada edifício ou estrutura que esteja dentro da área de operações de sua unidade, porque as táticas envolvidas na tomada de cada um destes objetivos poderá ser diferente em cada caso. Uma casa de estrutura de madeira, pequena, poderá oferecer a ilusão de cobertura do fogo de armas leves, mas pouco além disso; em alguns lugares, as paredes serão finas como papel. Mesmo casas que usem alguma forma de construção de reboco ou concreto podem mostrar-se, inesperadamente, porosas, na pior hora possível.
Conhecer a disposição básica da estrutura, tanto quanto possível, antes da entrada. Aproxime-se de cada estrutura com um plano de entrada e um plano de revista, e tenha certeza de que cada membro de cada GC esteja bem-versado nestes planos. Estabeleça comandos e códigos de voz, e comunique-se, regularmente, um com o outro. Considere as entradas (portas e janelas existentes) como extremamente perigosos, localizações prováveis para armadilhas para otários, a serem evitadas completamente, se possível. Sempre que houver possibilidade, abra buracos de entrada usando cargas ensacadas ou rojões. Uma vez que o plano de entrada esteja finalizado e compreendido, ele tem de ser executado com determinação feroz. Esteja preparado para qualquer coisa e pronto para improvisar. Seja sistemático, e examine tudo (porões, acesso ao esgoto, áticos, telhados, latas de lixo) meticulosamente, antes de declarar que o objetivo está seguro.
O outro aspecto do terreno urbano são os espaços entre os edifícios. Ruas, vielas e outros caminhos são rotas normais para pessoas e, portanto, deve-se presumir que estejam sob observação e possíveis linhas de fogo inimigas. Sempre que possível, tome a mais difícil e improvável rota de casa para casa.
Estabeleça, de antemão, um plano sobre o que fazer no caso de não-combatentes serem encontrados em zonas de combate urbano, e para marcar edificações que tenham sido limpas.
Esteja, absolutamente, certo de que seus navais estejam cientes de que, enquanto no interior de uma edificação sendo assegurada, eles estão em risco tanto de dentro quanto de fora. Sempre presuma que cada sala, de cada andar, em cada e toda casa, contenha soldados inimigos. Sempre movimente-se, rapidamente, quando em frente de janelas e portais. Sempre saiba onde podem estar as posições inimigas em edifícios adjacentes aos seus. Como em toda operação dos Fuzileiros Navais, observe as costas de seu companheiro, e corra tão rápido quanto puder, quando atravessando terreno aberto.
Estruturas com múltiplos andares apresentam um desafio ainda maior do que edificações de um andar. Em vilas ou localidades de tamanho médio, ou cidades pequenas, que são dominadas por edificações de um, dois ou três andares, esteja muito atento com edificações mais altas, que são, naturalmente, utilizadas pelo inimigo como “terreno alto”. Se possível, entre em edificações mais altas, de múltiplos andares pelo teto, e aja sistematicamente e meticulosamente, na direção para baixo.
(continua...)
OPERAÇÃO HUE CITY – Companhia Charlie, I Batalhão/5º Regimento/1ª Divisão de Fuzileiros Navais.
31 de janeiro à 5 de março de 1968.
Mesmo sob as melhores circunstâncias, a luta de rua é um negócio sangrento. Esta foi, no fim, a suprema lição aprendida pelos elementos do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos que participaram desta batalha histórica, considerada por muitos como a mais sangrenta da Guerra do Vietnam.
As forças de Fuzileiros Navais envolvidas na Operação HUE CITY perderam 142 navais mortos em ação, durante a batalha de um mês, incluindo os ferozes combates iniciais envolvendo, primordialmente, lutas através de todas os quarteirões meridionais da cidade, e as batalhas finais em escala total, no interior da própria cidadela. Centenas de navais foram feridos e tiveram de ser evacuados em ambos os lados do rio. As estimativas de baixas inimigas estão em milhares.
Embora a Operação HUE CITY sempre vá ser lembrada sempre como uma avassaladora vitória americana/sul-vietnamita sobre as melhores forças convencionais que o inimigo pôde jogar contra nós e, embora o 5º de Fuzileiros Navais tenha superado circunstâncias muito desfavoráveis e, no fim, triunfado nas mais excelentes tradições dos Fuzileiros Navais em combate, na verdade, esta batalha foi por um triz. Nos escalões GC, pelotão e companhia, o índice de baixas foi muito severo, tão elevado quanto 75 % em algumas unidades. Isto foi verdade, em especial, durante o primeiro ou segundo dia da experiência inicial de cada unidade no combate urbano em escala total.
O sucesso final desta operação poderia ter sido, significativamente, melhor, em nossa opinião, por vários fatores, incluindo:
1) Regras de engajamento melhores (menos restritivas), incluindo flexibilidade situacional, descendo até o escalão pelotão.
2) Aquisição de melhores dados de inteligência, em particular, concernentes à disposição e tamanho das forças inimigas. A sondagem por elementos de reconhecimento e de frações para fixar as posições inimigas é uma questão crítica. As forças sul-vietnamitas enfrentaram os norte-vietnamitas por mais de uma semana (1º-12 de fevereiro 1968), no mesmo campo de batalha em que o I/5º de Fuzileiros Navais lutaria, mas nenhuma transferência direta de conhecimento teve lugar entre comandantes sul-vietnamitas e dos Fuzileiros Navais, em qualquer escalão, antes dos ataques do I/5º em 13 de fevereiro.
3) Melhor transmissão de informações para todos os escalões de comando.
4) Melhor plano de apoio de fogo. Acesso à artilharia, fogo naval, fogo direto de viaturas blindadas (“equipes matadoras” de tanques/”Ontos”) *(”Ontos” era um sistema de 6 canhões antitanque 106 mm sem-recuo, montados em viatura sobre lagartas), e apoio aéreo. Todas as armas de apoio devem ser, judiciosamente, desdobradas.
5) Aumento significativo do adestramento para conflito urbano (luta de rua). Prática e preparação.
6) Desdobramento de armas químicas disponíveis (gás lacrimogêneo CS) para operações ofensivas, durante os estágios iniciais da operação.
7) Disseminação melhorada dos detalhes do plano operacional, descendo até o escalão esquadra de tiro.
Por outro lado, o I/5º derrotou, retumbantemente, as forças norte-vietnamitas no interior da fortaleza da Cidadela (apesar de estar, seriamente, superado em número e dos (inicialmente) índices muito elevados de baixas e da confusão resultante criada pela rápida substituição de oficiais e sargentos). Fatores no sucesso do I/5º durante a Operação HUE CITY incluem:
Experiência de combate das frações,
- Determinação individual dos fuzileiros navais,
- O sistema de duplas (buddy-system).
- A capacidade de aprendizado rápido dos fuzileiros navais sob condições de combate,
- A liderança combinada do I/5º em todos os escalões (oficiais, sargentos de estado-maior, sargentos combatentes).
- E, nossa capacidade de coordenar apoio de fogo e executar táticas de luta de rua debaixo de pesado fogo inimigo.
Certamente, usando a perspectiva de olhar para trás, esta batalha poderia ter sido decidida de um modo mais decisivo e rápido, reduzindo os índices de baixas amigas no processo, prestando atenção aos fundamentos do planejamento de operações de combate dos Fuzileiros Navais.
Os detalhes abaixo, concernentes às lições aprendidas da Operação HUE CITY são oferecidos por antigos oficiais e sargentos da Companhia Charlie, I Batalhão, 5º Regimento, 1ª Divisão de Fuzileiros Navais, todos os quais serviram em combate durante a operação, e todos os quais estiveram, diretamente, envolvidos na batalha contra as forças norte-vietnamitas no interior da fortaleza da Cidadela, de 13 de fevereiro até 5 de março de 1968.
Situação
Terreno.
Há uma infinita variedade de paisagens possíveis que confrontam uma força de Fuzileiros Navais que recebe a missão de atacar uma força inimiga em terreno urbano.
Quando a Ofensiva Tet foi desfechada em 31 de janeiro de 1968, e forças convencionais norte-vietnamitas avassalaram grandes seções das maiores cidades no Vietnam do Sul, as forças de Fuzileiros Navais estavam, literalmente, afundadas até os joelhos em arrozais e na lama das selvas. Desde ter estabelecido, primeiramente, as cabeças-de-praia em Da Nang e Chu Lai, em 1965, os Fuzileiros Navais tinham recebido a missão de conduzir uma guerra do tipo contra-insurgência. A Guerra do Vietnam era, decididamente, um conflito rural, e os Fuzileiros estavam enfrentando, na maior parte, um exército de guerrilheiros. A Ofensiva Tet de 1968 mudou tudo isto. De repente, e de forma inesperada, pela primeira vez desde o auge da Guerra da Coréia, fuzileiros navais encontravam uma missão que envolvia o combate urbano.
Preparar-se para remover um batalhão inimigo que capturou um arranha-céu de 40 andares ou um campus universitário é uma missão muito diferente do que tirar um GC inimigo de uma casa, escola ou igreja numa pequena localidade. Combate urbano irá ocorrer em grandes cidades e localidades de médio tamanho, e cada campo de batalha urbano apresentará um caráter e desafios próprios. O fator comum em todas estas variantes, entretanto, é que, em todos os casos, no combate urbano, as estruturas dominam o terreno.
Estudar e avaliar o terreno é um desafio fundamental e crítico para os comandantes fuzileiros navais quando planejando uma missão. Isto é ainda mais crítico no planejamento de operações de combate de casa-em-casa. Entra muitas outras considerações, o material das edificações variam, no mundo todo, em sua capacidade de fornecer cobertura contra o fogo de armas leves do inimigo, num grau muito significativo.
Através do uso de reconhecimento e informações, recomendamos a condução de uma séria avaliação de cada edifício ou estrutura que esteja dentro da área de operações de sua unidade, porque as táticas envolvidas na tomada de cada um destes objetivos poderá ser diferente em cada caso. Uma casa de estrutura de madeira, pequena, poderá oferecer a ilusão de cobertura do fogo de armas leves, mas pouco além disso; em alguns lugares, as paredes serão finas como papel. Mesmo casas que usem alguma forma de construção de reboco ou concreto podem mostrar-se, inesperadamente, porosas, na pior hora possível.
Conhecer a disposição básica da estrutura, tanto quanto possível, antes da entrada. Aproxime-se de cada estrutura com um plano de entrada e um plano de revista, e tenha certeza de que cada membro de cada GC esteja bem-versado nestes planos. Estabeleça comandos e códigos de voz, e comunique-se, regularmente, um com o outro. Considere as entradas (portas e janelas existentes) como extremamente perigosos, localizações prováveis para armadilhas para otários, a serem evitadas completamente, se possível. Sempre que houver possibilidade, abra buracos de entrada usando cargas ensacadas ou rojões. Uma vez que o plano de entrada esteja finalizado e compreendido, ele tem de ser executado com determinação feroz. Esteja preparado para qualquer coisa e pronto para improvisar. Seja sistemático, e examine tudo (porões, acesso ao esgoto, áticos, telhados, latas de lixo) meticulosamente, antes de declarar que o objetivo está seguro.
O outro aspecto do terreno urbano são os espaços entre os edifícios. Ruas, vielas e outros caminhos são rotas normais para pessoas e, portanto, deve-se presumir que estejam sob observação e possíveis linhas de fogo inimigas. Sempre que possível, tome a mais difícil e improvável rota de casa para casa.
Estabeleça, de antemão, um plano sobre o que fazer no caso de não-combatentes serem encontrados em zonas de combate urbano, e para marcar edificações que tenham sido limpas.
Esteja, absolutamente, certo de que seus navais estejam cientes de que, enquanto no interior de uma edificação sendo assegurada, eles estão em risco tanto de dentro quanto de fora. Sempre presuma que cada sala, de cada andar, em cada e toda casa, contenha soldados inimigos. Sempre movimente-se, rapidamente, quando em frente de janelas e portais. Sempre saiba onde podem estar as posições inimigas em edifícios adjacentes aos seus. Como em toda operação dos Fuzileiros Navais, observe as costas de seu companheiro, e corra tão rápido quanto puder, quando atravessando terreno aberto.
Estruturas com múltiplos andares apresentam um desafio ainda maior do que edificações de um andar. Em vilas ou localidades de tamanho médio, ou cidades pequenas, que são dominadas por edificações de um, dois ou três andares, esteja muito atento com edificações mais altas, que são, naturalmente, utilizadas pelo inimigo como “terreno alto”. Se possível, entre em edificações mais altas, de múltiplos andares pelo teto, e aja sistematicamente e meticulosamente, na direção para baixo.
(continua...)
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Re: Frações de Infantaria
Tanque Ontos, conforme o que foi citado no excelente artigo apresentado pelo colega Clermort sobre Vietnã (Hue):
http://en.wikipedia.org/wiki/M50_Ontos
Roberto
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Re: Frações de Infantaria
Missão
A missão designada para as forças de Fuzileiros Navais durante a Operação HUE CITY era atacar e destruir as forças inimigas que haviam capturado grandes partes da antiga capital imperial de Hue, durante a ofensiva de surpresa norte-vietnamita que foi, rapidamente, denominada de Ofensiva Tet. Devido ao aspecto histórico de muitas das edificações em Hue, a utilização de armas pesadas foi, significativamente, restrita durante os dias iniciais da luta, em ambos os lados do rio. Enquanto aumentavam as baixas amigas, e como as estimativas iniciais do tamanho da força inimiga na área da Cidade de Hue eram, significativamente aumentadas, as restrições de tiro sobre as armas de apoio foram, por fim, levantadas. Em nossa respeitosa opinião, nossa capacidade de completar, com sucesso, a missão foi, de início, severa e adversamente impactado pelas regras de engajamento. Como tem sido dito com freqüência, sobre a guerra, nós fomos nosso próprio pior inimigo.
Embora seja compreendido que a missão e as regras de engajamento não sejam de exclusiva responsabilidade da liderança dos Fuzileiros Navais nos escalões de pelotão, companhia, batalhão, ou mesmo regimental, é fortemente recomendado que todo esforço seja feito, em cada escalão da cadeia de comando, para assegurar que um razoável equilíbrio seja atingido entre as exigências da missão e os efeitos das regras de engajamento sobre a capacidade do comando para desempenhar a missão com sucesso.
Execução
Reconhecimento e Inteligência:
O combate urbano é, quase sempre, conduzido em alcances muito curtos. Não é incomum ter forças oponentes lutando de posições afastadas uns poucos metros; maior parte da luta é feita de uma distância entre 25 e 100 metros. Devido a esta natureza aproximada, é crítico saber onde o inimigo está e como está desdobrado. Esta lição foi aprendida do jeito difícil durante os estágios iniciais da batalha no interior da Cidadela. Durante os dois primeiros grandes choques entre fuzileiros navais e as forças norte-vietnamitas na manhã de 13 de fevereiro, o inimigo nos surpreendeu e semeou danos significativos, muito rapidamente. Isto ocorreu, principalmente, porque não tínhamos a exata certeza sobre onde os norte-vietnamitas estavam desdobrados. Embora o Exército sul-vietnamita tivesse estado em vários grandes combates no interior da Cidadela, não lembramos de receber qualquer informações atribuível a eles, no que concernia a exata localização do inimigo. E mais, de acordo com nosso conhecimento, nenhuma unidade de reconhecimento dos Fuzileiros Navais foi enviada para confirmar a situação e identificar as posições inimigas, antes que atacássemos.
Recomendamos que todos os elementos de inteligência, unidades de reconhecimento e dispositivos de vigilância que possam ser disponibilizados, sejam desdobrados num esforço significativo para fixar as exatas localizações dos soldados e unidades inimigos. O combatente que sabe onde seu inimigo está escondido, experimenta uma decisiva vantagem em surpresa e devastador desdobramento de poder de fogo.
Táticas de combate urbano:
A tragédia do conflito urbano é que o “campo de batalha” para todo tiroteio é a vizinhança; cada objetivo tomado, é a casa, a escola ou a igreja de alguém, ou alguma outra estrutura que tem grande valor e significado para as pessoas que vivem lá. Considerando as possibilidades, não é difícil imaginar combate de tanques através de parques de estacionamento; fogo de morteiro atingindo uma igreja, um hospital, um centro comunitário; pesado tiroteio de armas leves entre casas; uma barragem de artilharia sobre o quintal de uma escola. Enquanto estas imagens possam ser úteis para os filmes de Hollywood, quando pensamos sobre elas acontecendo em nossas casas nas escolas e igrejas de nossos bairros, a tragédia é, de alguma maneira, aumentada, tornada mais política. Entretanto, é nossa crença coletiva de que a vida de um só fuzileiro naval é mais preciosa do que dez estruturas, uma centena de casas, escolas, igrejas, santuários, centros de comércios ou quaisquer outras edificações conhecidas pelo homem. Prédios podem ser reconstruídos, mas vidas, uma vez perdidas, não podem ser recriadas pela mão dos homens. Portanto, todos os esforços devem ser feitos, utilizando todo e qualquer armamento disponível, para destruir o inimigo e apoiar o avanço dos fuzileiros navais, por meio das armas de apoio e sem consideração pelos danos aos edifícios.
Ao mesmo tempo, a utilização de armamento pesado em combate urbano é, sem dúvida, “uma espada de dois gumes”, como o são muitos elementos na guerra moderna. Destroços podem ser tão eficazes quando uma edificação, para proteger posições de tiro inimigas. E mais, a artilharia e outras armas de tiro tenso podem ser, de alguma forma, restringidas pela altura das construções e a distância delas uma das outras. Em muitos casos, embora de calibre menor, os morteiros serão superiores à artilharia devido à sua trajetória mais elevada e, portanto, serão capazes de atingir os alvos inimigos que estiverem cobertos, eficazmente, das armas de fogo direto, por edifícios e outras estruturas.
Táticas para combate urbano do capitão-fuzileiro naval Dale Dye – Aperfeiçoamento (29 de junho de 2001.
Muitos agradecimentos ao capitão Dale Dye, USMC (reformado), presidente da Warriors, Inc, (a famosa organização de consultoria de cenas de combate para a indústria cinematográfica) por suas notáveis contribuições para este documento. Dale Dye combateu com a Companhia Hotel do II Batalhão do 5º de Fuzileiros Navais no lado sul do Rio Perfume, no início de fevereiro de 1968, e então, “pulou’ para a Cia Delta do I Batalhão do 5º de Fuzileiros Navais, para lutar no interior da cidadela. Além dos navais da Delta do I/5º, que lutaram ao lado do II/5º, durante vários dias, no lado sul do rio, antes de juntarem-se ao restante do I/5º no interior da Cidadela, Dale pode, muito bem, ser o único fuzileiro naval americano que lutou em ambos os lados do rio durante a Operação HUE CITY. Um sargento (E-5) na época, Dale era “oficialmente” um correspondente de combate, mas diz, “tudo que consigo lembrar de fazer em Hue foi trocar carregadores e apertar gatilhos. Gozado como esta conversa de ocupações militares desaparece quando a “excreção atinge o oscilador”
Quando solicitado a ler e comentar este documento, Dale disse o seguinte: “Tendo matutado sobre estas coisas, já por algum tempo, cheguei a uma conclusão sobre o que eu penso que podem ser dicas valiosas para os líderes de frações de infantaria terem em mente quando, e se a situação se tornar real. Todas estas observações/dicas estão baseadas em coisas que eu, realmente, experimentei enquanto combatia em Hue.
MOVIMENTO TÁTICO NA FRENTE DE JANELAS E PORTAS: A maioria dos movimentos em lutas urbanas tendem a ser rápidos e curtos. Isto é bom, mas leva a ignorar o óbvio, às vezes. Nós tivemos um bocado de navais mortos ou feridos – particularmente no lado sul de Hue – porque se expuseram quando movendo-se na frente de janelas ou portas. Em geral, evite mover-se na frente de portas (abertas ou fechadas), ponto final. Você terá de mover-se na frente de janelas, mas CERTIFIQUE-SE DE SE AGACHAR abaixo do nível da janela. Também, não esqueça que muitas estruturas inimigas têm janelas ao nível do chão, que fornecem luz e ventilação para porões. PASSE POR CIMA DESTAS JANELAS AO NÍVEL DO CHÃO e não exponha suas pernas e/ou a parte baixa do corpo para o fogo inimigo vindo de dentro.
ATIRE ATRAVÉS.: Nossas armas de infantaria carregadas com munição comum de bala tem um efeito de penetração danado. Na dúvida, esvazie o carregador! Tenha cuidado especial com pilhas de mobílias, mesas, gabinetes, armários, guarda-roupas, etc, quando revistando ou limpando salas. Você pode ATIRAR ATRAVÉS DESTES MATERIAIS e um par de projéteis bem-colocados pode salvar sua vida. No lado sul, eu estava bem atrás de um naval que, instintivamente, enfiou uma rajada de cinco tiros de seu M-16, num grande armário e foi recompensado com um norte-vietnamita morto, que caiu pela porta, direto no chão. Esta técnica, rapidamente, tornou-se NGA (Norma Geral de Ação).
CRESCENTE EFEITO DE ESTILHAÇOS: Não fique relaxado – ou deixe seus navais ficarem relaxados, no que concerne a capacetes e coletes balísticos na luta urbana. Muitos de nossas baixas por MSW (multiple shrapnel wound, ou múltiplos ferimentos por estilhaços) tanto nos lados sul e norte do rio, resultaram do cada vez maior efeitos de arrebentamento dos RPGs, morteiros e granadas. Sempre fique consciente de que ARMAS DO TIPO ALTO-EXPLOSIVO CRIARÃO UM CRESCENTE CHUVEIRO DE ESTILHAÇOS EM ÁREAS URBANAS. Uma peça solta de tijolo, concreto ou asfalto pode matar você, tão facilmente quanto estilhaços das armas verdadeiras.
USO DE GRANADAS DE MÃO DE FRAGMENTAÇÃO: Até estarmos empenhados em Hue, eu notei que um bocado de navais eram relutantes em portar e/ou usar “frags”. Livre-se – e faça com que seus navais se livrem – desta relutância, e rápido! Uma carga básica deve ser de quatro ou seis “frags” por homem, antes de entrar na área. ENSINE OS NAVAIS A LANÇAR “FRAGS” COM AMBAS AS MÃOS. Também, ENSINE OS NAVAIS A “GATILHAREM” UMA “FRAG” antes de lançá-la ou soltá-la num quarto ou edifício. Elas dão quatro à seis segundos, com um fuso padrão de fragmentação e isto é tempo o bastante para um inimigo esperto recuperar a granada e atirá-la de volta no seu colo. Isto aconteceu diversas vezes, no lado sul de Hue e, pelo menos uma vez (com conseqüências fatais) no lado norte. Eu gosto de contar até “três”, mas “dois” é suficiente, após a alavanca de segurança ser liberada, antes de despachar a granada. Eu armei um lance com um companheiro, no qual ficávamos, de ambos os lados de uma janela suspeita. Um de nós puxaria o pino, liberando a alavanca de segurança da granada; então, a arremessaria para o homem no lado oposto, que a pegaria e faria a entrega. Oficiais e sargentos de segurança podem ter problemas com isto na raia, mas isto tem de ser praticado! Quando lançando uma granada num quarto ou edificação, geralmente, LANCE-A COM TANTA FORÇA QUANTO PUDER. A granada ricocheteará pelas paredes e mobília e isto tornará difícil para o inimigo ir atrás dela e recuperá-la.
APRENDA A “PUXAR” CARROS: Toda unidade de fuzileiros navais operando em ambiente urbano se encontrará na necessidade de rápido transporte, para ressuprimento, rápido movimento de tropa, ou evacuação de baixas. Naturalmente, não há transporte disponível quando é criticamente necessário. Nós aprendemos, lutando no lado sul de Hue a FAZER LIGAÇÃO DIRETA E “PUXAR” VIATURAS CIVIS. A ênfase é em “civis”, já que viaturas militares deixadas para trás por um inimigo, podem estar minadas ou armadilhadas. Fique longe de meias-lagartas inimigos, blindados abandonados ou caminhões militares em geral. O que você quer é o carro ou a caminhonete do “papai”. Em qualquer unidade de fuzileiros navais, geralmente, há um elemento que já teve “experiências prévias” neste ramo. Encontre-o e use-o. No lado sul de Hue, isto salvou vidas, repetidas vezes. Nós até mesmo fizemos ligação direta em várias viaturas tipo motocicleta com três rodas e elas foram grandes para ressuprimento e evacuação de baixas. Eu, humildemente, admito ser um dos grandes astros neste esforço, que fez de mim, o “cara” para o capitão Ron Christmas, comandante da Hotel do II/5º.
POSTOS DE RESSUPRIMENTO E POSTOS DE EXTRAVIADOS: Ressuprimento de armas, água e munição é sempre um problema em luta urbana, já que caminhões e outros transportes tentando alcançar as unidades combatentes, rapidamente, se convertem em alvos primordiais. A solução é ESTABELECER POSTOS DE SUPRIMENTO DE ESQUINA. Faça seu pessoal de apoio, simplesmente, carregar a tralha e jogá-la numa esquina ou cruzamento designado. Neste ponto, esquadras, GCs e pelotões podem, simplesmente, enviar faxinas de trabalho para ele, pegar o que precisam e levar para a frente, sem nenhum perigo para a linha de apoio de suprimento. Também, ESTABELEÇA PONTOS DE REAGRUPAMENTO para elementos ou frações perdidas. Enquanto você move uma fração à frente, pare em cruzamentos facilmente reconhecíveis, edificações ou esquinas e deixe todo mundo ficar sabendo que este é um PONTO DE REAGRUPAMENTO. Se eles se perderem ou ficarem sem contacto com o escalão mais elevado, simplesmente, encontrarão o ponto de reagrupamento e aguardarão. O cerra-fila do pelotão ou um mensageiro designado pode fazer exames regulares destes pontos e policiar elementos desaparecidos. Isto funcionaou, particularmente bem, para reagrupar GCs extraviados na luta do lado norte.
7. ARMAS SEM-RECUO: o LAAW M-72, o AT-4 e qualquer outra arma sem-recuo disponível é extremamente valiosa em combate urbano por óbvias razões. Entretanto, é importante LEVAR EM CONSIDERAÇÃO O SOPRO QUANDO UTILIZANDO TAIS ARMAS A PARTIR DE ÁREAS ENCLAUSURADAS, tais como quartos, becos sem-saída, etc. Eu disparei um LAAW de uma janela no segundo andar, no lado norte, e estava extremamente orgulhoso de mim mesmo, até que descobri que o danado do sopro quase havia matado os outros dois caras no quarto comigo. O sopro de uma arma sem-recuo irá ricochetear nas paredes de um quarto e agir como um tornado em miniatura!
8. TÉCNICAS ANTI-TOCAIEIRO: Trabalhando em duplas (Buddy-teams) em Hue, rapidamente aprendemos a brincar de gato e rato com os tocaieiros norte-vietnamitas. O problema genério é que alguém se ferrava antes que conseguíssemos localizar o atirador que havia ferrado com o elemento. DEBAIXO DE FOGO DE UM TOCAIEIRO EM POSIÇÃO DESCONHECIDA, UM HOMEM TERÁ DE SERVIR DE ALVO enquanto o outro homem localiza e atira. Nós refinamos esta técnica, efetuando uma rápida corrida para cobertura pelo alvo ou homem-isca, numa tentativa de atrair o fogo do tocaieiro. Se o homem-isca se movesse rapidamente, abaixado, de cobertura para cobertura, geralmente conseguíamos que o tocaieiro disparasse um tiro ou rajada mal-visados. Isto revelava seu esconderijo e o homem de cobertura poderia desfechar fogo sobre a posição do tocaieiro, ou pedir fogo do restante do GC, ao colocar uma ou duas traçantes no esconderijo. TREINE ESTA TÉCNICA!
9. MANTENHA O FOCO NO ALTO/E OLHE PARA BAIXO: Em Hue, tendíamos a manter o foco em posições de tiro elevadas para o inimigo. Ele é um infante e conhece o valor do terreno elevado, portanto, tendíamos a procurá-lo, no alto. Infelizmente, isto levou a uma tendência de ignorar spider-holes e posições de combate de baixo-nível, que, freqüentemente, nos pegava de surpresa. UM INIMIGO EM DEFESA URBANA, FREQÜENTEMENTE, ATRAIR VOCÊ PARA SE EMPENHAR NUM ASSALTO, POR MEIO DE DEISPAROS VINDO DO ALTO, ENQUANTO SEUS ATIRADORE ESTÃO ENTERRADOS EM POSIÇÕES BAIXAS, AO REDOR DE UMA CONSTRUÇÃO. Fomos pegos no assalto sobre as áreas da tesouraria e do hospital, no lado sul, por não termos checado o terreno baixo, antes de nos lançarmos ao assalto.
10. ESCONDERIJOS IMPROVÁVEIS: No lado norte, durante o assalto sobre a Cidadela, eu perdi um homem e, eu mesmo quase me danei, porque não pensamos que alguém poderia estar enterrado sob uma pilha de lixo doméstico. Era uma pilha de bagulhos descartados, com uma bicicleta quebrada no alto, parecendo, apenas com qualquer outra pilha de lixo, em qualquer cidade. Infelizmente, um norte-vietnamita tinha se enterrado sob a pilha de lixo, vindo da parte de trás, e abriu uma seteira de tiro, ao nível do chão. NUNCA PRESSUPONHA QUE UM INIMIGO NÃO POSSA ESTAR EM CERTO LUGAR, PORQUE ELE VAI ESTAR LÁ.
11. ESGOTO E CANAIS DE DRENAGEM: A maioria dos norte-vietnamitas que rumaram para dentro de Hue, nas noites de 30-31 de janeiro de 1968, entraram na cidade, sem serem detetados, movimentando-se através do sistema de esgotos e canais de drenagem. NA OFENSIVA, LOCALIZE AS ABERTURAS ARTIFICIAIS E AS EXAMINE. NA DEFENSIVA, EXPLORE O SISTEMA DE ESGOTOS/CANAIS e use-o para movimentar tropas de ponto em ponto. Os fuzileiros navais devem ser treinados para fazer isto como questão de rotina. Da mesma forma como designamos e treinamos ratos-de-túneis para trabalho subterrâneo na selva, devemos TREINAR FUZILEIROS NAVAIS PARA EXPLORAR, SE MOVER E LUTAR DEBAIXO DAS RUAS DAS CIDADES.
12. POSTOS DE OBSERVAÇÃO ELEVADOS: Telhados são extremamente valiosos como POs. Um elemento competente, no alto, pode direcionar fogo e movimento para as tropas abaixo, e economizar um bocado de tempo e problemas para você, ao divisar áreas de perigo real ou potencial. PONHA UM OBSERVADOR NO ALTO E ORGANIZE UM SISTEMA DE SINAIS PARA QUE ELE POSSA DIRECIONAR SEU FOGO OU MOVIMENTO. Um observador com um carregador de traçantes pode ser, extremamente valioso, neste empreendimento. Ao selecionar o PO de telhado, não se deixe ficar marcado por sua silhueta. Se possível, rasgue um “buraco-de-rato”, em algum lugar nas telhas e observe daí.
13. ATIRANDO COM A MÃO FRACA: Cobertura em combate de rua é, na maior parte das vezes, aquela que está disponível, e não a que você escolhe. Isto faz com que seja importante que todos os fuzileiros navais TORNEM-SE APTOS EM TIRO COM A MÃO FRACA. Aprenda a atirar precisamente – ou, no mínimo, efetivamente – com os dois ombros, para que você não seja forçado a expor-se quando disparar por detrás de uma cobertura inconveniente.
(Nota do Clermont: Realmente, eu, como mero paisano, nunca consegui entender como este princípio acima – que, também, vale para luta em ambientes com árvores - se coaduna com a existência do fuzil “bull-pup” comum, com ejeção lateral. Tem quem diga que isto é irrelevante, quem vai saber?)
14. USE COBERTURA: Obviamente, você deve se abraçar aos muros, antes do que caminhar pelo meio de uma viela ou rua. No lado norte de Hue, nos encontramos avançando subindo ruas, adjacentes aos muros da Cidadela, dando lanços de soleira em soleira, o que minimizava nossa exposição ao fogo dos muros. Infelizmente, isto nos deixava com as costas para as portas, com muita freqüência, e os norte-vietnamitas, dentro das edificações, atiravam em nós, através das ports. QUANDO PROCURANDO COBERTURA EMBAIXO DE SOLEIRAS, FIQUE ATENTO AO QUE ESTÁ NAS SUAS COSTAS. SE FOR UMA PORTA, FIQUE ABAIXADO E PREPARADO PARA RECEBER FOGO DE DENTRO DA EDIFICAÇÃO.
15. DÊ UMA ESPIADA: Em intervalos regulares na luta de rua, você se encontrará numa esquina ou cruzamento, querendo desesperadamente saber o que há no outro lado. APRENDA A OBSERVAR, RAPIDAMENTE, ficando abaixado e dando uma breve espiada, em volta da esquina ou muro. DUAS OU TRÊS ESPIADAS MINIMIZAM A EXPOSIÇÃO e deixam conseguir um quadro ou plano para seu próximo movimento. NÃO FIQUE COM O FOCINHO DE FORA, para uma observação prolongada.
16. ATIRE EM SETEIRAS OU ABERTURAS DE TIRO: Devido a natureza rápida, violenta e confusa da luta de rua, há uma tendência para espalhar o fogo (“spray and pray”) quando atirando num alvo identificado. Lute contra esta tendência da natureza humana! Quando você localizou uma abertura de tiro, ou seteira de onde o inimigo está atirando em você, DESACELERE E PONHA FOGO DELIBERADO E VISADO SOBRE O ALVO. Em Hue, freqüentemente, colocamos posições fortificadas debaixo de fogo, levando o atirador inimigo a se esquivar e parar de atirar. Quando nos movimentávamos, ele estava de volta, atirando. A solução é MATÁ-LO COM DISPAROS VISADOS, DIRETO NA FENDA.
17. ENTRE E SAIA ABAIXADO: Um inimigo está debaixo de tanta pressão e adrenalina quanto você mesmo. Lembre-se disto e QUANDO ENTRAR OU SAIR DE UMA EDIFICAÇÃO, FIQUE ABAIXADO! A tendência inicial de um inimigo sob pressão é mirar e atirar no centro da massa de um homem de pé. Se você está abaixo deste ponto de mira, poderá sobreviver ao fogo.
18. NÃO MASCARE SEU FOGO DE COBERTURA: Infelizmente, em Hue, houve numerosos casos nos quais fuzileiros navais tentando se movimentar sob fogo de cobertura de outros navais, caíram direto debaixo de fogo amigo. Coloque isto na conta da confusão e da “neblina de guerra”, mas você pode evitar isto se PENSAR ANTES DE SE MOVIMENTAR SOB FOGO DE COBERTURA. Esteja certo de saber onde sua linha de fogo de cobertura está, da sua posição para o alvo, selecione uma posição intermediária ou terminal que esteja fora desta linha de fogo, antes de se movimentar.
19. CALE BAIONETAS: Em Hue, experimentamos numerosos encontros muito aproximados com soldados norte-vietnamitas, no interior de edificações ou ao fazer a curva em vielas ou pátios. Estes ENGAJAMENTOS DE ENCONTRO, OLHO-NO-OLHO ACONTECEM O TEMPO TODO e os fuzileiros navais precisam estar preparados para ação instantânea. A melhor garantia é TER SUA BAIONETA CALADA e estar preparado para desfechar uma estocada, rápida e decisiva, no rosto ou peito do inimigo. Se isto não o matar, ao menos lhe dará um susto tão grande que ele irá se retirar, imediatamente. Isto aconteceu, pelo menos, duas vezes, que eu saiba, no lado sul, resultando em um selvagem combate corpo-a-corpo, que poderia ter sido evitado e decidido em favor dos navais, com um rápido pontaço de baioneta.
20. FATOR-FOGO: A maioria das edificações, em ambiente urbano, contém montes de materiais que queimam. Aprendemos, rapidamente, no lado sul de Hue que - na falta de granadas de gás lacrimogêneo, ao nível de GC - poderíamos pegar granadas de fósforo branco (WP), arremessá-las numa casa e, dependendo do que estava dentro, colocá-la em chamas. O fogaréu resultante, com freqüência, forçava os atiradores norte-vietnamitas a uma fuga em pânico, nos dando a chance de matá-los em terreno aberto.
21. DIMINUA O RITMO: Finalmente, uma de nossas mais valiosas lições, combatendo nos lados sul e norte de Hue foi DESACELERE E SEJA METICULOSO. Antes que pegássemos o ritmo das operações urbanas, tínhamos uma tendência de, apenas, cair dentro, e confiar na impulsão de nosso ataque para chocar o inimigo. Ele não era de ficar, facilmente, chocado, como descobrimos para nosso pesar. A solução é DESACELERAR, AVALIAR A SITUAÇÃO, ELABORAR UM PLANO METICULOSO E LEVÁ-LO À CABO COM VIGOR!
Informações adicionais sobre táticas de frações por Jonh Erskine:
O sargento John Erskine entrou na batalha pela Cidade de Hue, como cerra-fila de pelotão, no 1º Pelotão da Companhia Charlie. Em dois dias de luta, John foi designado como comandante do 3º Pelotão, depois que esta fração teve seu Sargento de Pelotão, sargento-ajudante Robert Odum e seu Comandante de Pelotão, 2º tenente John Aamodt, feridos e evacuados. Logo após assumir, vários rojões RPG atingiram o edifício no qual John e alguns de seus navais estavam, e ele ficou, seriamente ferido e foi evacuado. Eis aqui as contribuições de John:
A) Muitos de nossos oficiais e sargentos superiores de estado-maior ficaram, todos, engarrafados nas linhas de frente no combate da cidade, e nós perdemos muitos deles nos primeiros dias em Hue. Eu penso que é imperativo que navais de todos os postos sejam, extensivamente, adestrados em leitura de mapa e rádio-comunicações, para que quaisquer pânico e confu~soa possam ser evitados quando os líderes tombarem.
B) Socorristas (Corspmen) não podem estar em toda parte. Os navais precisam ter mais treinamento médico para todos os postos, especialmente ao lidar com ferimentos traumáticos.
C) É muito bom assegurar o terreno elevado, mas como chegar lá? Que tal utilizar ganchos de escalada? Alguns poderiam ser do tipo morteiro (como aqueles utilizados pelos Rangers ao escalarem os penhascos na Normandia).
D) Paint balls transportados em tubos, para marcação de áreas limpas. Simplesmente, jogue-as contra edificações ou pavimento.
E) Ao invés de uma rápida espiada pelo canto de edificações e muros, use periscópios portáteis.
Táticas urbanas para armas de apoio:
Armas de apoio são mais eficazes, além do Limite de Segurança de Apoio de Artilharia (”Danger Close”, na OTAN e nos EUA, um limite em que o alvo fica, sempre, 600 metros afastado das forças amistosas[/i]). Durante a Operação HUE CITY, o mais eficaz fogo indireto, além do LSAA foi o canhão de 8 pol. Recomendamos que o eixo de fogo seja perpendicular, tanto quanto paralelo. Finalmente, na eventualidade, como foi o caso da Operação HUE CITY, no qual, devido à considerações políticas, adequado fogo preparatório não seja permitido, que seja incorporado ao ataque de infantaria uma variedade de fogos de artilharia, como fumaça, fusos retardados, ângulo elevado, etc. Adestramento de coordenação de armas combinadsa é crítico para a luta de rua.
Outras vantagens do fogo preparatório incluem a destruição da camuflagem das posições inimigas, o fator choque psicológico contra as tropas inimigas, e o fato de que armas pesadas podem criar novas vias de ataque e recuo para viaturas blindadas.
Um dos mais eficazes aspectos das armas de apoio, durante a batalha por Hue foram as “equipes matadoras” que se desenvolveram: um tanque M-48 e um caça-tanques “Ontos”, fariam dupla e manobrariam juntos como equipe. Isto permitia, fosse ao tanque ou ao “Ontos”, manobrar para uma boa posição de tiro, enquanto o outro efetuava cobertura. E mais, o devastador poder de fogo desfechado pelo canhão de tanque de 90 mm e dos seis canhões sem-recuo 106 mm do “Ontos, mostraram-se, extremamente benéficos para a infantaria engajada em luta de rua, já que eles forneciam alguma cobertura do fogo de armas leves inimigo. Entretanto, viaturas blindadas podem se tornar “imãs para rojões”, produzindo baixas nas tropas de infantaria muito perto.
Exceto caso de fogo de inquietação e interdição, edificações que sejam atingids por armas pesadas devem ser atacadas de imediato, utilizando qualquer benefício que possa derivar do choque, e todos os esforços feitos para limpar e neutralizar todas as posições inimigas nesta edificação em particular, antes que o ataque seja interrompido (sempre que for possível).
Lembre-se que, ao pedir missões de fogo, você pode requisitar um “splash” (mensagem pelo rádio do elemento de apoio de fogo de artilharia para o observador avançado, notificando de que a queda dos obuses se dará em 10 segundos) para que a tropa amistosa tenha tempo para tomar cobertura, imediatamente antes do impacto.
Em operações diurnas, a utilização de fumaça de cobertura, com freqüência, é útil quando fuzileiros navais precisam atacar através de áreas abertas.
Entretanto, como foi aprendido durante a Operação HUE CITY, mesmo com apoio adequado de armas pesasdas, que, no final, foi fornecido aos Fuzileiros Navais, nós confrontamos tropas norte-vietnamitas “linha-dura”, que lutavam de posições preparadas, moviam-se para posições secundárias, lutavam de novo, e, finalmente, de modo muito relutante, morriam. Na captura de cada aposento, cada andar, cada telhado, cada edificação, cada rua, foi, no fim das contas, o fuzileiro naval dos grupos de combate quem ganhou a batalha.
É crítico para unidades de infantaria conhecerem tanto as capacidades quato as limitações das armas de apoio. Por exemplo, os canhões da Marinha são as armas com trajetória mais plana, e não, necessariamente, eficazes, devido ao terreno vertical (edificações). E mais, em nossa experiência, não era inteligente estar na linha canhão-alvo, porque o primeiro projétil, tipicamente, não era tão preciso quanto a artilharia ou os morteiros, em termos de alcance especificado.
Outro aspecto das limitações das armas de apoio tem a ver com o apoio de helicópteros. O terreno urbano é implacável com os helicópteros, que podem ser forçados a efetuar um pouso de emergência. Portanto, seus pilotos podem mostrar relutância em voar sobre terreno urbano. E mais, manobrar helicópteros em guerra de rua é uma tarefa muito perigosa e difícil.
Um aspecto muito trágico da utilização das armas de apoio em guerra de rua é que a probabilidade de baixas civis é muito alta. Em pelo menos duas situações das quais temos conhecimento, o Exército norte-vietnamita utilizou civis como “escudos” para suas tropas de infantaria, e missões de fogo foram, por necessidade, pedidas sobre tais posições.
Sobre o uso de armas químicas:
Durante a batalha do I/5º no interior da fortaleza da Cidadela (que eclodiu em 13 de fevereiro de 1968) o batalhão progrediu um total de quatro quarteirões, ao longo de sua via de ataque, que era de quatro quarteirões de largura. Portanto, o I/5º assegurou um total de dezesseis quarteirões de cidade, dentro de nossa área de operações designada, depois de quase duas semanas de pesada luta de rua (13-25 de fevereiro de 1968). Para conseguir isto, sofremos quase 50 % de baixas nas mãos de uma força determinada, bem-preparada, de soldados norte-vietnamitas, uma força que, no final, foi estimada em quase 11 mil homens, na área de operações da cidade de Hue.
Em 25 de fevereiro de 1986, os fuzileiros navais da Companhia Charlie dispararam três lançadores de gás E8, cada um dotado com 40 granadas de gás CS, na direção da última posição conhecida do inimigo. Na manhã seguinte, o I/5º assumiu o controle dos restantes doze quarteirões da cidade, em cerca de três horas, sem uma única baixa, porque o Exército norte-vietnamita não estava equipado para lidar com o ataque de gás lacrimogêneo, e foi obrigado a se retirar.
Ninguém, jamais, saberá se a utilização de armas químicas poderia ter feito diferença nos estágios iniciais da batalha (embora todos nós tenhamos recebido novas máscaras de gás, no dia anterior da entrada na Cidade de Hue!), porém, muitos dos ex-combatentes desta batalha, freqüentemente, tem se perguntado o que teria acontecido se os E8 tivessem sido desdobrados nos estágios iniciais da batalha. Nós recomendamos o uso judicioso de armas químicas, tais como gás lacrimogêneo, etc, para operações de combate urbano.
(continua...)
A missão designada para as forças de Fuzileiros Navais durante a Operação HUE CITY era atacar e destruir as forças inimigas que haviam capturado grandes partes da antiga capital imperial de Hue, durante a ofensiva de surpresa norte-vietnamita que foi, rapidamente, denominada de Ofensiva Tet. Devido ao aspecto histórico de muitas das edificações em Hue, a utilização de armas pesadas foi, significativamente, restrita durante os dias iniciais da luta, em ambos os lados do rio. Enquanto aumentavam as baixas amigas, e como as estimativas iniciais do tamanho da força inimiga na área da Cidade de Hue eram, significativamente aumentadas, as restrições de tiro sobre as armas de apoio foram, por fim, levantadas. Em nossa respeitosa opinião, nossa capacidade de completar, com sucesso, a missão foi, de início, severa e adversamente impactado pelas regras de engajamento. Como tem sido dito com freqüência, sobre a guerra, nós fomos nosso próprio pior inimigo.
Embora seja compreendido que a missão e as regras de engajamento não sejam de exclusiva responsabilidade da liderança dos Fuzileiros Navais nos escalões de pelotão, companhia, batalhão, ou mesmo regimental, é fortemente recomendado que todo esforço seja feito, em cada escalão da cadeia de comando, para assegurar que um razoável equilíbrio seja atingido entre as exigências da missão e os efeitos das regras de engajamento sobre a capacidade do comando para desempenhar a missão com sucesso.
Execução
Reconhecimento e Inteligência:
O combate urbano é, quase sempre, conduzido em alcances muito curtos. Não é incomum ter forças oponentes lutando de posições afastadas uns poucos metros; maior parte da luta é feita de uma distância entre 25 e 100 metros. Devido a esta natureza aproximada, é crítico saber onde o inimigo está e como está desdobrado. Esta lição foi aprendida do jeito difícil durante os estágios iniciais da batalha no interior da Cidadela. Durante os dois primeiros grandes choques entre fuzileiros navais e as forças norte-vietnamitas na manhã de 13 de fevereiro, o inimigo nos surpreendeu e semeou danos significativos, muito rapidamente. Isto ocorreu, principalmente, porque não tínhamos a exata certeza sobre onde os norte-vietnamitas estavam desdobrados. Embora o Exército sul-vietnamita tivesse estado em vários grandes combates no interior da Cidadela, não lembramos de receber qualquer informações atribuível a eles, no que concernia a exata localização do inimigo. E mais, de acordo com nosso conhecimento, nenhuma unidade de reconhecimento dos Fuzileiros Navais foi enviada para confirmar a situação e identificar as posições inimigas, antes que atacássemos.
Recomendamos que todos os elementos de inteligência, unidades de reconhecimento e dispositivos de vigilância que possam ser disponibilizados, sejam desdobrados num esforço significativo para fixar as exatas localizações dos soldados e unidades inimigos. O combatente que sabe onde seu inimigo está escondido, experimenta uma decisiva vantagem em surpresa e devastador desdobramento de poder de fogo.
Táticas de combate urbano:
A tragédia do conflito urbano é que o “campo de batalha” para todo tiroteio é a vizinhança; cada objetivo tomado, é a casa, a escola ou a igreja de alguém, ou alguma outra estrutura que tem grande valor e significado para as pessoas que vivem lá. Considerando as possibilidades, não é difícil imaginar combate de tanques através de parques de estacionamento; fogo de morteiro atingindo uma igreja, um hospital, um centro comunitário; pesado tiroteio de armas leves entre casas; uma barragem de artilharia sobre o quintal de uma escola. Enquanto estas imagens possam ser úteis para os filmes de Hollywood, quando pensamos sobre elas acontecendo em nossas casas nas escolas e igrejas de nossos bairros, a tragédia é, de alguma maneira, aumentada, tornada mais política. Entretanto, é nossa crença coletiva de que a vida de um só fuzileiro naval é mais preciosa do que dez estruturas, uma centena de casas, escolas, igrejas, santuários, centros de comércios ou quaisquer outras edificações conhecidas pelo homem. Prédios podem ser reconstruídos, mas vidas, uma vez perdidas, não podem ser recriadas pela mão dos homens. Portanto, todos os esforços devem ser feitos, utilizando todo e qualquer armamento disponível, para destruir o inimigo e apoiar o avanço dos fuzileiros navais, por meio das armas de apoio e sem consideração pelos danos aos edifícios.
Ao mesmo tempo, a utilização de armamento pesado em combate urbano é, sem dúvida, “uma espada de dois gumes”, como o são muitos elementos na guerra moderna. Destroços podem ser tão eficazes quando uma edificação, para proteger posições de tiro inimigas. E mais, a artilharia e outras armas de tiro tenso podem ser, de alguma forma, restringidas pela altura das construções e a distância delas uma das outras. Em muitos casos, embora de calibre menor, os morteiros serão superiores à artilharia devido à sua trajetória mais elevada e, portanto, serão capazes de atingir os alvos inimigos que estiverem cobertos, eficazmente, das armas de fogo direto, por edifícios e outras estruturas.
Táticas para combate urbano do capitão-fuzileiro naval Dale Dye – Aperfeiçoamento (29 de junho de 2001.
Muitos agradecimentos ao capitão Dale Dye, USMC (reformado), presidente da Warriors, Inc, (a famosa organização de consultoria de cenas de combate para a indústria cinematográfica) por suas notáveis contribuições para este documento. Dale Dye combateu com a Companhia Hotel do II Batalhão do 5º de Fuzileiros Navais no lado sul do Rio Perfume, no início de fevereiro de 1968, e então, “pulou’ para a Cia Delta do I Batalhão do 5º de Fuzileiros Navais, para lutar no interior da cidadela. Além dos navais da Delta do I/5º, que lutaram ao lado do II/5º, durante vários dias, no lado sul do rio, antes de juntarem-se ao restante do I/5º no interior da Cidadela, Dale pode, muito bem, ser o único fuzileiro naval americano que lutou em ambos os lados do rio durante a Operação HUE CITY. Um sargento (E-5) na época, Dale era “oficialmente” um correspondente de combate, mas diz, “tudo que consigo lembrar de fazer em Hue foi trocar carregadores e apertar gatilhos. Gozado como esta conversa de ocupações militares desaparece quando a “excreção atinge o oscilador”
Quando solicitado a ler e comentar este documento, Dale disse o seguinte: “Tendo matutado sobre estas coisas, já por algum tempo, cheguei a uma conclusão sobre o que eu penso que podem ser dicas valiosas para os líderes de frações de infantaria terem em mente quando, e se a situação se tornar real. Todas estas observações/dicas estão baseadas em coisas que eu, realmente, experimentei enquanto combatia em Hue.
MOVIMENTO TÁTICO NA FRENTE DE JANELAS E PORTAS: A maioria dos movimentos em lutas urbanas tendem a ser rápidos e curtos. Isto é bom, mas leva a ignorar o óbvio, às vezes. Nós tivemos um bocado de navais mortos ou feridos – particularmente no lado sul de Hue – porque se expuseram quando movendo-se na frente de janelas ou portas. Em geral, evite mover-se na frente de portas (abertas ou fechadas), ponto final. Você terá de mover-se na frente de janelas, mas CERTIFIQUE-SE DE SE AGACHAR abaixo do nível da janela. Também, não esqueça que muitas estruturas inimigas têm janelas ao nível do chão, que fornecem luz e ventilação para porões. PASSE POR CIMA DESTAS JANELAS AO NÍVEL DO CHÃO e não exponha suas pernas e/ou a parte baixa do corpo para o fogo inimigo vindo de dentro.
ATIRE ATRAVÉS.: Nossas armas de infantaria carregadas com munição comum de bala tem um efeito de penetração danado. Na dúvida, esvazie o carregador! Tenha cuidado especial com pilhas de mobílias, mesas, gabinetes, armários, guarda-roupas, etc, quando revistando ou limpando salas. Você pode ATIRAR ATRAVÉS DESTES MATERIAIS e um par de projéteis bem-colocados pode salvar sua vida. No lado sul, eu estava bem atrás de um naval que, instintivamente, enfiou uma rajada de cinco tiros de seu M-16, num grande armário e foi recompensado com um norte-vietnamita morto, que caiu pela porta, direto no chão. Esta técnica, rapidamente, tornou-se NGA (Norma Geral de Ação).
CRESCENTE EFEITO DE ESTILHAÇOS: Não fique relaxado – ou deixe seus navais ficarem relaxados, no que concerne a capacetes e coletes balísticos na luta urbana. Muitos de nossas baixas por MSW (multiple shrapnel wound, ou múltiplos ferimentos por estilhaços) tanto nos lados sul e norte do rio, resultaram do cada vez maior efeitos de arrebentamento dos RPGs, morteiros e granadas. Sempre fique consciente de que ARMAS DO TIPO ALTO-EXPLOSIVO CRIARÃO UM CRESCENTE CHUVEIRO DE ESTILHAÇOS EM ÁREAS URBANAS. Uma peça solta de tijolo, concreto ou asfalto pode matar você, tão facilmente quanto estilhaços das armas verdadeiras.
USO DE GRANADAS DE MÃO DE FRAGMENTAÇÃO: Até estarmos empenhados em Hue, eu notei que um bocado de navais eram relutantes em portar e/ou usar “frags”. Livre-se – e faça com que seus navais se livrem – desta relutância, e rápido! Uma carga básica deve ser de quatro ou seis “frags” por homem, antes de entrar na área. ENSINE OS NAVAIS A LANÇAR “FRAGS” COM AMBAS AS MÃOS. Também, ENSINE OS NAVAIS A “GATILHAREM” UMA “FRAG” antes de lançá-la ou soltá-la num quarto ou edifício. Elas dão quatro à seis segundos, com um fuso padrão de fragmentação e isto é tempo o bastante para um inimigo esperto recuperar a granada e atirá-la de volta no seu colo. Isto aconteceu diversas vezes, no lado sul de Hue e, pelo menos uma vez (com conseqüências fatais) no lado norte. Eu gosto de contar até “três”, mas “dois” é suficiente, após a alavanca de segurança ser liberada, antes de despachar a granada. Eu armei um lance com um companheiro, no qual ficávamos, de ambos os lados de uma janela suspeita. Um de nós puxaria o pino, liberando a alavanca de segurança da granada; então, a arremessaria para o homem no lado oposto, que a pegaria e faria a entrega. Oficiais e sargentos de segurança podem ter problemas com isto na raia, mas isto tem de ser praticado! Quando lançando uma granada num quarto ou edificação, geralmente, LANCE-A COM TANTA FORÇA QUANTO PUDER. A granada ricocheteará pelas paredes e mobília e isto tornará difícil para o inimigo ir atrás dela e recuperá-la.
APRENDA A “PUXAR” CARROS: Toda unidade de fuzileiros navais operando em ambiente urbano se encontrará na necessidade de rápido transporte, para ressuprimento, rápido movimento de tropa, ou evacuação de baixas. Naturalmente, não há transporte disponível quando é criticamente necessário. Nós aprendemos, lutando no lado sul de Hue a FAZER LIGAÇÃO DIRETA E “PUXAR” VIATURAS CIVIS. A ênfase é em “civis”, já que viaturas militares deixadas para trás por um inimigo, podem estar minadas ou armadilhadas. Fique longe de meias-lagartas inimigos, blindados abandonados ou caminhões militares em geral. O que você quer é o carro ou a caminhonete do “papai”. Em qualquer unidade de fuzileiros navais, geralmente, há um elemento que já teve “experiências prévias” neste ramo. Encontre-o e use-o. No lado sul de Hue, isto salvou vidas, repetidas vezes. Nós até mesmo fizemos ligação direta em várias viaturas tipo motocicleta com três rodas e elas foram grandes para ressuprimento e evacuação de baixas. Eu, humildemente, admito ser um dos grandes astros neste esforço, que fez de mim, o “cara” para o capitão Ron Christmas, comandante da Hotel do II/5º.
POSTOS DE RESSUPRIMENTO E POSTOS DE EXTRAVIADOS: Ressuprimento de armas, água e munição é sempre um problema em luta urbana, já que caminhões e outros transportes tentando alcançar as unidades combatentes, rapidamente, se convertem em alvos primordiais. A solução é ESTABELECER POSTOS DE SUPRIMENTO DE ESQUINA. Faça seu pessoal de apoio, simplesmente, carregar a tralha e jogá-la numa esquina ou cruzamento designado. Neste ponto, esquadras, GCs e pelotões podem, simplesmente, enviar faxinas de trabalho para ele, pegar o que precisam e levar para a frente, sem nenhum perigo para a linha de apoio de suprimento. Também, ESTABELEÇA PONTOS DE REAGRUPAMENTO para elementos ou frações perdidas. Enquanto você move uma fração à frente, pare em cruzamentos facilmente reconhecíveis, edificações ou esquinas e deixe todo mundo ficar sabendo que este é um PONTO DE REAGRUPAMENTO. Se eles se perderem ou ficarem sem contacto com o escalão mais elevado, simplesmente, encontrarão o ponto de reagrupamento e aguardarão. O cerra-fila do pelotão ou um mensageiro designado pode fazer exames regulares destes pontos e policiar elementos desaparecidos. Isto funcionaou, particularmente bem, para reagrupar GCs extraviados na luta do lado norte.
7. ARMAS SEM-RECUO: o LAAW M-72, o AT-4 e qualquer outra arma sem-recuo disponível é extremamente valiosa em combate urbano por óbvias razões. Entretanto, é importante LEVAR EM CONSIDERAÇÃO O SOPRO QUANDO UTILIZANDO TAIS ARMAS A PARTIR DE ÁREAS ENCLAUSURADAS, tais como quartos, becos sem-saída, etc. Eu disparei um LAAW de uma janela no segundo andar, no lado norte, e estava extremamente orgulhoso de mim mesmo, até que descobri que o danado do sopro quase havia matado os outros dois caras no quarto comigo. O sopro de uma arma sem-recuo irá ricochetear nas paredes de um quarto e agir como um tornado em miniatura!
8. TÉCNICAS ANTI-TOCAIEIRO: Trabalhando em duplas (Buddy-teams) em Hue, rapidamente aprendemos a brincar de gato e rato com os tocaieiros norte-vietnamitas. O problema genério é que alguém se ferrava antes que conseguíssemos localizar o atirador que havia ferrado com o elemento. DEBAIXO DE FOGO DE UM TOCAIEIRO EM POSIÇÃO DESCONHECIDA, UM HOMEM TERÁ DE SERVIR DE ALVO enquanto o outro homem localiza e atira. Nós refinamos esta técnica, efetuando uma rápida corrida para cobertura pelo alvo ou homem-isca, numa tentativa de atrair o fogo do tocaieiro. Se o homem-isca se movesse rapidamente, abaixado, de cobertura para cobertura, geralmente conseguíamos que o tocaieiro disparasse um tiro ou rajada mal-visados. Isto revelava seu esconderijo e o homem de cobertura poderia desfechar fogo sobre a posição do tocaieiro, ou pedir fogo do restante do GC, ao colocar uma ou duas traçantes no esconderijo. TREINE ESTA TÉCNICA!
9. MANTENHA O FOCO NO ALTO/E OLHE PARA BAIXO: Em Hue, tendíamos a manter o foco em posições de tiro elevadas para o inimigo. Ele é um infante e conhece o valor do terreno elevado, portanto, tendíamos a procurá-lo, no alto. Infelizmente, isto levou a uma tendência de ignorar spider-holes e posições de combate de baixo-nível, que, freqüentemente, nos pegava de surpresa. UM INIMIGO EM DEFESA URBANA, FREQÜENTEMENTE, ATRAIR VOCÊ PARA SE EMPENHAR NUM ASSALTO, POR MEIO DE DEISPAROS VINDO DO ALTO, ENQUANTO SEUS ATIRADORE ESTÃO ENTERRADOS EM POSIÇÕES BAIXAS, AO REDOR DE UMA CONSTRUÇÃO. Fomos pegos no assalto sobre as áreas da tesouraria e do hospital, no lado sul, por não termos checado o terreno baixo, antes de nos lançarmos ao assalto.
10. ESCONDERIJOS IMPROVÁVEIS: No lado norte, durante o assalto sobre a Cidadela, eu perdi um homem e, eu mesmo quase me danei, porque não pensamos que alguém poderia estar enterrado sob uma pilha de lixo doméstico. Era uma pilha de bagulhos descartados, com uma bicicleta quebrada no alto, parecendo, apenas com qualquer outra pilha de lixo, em qualquer cidade. Infelizmente, um norte-vietnamita tinha se enterrado sob a pilha de lixo, vindo da parte de trás, e abriu uma seteira de tiro, ao nível do chão. NUNCA PRESSUPONHA QUE UM INIMIGO NÃO POSSA ESTAR EM CERTO LUGAR, PORQUE ELE VAI ESTAR LÁ.
11. ESGOTO E CANAIS DE DRENAGEM: A maioria dos norte-vietnamitas que rumaram para dentro de Hue, nas noites de 30-31 de janeiro de 1968, entraram na cidade, sem serem detetados, movimentando-se através do sistema de esgotos e canais de drenagem. NA OFENSIVA, LOCALIZE AS ABERTURAS ARTIFICIAIS E AS EXAMINE. NA DEFENSIVA, EXPLORE O SISTEMA DE ESGOTOS/CANAIS e use-o para movimentar tropas de ponto em ponto. Os fuzileiros navais devem ser treinados para fazer isto como questão de rotina. Da mesma forma como designamos e treinamos ratos-de-túneis para trabalho subterrâneo na selva, devemos TREINAR FUZILEIROS NAVAIS PARA EXPLORAR, SE MOVER E LUTAR DEBAIXO DAS RUAS DAS CIDADES.
12. POSTOS DE OBSERVAÇÃO ELEVADOS: Telhados são extremamente valiosos como POs. Um elemento competente, no alto, pode direcionar fogo e movimento para as tropas abaixo, e economizar um bocado de tempo e problemas para você, ao divisar áreas de perigo real ou potencial. PONHA UM OBSERVADOR NO ALTO E ORGANIZE UM SISTEMA DE SINAIS PARA QUE ELE POSSA DIRECIONAR SEU FOGO OU MOVIMENTO. Um observador com um carregador de traçantes pode ser, extremamente valioso, neste empreendimento. Ao selecionar o PO de telhado, não se deixe ficar marcado por sua silhueta. Se possível, rasgue um “buraco-de-rato”, em algum lugar nas telhas e observe daí.
13. ATIRANDO COM A MÃO FRACA: Cobertura em combate de rua é, na maior parte das vezes, aquela que está disponível, e não a que você escolhe. Isto faz com que seja importante que todos os fuzileiros navais TORNEM-SE APTOS EM TIRO COM A MÃO FRACA. Aprenda a atirar precisamente – ou, no mínimo, efetivamente – com os dois ombros, para que você não seja forçado a expor-se quando disparar por detrás de uma cobertura inconveniente.
(Nota do Clermont: Realmente, eu, como mero paisano, nunca consegui entender como este princípio acima – que, também, vale para luta em ambientes com árvores - se coaduna com a existência do fuzil “bull-pup” comum, com ejeção lateral. Tem quem diga que isto é irrelevante, quem vai saber?)
14. USE COBERTURA: Obviamente, você deve se abraçar aos muros, antes do que caminhar pelo meio de uma viela ou rua. No lado norte de Hue, nos encontramos avançando subindo ruas, adjacentes aos muros da Cidadela, dando lanços de soleira em soleira, o que minimizava nossa exposição ao fogo dos muros. Infelizmente, isto nos deixava com as costas para as portas, com muita freqüência, e os norte-vietnamitas, dentro das edificações, atiravam em nós, através das ports. QUANDO PROCURANDO COBERTURA EMBAIXO DE SOLEIRAS, FIQUE ATENTO AO QUE ESTÁ NAS SUAS COSTAS. SE FOR UMA PORTA, FIQUE ABAIXADO E PREPARADO PARA RECEBER FOGO DE DENTRO DA EDIFICAÇÃO.
15. DÊ UMA ESPIADA: Em intervalos regulares na luta de rua, você se encontrará numa esquina ou cruzamento, querendo desesperadamente saber o que há no outro lado. APRENDA A OBSERVAR, RAPIDAMENTE, ficando abaixado e dando uma breve espiada, em volta da esquina ou muro. DUAS OU TRÊS ESPIADAS MINIMIZAM A EXPOSIÇÃO e deixam conseguir um quadro ou plano para seu próximo movimento. NÃO FIQUE COM O FOCINHO DE FORA, para uma observação prolongada.
16. ATIRE EM SETEIRAS OU ABERTURAS DE TIRO: Devido a natureza rápida, violenta e confusa da luta de rua, há uma tendência para espalhar o fogo (“spray and pray”) quando atirando num alvo identificado. Lute contra esta tendência da natureza humana! Quando você localizou uma abertura de tiro, ou seteira de onde o inimigo está atirando em você, DESACELERE E PONHA FOGO DELIBERADO E VISADO SOBRE O ALVO. Em Hue, freqüentemente, colocamos posições fortificadas debaixo de fogo, levando o atirador inimigo a se esquivar e parar de atirar. Quando nos movimentávamos, ele estava de volta, atirando. A solução é MATÁ-LO COM DISPAROS VISADOS, DIRETO NA FENDA.
17. ENTRE E SAIA ABAIXADO: Um inimigo está debaixo de tanta pressão e adrenalina quanto você mesmo. Lembre-se disto e QUANDO ENTRAR OU SAIR DE UMA EDIFICAÇÃO, FIQUE ABAIXADO! A tendência inicial de um inimigo sob pressão é mirar e atirar no centro da massa de um homem de pé. Se você está abaixo deste ponto de mira, poderá sobreviver ao fogo.
18. NÃO MASCARE SEU FOGO DE COBERTURA: Infelizmente, em Hue, houve numerosos casos nos quais fuzileiros navais tentando se movimentar sob fogo de cobertura de outros navais, caíram direto debaixo de fogo amigo. Coloque isto na conta da confusão e da “neblina de guerra”, mas você pode evitar isto se PENSAR ANTES DE SE MOVIMENTAR SOB FOGO DE COBERTURA. Esteja certo de saber onde sua linha de fogo de cobertura está, da sua posição para o alvo, selecione uma posição intermediária ou terminal que esteja fora desta linha de fogo, antes de se movimentar.
19. CALE BAIONETAS: Em Hue, experimentamos numerosos encontros muito aproximados com soldados norte-vietnamitas, no interior de edificações ou ao fazer a curva em vielas ou pátios. Estes ENGAJAMENTOS DE ENCONTRO, OLHO-NO-OLHO ACONTECEM O TEMPO TODO e os fuzileiros navais precisam estar preparados para ação instantânea. A melhor garantia é TER SUA BAIONETA CALADA e estar preparado para desfechar uma estocada, rápida e decisiva, no rosto ou peito do inimigo. Se isto não o matar, ao menos lhe dará um susto tão grande que ele irá se retirar, imediatamente. Isto aconteceu, pelo menos, duas vezes, que eu saiba, no lado sul, resultando em um selvagem combate corpo-a-corpo, que poderia ter sido evitado e decidido em favor dos navais, com um rápido pontaço de baioneta.
20. FATOR-FOGO: A maioria das edificações, em ambiente urbano, contém montes de materiais que queimam. Aprendemos, rapidamente, no lado sul de Hue que - na falta de granadas de gás lacrimogêneo, ao nível de GC - poderíamos pegar granadas de fósforo branco (WP), arremessá-las numa casa e, dependendo do que estava dentro, colocá-la em chamas. O fogaréu resultante, com freqüência, forçava os atiradores norte-vietnamitas a uma fuga em pânico, nos dando a chance de matá-los em terreno aberto.
21. DIMINUA O RITMO: Finalmente, uma de nossas mais valiosas lições, combatendo nos lados sul e norte de Hue foi DESACELERE E SEJA METICULOSO. Antes que pegássemos o ritmo das operações urbanas, tínhamos uma tendência de, apenas, cair dentro, e confiar na impulsão de nosso ataque para chocar o inimigo. Ele não era de ficar, facilmente, chocado, como descobrimos para nosso pesar. A solução é DESACELERAR, AVALIAR A SITUAÇÃO, ELABORAR UM PLANO METICULOSO E LEVÁ-LO À CABO COM VIGOR!
Informações adicionais sobre táticas de frações por Jonh Erskine:
O sargento John Erskine entrou na batalha pela Cidade de Hue, como cerra-fila de pelotão, no 1º Pelotão da Companhia Charlie. Em dois dias de luta, John foi designado como comandante do 3º Pelotão, depois que esta fração teve seu Sargento de Pelotão, sargento-ajudante Robert Odum e seu Comandante de Pelotão, 2º tenente John Aamodt, feridos e evacuados. Logo após assumir, vários rojões RPG atingiram o edifício no qual John e alguns de seus navais estavam, e ele ficou, seriamente ferido e foi evacuado. Eis aqui as contribuições de John:
A) Muitos de nossos oficiais e sargentos superiores de estado-maior ficaram, todos, engarrafados nas linhas de frente no combate da cidade, e nós perdemos muitos deles nos primeiros dias em Hue. Eu penso que é imperativo que navais de todos os postos sejam, extensivamente, adestrados em leitura de mapa e rádio-comunicações, para que quaisquer pânico e confu~soa possam ser evitados quando os líderes tombarem.
B) Socorristas (Corspmen) não podem estar em toda parte. Os navais precisam ter mais treinamento médico para todos os postos, especialmente ao lidar com ferimentos traumáticos.
C) É muito bom assegurar o terreno elevado, mas como chegar lá? Que tal utilizar ganchos de escalada? Alguns poderiam ser do tipo morteiro (como aqueles utilizados pelos Rangers ao escalarem os penhascos na Normandia).
D) Paint balls transportados em tubos, para marcação de áreas limpas. Simplesmente, jogue-as contra edificações ou pavimento.
E) Ao invés de uma rápida espiada pelo canto de edificações e muros, use periscópios portáteis.
Táticas urbanas para armas de apoio:
Armas de apoio são mais eficazes, além do Limite de Segurança de Apoio de Artilharia (”Danger Close”, na OTAN e nos EUA, um limite em que o alvo fica, sempre, 600 metros afastado das forças amistosas[/i]). Durante a Operação HUE CITY, o mais eficaz fogo indireto, além do LSAA foi o canhão de 8 pol. Recomendamos que o eixo de fogo seja perpendicular, tanto quanto paralelo. Finalmente, na eventualidade, como foi o caso da Operação HUE CITY, no qual, devido à considerações políticas, adequado fogo preparatório não seja permitido, que seja incorporado ao ataque de infantaria uma variedade de fogos de artilharia, como fumaça, fusos retardados, ângulo elevado, etc. Adestramento de coordenação de armas combinadsa é crítico para a luta de rua.
Outras vantagens do fogo preparatório incluem a destruição da camuflagem das posições inimigas, o fator choque psicológico contra as tropas inimigas, e o fato de que armas pesadas podem criar novas vias de ataque e recuo para viaturas blindadas.
Um dos mais eficazes aspectos das armas de apoio, durante a batalha por Hue foram as “equipes matadoras” que se desenvolveram: um tanque M-48 e um caça-tanques “Ontos”, fariam dupla e manobrariam juntos como equipe. Isto permitia, fosse ao tanque ou ao “Ontos”, manobrar para uma boa posição de tiro, enquanto o outro efetuava cobertura. E mais, o devastador poder de fogo desfechado pelo canhão de tanque de 90 mm e dos seis canhões sem-recuo 106 mm do “Ontos, mostraram-se, extremamente benéficos para a infantaria engajada em luta de rua, já que eles forneciam alguma cobertura do fogo de armas leves inimigo. Entretanto, viaturas blindadas podem se tornar “imãs para rojões”, produzindo baixas nas tropas de infantaria muito perto.
Exceto caso de fogo de inquietação e interdição, edificações que sejam atingids por armas pesadas devem ser atacadas de imediato, utilizando qualquer benefício que possa derivar do choque, e todos os esforços feitos para limpar e neutralizar todas as posições inimigas nesta edificação em particular, antes que o ataque seja interrompido (sempre que for possível).
Lembre-se que, ao pedir missões de fogo, você pode requisitar um “splash” (mensagem pelo rádio do elemento de apoio de fogo de artilharia para o observador avançado, notificando de que a queda dos obuses se dará em 10 segundos) para que a tropa amistosa tenha tempo para tomar cobertura, imediatamente antes do impacto.
Em operações diurnas, a utilização de fumaça de cobertura, com freqüência, é útil quando fuzileiros navais precisam atacar através de áreas abertas.
Entretanto, como foi aprendido durante a Operação HUE CITY, mesmo com apoio adequado de armas pesasdas, que, no final, foi fornecido aos Fuzileiros Navais, nós confrontamos tropas norte-vietnamitas “linha-dura”, que lutavam de posições preparadas, moviam-se para posições secundárias, lutavam de novo, e, finalmente, de modo muito relutante, morriam. Na captura de cada aposento, cada andar, cada telhado, cada edificação, cada rua, foi, no fim das contas, o fuzileiro naval dos grupos de combate quem ganhou a batalha.
É crítico para unidades de infantaria conhecerem tanto as capacidades quato as limitações das armas de apoio. Por exemplo, os canhões da Marinha são as armas com trajetória mais plana, e não, necessariamente, eficazes, devido ao terreno vertical (edificações). E mais, em nossa experiência, não era inteligente estar na linha canhão-alvo, porque o primeiro projétil, tipicamente, não era tão preciso quanto a artilharia ou os morteiros, em termos de alcance especificado.
Outro aspecto das limitações das armas de apoio tem a ver com o apoio de helicópteros. O terreno urbano é implacável com os helicópteros, que podem ser forçados a efetuar um pouso de emergência. Portanto, seus pilotos podem mostrar relutância em voar sobre terreno urbano. E mais, manobrar helicópteros em guerra de rua é uma tarefa muito perigosa e difícil.
Um aspecto muito trágico da utilização das armas de apoio em guerra de rua é que a probabilidade de baixas civis é muito alta. Em pelo menos duas situações das quais temos conhecimento, o Exército norte-vietnamita utilizou civis como “escudos” para suas tropas de infantaria, e missões de fogo foram, por necessidade, pedidas sobre tais posições.
Sobre o uso de armas químicas:
Durante a batalha do I/5º no interior da fortaleza da Cidadela (que eclodiu em 13 de fevereiro de 1968) o batalhão progrediu um total de quatro quarteirões, ao longo de sua via de ataque, que era de quatro quarteirões de largura. Portanto, o I/5º assegurou um total de dezesseis quarteirões de cidade, dentro de nossa área de operações designada, depois de quase duas semanas de pesada luta de rua (13-25 de fevereiro de 1968). Para conseguir isto, sofremos quase 50 % de baixas nas mãos de uma força determinada, bem-preparada, de soldados norte-vietnamitas, uma força que, no final, foi estimada em quase 11 mil homens, na área de operações da cidade de Hue.
Em 25 de fevereiro de 1986, os fuzileiros navais da Companhia Charlie dispararam três lançadores de gás E8, cada um dotado com 40 granadas de gás CS, na direção da última posição conhecida do inimigo. Na manhã seguinte, o I/5º assumiu o controle dos restantes doze quarteirões da cidade, em cerca de três horas, sem uma única baixa, porque o Exército norte-vietnamita não estava equipado para lidar com o ataque de gás lacrimogêneo, e foi obrigado a se retirar.
Ninguém, jamais, saberá se a utilização de armas químicas poderia ter feito diferença nos estágios iniciais da batalha (embora todos nós tenhamos recebido novas máscaras de gás, no dia anterior da entrada na Cidade de Hue!), porém, muitos dos ex-combatentes desta batalha, freqüentemente, tem se perguntado o que teria acontecido se os E8 tivessem sido desdobrados nos estágios iniciais da batalha. Nós recomendamos o uso judicioso de armas químicas, tais como gás lacrimogêneo, etc, para operações de combate urbano.
(continua...)
- Guerra
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Re: Frações de Infantaria
Lendo esse artigo comecei a pensar em como conceitos tão simples que fazem parte da formação do infante são colocados como uma lição aprendida.
Será que naquela época ainda não tinham consolidado técnicas de combate a localidade?
Nenhum outro terreno exige mais medidas de controle do que em localidades. Mas elas são fáceis de se estabelecer, porque as linhas e pontos estão bem definidas.
Sobre o ressuprimento, cadê o chivunk?
Isso é o M 1 A1 do emprego de armas sem recuo. O infante já tem que nascer sabendo sobre isso.
Se o Gc não se expôe na progressão, o movimento já é uma arma contra atiradores.
Isso vale para qualquer lugar. Porque é muito mais seguro colocar a cabeça para fora num tiroteio do que numa situação de (re)estalecimento do contato.
Imagina o seguinte: tem uma esquadra ou uma metralhadora cobrindo um setor. Todos com o dedo no gatinho esperando um alvo, então do nada aparece uma cabeça se oferecendo como alvo. E é obvio que o tiro geralmente esta amarrado num esquina, brecha, porta etc.
O fogo do Gc tem que ser concentrado e controlado sempre.
"para onde vou? como vou? quando vou?"
Alguém sempre vai ter que se aproximar do inimigo mais cedo ou mais tarde. E vai ser o infante.
Será que naquela época ainda não tinham consolidado técnicas de combate a localidade?
Esse é um dos motivos para desmistificar que a melhor forma de combater em área urbana é com blindados (distancia combates). Por outro lado se houver tempo para um reconhecimento minucioso e um trabalho de inteligência, tropas mecanizadas teriam bons resultados nesse tipo de luta.Reconhecimento e Inteligência:
maior parte da luta é feita de uma distância entre 25 e 100 metros. Devido a esta natureza aproximada, é crítico saber onde o inimigo está e como está desdobrado.
Olha o 7,62 fazendo a alegria da infantaria quando o apoio de fogo é restrito!!ATIRE ATRAVÉS.: Nossas armas de infantaria carregadas com munição comum de bala tem um efeito de penetração danado.
A granada de mão é um elemento chave no combate a localidade. A cinta de estilhaço removível, o efeito carga oca, tudo isso é adaptação para o combate a localidade.USO DE GRANADAS DE MÃO DE FRAGMENTAÇÃO:
Uma vez um tenente disse algo que eu nunca mais esqueci. “O infante é um cara que tem que saber de tudo um pouco.” Ele ainda citou esse exemplo de saber dirigir.APRENDA A “PUXAR” CARROS:
POSTOS DE RESSUPRIMENTO E POSTOS DE EXTRAVIADOS:
Nenhum outro terreno exige mais medidas de controle do que em localidades. Mas elas são fáceis de se estabelecer, porque as linhas e pontos estão bem definidas.
Sobre o ressuprimento, cadê o chivunk?
7. ARMAS SEM-RECUO:
Isso é o M 1 A1 do emprego de armas sem recuo. O infante já tem que nascer sabendo sobre isso.
A melhor técnica contra atiradores numa área de localidade é a manobra. Esse negocio de atirar com tudo, não sei se faz efeito num atirador bem adestrado.8. TÉCNICAS ANTI-TOCAIEIRO:
Se o Gc não se expôe na progressão, o movimento já é uma arma contra atiradores.
É aqui que um blindado se ferra em localidade. Enquanto o tiro esta vindo de baixo, tudo certo.9. MANTENHA O FOCO NO ALTO/E OLHE PARA BAIXO:
Eu acho que isso é uma característica do tipo de luta que o americano enfrentou no Vietnan. Acho difícil em outras situações encontrar esse tipo de ameaça isolada.10. ESCONDERIJOS IMPROVÁVEIS:
Qualquer pista de combate a localidade tem que ter túneis. O infante tem saber progredir dentro de tuneis11. ESGOTO E CANAIS DE DRENAGEM:
Isso tb é conceito consagrado.12. POSTOS DE OBSERVAÇÃO ELEVADOS:
Mas eles não limpam as casa antes de avançar?14. USE COBERTURA: Obviamente, você deve se abraçar aos muros, antes do que caminhar pelo meio de uma viela ou rua. No lado norte de Hue, nos encontramos avançando subindo ruas, adjacentes aos muros da Cidadela, dando lanços de soleira em soleira, o que minimizava nossa exposição ao fogo dos muros. Infelizmente, isto nos deixava com as costas para as portas, com muita freqüência, e os norte-vietnamitas, dentro das edificações, atiravam em nós, através das ports. QUANDO PROCURANDO COBERTURA EMBAIXO DE SOLEIRAS, FIQUE ATENTO AO QUE ESTÁ NAS SUAS COSTAS. SE FOR UMA PORTA, FIQUE ABAIXADO E PREPARADO PARA RECEBER FOGO DE DENTRO DA EDIFICAÇÃO.
15. DÊ UMA ESPIADA:
Isso vale para qualquer lugar. Porque é muito mais seguro colocar a cabeça para fora num tiroteio do que numa situação de (re)estalecimento do contato.
Imagina o seguinte: tem uma esquadra ou uma metralhadora cobrindo um setor. Todos com o dedo no gatinho esperando um alvo, então do nada aparece uma cabeça se oferecendo como alvo. E é obvio que o tiro geralmente esta amarrado num esquina, brecha, porta etc.
A principio, quem da a missão de tiro do GC é o cmt. Ele dá a direção, natureza e quantidade de tiros disparados. Isso é um conceito que o infante tem que nascer sabendo. Se todo mundo atirar no que acha que é um alvo o GC perde o poder de fogo.16. ATIRE EM SETEIRAS OU ABERTURAS DE TIRO:
O fogo do Gc tem que ser concentrado e controlado sempre.
Esse dois pontos nem é preciso comentar. Isso nem é técnica de infantaria é instrução individual para o combate. Até os rancheiros tem que saber esses conceitos.17. ENTRE E SAIA ABAIXADO:
18. NÃO MASCARE SEU FOGO DE COBERTURA:
"para onde vou? como vou? quando vou?"
Eu acho que não existe infantaria sem baioneta. O infante deixou um pouco de lado essa técnica por arrogância, mas o combate de infantaria sempre vai ser combate aproximado.19. CALE BAIONETAS:
Alguém sempre vai ter que se aproximar do inimigo mais cedo ou mais tarde. E vai ser o infante.
É isso que eu disse sobre manobrar contra atiradores isolados (vale tb para fração isolada sem apoio mutuo). Um atirador, tem que ter cobertura de outra tropa. Caso contrário é só fazer isso. Envolver, forçar o cara a sair e abater.20. FATOR-FOGO: A maioria das edificações, em ambiente urbano, contém montes de materiais que queimam. Aprendemos, rapidamente, no lado sul de Hue que - na falta de granadas de gás lacrimogêneo, ao nível de GC - poderíamos pegar granadas de fósforo branco (WP), arremessá-las numa casa e, dependendo do que estava dentro, colocá-la em chamas. O fogaréu resultante, com freqüência, forçava os atiradores norte-vietnamitas a uma fuga em pânico, nos dando a chance de matá-los em terreno aberto.
Combater de mascara em localidade? Será que é uma boa?Ninguém, jamais, saberá se a utilização de armas químicas poderia ter feito diferença nos estágios iniciais da batalha (embora todos nós tenhamos recebido novas máscaras de gás, no dia anterior da entrada na Cidade de Hue!), porém, muitos dos ex-combatentes desta batalha, freqüentemente, tem se perguntado o que teria acontecido se os E8 tivessem sido desdobrados nos estágios iniciais da batalha. Nós recomendamos o uso judicioso de armas químicas, tais como gás lacrimogêneo, etc, para operações de combate urbano.
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
- Clermont
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Re: Frações de Infantaria
(parte final.)
Administração.
Planejamento e Preparações:
As complexidades inerentes ao combate urbano são tais que especial atenção precisa ser prestada para com o planejamento e preparação. Treinamento, treinamento, treinamento: a prática leva à perfeição. Um ataque coordenado dos Fuzileiros Navais sobre uma posição mantida pelo inimigo num povoado ou cidade pode ser comparado a uma intrincada ópera ou produção da Broadway, embora o que esteja em jogo seja muito maior. Técnicas de entrada, revista de aposentos e técnicas de limpeza, comandos vocais, indicando movimento ou progresso, disciplina de fogo, a utilização de granadas de mão, rojões antitanque e fogo de apoio, comunicações, tudo isto tem de ser ensaiado e aperfeiçoado, até que se torne uma segunda natureza para nossos guerreiros de rua.
E mais, todos os planos precisam ser comunicados e ensaiados em cada escalão de comando, da esquadra de tiro até a companhia e acima. Em particular, comandantes de pelotão, sargentos de pelotão, líderes de GC e líderes de esquadra precisam estar cientes da função de cada homem. Isto deve incluir quem entra na edificação primeiro, e quem faz a cobertura. Sinais de mão e braço, tanto como comandos vocais deve ser estabelecido e praticado.
Cuidados médicos: (informações de “doc” John Loudermilk, socorrista da Marinha dos Estados Unidos).
As seguintes recomendações são feitas no que concerne ao treinamento e preparação para socorristas de campanha (field corpsman) que apóiam unidades de Fuzileiros Navais em combate de rua.
- Incremente o pacote de campanha do socorrista, com um conjunto cirúrgicoe cremes antibióticos.
- Incremente o conhecimento de:
Tratamento de erupções cutâneas e dermatites.
Tratamento de vias aéreas / Cricotireoidotomia.
Tratamento de trauma de batalha (psicológico).
- Certificação C.P.R. (ressuscitação cárdio-pulmonar) e retreinamento.
- Sessões periódicas de treinamento e discussão sobre resolução de problemas correntes em campanha, respondendo a questões dos socorristas.
- Incremento do conhecimento de procedimentos de parto. (NOTA: embora este comentário pareça pitoresco, há um aspecto sério a considerar. “Doc” Loudermilk ajudou uma vietnamita a dar à luz durante a batalha no interior da Cidadela de Hue.)
- Fazer chegar informações concernentes às baixas para sua unidade.
- Relaxar após grandes combates.
- Melhor armazenamento de registros.
- Viaturas motorizadas pequenas serão necessárias, tanto para suprimento, como para evacuação médica. Isto reduzirá o número de navais aptos, exigido para transportar feridos para a retaguarda.
Informações adicionais de “Doc” John Loudermilk.
10 de dezembro de 2001.
No que concerne às complexas situações que os socorristas da Marinha e os fuzileiros navais confrontarão, face à luta de rua, semelhantes àquelas que nós presenciamos na Cidade de Hue, tenhos os seguintes comentários adicionais para submeter, que podem ser de interesse. Eu submeto tais pensamentos na esperança de um melhor preparo para nossos fuzileiros e socorristas, ao compartilhar o que experimentei como “médico” da Cia C do I/5º de Fuzileiros Navais, em 1967 e 1968.
Ministrando socorro para múltiplas baixas:
O socorrista, freqüentemente, será confrontado com a situação de tratar múltiplas baixas. O socorrista precisa praticar conceitos de triagem. Quando isto aconteceu comigo, eu fui até cada homem ferido, determinei a extensão de seus ferimentos, ministrei-lhe tratamento imediato inicial, então, passei para o próximo homem, até que socorri todos eles. Então, rapidamente, analisei em qual ordem eu deveria tratá-los, de novo, antes de continuar. Não dê como certo que um homem vai ficar bem, depois de você ter tratado de seu ferimento óbvio. Também, considere prepará-lo para o começo do choque. Faça o melhor que puder e siga em frente.
Em Hue, tive de lidar com um quarto cheio de navais feridos, que haviam sido atingidos quando um norte-vietnamita arremessou uma granada pela janela, no quarto onde eles estavam. Eu tive de tratar de todos os feridos, mas tive de fazer isto, cautelosa e eficazmente. Eu tratei de todos os feridos, mas, também, tive de determinar em qual ordem eu voltaria até eles, após minha observação e tratamento inicial de cada homem.
A guerra de rua mostra uma tendência fatal ao provocar situações nas quais homens, inconscientemente, irão se agrupar. Muitas vezes, estes homens estarão numa área aberta. Os bravos fuzileiros navais com os quais servi, sempre me forneceram fogo de cobertura ou até mesmo um guarda-costas, quando tive de tratar de homens feridos, sem poder me abrigar.
Esquema de jogo.
Seria bom para os fuzileiros navais e socorristas praticarem, juntos, ações de resgate e terem planos de ação para garantir a segurança e o sucesso de todos os esforços de resgate (p.ex., homem jazendo ferido, na rua, tocaieiro inimigo do outro lado, na espera, etc.)
Times de futebol tem esquemas táticos e sabem, exatamente, o que fazerem em determinada situação. A guerra não é um jogo, mas precisamos praticar e estar preparados para ter sucesso.
Evide o descuido.
Um jovem naval caminhou do quarto dos fundos para onde estávamos, no quarto da frente, diante da rua. O quarto tinha um par de grandes janelas. Ele esqueceu onde estava, por um instante, e um tocaieiro, do outro lado da rua, o baleou no peito. Eu fui capaz de arrastá-lo e tratar dele, que acabou evacuado. A guerra de rua exige nossa vigilância, sempre que nos movimentarmos. O inimigo pode estar por toda parte. O quarto aberto com suas grandes janelas provou ser quase fatal para aquele fuzileiro naval.
Nutrição.
Quando em combate, precisamos ter boa água para nos sustentar. Nós tínhamos de obter nossa água onde fosse possível achar. Nós a encontrávamos em urnas, em algumas casas, e a utilizávamos após colocar nela um par de tabletes de Halazone. Isto pode ser algo a se considerar no futuro. Água e comida são grandes contributos para o moral.
Tratanto os ferimentos invisíveis.
Não podemos passar por cima da condição psicológica de nossos homens. Eu sugiro que nossos socorristas sejam treinados para reconhecerem PTSD (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), ou “choque de granada” como era conhecido, antigamente. Estes homens padecem de ferimentos que não podemos ver, mas que são tão reais como os que são vistos.
Treinamento com armas para os socorristas.
Um socorrista deve estar familiarizado com cada arma no pelotão. Tipicamente, na Guerra do Vietnam, um socorrista portava, somente, uma pistola calibre .45. Uma vez fui chamado, junto com outros dois socorristas, para prestar socorro para uma mulher, próximo de dar à luz. Nós três mantivemos nossa própria segurança, durante a noite naquele edifício escuro, enquanto o bebê recém-nascido repousava na cama, atrás de nós. Dois de nós, estavam nas janelas, e um nos fundos na escura entrada para os aposentos. Nós tínhamos recebido M-16s, porque estávamos com falta de homens.
Outra vez, quando estava com um GC, rumando para uma posição de emboscada, fomos atingidos com minas detonadas por controle remoto. Eu fiquei inconsciente e quando voltei a mim, achei que era o único vivo. Corri para o homem ponteiro e após tratar dele, descarreguei seu M-16 contra o lado da estrada onde ele estava caminhando. Eu fiz isto até alcançar o final do GC, onde encontrei dois outros homens. Se eu não soubesse como utilizar o M-16 e contribuir para nossos esforços combinados para a nossa defesa e tratar nossos feridos até que a ajuda chegasse, tremo em pensar em qual teria sido o resultado. Para a própria segurança do socorrista, eu creio que ele deve ser treinado para utilizar cada arma que o pelotão carrega.
Manutenção de registro é essencial.
Finalmente, o socorrista, normalmente, trata de si mesmo quando é ferido. Normalmente, ele é o único elemento médico em volta e, muito raramente, seus ferimentos são reportados, a não ser que sejam severos. Com a intensidade da guerra de rua e a constante mudança de pessoal, é muito difícil manter registros acurados. Desnecessário dizer que, um homem ao lutar pela sobrevivência, a última coisa em sua mente são registros. Porém, mais tarde na vida, o fuzileiro naval ou socorrista da Marinha podem precisar de um registro de um ferimento do tempo da guerra, para fornecer evidências para um pedido de pensão de ex-combatente. Manter registros precisos é algo a se considerar no treinamento para o futuro. Um escrivão do Departamento de Ex-Combatentes, certa vez me disse que não havia evidência alguma que eu jamais tenha estado no Vietnam!
Comando e Controle.
Num conflito urbano, em escala total, especialmente em situações onde as disposições do inimigo não sejam bem conhecidas, o contato inicial com o inimigo pode, e provavelmente será: (a) Inesperado, (b) num alcance muito aproximado, e (c) maciçamente devastador. O fator crítico para a sobrevivência da fração e da subunidade, em tais situações, é a capacidade destes escalões para, de imediato, determinarem as posições do inimigo e devolver alto volume de fogo sustentado sobre tais posições, permitindo a manobra contra elas.
Comando e controle, a conexão básica dos fuzileiros navais para sua liderança, pode desaparecer num piscar de olhos. Durante a Operação HUE CITY, a Cia C do I/5º perdeu dois de seus três 2º tenentes, comandantes de pelotão; sargentos-ajudantes e sargentos tornaram-se comandantes de pelotão; praças de 1ª classe foram líderes de GC. Em guerra de rua, não é surpresa encontrar cabos como comandantes de pelotão, levando-se em conta os, potencialmente elevados, índices de baixas.
Durante o primeiro dia do envolvimento do I/5º na Operação HUE CITY, a Companhia Alpha perdeu seu oficial-comandante, seu subcomandante e muito da Seção de Comando da companhia. Por necessidade, Alpha foi retirada para a retaguarda do batalhão, para reorganização. A perda de uns poucos líderes, efetivamente, eliminou uma companhia inteira. Isto, também, retardou o ataque do batalhão, embotando nossa iniciativa.
O fuzileiro naval individual que está debaixo de fogo inimigo, num alcance muito curto, que pode estar, agora, isolado do seu líder de esquadra ou GC, precisa estar, meticulosamente informado dos códigos de comunicação, linhas de partida, linhas de parada, disposições de unidades amigas e da capacidade de pedir fogo de apoio, e conduzir planos de contigência. Em resumo, em situações de guerra de rua, o comando e controle precisa ser compreendido em todos os escalões, descendo até o fuzileiro naval individual.
Baseados em nossas experiência, durante a Operação HUE CITY, recomendamos a você que treine para atingir elevados níveis de desempenho, espere o inesperado, espere o caos e planeje para todas as possibilidades.
Respeitosamente submetido, e Semper Fidelis!
Ex-combatentes da Operação HUE CITY,
1º tenente Scott Nelson,
Oficial Comandante, Cia C do I/5º de Fuzileiros Navais.
2º tenente Travis Curd,
II Batalhão do 11º Regimento de Fuzileiros Navais (artilharia), observador avançado de artilharia, anexado à C/I/5º
John Loudermilk,
Socorrista da Marinha dos Estados Unidos, C/I/5º
John Erskine,
Cerra-fila de Pelotão, C/I/5º
2º tenente Nicholas Warr,
Comandante de Pelotão, C/I/5º
Sargento-ajudante John Mullan,
Sargento de Pelotão, C/I/5º
Capitão Dale Dye, USMC (reformado)
Warriors, Inc., Cia H/I/5º e Cia D/I/5º.
Administração.
Planejamento e Preparações:
As complexidades inerentes ao combate urbano são tais que especial atenção precisa ser prestada para com o planejamento e preparação. Treinamento, treinamento, treinamento: a prática leva à perfeição. Um ataque coordenado dos Fuzileiros Navais sobre uma posição mantida pelo inimigo num povoado ou cidade pode ser comparado a uma intrincada ópera ou produção da Broadway, embora o que esteja em jogo seja muito maior. Técnicas de entrada, revista de aposentos e técnicas de limpeza, comandos vocais, indicando movimento ou progresso, disciplina de fogo, a utilização de granadas de mão, rojões antitanque e fogo de apoio, comunicações, tudo isto tem de ser ensaiado e aperfeiçoado, até que se torne uma segunda natureza para nossos guerreiros de rua.
E mais, todos os planos precisam ser comunicados e ensaiados em cada escalão de comando, da esquadra de tiro até a companhia e acima. Em particular, comandantes de pelotão, sargentos de pelotão, líderes de GC e líderes de esquadra precisam estar cientes da função de cada homem. Isto deve incluir quem entra na edificação primeiro, e quem faz a cobertura. Sinais de mão e braço, tanto como comandos vocais deve ser estabelecido e praticado.
Cuidados médicos: (informações de “doc” John Loudermilk, socorrista da Marinha dos Estados Unidos).
As seguintes recomendações são feitas no que concerne ao treinamento e preparação para socorristas de campanha (field corpsman) que apóiam unidades de Fuzileiros Navais em combate de rua.
- Incremente o pacote de campanha do socorrista, com um conjunto cirúrgicoe cremes antibióticos.
- Incremente o conhecimento de:
Tratamento de erupções cutâneas e dermatites.
Tratamento de vias aéreas / Cricotireoidotomia.
Tratamento de trauma de batalha (psicológico).
- Certificação C.P.R. (ressuscitação cárdio-pulmonar) e retreinamento.
- Sessões periódicas de treinamento e discussão sobre resolução de problemas correntes em campanha, respondendo a questões dos socorristas.
- Incremento do conhecimento de procedimentos de parto. (NOTA: embora este comentário pareça pitoresco, há um aspecto sério a considerar. “Doc” Loudermilk ajudou uma vietnamita a dar à luz durante a batalha no interior da Cidadela de Hue.)
- Fazer chegar informações concernentes às baixas para sua unidade.
- Relaxar após grandes combates.
- Melhor armazenamento de registros.
- Viaturas motorizadas pequenas serão necessárias, tanto para suprimento, como para evacuação médica. Isto reduzirá o número de navais aptos, exigido para transportar feridos para a retaguarda.
Informações adicionais de “Doc” John Loudermilk.
10 de dezembro de 2001.
No que concerne às complexas situações que os socorristas da Marinha e os fuzileiros navais confrontarão, face à luta de rua, semelhantes àquelas que nós presenciamos na Cidade de Hue, tenhos os seguintes comentários adicionais para submeter, que podem ser de interesse. Eu submeto tais pensamentos na esperança de um melhor preparo para nossos fuzileiros e socorristas, ao compartilhar o que experimentei como “médico” da Cia C do I/5º de Fuzileiros Navais, em 1967 e 1968.
Ministrando socorro para múltiplas baixas:
O socorrista, freqüentemente, será confrontado com a situação de tratar múltiplas baixas. O socorrista precisa praticar conceitos de triagem. Quando isto aconteceu comigo, eu fui até cada homem ferido, determinei a extensão de seus ferimentos, ministrei-lhe tratamento imediato inicial, então, passei para o próximo homem, até que socorri todos eles. Então, rapidamente, analisei em qual ordem eu deveria tratá-los, de novo, antes de continuar. Não dê como certo que um homem vai ficar bem, depois de você ter tratado de seu ferimento óbvio. Também, considere prepará-lo para o começo do choque. Faça o melhor que puder e siga em frente.
Em Hue, tive de lidar com um quarto cheio de navais feridos, que haviam sido atingidos quando um norte-vietnamita arremessou uma granada pela janela, no quarto onde eles estavam. Eu tive de tratar de todos os feridos, mas tive de fazer isto, cautelosa e eficazmente. Eu tratei de todos os feridos, mas, também, tive de determinar em qual ordem eu voltaria até eles, após minha observação e tratamento inicial de cada homem.
A guerra de rua mostra uma tendência fatal ao provocar situações nas quais homens, inconscientemente, irão se agrupar. Muitas vezes, estes homens estarão numa área aberta. Os bravos fuzileiros navais com os quais servi, sempre me forneceram fogo de cobertura ou até mesmo um guarda-costas, quando tive de tratar de homens feridos, sem poder me abrigar.
Esquema de jogo.
Seria bom para os fuzileiros navais e socorristas praticarem, juntos, ações de resgate e terem planos de ação para garantir a segurança e o sucesso de todos os esforços de resgate (p.ex., homem jazendo ferido, na rua, tocaieiro inimigo do outro lado, na espera, etc.)
Times de futebol tem esquemas táticos e sabem, exatamente, o que fazerem em determinada situação. A guerra não é um jogo, mas precisamos praticar e estar preparados para ter sucesso.
Evide o descuido.
Um jovem naval caminhou do quarto dos fundos para onde estávamos, no quarto da frente, diante da rua. O quarto tinha um par de grandes janelas. Ele esqueceu onde estava, por um instante, e um tocaieiro, do outro lado da rua, o baleou no peito. Eu fui capaz de arrastá-lo e tratar dele, que acabou evacuado. A guerra de rua exige nossa vigilância, sempre que nos movimentarmos. O inimigo pode estar por toda parte. O quarto aberto com suas grandes janelas provou ser quase fatal para aquele fuzileiro naval.
Nutrição.
Quando em combate, precisamos ter boa água para nos sustentar. Nós tínhamos de obter nossa água onde fosse possível achar. Nós a encontrávamos em urnas, em algumas casas, e a utilizávamos após colocar nela um par de tabletes de Halazone. Isto pode ser algo a se considerar no futuro. Água e comida são grandes contributos para o moral.
Tratanto os ferimentos invisíveis.
Não podemos passar por cima da condição psicológica de nossos homens. Eu sugiro que nossos socorristas sejam treinados para reconhecerem PTSD (Transtorno de Estresse Pós-Traumático), ou “choque de granada” como era conhecido, antigamente. Estes homens padecem de ferimentos que não podemos ver, mas que são tão reais como os que são vistos.
Treinamento com armas para os socorristas.
Um socorrista deve estar familiarizado com cada arma no pelotão. Tipicamente, na Guerra do Vietnam, um socorrista portava, somente, uma pistola calibre .45. Uma vez fui chamado, junto com outros dois socorristas, para prestar socorro para uma mulher, próximo de dar à luz. Nós três mantivemos nossa própria segurança, durante a noite naquele edifício escuro, enquanto o bebê recém-nascido repousava na cama, atrás de nós. Dois de nós, estavam nas janelas, e um nos fundos na escura entrada para os aposentos. Nós tínhamos recebido M-16s, porque estávamos com falta de homens.
Outra vez, quando estava com um GC, rumando para uma posição de emboscada, fomos atingidos com minas detonadas por controle remoto. Eu fiquei inconsciente e quando voltei a mim, achei que era o único vivo. Corri para o homem ponteiro e após tratar dele, descarreguei seu M-16 contra o lado da estrada onde ele estava caminhando. Eu fiz isto até alcançar o final do GC, onde encontrei dois outros homens. Se eu não soubesse como utilizar o M-16 e contribuir para nossos esforços combinados para a nossa defesa e tratar nossos feridos até que a ajuda chegasse, tremo em pensar em qual teria sido o resultado. Para a própria segurança do socorrista, eu creio que ele deve ser treinado para utilizar cada arma que o pelotão carrega.
Manutenção de registro é essencial.
Finalmente, o socorrista, normalmente, trata de si mesmo quando é ferido. Normalmente, ele é o único elemento médico em volta e, muito raramente, seus ferimentos são reportados, a não ser que sejam severos. Com a intensidade da guerra de rua e a constante mudança de pessoal, é muito difícil manter registros acurados. Desnecessário dizer que, um homem ao lutar pela sobrevivência, a última coisa em sua mente são registros. Porém, mais tarde na vida, o fuzileiro naval ou socorrista da Marinha podem precisar de um registro de um ferimento do tempo da guerra, para fornecer evidências para um pedido de pensão de ex-combatente. Manter registros precisos é algo a se considerar no treinamento para o futuro. Um escrivão do Departamento de Ex-Combatentes, certa vez me disse que não havia evidência alguma que eu jamais tenha estado no Vietnam!
Comando e Controle.
Num conflito urbano, em escala total, especialmente em situações onde as disposições do inimigo não sejam bem conhecidas, o contato inicial com o inimigo pode, e provavelmente será: (a) Inesperado, (b) num alcance muito aproximado, e (c) maciçamente devastador. O fator crítico para a sobrevivência da fração e da subunidade, em tais situações, é a capacidade destes escalões para, de imediato, determinarem as posições do inimigo e devolver alto volume de fogo sustentado sobre tais posições, permitindo a manobra contra elas.
Comando e controle, a conexão básica dos fuzileiros navais para sua liderança, pode desaparecer num piscar de olhos. Durante a Operação HUE CITY, a Cia C do I/5º perdeu dois de seus três 2º tenentes, comandantes de pelotão; sargentos-ajudantes e sargentos tornaram-se comandantes de pelotão; praças de 1ª classe foram líderes de GC. Em guerra de rua, não é surpresa encontrar cabos como comandantes de pelotão, levando-se em conta os, potencialmente elevados, índices de baixas.
Durante o primeiro dia do envolvimento do I/5º na Operação HUE CITY, a Companhia Alpha perdeu seu oficial-comandante, seu subcomandante e muito da Seção de Comando da companhia. Por necessidade, Alpha foi retirada para a retaguarda do batalhão, para reorganização. A perda de uns poucos líderes, efetivamente, eliminou uma companhia inteira. Isto, também, retardou o ataque do batalhão, embotando nossa iniciativa.
O fuzileiro naval individual que está debaixo de fogo inimigo, num alcance muito curto, que pode estar, agora, isolado do seu líder de esquadra ou GC, precisa estar, meticulosamente informado dos códigos de comunicação, linhas de partida, linhas de parada, disposições de unidades amigas e da capacidade de pedir fogo de apoio, e conduzir planos de contigência. Em resumo, em situações de guerra de rua, o comando e controle precisa ser compreendido em todos os escalões, descendo até o fuzileiro naval individual.
Baseados em nossas experiência, durante a Operação HUE CITY, recomendamos a você que treine para atingir elevados níveis de desempenho, espere o inesperado, espere o caos e planeje para todas as possibilidades.
Respeitosamente submetido, e Semper Fidelis!
Ex-combatentes da Operação HUE CITY,
1º tenente Scott Nelson,
Oficial Comandante, Cia C do I/5º de Fuzileiros Navais.
2º tenente Travis Curd,
II Batalhão do 11º Regimento de Fuzileiros Navais (artilharia), observador avançado de artilharia, anexado à C/I/5º
John Loudermilk,
Socorrista da Marinha dos Estados Unidos, C/I/5º
John Erskine,
Cerra-fila de Pelotão, C/I/5º
2º tenente Nicholas Warr,
Comandante de Pelotão, C/I/5º
Sargento-ajudante John Mullan,
Sargento de Pelotão, C/I/5º
Capitão Dale Dye, USMC (reformado)
Warriors, Inc., Cia H/I/5º e Cia D/I/5º.
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Re: Frações de Infantaria
IRAQUE – ANOS 2000.
TÁTICAS DE GRUPO DE COMBATE.
Marine Corps Gazette – 5 de novembro de 2005.
Historicamente falando, operações militares em terreno urbanizado (MOUT) tem gerado número de baixas extraordinário, em comparação com operações similares em outros tipos de ambiente. As baixas na guerra de rua apresentam um desafio significativo para os líderes de frações. As baixas em Fallujah atingiram com extrema força, os grupos de combate e esquadras de tiro dos Fuzileiros Navais, porque, em geral, os GC já estavam abaixo dos quadros de organização padrões. Alguns GC no III Batalhão do 5º Regimento de Fuzileiros Navais (III/5º) começaram o assalto sobre o Jolan (distrito de Fallujah), com, somente, seis navais. É dever dos líderes de frações cumprir a missão com o menor número de baixas possível. De forma para os líderes de frações realizarem isto, eles precisam de táticas e técnicas que impeçam baixas.
A Seção 1 do Pelotão de Batedores/Tocaieiros atacou e limpou edificações com todas as companhias de linha do III/5º. Os autores observaram quase todos os GC no batalhão. Esta é uma experiência que poucos na unidade tiveram. Sabendo disto, acreditamos que é nosso dever consolidar nossas observações, produzindo uma meticulosa avaliçaõ das táticas e técnicas de GC, e passá-las para os líderes de frações. Nossa intenção é dar aos líderes opções em combate. Isto não é, de jeito nenhum, uma “bíblia”, mas um guia. Um GC ou outro provou todas as táticas e técnicas em combate. A Seção 1 não toma crédito pela informação contida neste artigo. A informação foi aprendida através do sangue dos grupos de combate do III/5º. A totalidade da avaliação tem um tema subjacente: cumprir a missão com o mínimo possível de baixas.
TERRENO E INIMIGO.
Terreno: A cidade de Fallujah é diferente de qualquer cidade para a qual os Fuzileiros treinaram. A disposição da cidade é aleatória. Inexistem distinções entre zonas residenciais, comerciais e industriais. Um GC, no início, podia estar limpando uma casa, então tendo de limpar um abatedouro, ou loja de móveis nos edifícios adjacentes. As ruas são estreitas e alinhadas por muros. Estes canalizam o GC e não permitem os adestramentos de ação imediatos, quando é feito o contato. Isto não foi um problema porque a maioria dos contatos eram feitos em casas, não nas ruas.
As casas são densamente agrupadas em blocos. Casas adjacentes são, ou conectadas ou há uns poucos metros uma da outra. Esta configuração permitiu aos insurgentes escaparem da vigilância das posições dos fuzileiros navais. As casas, também, são construídas de tijolos com uma grossa cobertura de argamassa. Em quase toda casa, uma granada de mão de fragmentação pode ser utilizada sem que os estilhaços atravessem as paredes. Cada aposento pode ser limpo, individualmente, com granadas de fragmentação.
Geralmente, todas as casas tem um pátio cercado. Ao entrar no pátio, encontra-se um banheiro externo, grande o bastante para um homem. Telhados e uma grande janela de primeiro andar controlam o pátio. A maioria das casas tem janelas que são obstruídas e cobertas por corta-luz ou papelão, restringindo a visibilidade do interior da casa. As portas exteriores das casas são tanto de metal, quanto de madeira. As portas de madeira, normalmente, tem uma esquadria de metal por cima, formando duas barreiras para arrombar. Portas externas tém duas ou três fechaduras. Algumas portas são barricadas por dentro, para prevenir invasão. Dois ou três pontos de entrada, abrindo-se para aposentos tais como cozinha e salas de estar, são encontrados, seja na frente, nos lados ou nos fundos. As diferenças entre portas interiores e exteriores são sua força e durabilidade. Portas interiores apenas tém uma fechadura e a maioria delas pode ser chutada. Todas as portas interiores e exteriores da casa estão, normalmente, trancadas.
A disposição de todas as casas é, geralmente, a mesma. A entrada pela porta da frente leva a uma pequena sala com duas portas internas. Estas são as entradas para duas salas de estar abertas, adjacentes. O tamanho das salas é, diretamente proporcional ao tamanho da casa. No final das salas de estar estão portas internas que abrem para um corredor central. É para este que todas os aposentos do primeiro piso levam, e ele contém a escada para o segundo piso. Este conterá mais aposentos e uma saída para o meio do telhado. Aí haverá uma escada exterior levando para o ponto mais alto do telhado.
Inimigo: Os dois tipos de insurgentes que os GC engajaram serão denominados “os guerrilheiros” e “os mártires”, para esta avaliação. Guerrilheiros são classificados a partir dos seguintes princípios:
- O propósito dos guerrilheiros é matar tantos fuzileiros navais quanto for possível e, então, evadir-se. Eles não querem morrer. Isto é um risco aceitável para os guerrilheiros, mas a intenção deles é sair com vida para lutar outro dia.
- As táticas utilizadas são as clássicas da guerra de guerrilhas. Os guerrilheiros engajarão os fuzileiros navais, apenas em terreno de sua escolha, quanto tiverem a vantagem tática. Após o contato ter sido feito, os guerrilheiros desengajarão e se evadirão.
- Sua rota de evasão, normalmente, está fora das vistas das posições de vigilância dos fuzileiros navais.
Os mártires são regidos pelos seguintes princípios:
- O propósito deles é matar tantos fuzileiros navais quanto for possível, antes de eles mesmos serem mortos. O tempo não tem qualquer importância. Os mártires querem morrer pelas mãos dos fuzileiros navais.
- As táticas deles refletem, de forma direta, seu propósito. Os mártires estabelecerão posições de combate fortificadas nas casas e aguardarão. Os fuzileiros navais virão, os mártires lutarão, e morrerão no local.
Ambos, guerrilheiros e mártires, empregam armas leves, granadas de mão, e lança-rojões RPG. Os mártires tem feito uso de metralhadoras pesadas e metralhadoras antiaéreas, infelizmente, com bons resultados. A posições e táticas de batalha que ambos empregam são, de certa forma, similares. As grandes diferenças são as rotas de evasão e fortificações. Os guerrilheiros tem um plano de evasão e, normalmente, não mantém posições de combate fortificadas.
Os fuzileiros foram pegos a partir de “buracos de rato”, dentro das casas, os guerrilheiros atirando para baixo dos telhados, quando seu inimigo se movia para os pátios, guerrilheiros e mártires atirando e arremessando granadas pelas escadas, nos aposentos do segundo piso, que estavam fortificados ou escurecidos, e sobre inimigos arrombando as portas internas. Mártires também embasaram posições de metralhadoras nos aposentos fazendo frente ao eixo longo dos corredores.
As rotas de evasão que os guerrilheiros usaram eram pré-planejadas e bem-ensaiadas. Eles moviam-sem em grupos e se retiravam perpendicularmente à linha avançada da tropa (FLOT, ou Forward Line of Troops). O movimento deles é através de casas, vielas dos fundos, de teto em teto (apenas quando fora das vistas das posições de vigilância dos navais). As rotas minimizavam a exposição nas ruas. Os mártires não atravessavam ruas perpendiculares à FLOT, apenas as paralelas. Esta tática era utilizada porque, durante o ataque de abril passado, os tocaieiros do II Batalhão do 1º Regimento de Fuzileiros Navais devastaram os insurgentes enquanto estes tentavam atravessar tais ruas. Se o contato era feito com guerrilheiros, e o quarteirão não estava isolado em todos os quatro lados, então, a chance de fuga deles aumentava, exponencialmente. Isolamento do quarteirão é, absolutamente, necessário, de modo a impedir quaisquer “fujões”.
No todo, o inimigo tinha adaptado suas táticas e técnicas de forma a maximizar seus pontos fortes e atingir os fuzileiros navais quando estes estavam mais vulneráveis. Eles aprenderam com o ataque do II/1º de Fuzileiros Navais do abril passado. Isto é senso comum, mas precisa ser dito de forma a que os fuzileiros navais compreendam que o inimigo que estão enfrentando é, de certa forma, inteligente (sublinhados do Clermont: No original, ... is somewhat inteligent). Em guerra de rua, só é preciso uma minúscula quantidade de inteligência de forma a criar maciço número de baixas. 1
_____________________________
1 : Como assim, “de certa forma, inteligente”; “minúscula quantidade de inteligência”? É inacreditável! Entra década, sai década, e os americanos parecem que se recusam a aprender uma lição básica: nunca subestime seu inimigo.
(continua...)
TÁTICAS DE GRUPO DE COMBATE.
Marine Corps Gazette – 5 de novembro de 2005.
Historicamente falando, operações militares em terreno urbanizado (MOUT) tem gerado número de baixas extraordinário, em comparação com operações similares em outros tipos de ambiente. As baixas na guerra de rua apresentam um desafio significativo para os líderes de frações. As baixas em Fallujah atingiram com extrema força, os grupos de combate e esquadras de tiro dos Fuzileiros Navais, porque, em geral, os GC já estavam abaixo dos quadros de organização padrões. Alguns GC no III Batalhão do 5º Regimento de Fuzileiros Navais (III/5º) começaram o assalto sobre o Jolan (distrito de Fallujah), com, somente, seis navais. É dever dos líderes de frações cumprir a missão com o menor número de baixas possível. De forma para os líderes de frações realizarem isto, eles precisam de táticas e técnicas que impeçam baixas.
A Seção 1 do Pelotão de Batedores/Tocaieiros atacou e limpou edificações com todas as companhias de linha do III/5º. Os autores observaram quase todos os GC no batalhão. Esta é uma experiência que poucos na unidade tiveram. Sabendo disto, acreditamos que é nosso dever consolidar nossas observações, produzindo uma meticulosa avaliçaõ das táticas e técnicas de GC, e passá-las para os líderes de frações. Nossa intenção é dar aos líderes opções em combate. Isto não é, de jeito nenhum, uma “bíblia”, mas um guia. Um GC ou outro provou todas as táticas e técnicas em combate. A Seção 1 não toma crédito pela informação contida neste artigo. A informação foi aprendida através do sangue dos grupos de combate do III/5º. A totalidade da avaliação tem um tema subjacente: cumprir a missão com o mínimo possível de baixas.
TERRENO E INIMIGO.
Terreno: A cidade de Fallujah é diferente de qualquer cidade para a qual os Fuzileiros treinaram. A disposição da cidade é aleatória. Inexistem distinções entre zonas residenciais, comerciais e industriais. Um GC, no início, podia estar limpando uma casa, então tendo de limpar um abatedouro, ou loja de móveis nos edifícios adjacentes. As ruas são estreitas e alinhadas por muros. Estes canalizam o GC e não permitem os adestramentos de ação imediatos, quando é feito o contato. Isto não foi um problema porque a maioria dos contatos eram feitos em casas, não nas ruas.
As casas são densamente agrupadas em blocos. Casas adjacentes são, ou conectadas ou há uns poucos metros uma da outra. Esta configuração permitiu aos insurgentes escaparem da vigilância das posições dos fuzileiros navais. As casas, também, são construídas de tijolos com uma grossa cobertura de argamassa. Em quase toda casa, uma granada de mão de fragmentação pode ser utilizada sem que os estilhaços atravessem as paredes. Cada aposento pode ser limpo, individualmente, com granadas de fragmentação.
Geralmente, todas as casas tem um pátio cercado. Ao entrar no pátio, encontra-se um banheiro externo, grande o bastante para um homem. Telhados e uma grande janela de primeiro andar controlam o pátio. A maioria das casas tem janelas que são obstruídas e cobertas por corta-luz ou papelão, restringindo a visibilidade do interior da casa. As portas exteriores das casas são tanto de metal, quanto de madeira. As portas de madeira, normalmente, tem uma esquadria de metal por cima, formando duas barreiras para arrombar. Portas externas tém duas ou três fechaduras. Algumas portas são barricadas por dentro, para prevenir invasão. Dois ou três pontos de entrada, abrindo-se para aposentos tais como cozinha e salas de estar, são encontrados, seja na frente, nos lados ou nos fundos. As diferenças entre portas interiores e exteriores são sua força e durabilidade. Portas interiores apenas tém uma fechadura e a maioria delas pode ser chutada. Todas as portas interiores e exteriores da casa estão, normalmente, trancadas.
A disposição de todas as casas é, geralmente, a mesma. A entrada pela porta da frente leva a uma pequena sala com duas portas internas. Estas são as entradas para duas salas de estar abertas, adjacentes. O tamanho das salas é, diretamente proporcional ao tamanho da casa. No final das salas de estar estão portas internas que abrem para um corredor central. É para este que todas os aposentos do primeiro piso levam, e ele contém a escada para o segundo piso. Este conterá mais aposentos e uma saída para o meio do telhado. Aí haverá uma escada exterior levando para o ponto mais alto do telhado.
Inimigo: Os dois tipos de insurgentes que os GC engajaram serão denominados “os guerrilheiros” e “os mártires”, para esta avaliação. Guerrilheiros são classificados a partir dos seguintes princípios:
- O propósito dos guerrilheiros é matar tantos fuzileiros navais quanto for possível e, então, evadir-se. Eles não querem morrer. Isto é um risco aceitável para os guerrilheiros, mas a intenção deles é sair com vida para lutar outro dia.
- As táticas utilizadas são as clássicas da guerra de guerrilhas. Os guerrilheiros engajarão os fuzileiros navais, apenas em terreno de sua escolha, quanto tiverem a vantagem tática. Após o contato ter sido feito, os guerrilheiros desengajarão e se evadirão.
- Sua rota de evasão, normalmente, está fora das vistas das posições de vigilância dos fuzileiros navais.
Os mártires são regidos pelos seguintes princípios:
- O propósito deles é matar tantos fuzileiros navais quanto for possível, antes de eles mesmos serem mortos. O tempo não tem qualquer importância. Os mártires querem morrer pelas mãos dos fuzileiros navais.
- As táticas deles refletem, de forma direta, seu propósito. Os mártires estabelecerão posições de combate fortificadas nas casas e aguardarão. Os fuzileiros navais virão, os mártires lutarão, e morrerão no local.
Ambos, guerrilheiros e mártires, empregam armas leves, granadas de mão, e lança-rojões RPG. Os mártires tem feito uso de metralhadoras pesadas e metralhadoras antiaéreas, infelizmente, com bons resultados. A posições e táticas de batalha que ambos empregam são, de certa forma, similares. As grandes diferenças são as rotas de evasão e fortificações. Os guerrilheiros tem um plano de evasão e, normalmente, não mantém posições de combate fortificadas.
Os fuzileiros foram pegos a partir de “buracos de rato”, dentro das casas, os guerrilheiros atirando para baixo dos telhados, quando seu inimigo se movia para os pátios, guerrilheiros e mártires atirando e arremessando granadas pelas escadas, nos aposentos do segundo piso, que estavam fortificados ou escurecidos, e sobre inimigos arrombando as portas internas. Mártires também embasaram posições de metralhadoras nos aposentos fazendo frente ao eixo longo dos corredores.
As rotas de evasão que os guerrilheiros usaram eram pré-planejadas e bem-ensaiadas. Eles moviam-sem em grupos e se retiravam perpendicularmente à linha avançada da tropa (FLOT, ou Forward Line of Troops). O movimento deles é através de casas, vielas dos fundos, de teto em teto (apenas quando fora das vistas das posições de vigilância dos navais). As rotas minimizavam a exposição nas ruas. Os mártires não atravessavam ruas perpendiculares à FLOT, apenas as paralelas. Esta tática era utilizada porque, durante o ataque de abril passado, os tocaieiros do II Batalhão do 1º Regimento de Fuzileiros Navais devastaram os insurgentes enquanto estes tentavam atravessar tais ruas. Se o contato era feito com guerrilheiros, e o quarteirão não estava isolado em todos os quatro lados, então, a chance de fuga deles aumentava, exponencialmente. Isolamento do quarteirão é, absolutamente, necessário, de modo a impedir quaisquer “fujões”.
No todo, o inimigo tinha adaptado suas táticas e técnicas de forma a maximizar seus pontos fortes e atingir os fuzileiros navais quando estes estavam mais vulneráveis. Eles aprenderam com o ataque do II/1º de Fuzileiros Navais do abril passado. Isto é senso comum, mas precisa ser dito de forma a que os fuzileiros navais compreendam que o inimigo que estão enfrentando é, de certa forma, inteligente (sublinhados do Clermont: No original, ... is somewhat inteligent). Em guerra de rua, só é preciso uma minúscula quantidade de inteligência de forma a criar maciço número de baixas. 1
_____________________________
1 : Como assim, “de certa forma, inteligente”; “minúscula quantidade de inteligência”? É inacreditável! Entra década, sai década, e os americanos parecem que se recusam a aprender uma lição básica: nunca subestime seu inimigo.
(continua...)
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Re: Frações de Infantaria
Parabéns pelos posts Clermont.
É muito prazeroso ler, um dos melhores tópicos do DB sem dúvida.
Abraços.
É muito prazeroso ler, um dos melhores tópicos do DB sem dúvida.
Abraços.
"A aplicação das leis é mais importante que a sua elaboração." (Thomas Jefferson)
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Re: Frações de Infantaria
(parte final.)
TÁTICAS.
Movimento do GC: Durante ataques detalhados de limpeza, de casa-em-casa, os GC precisam minimizar a exposição nas ruas. Estas, especialmente em Fallujah, podem se tornar ratoeiras mortais, se um GC é engajado. O grupo deve correr de casa em casa numa formação com todos os elementos (segurança, assalto e apoio) em suas posições apropriadas. Na rua, a formação deve ser, ligeiramente escalonada, como uma estreita coluna tática. Os fuzileiros navais devem ter alguma dispersão, e o passo da corrida não deve ser tão rápido que os navais fiquem fora de controle e não mantenham segurança circular. Tão logo o homem ponteiro alcance a brecha no pátio, a formação deve cerrar os espaços da dispersão e movimentar-se, rapidamente, para cumprir suas tarefas.
Todas as áreas perigosas durante o movimento devem ser cobertas. A segurança precisa ser tridimensional e circular. Cada naval na formação olha para os navais na sua frente, avalia áreas perigosas que não estão cobertas e, então, cobre uma delas. Se todo naval fizer isto, então, todas as áreas perigosas serão cobertas.
ASSALTOS DE CIMA PARA BAIXO VERSUS ASSALTOS DE BAIXO PARA CIMA: Um GC pode assaltar edificações utilizando um destes dois métodos. Tradicionalmente, o assalto de cima para baixo é ensinado como o método mais ideal para limpar uma edificação. Realisticamente, esta pode não ser a melhor opção para o GC dos Fuzileiros Navais. Abaixo, as vantagens e desvantagens de ambos os métodos de assalto:
Vantagens de cima para baixo são:
- Surpreender o inimigo movendo-se a partir de cima pode desequilibrá-lo. As defesas do inimigo podem não estar preparadas para um assalto de cima para baixo, e o GC pode avassalar o inimigo, rapidamente.
- O GC tem mais impulso quando movendo-se escada à baixo.
- Se o GC sabe que o inimigo está no interior, o teto pode ser rompido de forma a permitir que granadas e explosivos possam ser lançados.
- As rotas de evasão do inimigo são grandemente reduzidas porque o GC pode isolar a casa ao estender a segurança nas vielas dos fundos e da frente da casa, a partir do telhado.
Desvantagens de cima para baixo são:
- Uma vez que o GC faça a entrada e efetue o contato, recuar da estrutura é extremamente difícil. Isto limita as opções para o líder do GC sobre como engajar o inimigo. A estrutura precisa ser inundada com fuzileiros navais, e estes têm de ignorar as baixas de forma a matar o inimigo. O impulso precisa não ser perdido. Fuzileiros navais têm sido deixados para trás, em casas, porque o impulso foi perdido.
- Se o GC decide romper contato, estará movendo-se na direção oposta de seu impulso e disso resultarão mais baixas.
- Os GC de Fuzileiros Navais podem não ter bastantes navais para inundar, com eficácia, a edificação.
- Se baixas forem sofridas, elas são quase impossíveis de serem retiradas escadas à cima, com todo seu equipamento e um corpo inerte. Esta é outra razão porque as edificações precisam ser inundadas.
- As baixas não receberão primeiros socorros imediatos porque todo o GC precisa estar empenhado na neutralização da ameaça. A presteza da atenção médica pode significar a diferença entre vida e morte.
Vantagens de baixo para cima são:
- O líder de GC tem muitas opções quando o contato é feito. A edificação não precisa ser inundada.
- O impulso pode ser mantido no assalto ou ruptura de contato, e o líder de GC pode mudar, rapidamente, de um para outro.
- A estrutura pode ser limpa com menos navais porque o processo é mais controlado e suave, enquanto um assalto de cima para baixo sempre requer máxima energia.
- As baixas podem ser extraídas mais rapidamente e mais simplesmente porque a lei da gravidade estará trabalhando para o GC.
Desvantagens de baixo para cima são:
- O GC estará rumando para dentro das defesas inimigas. É mais fácil para o inimigo manter o segundo pavimento e a escadaria.
- O GC fica mais lento subindo as escadarias, tornando mais difícil manter o impulso.
- O inimigo tem a capacidade para escapar fazendo uso de rotas pré-planejadas.
No todo, não deve haver um método padrão de assalto. Antes, o líder de GC precisa compreender as vantagens e desvantagens de cada método, avaliar cada edificação, rapidamente, e tomar uma decisão sobre qual método empregar, e, então, empreender as ações que maximizem as vantagens e minimizem as desvantagens.
GANHANDO UM PONTO DE APOIO. Pontos de apoio são extremamente importantes. Ao estabelecê-los, o GC consolida pontos-fortes durante o assalto que podem ser utilizados para consolidação, coordenação, base de fogo, pontos de reagrupamento e pontos de coleta de baixas. O GC precisa se mover de um ponto de apoio para outro, nunca parando até que cada ponto de apoio seja atingido.
A sucessão de pontos de apoio que o GC estabelece será diferente quando assaltando ou de cima para baixo, ou de baixo para cima. Os seguintes pontos de apoio precisam ser tomados, nesta ordem, quando assaltando de cima para baixo:
- Todo o telhado.
- O interior do pavimento superior.
- Cada nível individual mais baixo até o primeiro andar.
- O pátio.
Os pontos de apoio tomados quando assaltando de baixo para cima estão na ordem reversa. Eles são:
- O pátio frontal.
- As primeiras duas salas de estar.
- O corredor central.
- Cada andar superior, sucessivamente, com a respectiva varanda.
- O ponto mais elevado do telhado.
Em cada ponto de apoio individual, o GC pode consolidar e coordenar para a posterior limpeza da estrutura. Se o contato for efetuado, os pontos de apoio podem ser utilizados para estabelecer uma base de fogo, de forma a assaltar ou a romper contato. Quando rompendo contato, pontos de apoio são usados como pontos de reagrupamento, permitindo aos líderes de GC e de esquadra de tiro contabilizarem todos seus navais. Um ponto de apoio, também pode ser usado como ponto de coleta de baixas.
LIMPEZA DE ESTRUTURAS. Durante o assalto contra uma estrutura há três diferentes táticas que o GC pode usar para a entrada nela. Os três tipos de entrada são a dinâmica, furtiva e a da subjugação (subdued).
A entrada dinâmica é violentamente agressiva, do começo ao fim. Os comandos são verbais e berrados. Os GC lideram pelo fogo, colocando um ou dois projéteis em cada porta que esteja fechada ou janela que esteja bloqueada. Granadas de fragmentação, granadas de atordoamento e granadas de clarão (flash bangs) são utilizadas. À noite, lanternas táticas (surefire flashlight) são empregadas na limpeza. O movimento do GC é rápido e avassalador rumo ao interior do inimigo.
A entrada furtiva é, exatamente, o oposto da dinâmica. O GC irrompe quietamente, move-se lentamente, fala aos sussurros e escuta qualquer movimento dentro da casa. Há extrema ênfase colocada em táticas baseadas em iniciativa (IBT, ou Initiative-Based-Tactics). Durante limpeza à noite, óculos de visão noturna e AN/PEQ-2s são usados, ao invés de lanternas táticas. A entrada furtiva confunde o inimigo sobre, onde exatamente o GC está limpando a casa e permite a este manter o elemento-surpresa.
A entrada de subjugação é uma combinação dos dois tipos anteriores. O GC move-se, quietamente, até encontrar um aposento. Ao entrar neste, os fuzileiros navais são violentamente agressivos. Após o aposento ter sido limpo, os navais voltam ao método furtivo de entrada. Este tipo de entrada permite ao líder de GC controlar a cadência de limpeza, enquanto mantêm algum elemento-supresa.
É importante notar que os líderes de GC precisam variar o tipo de entrada. O GC precisa, constantemente, mascarar seu movimento por meio de toda forma de dissimulação que possa confundir o inimigo no interior da edificação ou aposento. Cabe a todo o GC usar sua imaginação e variar as táticas e técnicas de entrada, tanto quanto possível. O objetivo é manter o inimigo desequilibrado e não permtir que ele entre no ritmo do GC.
ARROMBAMENTO.
Existiram três tipos de arrombamento usados em Fallujah: mecânico, balístico e explosivo.
O arrombamento mecânico de paredes exteriores do pátio ou portal era, na maioria, realizado por viaturas de assalto anfíbio (AAVs), tanques, ou bulldozers D-9, ou Hummers. Marretas e ferramentas Halligan (“hooligans”)
Ferramenta Halligan
são usadas para arrombar portas, tanto metálicas como de madeira da casa, mas este não era – e não é – o método preferido para arrombamento. Marretas e “hooligans” são lentos, e exigem que o arrombador fique em frente à porta sendo arrombada. E isto permite que o inimigo engaje o arrombador através da porta.
Arrombamento balístico foi usado, principalmente, contra cadeados expostos. Tanto os M16A4 quanto escopetas foram utilizadas. Os M16A4 foram empregados porque não havia bastante munição de escopeta para a quantidade de cadeados que precisavam ser arrombados. Eles eram bem eficazes para um arrombamento no primeiro tiro, se este fosse bem-colocado próximo ao centro. O M203 também foi usado. Os GC podiam arrombar portas de casas estando de 50 a 100 m em frente as suas posições, com o M203. Ele funcionou, extremamente bem, contra portas exteriores metálicas.
O último tipo de arrombamento empregado foi o explosivo. Uma variedade de cargas foi utilizada de modo a arrombar paredes, portais, portas exteriores e interiores. Algumas destas serão discutidas mais tarde nesta avaliação.
Um princípio importante que foi aprendido no arrombamento é que o fuzileiro naval efetuando a entrada nunca deve ser o arrombador. Este, sempre, deve recuar para o final da fila e nunca entrar primeiro. Fuzileiros navais morreram porque entraram em seu próprio arrombamento.
No treinamento tradicional de guerra de rua, utilizar pontos de entrada não-padronizados tais como paredes e janelas, é ensinado. Infelizmente, os fuzileiros navais eram responsáveis pela limpeza de 50 a 60 estruturas por dia. Simplesmente, não havia tempo ou explosivos para arrombar paredes ou janelas obstruídas. Quase todos os pontos de entrada eram as portas existentes.
Velocidade é o mais significativo fator em todos os tipos de arrombamento. Se um método não está funcionando, então, o arrombador precisa, rapidamente, fazer a transição para outro tipo. Ficar na frente de uma porta, batendo nela com uma marreta, durante dez minutos, é inaceitável. O líder de GC precisa assegurar que o arrombador tenha o equipamento e os explosivos necessários para cada tipo. Toda vez que o GC estiver empacado por causa de um arrombamento, ele estará em posição vulnerável. Arrombar, rápida e eficazmente, é necessário de forma que o GC mantenha o impulso.
MOVIMENTO DENTRO DA EDIFICAÇÃO.
Dentro de uma estrutura, o GC deve se mover de um ponto de apoio para outro. O ponto de apoio inicial é estabelecido pelo elemento de segurança. O elemento de segurança avança sobre o telhado ou o pátio e limpa a parte externa deles. O elemento de assalto procede, diretamente para um ponto de entrada e se prepara para o arrombamento. O elemento de apoio segue na trilha e faz o arrombamento.
Após a realização do arrombamento, num assalto de cima para baixo, o elemento de assalto faz a entrada e limpa o andar superior. Se o assalto de baixo para cima é usado, então o GC limpa as primeiras duas salas de estar, simultaneamente, dividindo a formação. O elemento de apoio apoiará o elemento de assalto destacando-se da formação para limpar aposentos ou arrombar quaisquer portas. O elemento de segurança será deixado no ponto de apoio do telhado ou pátio de modo a isolar a estrutura e assegurar a rota de evasão do GC. Apenas dois navais podem manter a segurança. O restante do elemento de segurança entrará em formação. Após o ponto de apoio inicial na estrutura ser conquistado, a formação consolidará e, então, avançará e limpará o próximo ponto de apoio. A sucessão continuará até que a estrutura inteira seja limpa.
O tempo todo, o GC se movimentará utilizando IBT, aderindo aos seus princípios, que serão tratados mais tarde. O GC se movimentará num passo que será rápido, mas controlado, exercendo “paciência tática”.
AÇÕES APÓS O CONTATO COM O INIMIGO.
As opções do líder de GC durante o contato com o inimigo variam de acordo com onde o GC está, durante sua limpeza, e se baixas foram sofridas. Em qualquer contato, o GC e seu líder têm duas prioridades – eliminar a ameaça imediata e extrair quaisquer baixas. Infelizmente, é comum que as duas prioridades estejam em conexão.
Se o contato é feito no pátio ou telhado, o GC deve interrompê-lo, isolar a casa ou bloco, e chamar as armas de apoio (tanques, AAVs, etc). Não há razão alguma para colocar navais na edificação até que ela tenha sido pipocada, de alto à baixo. Se o contato é feito na casa, então o líder de GC precisa, rapidamente, avaliar a situação e decidir qual o melhor curso de ação. Geralmente, o líder de GC tem as seguintes três opções:
Romper contato: romper o contato é uma opção mais apropriada durante o assalto de baixo para cima, devido às dificuldades em mudar o impulso durante o assalto de cima para baixo. Se baixas forem sofridas ou a resistência inimiga é forte, então esta pode ser a melhor ação a tomar pelo líder de GC. Após a ruptura do contato, o GC irá efetuar lanços de um ponto de apoio para outro. Em cada ponto de apoio, deve ser feita a contagem de todos os navais, assegurando-se que nenhum fuzileiro naval fique para trás. Ao abandonar a casa, o GC pode instalar uma carga ensacada ou outro dispositivo explosivo, de modo a derrubar a estrutura, ou incinerar o inimigo lá dentro.
Inunde a casa: lideres de GC podem escolhar inundar a casa com fuzileiros navais, se a baixa for sofrida durante o assalto de cima para baixo, ou se a ameaça não for significativa. As baixas não podem ser arrastadas escada à cima, rapidamente; portanto, fuzileiros navais precisam neutralizar ou suprimir a ameaça, de modo a extrair as baixas.
Mantenha o último ponto de apoio e limpe pelo fogo : pontos de apoio são pontos-fortes dos quais o GC pode combater. No ponto de apoio, fuzileiros navais podem devolver o fogo, arremessar granadas de mão, e utilizar dispositivos explosivos para neutralizar o inimigo. Após o inimigo sofrer danos, o GC pode entrar e limpar a casa. Se o telhado é o ponto de apoio mantido pelo GC, então, o teto poderá ser rompido por uma carga direcionada. Granadas ou dispositivos incendiários podem ser arremessados na estrutura, para expulsar o inimigo.
As baixas nunca podem ser deixadas para trás! O líder de GC precisa se assegurar que cada fuzileiro naval se movimente com um parceiro (Buddy Team System). Cada parceiro é responsável por tirar o outro da luta, caso este seja abatido. O líder de GC e os líderes de esquadra precisam fazer a contagem de todos seus navais, o tempo todo. Não haverá desculpa no caso de fuzileiros navais serem deixados para trás, numa edificação, enquanto o GC se retira.
ORGANIZAÇÃO DO GRUPO DE COMBATE.
Alguns líderes de GC, no batalhão, dividiram suas frações em duas e designaram setores diferentes para ambas. Eles fizeram isto para se movimentarem mais rápido através das casas, porque foram encarregados com a limpeza de vias que podiam contar 50 a 60 casas. Embora esta tática funcionasse, e os GC se movimentassem mais rápido através de seus setores designados, este não é o melhor emprego de seus grupos de combate. As seguintes razões são fornecidas sobre o por quê de não ser aconselhável dividir os GC:
Se o grupo de combate contém doze navais e é dividido ao meio, isto deixa duas esquadras de seis navais. Limpar uma estrutura com seis navais, mesmo se a casa for pequena, é extremamente arriscado. Se uma dupla de navais for atingida e cair no interior, não haverá fuzileiros navais o bastante para fornecer fogo de cobertura enquanto se retiram as baixas. Segundos críticos serão desperdiçados, esperando que a outra esquadra do GC venha para a casa e apoie a extração das baixas. As chances de navais feridos serem deixados para trás aumentam, exponencialmente.
Se o contato for feito por ambas esquadras, simultaneamente, então o GC poderá ser liquidado aos bocados, numa questão de segundos, antes que os outros GC possam, até mesmo, se movimentarem para o reforço.
Quando o líder de GC organiza seu grupo, sempre deve pensar sobre o contato com o inimigo. GCs não devem ser divididos de modo a aumentar a velocidade da limpeza. Comandantes não devem colocar tensão sobre os líderes de GC para tomar esta decisão. Paciência tática precisa ser exercitada em cada escalão.
O GC precisa ser organizado, utilizando-se os tradicionais três elementos de assalto, apoio e segurança. O número de navais contidos dentro de cada elemento irá variar de acordo com o número deles dentro do GC, as habilidades e capacidades possuídas por cada fuzileiro naval individual e os sistemas de armas que cada fuzileiro naval empregue (metralhadora leve M249, lança-granadas M203 e fuzil M16A4 com miras ópticas avançadas de combate (ACOG).
Se possível, o elemento de assalto não deve conter nenhuma metralhadora leve (SAW). Um atirador de Mtr L nunca deve limpar aposentos. O elemento de assalto deve conter a maioria dos navais, pois cada aposento precisa ser limpo com dois deles. O elemento de apoio suplementará o assalto, posicionando-se na fila e saindo dela para limpar aposentos.
O elemento de apoio deverá incluir quaisquer engenheiros ou homens de assalto (assaultmen) anexados ao GC. Um atirador de Mtr L deverá ser incluído nesta seção, de modo a fornecer maciço poder de fogo na casa, se for feito o contato. O socorrista também estará localizado no elemento de apoio, porque ele poderá usar sua escopeta para arrombamento, tanto como fornecer rápidos cuidados médicos para as baixas. O elemento de apoio irá recuar para a fila, atrás do elemento de assalto, para apoiar de qualquer forma.
O elemento de segurança deve conter as outras metralhadoras leves remanescentes no GC. Ele é responsável por limpar e assegurar o pátio ou telhado, antes do elemento de assalto mover-se para o ponto de entrada. Quando o assalto e o apoio efetuam a entrada na estrutura, dois navais são deixados para trás, para isolar a casa (telhado) e assegurar o ponto de entrada do GC. O restante dos navais irá recuar para a fila, por trás do elemento de apoio. Os navais da segurança irão manter a segurança em todas as áreas de perigo (principalmente escadarias), quando as seções de assalto e apoio estão limpando cada ponto de apoio.
Líderes de GC devem nomear cada líder de esquadra como líder de elemento. Não há mais esquadras de tiro, apenas seções de assalto, apoio e segurança. Cada líder de elemento manterá a contagem para sua seção. É mais fácil para o GC manter esta organização até que o assalto esteja completado, e, então, a tradicional esquadra de tiro de quatro navais poderá ser reinstaurada. O líder de GC deverá enfatizar a unidade de comando e a cadeia de sucessão de comando, caso ele se torne uma baixa.
COMUNICAÇÕES DE GC.
Comunicações intra-grupo entre os navais na fila é tanto verbal, quanto visual. Linguagem simples, clara e universãl deve ser utilizada. Ou seja, utilize palavras e frases que sejam padronizadas para que cada fuzileiro naval compreenda as palavras e frases um do outro, tais como “manter à direita, limpar à esquerda” e “lançar granada”.
O homem ponteiro deverá descrever para a fila o que está vendo. Ele, verbalmente, pintará um retrato para a fila atrás. Fuzileiros navais na fila deverão estar escutando, e não conversando. Conversa deve ser mantida no mínimo.
APÓS A LIMPEZA/AÇÕES DE SEGUIMENTO.
Após a estrutura ter sido limpa, o GC precisa, imediatamente, conduzir uma revista detalhada de casa, em busca de armas. A revista precisa ser rápida, mas meticulosa, não deixando nada sem ser tocado. Armas foram encontradas em cada lugar concebível: por baixo de colchões, em travesseiros, em cobertores empilhados, etc.
Outra ação de seguimento é tornar as portas interiores e exteriores incapazes de serem trancadas. Esta ação ajudará, caso a estrutura precise ser limpa, novamente, mais tarde. Os navais utilizarão sua criatividade para bolarem modos engenhosos para cumprir esta tarefa.
A PRIORIDADE SERÁ OU O TEMPO OU A MISSÃO.
Em ataques minuciosos de limpeza, o tempo nunca pode ser a prioridade. Fuzileiros navais nunca devem ser apressados porque poderão se tornar descuidados e forçados a criar atalhos de forma a cumprir a missão debaixo de restrições de tempo. Este enunciado não quer dizer que os GC não devam ser pressiondos. Significa que um prazo de tempo realista para o ataque deve ser aquele que leve em consideração a avassaladora tarefa de limpar múltiplos quarteirões de casas que podem conter elementos insurgentes de valor-pelotão.
TÁTICAS E TÉCNICAS INDIVIDUAIS.
O treinamento é contínuo, seja na zona de combate ou não. A responsabilidade do líder de GC é assegurar que seu grupo está apto para o combate. Os fuzileiros navais individuais em seu grupo precisam ser, continuamente, treinados. Fuzileiros navais, rapidamente, perderão sua proficiência em habilidades se não as praticarem, constantemente.
O treinamento não tem de ser físico; pode ser oral. O mais eficaz treinamento num ambiente de combate para um líder de GC é sentar com seu grupo e conversar. O GC deve repassar cenários de combte e fazer navais individuais contarem para o grupo quais são suas funções e como irão cumpri-las. As comunicações, através de linguagem universal, pode ser praticada, simplesmente, utilizando-a, mesmo quando andando para o rancho.
Todos os fuzileiros navais precisam exercitar iniciativa durante o combate. Lidere de GC precisam desenhar técnicas de treinamento de modo a salientar a iniciativa. Fuzileiros navais precisam ser capazes de olhar em volta, avaliar o que seus grupos ou parceiros estão fazendo, dar o retorno e agir de forma a apoiá-los. A tática baseada em iniciatiava (IBT) é soberana.
Criticismo construtivo deve ser encorajado. Cada naval apresenta questões um ao outro, fornecendo boas e más observações. O líder de GC, também, deve ser criticado por seus navais. Este criticismo não tenciona minar a autoridade do líder de GC. Ela se destina a permitir ao líder de GC instruir os fuzileiros navais sobre o por quê de ter escolhido dirigir o grupo de combate do modo como está fazendo. Fuzileiros navais jovens ganharão conhecimento sobre táticas de grupo de combate, o que não aconteceria se o líder de GC não contasse para eles. Isto irá prepará-los para funções de liderança. Também irá dar-lhes confiança em seu líder de GC e em seus conhecimentos.
TÉCNICAS.
Técnicas que precisam ser ensinadas e praticadas pelos fuzileiros navais individuais são as seguintes:
- Dê uma espiada em todas as áreas perigosas. Antes de entrar num aposento, tantas áreas perigosas quanto possível devem ser espiadas, deixando, apenas, um ou dois cantos que precisem ser limpos. Não entre às cegas num aposento, especialmente, se a porta está aberta.
- Use o sistema de parceiros (buddy system). Dois navais sempre saem de fila juntos, nunca um só.
- Tenha cuidado com áreas perigosas não-cobertas, inclusive quando abrir portas de mobiliário grande o suficietne para conter um homem no interior.
- Limpe obstáculos, tais como mobília.
- Pipoque os aposentos com granadas de mão.
- Se o aposento é pequeno demais para dois navais, ou não haja bastantes navais limpando a casa para manter a segurança em todas as áreas perigosas, o homen nº 2 volta e cobre a retaguarda do naval limpando o aposento.
- Mova-se furtivamente, através da edificação, mesmo com vidro quebrado no chão.
- Faça uma entrada furtiva com óculos de visão noturna e AN/PEQ-2.
- Prepare cargas de arrombamento e as coloque nas trancas dos diferentes tipos de porta.
Estas são algumas das técnicas que precisam ser praticadas e passadas para os jovens fuzileiros navais.
Táticas baseadas em iniciativa devem ser ensinadas. Há quatro regras de IBT. Elas são:
- Cubra todas as áreas de perigo imediato.
- Elimine todas as ameaças.
- Proteja seu parceiro.
- Não pode haver equívocos. Todo naval informa e cobre um ao outro.
Todo fuzileiro naval precisa compreender e memorizar as regras que governam as IBT. Tais regras não se aplicam, apenas para a guerra de rua, mas para todos os engajamentos de frações de infantaria. Particularmente, a regra nº 4 precisa ser enfatizada para o GC. Não pode haver equívocos ao se limpar uma edificação em combate, apenas ações que dêem resultados em situações onde os fuzileiros navais precisam se adaptar, improvisar, e dominar, em questão de segundos.
ARMAS DE APOIO.
Por toda a história militar americana contemporânea nunca existiu um oponente que não pudesse ser avassalado pelas armas de apoio americanas. O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos tem sido um inovador em seu emprego. O Corpo criou o conceito de apoio aéreo aproximado (CAS) no Haiti, durante as Guerras das Bananas; o envolvimento por helicópteros na Coréia; e o emprego do grupamento de armas combinadas, retratado na moderna Força-Tarefa Ar-Terra de Fuzileiros Navais ( Marine Air-Ground Task Force). Fallujah tem sido outro campo de provas para as armas de apoio americanas. Os insurgentes foram completamente avassalados pelo maciço fogo indireto e CAS nos primeiros dois dias da batalha.
Ao nível do GC, os resultados deste fogo foram sentidos por todo o tipo de inimigo que encontraram. O inimigo se enterrou profundamente nas casas. Os fuzileiros navais do III/5º aprenderam as vantagens e desvantagens através da experiência prática, de CAS de asas fixas, CAS de asas rotativas, tanques, equipes antiblindado combinadas (CAATs, Combined AntiArmor Teams), AAVs, artilharia, bulldozers, e morteiros de 60 e 81 mm.
Apoio aéreo de asas fixas é uma arma tremenda, que possui grandes efeitos sobre o terreno. O grande problema com ele é a quantidade de tempo que leva para colocar bombas no alvo. Demora muito para as bombas serem lançadas quando os fuzileiros navais estão em contato. Adicionalmente, a distância mínima de segurança das bombas era grande demais, até mesmo para ter um quarteirão de rua isolado, e esta deficiência permitiu ao inimigo escapar, incontáveis vezes. Apoio aéreo de asas fixas deve ser utilizado para alvos profundos. Não deve ser utilizado quando fuzileiros navais tenham isolado uma edificação e encurralado o inimigo lá dentro. Um tanque ou seção antiblindado pode ser mais eficaz, pois os navais não terão de ser retirados do cordão de isolamento.
Em contraste com o apoio aéreo de asas fixas, o de asas rotativas foi, extremamente, pontual, mas os efeitos sobre o alvo não foram extraordinários. Os mísseis “Hellfire” utilizados não derrubavam edificações inteiras, mas faziam alguns danos.
De longe, as duas melhores armas de apoio utilizadas foram os tanques e as seções antiblindado. Eles foram os dois melhores amigos do GC. A batalha teria sido, incrivelmente, mais sangrenta se não fossem os tanques e seções antiblindado. Os tanques forneceram uma arma de apoio de fogo direto de 120 mm, ao se localizar qualquer contato, em questão de minutos. As miras térmicas eram capazes de localizar, com precisão, a posição exata de tocaieiros e, então, liquidá-los, eficazmente, em questão de segundos. Seções antiblindado, utilizaram suas metralhadoras M2 calibre .50 e lança-granadas Mk 19 de 40 mm, para arrombar, tanto quanto para destruir edificações de onde se recebia fogo. Em acréscimo, os fuzileiros navais das seções antiblindado ajudaram a limpar edificações que se alinhavam com suas vias de acesso. Na guerra de rua, a infantaria nunca deve atacar sem apoio de tanques ou seções antiblindado.
Morteiros e artilharia provaram ser eficazes, ao forçar o inimigo a ficar nas casas e enfrentar os fuzileiros navais na rua.
DEMOLIÇÕES.
A maioria dos explosivos utilizados durante a luta por Fallujah não será mencionada aqui. Os poucos que serão explicados tem em comum, o fato de serem obscuros, podendo ser esquecidos se não forem registrados por escrito. Cada dispositivo explosivo foi desenvolvido em resposta às táticas do inimigo e se mostrou funcional.
O que se segue é uma lista de explosivo, uma descrição e suas utilizações:
- ”Bola-Oito” – Um oitavo de bastão de Composto 4 (C4), utilizado para arrombamento, tanto de portas interiores quanto exteriores. Eficaz e não gasta muito C4.
- ”O Convidado da Casa” (batizado pelo 2º GC do 1º Pelotão, Companhia India, III/5º de Fuzileiros Navais) – Tanques de propano colocados no corredor central com C4 usado para detoná-los. Cria um explosivo de combustão aérea (FAE, fuel air explosive). Utilizado para derrubar uma casa quando o contato é feito no interior. Os tanques de propano devem estar cheios.
- Uma bomba de fósforo branco de morteiro 60 mm ou 81 mm, enrolada três vezes, com cordel detonante, e um quarto ou metade de um bastão de C4. Utilizado quando o contato foi feito dentro de uma casa, e o inimigo precisa ser incinerado. (Nota do Clermont: acho que vou abrir uma enquete pra batizar este aqui: que tal, “O Penetra da Festa”? Ou “O Desmancha-Prazeres”?)
- Coquetéis-Molotov – Utilizado quando o contato é feito no interior de uma casa e o inimigo precisa ser incinerado.
Todos os fuzileiros navais precisam estar familiarizados com explosivos e a instalação apropriada da carga de arrombamento. Qualquer naval deve ser capaz de cortar um pavio de tempo, crimpar uma cápsula detonante e instalá-la numa carga de C4.
CARÁTER ALEATÓRIO DE TÁTICAS E TÉCNICAS.
O grupo de combate precisa ter um arsenal de táticas e técnicas. O GC não deve cair num padrão, tornando-se previsível. Ser previsível permite ao inimigo se preparar e modificar suas táticas, de modo a explorar a fraqueza do GC. Este precisa ser bem-adestrado para fluir através de cada técnica e tática ou combiná-las, muito facilmente. Fuzileiros navais precisam usar a imaginação ao pensar em formas de variar suas ações. O inimigo precisa ser mantido desequilibrado pela contante mudança aleatória de táticas do GC. Por exemplo, varie o método de entrada na edificação, lidere pelo fogo uma vez e não na outra, assalte de cima para baixo, então, de baixo para cima, não use o mesmo ponto de entrada, toda vez, arremesse uma granada de fragmentação no meio do teto, então, assalte de baixo para cima. Evide padronizaão, de todo jeito.
QUADRO MENTAL.
Preparar fuzileiros navais para a batalha é uma tarefa difícil para o líder de GC. Este precisa ser a rocha sobre a qual seus fuzileiros navais irão se apoiar. Ele precisa instilar em seus navais que nenhum deles será deixado para trás. Os fuzileiros navais dos GC compreendem o significado de “Semper Fidelis”. Nenhum fuzileiro naval é deixado para trás.
Fuzileiros navais têm de se preparar, mentalmente, para baixas e serem capazes de se recobrarem, prontamente, de forma a matar o inimigo, rapidamente. Matar o inimigo, rapidamente, reduzirá as baixas. O velho ditado, “Qualquer coisa que pode dar errado, vai dar errado,” sempre está valendo em combate.
Toda vez que um GC efetue uma entrada, ele deve esperar fazer contato. Surpresa, velocidade e violência máxima vencerão combates de frações de infantaria. Fuzileiros navais e seus líderes precisam tomar decisões rápidas, durante o movimento debaixo de fogo, enquanto sempre se lembrando da unidade de comando.
Em combate, exige-se de líderes fuzileiros navais que fiquem na frente e assumam a responsabilidade. Infelizmente, algumas vezes há “caciques” demais e “índios” de menos. A “síndrome de chefe” criará confusão em massa no campo de batalha. Ser um bom líder de combate, algumas vezes, significa dar um passo atrás e deixar seus fuzileiros navais fazerem seus trabalhos. Comandantes de pelotão precisam deixar que seus líderes de GC liderem seus grupos de combate; líderes de GC precisam deixar que seus líderes de esquadra liderem suas esquadras de tiro, e líderes de esquadra precisam permitir que seus navais tomem a iniciativa.
CONCLUSÃO.
Esta avaliação não é nada mais do que uma diretriz para a infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Líderes de GC precisam pegar esta diretriz, estudá-la, criticá-la, dá-la aos seus grupos de combate, fazer com que eles a estudem, critiquem e, então, sentarem todos juntos para discuti-la. As táticas e técnicas contidas nesta avaliação foram conseguidas a um preço enorme. Fuzileiros navais americanos foram mortos no campo de batalha, desenvolvendo estas táticas. É dever de todo fuzileiro naval infante assegurar que estas lições não morram com o tempo. Esta avaliação é, somente, um passo na difusão do conhecimento.
TÁTICAS.
Movimento do GC: Durante ataques detalhados de limpeza, de casa-em-casa, os GC precisam minimizar a exposição nas ruas. Estas, especialmente em Fallujah, podem se tornar ratoeiras mortais, se um GC é engajado. O grupo deve correr de casa em casa numa formação com todos os elementos (segurança, assalto e apoio) em suas posições apropriadas. Na rua, a formação deve ser, ligeiramente escalonada, como uma estreita coluna tática. Os fuzileiros navais devem ter alguma dispersão, e o passo da corrida não deve ser tão rápido que os navais fiquem fora de controle e não mantenham segurança circular. Tão logo o homem ponteiro alcance a brecha no pátio, a formação deve cerrar os espaços da dispersão e movimentar-se, rapidamente, para cumprir suas tarefas.
Todas as áreas perigosas durante o movimento devem ser cobertas. A segurança precisa ser tridimensional e circular. Cada naval na formação olha para os navais na sua frente, avalia áreas perigosas que não estão cobertas e, então, cobre uma delas. Se todo naval fizer isto, então, todas as áreas perigosas serão cobertas.
ASSALTOS DE CIMA PARA BAIXO VERSUS ASSALTOS DE BAIXO PARA CIMA: Um GC pode assaltar edificações utilizando um destes dois métodos. Tradicionalmente, o assalto de cima para baixo é ensinado como o método mais ideal para limpar uma edificação. Realisticamente, esta pode não ser a melhor opção para o GC dos Fuzileiros Navais. Abaixo, as vantagens e desvantagens de ambos os métodos de assalto:
Vantagens de cima para baixo são:
- Surpreender o inimigo movendo-se a partir de cima pode desequilibrá-lo. As defesas do inimigo podem não estar preparadas para um assalto de cima para baixo, e o GC pode avassalar o inimigo, rapidamente.
- O GC tem mais impulso quando movendo-se escada à baixo.
- Se o GC sabe que o inimigo está no interior, o teto pode ser rompido de forma a permitir que granadas e explosivos possam ser lançados.
- As rotas de evasão do inimigo são grandemente reduzidas porque o GC pode isolar a casa ao estender a segurança nas vielas dos fundos e da frente da casa, a partir do telhado.
Desvantagens de cima para baixo são:
- Uma vez que o GC faça a entrada e efetue o contato, recuar da estrutura é extremamente difícil. Isto limita as opções para o líder do GC sobre como engajar o inimigo. A estrutura precisa ser inundada com fuzileiros navais, e estes têm de ignorar as baixas de forma a matar o inimigo. O impulso precisa não ser perdido. Fuzileiros navais têm sido deixados para trás, em casas, porque o impulso foi perdido.
- Se o GC decide romper contato, estará movendo-se na direção oposta de seu impulso e disso resultarão mais baixas.
- Os GC de Fuzileiros Navais podem não ter bastantes navais para inundar, com eficácia, a edificação.
- Se baixas forem sofridas, elas são quase impossíveis de serem retiradas escadas à cima, com todo seu equipamento e um corpo inerte. Esta é outra razão porque as edificações precisam ser inundadas.
- As baixas não receberão primeiros socorros imediatos porque todo o GC precisa estar empenhado na neutralização da ameaça. A presteza da atenção médica pode significar a diferença entre vida e morte.
Vantagens de baixo para cima são:
- O líder de GC tem muitas opções quando o contato é feito. A edificação não precisa ser inundada.
- O impulso pode ser mantido no assalto ou ruptura de contato, e o líder de GC pode mudar, rapidamente, de um para outro.
- A estrutura pode ser limpa com menos navais porque o processo é mais controlado e suave, enquanto um assalto de cima para baixo sempre requer máxima energia.
- As baixas podem ser extraídas mais rapidamente e mais simplesmente porque a lei da gravidade estará trabalhando para o GC.
Desvantagens de baixo para cima são:
- O GC estará rumando para dentro das defesas inimigas. É mais fácil para o inimigo manter o segundo pavimento e a escadaria.
- O GC fica mais lento subindo as escadarias, tornando mais difícil manter o impulso.
- O inimigo tem a capacidade para escapar fazendo uso de rotas pré-planejadas.
No todo, não deve haver um método padrão de assalto. Antes, o líder de GC precisa compreender as vantagens e desvantagens de cada método, avaliar cada edificação, rapidamente, e tomar uma decisão sobre qual método empregar, e, então, empreender as ações que maximizem as vantagens e minimizem as desvantagens.
GANHANDO UM PONTO DE APOIO. Pontos de apoio são extremamente importantes. Ao estabelecê-los, o GC consolida pontos-fortes durante o assalto que podem ser utilizados para consolidação, coordenação, base de fogo, pontos de reagrupamento e pontos de coleta de baixas. O GC precisa se mover de um ponto de apoio para outro, nunca parando até que cada ponto de apoio seja atingido.
A sucessão de pontos de apoio que o GC estabelece será diferente quando assaltando ou de cima para baixo, ou de baixo para cima. Os seguintes pontos de apoio precisam ser tomados, nesta ordem, quando assaltando de cima para baixo:
- Todo o telhado.
- O interior do pavimento superior.
- Cada nível individual mais baixo até o primeiro andar.
- O pátio.
Os pontos de apoio tomados quando assaltando de baixo para cima estão na ordem reversa. Eles são:
- O pátio frontal.
- As primeiras duas salas de estar.
- O corredor central.
- Cada andar superior, sucessivamente, com a respectiva varanda.
- O ponto mais elevado do telhado.
Em cada ponto de apoio individual, o GC pode consolidar e coordenar para a posterior limpeza da estrutura. Se o contato for efetuado, os pontos de apoio podem ser utilizados para estabelecer uma base de fogo, de forma a assaltar ou a romper contato. Quando rompendo contato, pontos de apoio são usados como pontos de reagrupamento, permitindo aos líderes de GC e de esquadra de tiro contabilizarem todos seus navais. Um ponto de apoio, também pode ser usado como ponto de coleta de baixas.
LIMPEZA DE ESTRUTURAS. Durante o assalto contra uma estrutura há três diferentes táticas que o GC pode usar para a entrada nela. Os três tipos de entrada são a dinâmica, furtiva e a da subjugação (subdued).
A entrada dinâmica é violentamente agressiva, do começo ao fim. Os comandos são verbais e berrados. Os GC lideram pelo fogo, colocando um ou dois projéteis em cada porta que esteja fechada ou janela que esteja bloqueada. Granadas de fragmentação, granadas de atordoamento e granadas de clarão (flash bangs) são utilizadas. À noite, lanternas táticas (surefire flashlight) são empregadas na limpeza. O movimento do GC é rápido e avassalador rumo ao interior do inimigo.
A entrada furtiva é, exatamente, o oposto da dinâmica. O GC irrompe quietamente, move-se lentamente, fala aos sussurros e escuta qualquer movimento dentro da casa. Há extrema ênfase colocada em táticas baseadas em iniciativa (IBT, ou Initiative-Based-Tactics). Durante limpeza à noite, óculos de visão noturna e AN/PEQ-2s são usados, ao invés de lanternas táticas. A entrada furtiva confunde o inimigo sobre, onde exatamente o GC está limpando a casa e permite a este manter o elemento-surpresa.
A entrada de subjugação é uma combinação dos dois tipos anteriores. O GC move-se, quietamente, até encontrar um aposento. Ao entrar neste, os fuzileiros navais são violentamente agressivos. Após o aposento ter sido limpo, os navais voltam ao método furtivo de entrada. Este tipo de entrada permite ao líder de GC controlar a cadência de limpeza, enquanto mantêm algum elemento-supresa.
É importante notar que os líderes de GC precisam variar o tipo de entrada. O GC precisa, constantemente, mascarar seu movimento por meio de toda forma de dissimulação que possa confundir o inimigo no interior da edificação ou aposento. Cabe a todo o GC usar sua imaginação e variar as táticas e técnicas de entrada, tanto quanto possível. O objetivo é manter o inimigo desequilibrado e não permtir que ele entre no ritmo do GC.
ARROMBAMENTO.
Existiram três tipos de arrombamento usados em Fallujah: mecânico, balístico e explosivo.
O arrombamento mecânico de paredes exteriores do pátio ou portal era, na maioria, realizado por viaturas de assalto anfíbio (AAVs), tanques, ou bulldozers D-9, ou Hummers. Marretas e ferramentas Halligan (“hooligans”)
Ferramenta Halligan
são usadas para arrombar portas, tanto metálicas como de madeira da casa, mas este não era – e não é – o método preferido para arrombamento. Marretas e “hooligans” são lentos, e exigem que o arrombador fique em frente à porta sendo arrombada. E isto permite que o inimigo engaje o arrombador através da porta.
Arrombamento balístico foi usado, principalmente, contra cadeados expostos. Tanto os M16A4 quanto escopetas foram utilizadas. Os M16A4 foram empregados porque não havia bastante munição de escopeta para a quantidade de cadeados que precisavam ser arrombados. Eles eram bem eficazes para um arrombamento no primeiro tiro, se este fosse bem-colocado próximo ao centro. O M203 também foi usado. Os GC podiam arrombar portas de casas estando de 50 a 100 m em frente as suas posições, com o M203. Ele funcionou, extremamente bem, contra portas exteriores metálicas.
O último tipo de arrombamento empregado foi o explosivo. Uma variedade de cargas foi utilizada de modo a arrombar paredes, portais, portas exteriores e interiores. Algumas destas serão discutidas mais tarde nesta avaliação.
Um princípio importante que foi aprendido no arrombamento é que o fuzileiro naval efetuando a entrada nunca deve ser o arrombador. Este, sempre, deve recuar para o final da fila e nunca entrar primeiro. Fuzileiros navais morreram porque entraram em seu próprio arrombamento.
No treinamento tradicional de guerra de rua, utilizar pontos de entrada não-padronizados tais como paredes e janelas, é ensinado. Infelizmente, os fuzileiros navais eram responsáveis pela limpeza de 50 a 60 estruturas por dia. Simplesmente, não havia tempo ou explosivos para arrombar paredes ou janelas obstruídas. Quase todos os pontos de entrada eram as portas existentes.
Velocidade é o mais significativo fator em todos os tipos de arrombamento. Se um método não está funcionando, então, o arrombador precisa, rapidamente, fazer a transição para outro tipo. Ficar na frente de uma porta, batendo nela com uma marreta, durante dez minutos, é inaceitável. O líder de GC precisa assegurar que o arrombador tenha o equipamento e os explosivos necessários para cada tipo. Toda vez que o GC estiver empacado por causa de um arrombamento, ele estará em posição vulnerável. Arrombar, rápida e eficazmente, é necessário de forma que o GC mantenha o impulso.
MOVIMENTO DENTRO DA EDIFICAÇÃO.
Dentro de uma estrutura, o GC deve se mover de um ponto de apoio para outro. O ponto de apoio inicial é estabelecido pelo elemento de segurança. O elemento de segurança avança sobre o telhado ou o pátio e limpa a parte externa deles. O elemento de assalto procede, diretamente para um ponto de entrada e se prepara para o arrombamento. O elemento de apoio segue na trilha e faz o arrombamento.
Após a realização do arrombamento, num assalto de cima para baixo, o elemento de assalto faz a entrada e limpa o andar superior. Se o assalto de baixo para cima é usado, então o GC limpa as primeiras duas salas de estar, simultaneamente, dividindo a formação. O elemento de apoio apoiará o elemento de assalto destacando-se da formação para limpar aposentos ou arrombar quaisquer portas. O elemento de segurança será deixado no ponto de apoio do telhado ou pátio de modo a isolar a estrutura e assegurar a rota de evasão do GC. Apenas dois navais podem manter a segurança. O restante do elemento de segurança entrará em formação. Após o ponto de apoio inicial na estrutura ser conquistado, a formação consolidará e, então, avançará e limpará o próximo ponto de apoio. A sucessão continuará até que a estrutura inteira seja limpa.
O tempo todo, o GC se movimentará utilizando IBT, aderindo aos seus princípios, que serão tratados mais tarde. O GC se movimentará num passo que será rápido, mas controlado, exercendo “paciência tática”.
AÇÕES APÓS O CONTATO COM O INIMIGO.
As opções do líder de GC durante o contato com o inimigo variam de acordo com onde o GC está, durante sua limpeza, e se baixas foram sofridas. Em qualquer contato, o GC e seu líder têm duas prioridades – eliminar a ameaça imediata e extrair quaisquer baixas. Infelizmente, é comum que as duas prioridades estejam em conexão.
Se o contato é feito no pátio ou telhado, o GC deve interrompê-lo, isolar a casa ou bloco, e chamar as armas de apoio (tanques, AAVs, etc). Não há razão alguma para colocar navais na edificação até que ela tenha sido pipocada, de alto à baixo. Se o contato é feito na casa, então o líder de GC precisa, rapidamente, avaliar a situação e decidir qual o melhor curso de ação. Geralmente, o líder de GC tem as seguintes três opções:
Romper contato: romper o contato é uma opção mais apropriada durante o assalto de baixo para cima, devido às dificuldades em mudar o impulso durante o assalto de cima para baixo. Se baixas forem sofridas ou a resistência inimiga é forte, então esta pode ser a melhor ação a tomar pelo líder de GC. Após a ruptura do contato, o GC irá efetuar lanços de um ponto de apoio para outro. Em cada ponto de apoio, deve ser feita a contagem de todos os navais, assegurando-se que nenhum fuzileiro naval fique para trás. Ao abandonar a casa, o GC pode instalar uma carga ensacada ou outro dispositivo explosivo, de modo a derrubar a estrutura, ou incinerar o inimigo lá dentro.
Inunde a casa: lideres de GC podem escolhar inundar a casa com fuzileiros navais, se a baixa for sofrida durante o assalto de cima para baixo, ou se a ameaça não for significativa. As baixas não podem ser arrastadas escada à cima, rapidamente; portanto, fuzileiros navais precisam neutralizar ou suprimir a ameaça, de modo a extrair as baixas.
Mantenha o último ponto de apoio e limpe pelo fogo : pontos de apoio são pontos-fortes dos quais o GC pode combater. No ponto de apoio, fuzileiros navais podem devolver o fogo, arremessar granadas de mão, e utilizar dispositivos explosivos para neutralizar o inimigo. Após o inimigo sofrer danos, o GC pode entrar e limpar a casa. Se o telhado é o ponto de apoio mantido pelo GC, então, o teto poderá ser rompido por uma carga direcionada. Granadas ou dispositivos incendiários podem ser arremessados na estrutura, para expulsar o inimigo.
As baixas nunca podem ser deixadas para trás! O líder de GC precisa se assegurar que cada fuzileiro naval se movimente com um parceiro (Buddy Team System). Cada parceiro é responsável por tirar o outro da luta, caso este seja abatido. O líder de GC e os líderes de esquadra precisam fazer a contagem de todos seus navais, o tempo todo. Não haverá desculpa no caso de fuzileiros navais serem deixados para trás, numa edificação, enquanto o GC se retira.
ORGANIZAÇÃO DO GRUPO DE COMBATE.
Alguns líderes de GC, no batalhão, dividiram suas frações em duas e designaram setores diferentes para ambas. Eles fizeram isto para se movimentarem mais rápido através das casas, porque foram encarregados com a limpeza de vias que podiam contar 50 a 60 casas. Embora esta tática funcionasse, e os GC se movimentassem mais rápido através de seus setores designados, este não é o melhor emprego de seus grupos de combate. As seguintes razões são fornecidas sobre o por quê de não ser aconselhável dividir os GC:
Se o grupo de combate contém doze navais e é dividido ao meio, isto deixa duas esquadras de seis navais. Limpar uma estrutura com seis navais, mesmo se a casa for pequena, é extremamente arriscado. Se uma dupla de navais for atingida e cair no interior, não haverá fuzileiros navais o bastante para fornecer fogo de cobertura enquanto se retiram as baixas. Segundos críticos serão desperdiçados, esperando que a outra esquadra do GC venha para a casa e apoie a extração das baixas. As chances de navais feridos serem deixados para trás aumentam, exponencialmente.
Se o contato for feito por ambas esquadras, simultaneamente, então o GC poderá ser liquidado aos bocados, numa questão de segundos, antes que os outros GC possam, até mesmo, se movimentarem para o reforço.
Quando o líder de GC organiza seu grupo, sempre deve pensar sobre o contato com o inimigo. GCs não devem ser divididos de modo a aumentar a velocidade da limpeza. Comandantes não devem colocar tensão sobre os líderes de GC para tomar esta decisão. Paciência tática precisa ser exercitada em cada escalão.
O GC precisa ser organizado, utilizando-se os tradicionais três elementos de assalto, apoio e segurança. O número de navais contidos dentro de cada elemento irá variar de acordo com o número deles dentro do GC, as habilidades e capacidades possuídas por cada fuzileiro naval individual e os sistemas de armas que cada fuzileiro naval empregue (metralhadora leve M249, lança-granadas M203 e fuzil M16A4 com miras ópticas avançadas de combate (ACOG).
Se possível, o elemento de assalto não deve conter nenhuma metralhadora leve (SAW). Um atirador de Mtr L nunca deve limpar aposentos. O elemento de assalto deve conter a maioria dos navais, pois cada aposento precisa ser limpo com dois deles. O elemento de apoio suplementará o assalto, posicionando-se na fila e saindo dela para limpar aposentos.
O elemento de apoio deverá incluir quaisquer engenheiros ou homens de assalto (assaultmen) anexados ao GC. Um atirador de Mtr L deverá ser incluído nesta seção, de modo a fornecer maciço poder de fogo na casa, se for feito o contato. O socorrista também estará localizado no elemento de apoio, porque ele poderá usar sua escopeta para arrombamento, tanto como fornecer rápidos cuidados médicos para as baixas. O elemento de apoio irá recuar para a fila, atrás do elemento de assalto, para apoiar de qualquer forma.
O elemento de segurança deve conter as outras metralhadoras leves remanescentes no GC. Ele é responsável por limpar e assegurar o pátio ou telhado, antes do elemento de assalto mover-se para o ponto de entrada. Quando o assalto e o apoio efetuam a entrada na estrutura, dois navais são deixados para trás, para isolar a casa (telhado) e assegurar o ponto de entrada do GC. O restante dos navais irá recuar para a fila, por trás do elemento de apoio. Os navais da segurança irão manter a segurança em todas as áreas de perigo (principalmente escadarias), quando as seções de assalto e apoio estão limpando cada ponto de apoio.
Líderes de GC devem nomear cada líder de esquadra como líder de elemento. Não há mais esquadras de tiro, apenas seções de assalto, apoio e segurança. Cada líder de elemento manterá a contagem para sua seção. É mais fácil para o GC manter esta organização até que o assalto esteja completado, e, então, a tradicional esquadra de tiro de quatro navais poderá ser reinstaurada. O líder de GC deverá enfatizar a unidade de comando e a cadeia de sucessão de comando, caso ele se torne uma baixa.
COMUNICAÇÕES DE GC.
Comunicações intra-grupo entre os navais na fila é tanto verbal, quanto visual. Linguagem simples, clara e universãl deve ser utilizada. Ou seja, utilize palavras e frases que sejam padronizadas para que cada fuzileiro naval compreenda as palavras e frases um do outro, tais como “manter à direita, limpar à esquerda” e “lançar granada”.
O homem ponteiro deverá descrever para a fila o que está vendo. Ele, verbalmente, pintará um retrato para a fila atrás. Fuzileiros navais na fila deverão estar escutando, e não conversando. Conversa deve ser mantida no mínimo.
APÓS A LIMPEZA/AÇÕES DE SEGUIMENTO.
Após a estrutura ter sido limpa, o GC precisa, imediatamente, conduzir uma revista detalhada de casa, em busca de armas. A revista precisa ser rápida, mas meticulosa, não deixando nada sem ser tocado. Armas foram encontradas em cada lugar concebível: por baixo de colchões, em travesseiros, em cobertores empilhados, etc.
Outra ação de seguimento é tornar as portas interiores e exteriores incapazes de serem trancadas. Esta ação ajudará, caso a estrutura precise ser limpa, novamente, mais tarde. Os navais utilizarão sua criatividade para bolarem modos engenhosos para cumprir esta tarefa.
A PRIORIDADE SERÁ OU O TEMPO OU A MISSÃO.
Em ataques minuciosos de limpeza, o tempo nunca pode ser a prioridade. Fuzileiros navais nunca devem ser apressados porque poderão se tornar descuidados e forçados a criar atalhos de forma a cumprir a missão debaixo de restrições de tempo. Este enunciado não quer dizer que os GC não devam ser pressiondos. Significa que um prazo de tempo realista para o ataque deve ser aquele que leve em consideração a avassaladora tarefa de limpar múltiplos quarteirões de casas que podem conter elementos insurgentes de valor-pelotão.
TÁTICAS E TÉCNICAS INDIVIDUAIS.
O treinamento é contínuo, seja na zona de combate ou não. A responsabilidade do líder de GC é assegurar que seu grupo está apto para o combate. Os fuzileiros navais individuais em seu grupo precisam ser, continuamente, treinados. Fuzileiros navais, rapidamente, perderão sua proficiência em habilidades se não as praticarem, constantemente.
O treinamento não tem de ser físico; pode ser oral. O mais eficaz treinamento num ambiente de combate para um líder de GC é sentar com seu grupo e conversar. O GC deve repassar cenários de combte e fazer navais individuais contarem para o grupo quais são suas funções e como irão cumpri-las. As comunicações, através de linguagem universal, pode ser praticada, simplesmente, utilizando-a, mesmo quando andando para o rancho.
Todos os fuzileiros navais precisam exercitar iniciativa durante o combate. Lidere de GC precisam desenhar técnicas de treinamento de modo a salientar a iniciativa. Fuzileiros navais precisam ser capazes de olhar em volta, avaliar o que seus grupos ou parceiros estão fazendo, dar o retorno e agir de forma a apoiá-los. A tática baseada em iniciatiava (IBT) é soberana.
Criticismo construtivo deve ser encorajado. Cada naval apresenta questões um ao outro, fornecendo boas e más observações. O líder de GC, também, deve ser criticado por seus navais. Este criticismo não tenciona minar a autoridade do líder de GC. Ela se destina a permitir ao líder de GC instruir os fuzileiros navais sobre o por quê de ter escolhido dirigir o grupo de combate do modo como está fazendo. Fuzileiros navais jovens ganharão conhecimento sobre táticas de grupo de combate, o que não aconteceria se o líder de GC não contasse para eles. Isto irá prepará-los para funções de liderança. Também irá dar-lhes confiança em seu líder de GC e em seus conhecimentos.
TÉCNICAS.
Técnicas que precisam ser ensinadas e praticadas pelos fuzileiros navais individuais são as seguintes:
- Dê uma espiada em todas as áreas perigosas. Antes de entrar num aposento, tantas áreas perigosas quanto possível devem ser espiadas, deixando, apenas, um ou dois cantos que precisem ser limpos. Não entre às cegas num aposento, especialmente, se a porta está aberta.
- Use o sistema de parceiros (buddy system). Dois navais sempre saem de fila juntos, nunca um só.
- Tenha cuidado com áreas perigosas não-cobertas, inclusive quando abrir portas de mobiliário grande o suficietne para conter um homem no interior.
- Limpe obstáculos, tais como mobília.
- Pipoque os aposentos com granadas de mão.
- Se o aposento é pequeno demais para dois navais, ou não haja bastantes navais limpando a casa para manter a segurança em todas as áreas perigosas, o homen nº 2 volta e cobre a retaguarda do naval limpando o aposento.
- Mova-se furtivamente, através da edificação, mesmo com vidro quebrado no chão.
- Faça uma entrada furtiva com óculos de visão noturna e AN/PEQ-2.
- Prepare cargas de arrombamento e as coloque nas trancas dos diferentes tipos de porta.
Estas são algumas das técnicas que precisam ser praticadas e passadas para os jovens fuzileiros navais.
Táticas baseadas em iniciativa devem ser ensinadas. Há quatro regras de IBT. Elas são:
- Cubra todas as áreas de perigo imediato.
- Elimine todas as ameaças.
- Proteja seu parceiro.
- Não pode haver equívocos. Todo naval informa e cobre um ao outro.
Todo fuzileiro naval precisa compreender e memorizar as regras que governam as IBT. Tais regras não se aplicam, apenas para a guerra de rua, mas para todos os engajamentos de frações de infantaria. Particularmente, a regra nº 4 precisa ser enfatizada para o GC. Não pode haver equívocos ao se limpar uma edificação em combate, apenas ações que dêem resultados em situações onde os fuzileiros navais precisam se adaptar, improvisar, e dominar, em questão de segundos.
ARMAS DE APOIO.
Por toda a história militar americana contemporânea nunca existiu um oponente que não pudesse ser avassalado pelas armas de apoio americanas. O Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos tem sido um inovador em seu emprego. O Corpo criou o conceito de apoio aéreo aproximado (CAS) no Haiti, durante as Guerras das Bananas; o envolvimento por helicópteros na Coréia; e o emprego do grupamento de armas combinadas, retratado na moderna Força-Tarefa Ar-Terra de Fuzileiros Navais ( Marine Air-Ground Task Force). Fallujah tem sido outro campo de provas para as armas de apoio americanas. Os insurgentes foram completamente avassalados pelo maciço fogo indireto e CAS nos primeiros dois dias da batalha.
Ao nível do GC, os resultados deste fogo foram sentidos por todo o tipo de inimigo que encontraram. O inimigo se enterrou profundamente nas casas. Os fuzileiros navais do III/5º aprenderam as vantagens e desvantagens através da experiência prática, de CAS de asas fixas, CAS de asas rotativas, tanques, equipes antiblindado combinadas (CAATs, Combined AntiArmor Teams), AAVs, artilharia, bulldozers, e morteiros de 60 e 81 mm.
Apoio aéreo de asas fixas é uma arma tremenda, que possui grandes efeitos sobre o terreno. O grande problema com ele é a quantidade de tempo que leva para colocar bombas no alvo. Demora muito para as bombas serem lançadas quando os fuzileiros navais estão em contato. Adicionalmente, a distância mínima de segurança das bombas era grande demais, até mesmo para ter um quarteirão de rua isolado, e esta deficiência permitiu ao inimigo escapar, incontáveis vezes. Apoio aéreo de asas fixas deve ser utilizado para alvos profundos. Não deve ser utilizado quando fuzileiros navais tenham isolado uma edificação e encurralado o inimigo lá dentro. Um tanque ou seção antiblindado pode ser mais eficaz, pois os navais não terão de ser retirados do cordão de isolamento.
Em contraste com o apoio aéreo de asas fixas, o de asas rotativas foi, extremamente, pontual, mas os efeitos sobre o alvo não foram extraordinários. Os mísseis “Hellfire” utilizados não derrubavam edificações inteiras, mas faziam alguns danos.
De longe, as duas melhores armas de apoio utilizadas foram os tanques e as seções antiblindado. Eles foram os dois melhores amigos do GC. A batalha teria sido, incrivelmente, mais sangrenta se não fossem os tanques e seções antiblindado. Os tanques forneceram uma arma de apoio de fogo direto de 120 mm, ao se localizar qualquer contato, em questão de minutos. As miras térmicas eram capazes de localizar, com precisão, a posição exata de tocaieiros e, então, liquidá-los, eficazmente, em questão de segundos. Seções antiblindado, utilizaram suas metralhadoras M2 calibre .50 e lança-granadas Mk 19 de 40 mm, para arrombar, tanto quanto para destruir edificações de onde se recebia fogo. Em acréscimo, os fuzileiros navais das seções antiblindado ajudaram a limpar edificações que se alinhavam com suas vias de acesso. Na guerra de rua, a infantaria nunca deve atacar sem apoio de tanques ou seções antiblindado.
Morteiros e artilharia provaram ser eficazes, ao forçar o inimigo a ficar nas casas e enfrentar os fuzileiros navais na rua.
DEMOLIÇÕES.
A maioria dos explosivos utilizados durante a luta por Fallujah não será mencionada aqui. Os poucos que serão explicados tem em comum, o fato de serem obscuros, podendo ser esquecidos se não forem registrados por escrito. Cada dispositivo explosivo foi desenvolvido em resposta às táticas do inimigo e se mostrou funcional.
O que se segue é uma lista de explosivo, uma descrição e suas utilizações:
- ”Bola-Oito” – Um oitavo de bastão de Composto 4 (C4), utilizado para arrombamento, tanto de portas interiores quanto exteriores. Eficaz e não gasta muito C4.
- ”O Convidado da Casa” (batizado pelo 2º GC do 1º Pelotão, Companhia India, III/5º de Fuzileiros Navais) – Tanques de propano colocados no corredor central com C4 usado para detoná-los. Cria um explosivo de combustão aérea (FAE, fuel air explosive). Utilizado para derrubar uma casa quando o contato é feito no interior. Os tanques de propano devem estar cheios.
- Uma bomba de fósforo branco de morteiro 60 mm ou 81 mm, enrolada três vezes, com cordel detonante, e um quarto ou metade de um bastão de C4. Utilizado quando o contato foi feito dentro de uma casa, e o inimigo precisa ser incinerado. (Nota do Clermont: acho que vou abrir uma enquete pra batizar este aqui: que tal, “O Penetra da Festa”? Ou “O Desmancha-Prazeres”?)
- Coquetéis-Molotov – Utilizado quando o contato é feito no interior de uma casa e o inimigo precisa ser incinerado.
Todos os fuzileiros navais precisam estar familiarizados com explosivos e a instalação apropriada da carga de arrombamento. Qualquer naval deve ser capaz de cortar um pavio de tempo, crimpar uma cápsula detonante e instalá-la numa carga de C4.
CARÁTER ALEATÓRIO DE TÁTICAS E TÉCNICAS.
O grupo de combate precisa ter um arsenal de táticas e técnicas. O GC não deve cair num padrão, tornando-se previsível. Ser previsível permite ao inimigo se preparar e modificar suas táticas, de modo a explorar a fraqueza do GC. Este precisa ser bem-adestrado para fluir através de cada técnica e tática ou combiná-las, muito facilmente. Fuzileiros navais precisam usar a imaginação ao pensar em formas de variar suas ações. O inimigo precisa ser mantido desequilibrado pela contante mudança aleatória de táticas do GC. Por exemplo, varie o método de entrada na edificação, lidere pelo fogo uma vez e não na outra, assalte de cima para baixo, então, de baixo para cima, não use o mesmo ponto de entrada, toda vez, arremesse uma granada de fragmentação no meio do teto, então, assalte de baixo para cima. Evide padronizaão, de todo jeito.
QUADRO MENTAL.
Preparar fuzileiros navais para a batalha é uma tarefa difícil para o líder de GC. Este precisa ser a rocha sobre a qual seus fuzileiros navais irão se apoiar. Ele precisa instilar em seus navais que nenhum deles será deixado para trás. Os fuzileiros navais dos GC compreendem o significado de “Semper Fidelis”. Nenhum fuzileiro naval é deixado para trás.
Fuzileiros navais têm de se preparar, mentalmente, para baixas e serem capazes de se recobrarem, prontamente, de forma a matar o inimigo, rapidamente. Matar o inimigo, rapidamente, reduzirá as baixas. O velho ditado, “Qualquer coisa que pode dar errado, vai dar errado,” sempre está valendo em combate.
Toda vez que um GC efetue uma entrada, ele deve esperar fazer contato. Surpresa, velocidade e violência máxima vencerão combates de frações de infantaria. Fuzileiros navais e seus líderes precisam tomar decisões rápidas, durante o movimento debaixo de fogo, enquanto sempre se lembrando da unidade de comando.
Em combate, exige-se de líderes fuzileiros navais que fiquem na frente e assumam a responsabilidade. Infelizmente, algumas vezes há “caciques” demais e “índios” de menos. A “síndrome de chefe” criará confusão em massa no campo de batalha. Ser um bom líder de combate, algumas vezes, significa dar um passo atrás e deixar seus fuzileiros navais fazerem seus trabalhos. Comandantes de pelotão precisam deixar que seus líderes de GC liderem seus grupos de combate; líderes de GC precisam deixar que seus líderes de esquadra liderem suas esquadras de tiro, e líderes de esquadra precisam permitir que seus navais tomem a iniciativa.
CONCLUSÃO.
Esta avaliação não é nada mais do que uma diretriz para a infantaria do Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos. Líderes de GC precisam pegar esta diretriz, estudá-la, criticá-la, dá-la aos seus grupos de combate, fazer com que eles a estudem, critiquem e, então, sentarem todos juntos para discuti-la. As táticas e técnicas contidas nesta avaliação foram conseguidas a um preço enorme. Fuzileiros navais americanos foram mortos no campo de batalha, desenvolvendo estas táticas. É dever de todo fuzileiro naval infante assegurar que estas lições não morram com o tempo. Esta avaliação é, somente, um passo na difusão do conhecimento.
- prp
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Re: Frações de Infantaria
Um princípio importante que foi aprendido no arrombamento é que o fuzileiro naval efetuando a entrada nunca deve ser o arrombador. Este, sempre, deve recuar para o final da fila e nunca entrar primeiro. Fuzileiros navais morreram porque entraram em seu próprio arrombamento.
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Isso é o basico de CQB.
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Isso é o basico de CQB.