Tenho acompanhado faz tempo este tópico que criaste sobre o tema. Eu gostava muito do assunto quando era novo, hoje sou apenas um curioso, nada mais. Mesmo assim, lembro do que lia a respeito (tudo dos EUA, ou seja, dados meus interesses, aprender Inglês nunca foi opção e sim
necessidade*) e pelo que recordo não tem parede nem porta nem porão nem
panic-room que te salve, precisas te armar BEM e aprender BEM a usar, porque o desespero produz um tipo de determinação que parede nenhuma segura por muito tempo.
Uns toques:
Ter um abrigo isolado e longe de onde moras (no meio do mato, p ex) implica em uma capacidade financeira e disponibilidade de tempo que poucos têm. Afinal, é preciso ir regularmente checar se não foi invadido (e pode não ser apenas gente, tem bicho que se tiver jeito entra e fica), repor estoques (prazos de validade estourados, p ex) e se possível ampliá-los, e não falo só de comida e água**, mas de medicamentos, roupas para todas as estações, meios de produzir energia - desaprendemos a viver sem isso - sem chamar muita atenção, combustível e peças de reposição para eles (além de aprender a manutenir), ferramentas, utensílios, material de higiene e limpeza, entretenimento, tudo tem que ser pensado de maneira BEM superlativa e checado constantemente (não vai dar tempo de fazer isso DEPOIS que a treta começou);
Por outro lado, visitas constantes a um lugar desabitado (especialmente em um veículo bacana) chamam a atenção de quem vive nas proximidades - e sempre tem - e que vai acabar contando a mais alguém, o que incrementa a ameaça (daí a imperiosa necessidade de armas e habilidade para usá-las, e não falo só em saber atirar, mas
ter conhecimentos táticos***).
Cereja do bolo, no que estourar uma crise realmente TERRÍVEL (nenhum
survivalist está se preparando para uma alta da gasolina ou falta de carne nos supermercados e sim para uma CATÁSTROFE de verdade), seja do tipo que for, vais precisar reunir a família,
pets e sei lá mais o que para ir até o refúgio. Este deslocamento vai ser o maior risco, pois ruas e estradas vão estar cheias de
gente em pânico (acidentes) e no meio disso vai ter
gente mal intencionada também (crimes) e ninguém pode prever e se preparar para TUDO;
Por fim, simplesmente reforçar a residência onde moras ou mesmo uma segunda que tenha algum vizinho - mesmo se for aliado
e igualmente bem armado - é apenas adiar o inevitável. E mesmo armas e treinamento podem estar também do lado oposto (por isso ME citei como teu vizinho nada amistoso, a intenção foi dar um bom exemplo), ou seja, no fim quem TEM vai acabar virando presa de quem NÃO TEM. Porque o cara que opera aquelas máquinas de demolição com bola de ferro (que vai estar abandonada com o colapso do Estado) ganha bem menos do que tu e vai estar no time opositor, com muita fome e raiva¹. Mesmo sem isso, basta ter gente suficiente - e sempre tem - e um machado (se for de madeira) ou marreta (se for de concreto) para derrubar um poste e usar como aríete e já era a tua muralha (um dos piores tipos de defesa que existem, pois desde Jericó, passando pela China, Adriano, Jerusalém e Constantinopla, todas caíram e quem se fiou nelas levou no zóio****).
Para mim há apenas duas defesas efetivas em casos assim: uma é ser invisível e inaudível (uma quase impossibilidade para quem tem família) e a outra é se manter em movimento (também complicado pra burro para o pai de família). Há filmes que divertem e exemplificam como isso funciona à luz do que aprendi, que são Mad Max 1 e 2 (Mel Gibson, não essa baboseira de
remake) e o divertidíssimo
Zombieland, com as nóias do garoto sendo conselhos sapientíssimos, que não valem só contra zumbis. Nos três filmes, no entanto, a grande sacada é mostrar que a chave é se manter sempre em movimento, tão discretamente quanto possível, pois alvo fixo basta ser descoberto e sempre acaba sendo batido; já o móvel precisa "apenas" reagir e/ou evadir da ameaça atual, daí pra frente é recomeçar. Um detalhe divertido (mas que só funciona para gente sozinha que nem eu) no
Zombieland é aquele lance com o Bill Murray de ficar invisível à plena vista de todos, simplesmente GENIAL.
* - No vestibular de Direito, Língua Estrangeira foi a ÚNICA prova que gabaritei (100% de acertos), até em Português errei alguma coisa mas bastou para passar.
** - Qualquer fonte natural de comida e água potável cedo ou tarde vai atrair atenção indesejada. Vais gastar muito neurônio para conseguir ter acesso sem ser notado. Com família e especialmente crianças, vais gastar neurônio à toa, já estão todos mortos mesmo.
*** - Sobre isso compreensivelmente não posso me estender, pois a partir do momento em que clicamos em ENVIAR perdemos o controle sobre a informação e eu é que não quero ficar sabendo que fui lido por quem não devia e o que passei foi usado contra Colegas.
**** - É a razão pela qual parei de postar no tópico da AAAe, a de longo alcance é o equivalente moderno das muralhas de antigamente, segura os ataques por algum tempo mas acaba sobrepujada e cai, depende muito mais da determinação e capacidades de quem ataca do que das de quem defende, pois INICIATIVA é muito importante, se a cedes ao inimigo teu fim está chegando; é preciso sempre ter não apenas capacidade de contra-atacar mas também de ATACAR e destruir a OPFOR e, neste tipo de situação, à moda antiga, ou seja, não pode sobreviver ninguém (basta que UM escape para que cedo ou tarde conte a outros e tenhas que repetir tudo de novo).
1 - Destaquei porque isso que descrevi deve ser interessante para qualquer pessoa que se considere "de esquerda", participar da LUTA DE CLASSES
em seu estado mais puro, que é a que ocorre entre os que não têm NADA a perder contra os que têm ALGO. Conforme o caso, vai estar do lado que considera ERRADO, porque o coletivismo na teoria é legal, complica quando se tem que escolher entre "eu e os meus" e "o outro e os seus", e aí como ficamos?