1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#31 Mensagem por FoxTroop » Ter Dez 20, 2011 7:28 pm

P44 escreveu:Voltando á questão da India, e pondo de lado as teorias delirantes dos saudosistas, o Costa Gomes, que foi ao território avaliar do estado das tropas portuguesas, afirmou que na India Portuguesa tanto fazia estarem 5000 soldados ou o Exército Português inteiro, se a India invadisse, numa questão de horas estava tudo acabado.
O equipamento dos 3500 soldados que lá estavam era anedótico, espingardas da I GM, algumas auto-metralhadoras e antiaéreas obsoletas para as quais não havia munições...avioes nem um e a Marinha tinha o velho aviso "Afonso de Albuquerque" e 2 lanchas de fiscalização, a "Vega" e a "Sirius".

Salazar, esse lunático, ordenou o suicidio das tropas portuguesas. Felizmente, o General Vassalo e Silva, governador do território, evitou não só o massacre como a destruição do território e seu património histórico , caso os indianos tivessem avançado para o bombardeamento.
Sim, os territórios não tinham possibilidade de defesa face ao poder que os indianos podiam colocar na arena. Por outro lado a linha de pensamento do "Botas" tinha lógica mas a execução foi desastrosa. Se é certo que não se podia fortificar e reforçar muito pois, perante os balanço de forças, a derrota de um contingente forte seria desastroso, nos vários planos, para Portugal e algo que seria muito bem explorado pela Índia, o tamanho e meios atribuídos às guarnições eram ridículos. E depois, situações como o célebre "caso dos chouriços"....... Os homens foram literalmente dados à morte a troco de nada, pois a Índia apresentaria, tal como apresentou, um facto consumado, apesar de todas as instâncias internacionais darem razão a Portugal.




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#32 Mensagem por P44 » Ter Dez 20, 2011 7:36 pm

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Domingo, 18 de Dezembro de 2011
Os nossos aliados americanos apoiaram a invasão indiana

Muito se tem escrito acerca dos acontecimentos daquele já distante Dezembro de 1961. Em Portugal, a discussão gira em torno dos militares revoltados pelo injusto tratamento dispensado pelo então regime vigente. Se por um lado lhes exigiram o obrigatório sacrifício que a escolha daquele serviço impõe, por outro, não lhes foram fornecidos os meios mínimos para uma defesa consistente, mesmo que simbólica.



A situação internacional era para os americanos péssima, dados os recentes acontecimentos em Cuba, a escalada da guerra no Sudeste asiático, a corrida ao armamento nuclear, a sempre presente chaga isarelo-árabe e os tumultos independentistas em África, muitos deles provocados pelos próprios EUA. Kennedy, proveniente de uma família de bastante discutível reputação e alianças que lhe daria o poder na Casa Branca, temia a China maoísta, não olhando a meios para agradar à "maior democracia do mundo", a Índia das castas e da segregação. O velho preconceito anti-colonial pautava toda a política externa americana, mesmo que a assunção dessa posição prejudicasse os próprios aliados dos EUA e a posição do Ocidente nos territórios extra-europeus, essenciais à segurança das rotas comerciais e à defesa militar. Quando nos anos 20 e 30 os EUA ainda possuíam as Filipinas como pouca disfarçada colónia arrebatada à Espanha, as administrações - nomeadamente a de Roosevelt - dedicavam-se a encontrar em África e na Ásia, possíveis líderes locais que fizessem passar os territórios coloniais para a esfera de interesses norte-americanos e disso mesmo o próprio Churchill se aperceberia durante as conversações tripartidas que durante a II Guerra Mundial, manteria com o presidente americano e o ditador Estaline.



Os americanos sabiam que a Índia preparava o ataque ao Estado Português da Índia e apoiaram-no sem sofismas. Constava que Salazar e Mao negociavam secretamente, no sentido de tornar impossível esse avanço sobre as possessões portuguesas, aproveitando Lisboa a conhecida realpolitik política chinesa da presença sem o directo exercício da soberania, aliás manifesta em Macau. A ser verdade este persistente rumor, a instalação dos chineses em Goa teria repercussões muito vastas, especialmente nos territórios portugueses de África, onde mais tarde, a China tornar-se-ia conhecida por exercer um grande esforço no fornecimento de armas aos inimigos de Portugal. Como teria tal política ter sido possível no caso de um acordo "entre cavalheiros" de Lisboa com Pequim? A hipótese dessas negociações carecem da confirmação que só os arquivos diplomáticos poderão um dia relevar, mas a posição norte-americana foi sempre hostil a Portugal e disso não existe a mais pequena dúvida, até porque logo no início de 1961 e em Angola, a UPA iniciara a guerra com um devastador ataque às populações negras e brancas da Província Ultramarina, UPA esta criada, municiada e financiada por entidades apertadamente ligadas ao governo de Washington.



A Salazar restavam-lhe várias opções:



1. Desistir e imitando os franceses, entregar o Estado da Índia a Nova Deli, atitude impensável dada a vontade da população local e mais importante para o regime, a própria posição integracionista que o governo fazia escutar na ONU.



2. Promover um referendo em todo o Estado da Índia, solução aliás sugerida por um importante sector dos círculos mais influentes de Goa. Talvez fosse a opção mais curial e mais temida por Nehru, mas criaria um precedente que poderia ser reivindicado como solução primeira para o alienar do património ultramarino. Isso o regime jamais aceitaria, pois Portugal nem sequer possuía as necessárias instituições - após a morte de Carmona, uma hipótese ignominiosamente sabotada por Marcelo Caetano - que no caso britânico, conduziriam ao fortalecimento da Commonwealth.



3. "Há quem pense, erradamente, que os actos inúteis devem ser evitados. Errado, o acto inútil pode assumir transcendente significado."



A opção militar era a mais previsível, dado o Direito Internacional e a doutrina oficial da II República. Neste caso, os militares deveriam ter sido dotados de equipamento e de unidades capazes para uma defesa, mesmo que o termo "simbólica" significasse uns tantos dias de resistência, capazes de inflingir graves perdas aos atacantes e criar um terrível problema político a uma teoricamente "pacífica" Índia, que além de cultivar um estado latente de guerra com o Paquistão - tácitamente aliado dos portugueses - poucas semanas depois, era completamente derrotada pelos chineses no breve conflito nos altos dos Himalaias.

A posição de Lisboa foi precisamente oposta, exaurindo os arsenais e os quartéis de equipamento e homens capazes para tal missão de um sacrifício quase suicida. Munições caducas, nem um único tanque, poucas bocas de fogo, nenhum material anti-aéreo e anti-carro, péssimas transmissões, quase nenhumas armas automáticas - a Mauser era a regra na infantaria local - e nem uma única unidade naval moderna. O glorioso Afonso de Albuquerque estava só, tinha um quarto de século e jamais havia sido modernizado para um combate contra unidades modernas. A Armada possuía alguns meios muito mais eficientes e que inutilmente fundeavam na Metrópole ou em Moçambique. Nada se fez para essa almejada resistência "à Estalinegrado" e surgiria mais tarde, o escusado argumento da certeza do ataque indiscriminado dos indianos ás zonas civis, bombardeando e massacrando a população. Mas não era isso mesmo que Lisboa deveria esperar, provocando uma rápida reacção política por parte da opinião pública mundial? Não contou Portugal - mercê dos incansáveis esforços de Franco Nogueira e do MNE - com o voto favorável na ONU, condenado Nehru e a Índia?



O tratamento que mais tarde seria dado aos militares repatriados, careceu de qualquer tipo de tino político, pois em vez de o regime os fazer desfilar com todas as honras Avenida da Liberdade abaixo - culminando as honrarias com aquela que se tornaria na sacramental cerimónia no Terreiro do Paço -, tratou-os de uma forma tal, que despoletaria os profundos ressentimentos que chegam até aos nossos dias. Consistiu esta atitude num erro crasso, até porque o terrorismo em Angola e a política assumida da defesa do Ultramar, exigia, pelo contrário, a máxima atenção às Forças Armadas, especialmente naquilo a que para elas é mais relevante: a manutenção da honra e o seu reconhecimento como o essencial braço armado da nação.



O ataque a Goa, Damão e Diu, poderá ser visto como um esquecido episódio da Guerra Fria, não hesitando os EUA em sacrificar um aliado incómodo e com o qual mantinham acrimoniosas relações, dados os interesses de certos sectores lobistas financeiros, económicos e políticos norte-americanos. A política de Washington era definitivamente a mesma que Roosevelt prosseguira nos anos trinta, procurando substituir as antigas potências coloniais e criando os seus próprios potentados locais, sendo o caso Mobutu, apenas o exemplo mais flagrante. Embora numa realidade completamente diferente, factos idênticos ocorreriam quando da invasão indonésia a Timor Oriental - com o beneplácito da administração Ford-Kissinger - num momento em que as Forças Armadas Portuguesas eram pasto de convulsões intestinas que as desprestigiaram por várias gerações e cuja infausta canga, sobre elas ainda pesa de forma esmagadora.



De facto, a II República teve graves responsabilidades quanto ao desfecho do infeliz episódio. A culpa não se deve á política em si, mas à forma em que por vezes esta se reveste e que como é confirmada no vetusto mas bem realista dizer dos círculos diplomáticos, fazê-la através da opção do empunhar de armas. No caso da Índia Portuguesa, os militares tiveram chouriços em vez de granadas e paus de vassouras como sucedâneos de metralhadoras.



Erro de Salazar.
http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1836679.html




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#33 Mensagem por P44 » Ter Dez 20, 2011 7:47 pm

FoxTroop escreveu: o célebre "caso dos chouriços"........

para quem não saiba:
As tropas portuguesas tinham armas do tempo da Primeira Grande Guerra – e com munições em tão mau estado que era frequente as balas não dispararem. Um episódio caricato pôs a nu as vulnerabilidades da defesa: Semanas antes da invasão, chegou ao porto de Mormugão, em Goa, uma encomenda de ‘chouriços’, palavra que na gíria militar designava as munições de artilharia. Mas afinal a encomenda de Lisboa era mesmo chouriços para o Natal das tropas.
http://www.cmjornal.xl.pt/detalhe/notic ... s-da-india




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#34 Mensagem por gaia » Ter Dez 20, 2011 8:40 pm

FoxTroop escreveu:
gaia escreveu: Nunca esquecer , que Portugal teve sempre uma grande tradição militar , foi um império militar , e poucas guerras perdeu, por isso foi último europeu.

O exército português , com a adesão á NATO , teve na década de 50, grandes reformas , e investimentos .

Só no fim dos anos 50, estava a preparar-se para uma guerra colonial , e os diversos militares portugueses , estiveram nos EUA, Argélia , etc .
Estudaram logística, e diversas guerras semelhantes , que iriam deparar em 60.
Quando começa a guerra colonial , poucos meses depois , os militares já tem manuais de combate , sobre equipamento inimigo, etc. Algo que os americanos só tiveram no meio da guerra do Vietname.
Um sistema de informações fabuloso, uma logística fantástica , a utilização muito inteligente dos helicópteros,em que os militares americanos não sabiam utilizar no Vitename .
Uma guerra em três frentes , e foi primeiro exército do mundo ,treinado para uma guerra de contra-subversão.
A situação na Guiné era complicada , devido às características do terreno, e com fronteiras muito próximas , e por vezes obrigava a fazer surtidas nos territórios vizinhos.
Em Angola , a partir de 1968, houve uma reviravolta na guerra , a estratégia do melhor general português do século XX http://www.operacional.pt/in-memorium-g ... rodrigues/ , em 1974 , a guerra estava ganha no território crucial da politica estratégica portuguesa .
Em Moçambique , a situação iria ter o desenvolvimento semelhante que teve em Angola .

Portugal perde a guerra na secretaria com o 25A , a data mais humilhante da nossa história , mas não no terreno , nessa época os americanos estavam a sair de Saigão apressadamente , as colónias estavam a crescer a um ritmo económico muito acelerado .

Agora já sabem do que se passa nesses territórios .

Na Guiné , uma plataforma do narcotráfico , em que segundo me foi dito há dois anos , no antigo hospital de Bissau , muitas vezes nem tem electricidade ,e as operações são feitas à luz de lanternas .
Moçambique , teve uma guerra civil muito complicada , mas só agora esta recuperar lentamente , mas é um países mais pobres do mundo, em que tem a segunda maior barragem de África ,Cahora Bassa , construída pelos portugueses, na década de 60 e 70.
Angola , já sabem que uma pequena minoria vive uma vida de super luxo , e o resto da população na miséria , e todo o sistema produtivo, agrícola, que existia no tempo colonial , desapareceu. Tudo é importado , até o café, em que na década de 60, foi o segundo maior exportador mundial .

A China está a espoliar África , com o pragmatismo da sua politica , e fomentando a corrupção.

Muitos pessoas que conheço que trabalham em Angola e Moçambique , não tem qualquer problema com as suas populações , pelo contrário , e muitos mais velhos tem saudades do período colonial. Os que vivem actualmente da corrupção é que não tem saudades . :mrgreen:
Espantoso, espantoso, espantoso. Utilização inteligente dos helicópteros?!!! Onde?!!! Quando?!!! Sabias que boa parte dos mortos das NT foram devido a não haver evacuação porque, segundo o tal "maior do Sec XX" era preferível perder um homem a perder material e os helis , muito contra a vontade dos pilotos, muitas vezes não eram autorizados a ir buscar os feridos, especialmente a partir das 4 da tarde?!!! Ao contrário dos americanos, esses sim, utilizaram bem os helis e nunca tiveram, nem têm, problemas em empregar o material que for necessário para salvar um homem.

Logística fantástica?!!! Tirando os comandos de sector, mesmo em unidades em zonas relativamente calmas a fominha era muita. Muitas unidades era obrigadas a recorrer a caçadas para suprimir as necessidades de alimentação da tropa. Sabes ao menos do que falas?!!!!

Tirando Angola, onde a situação estava controlada, mais devido ao facto de os movimentos terroristas andarem ocupados a matar-se, que a lutar contra os portugueses e ter havido um excelente general que aproveitou de forma genial isso, na Guiné a situação era desesperada e Marcelo já tinha pedido apoio da US Navy ao Nixon, para tirar de lá a nossa malta em caso de colapso do nosso dispositivo militar e se tivesses lido e estudado um pouco o que o Spínola escreveu sobre o TO, não mandavas alavres desses. Em Moçambique a guerra estava a correr tão bem que em inícios de 72 estava confinada ao norte de Cabo Delgado e em inícios de 74 estava a chegar à Beira (muito por culpa de um verdadeiro incompetente que respondia pelo nome de Kaúlza de Arriaga). Pega lá num mapa, mede a distância de Mueda à Beira e vê lá o "avanço vitorioso" das NT :evil:

14 anos, 14 anos, foi o tempo que um pequeno Povo, de gigante coragem e coração sem fim, comprou com o sangue dos seus jovens, para que um regime caduco arranjasse uma solução politica. Solução essa que foi procurada pelos movimentos terroristas, com contrapartidas que garantiam benesses para Portugal e para os seus cidadãos entretanto radicados nos territórios ultramarinos. Tudo jogou ao lixo, os interesses de Portugal e os interesses e bem estar do Portugueses e o resultado é o que se sabe. :evil: :evil:
Existe um livro muito interessante do Doutor John P. Cann , especialista em guerra assimétrica , publicou o livro " Contra-Subversão em África", ena pag 152, diz o seguinte: " Ainda que o desejo por mais helicópteros estivesse sempre presente, o pequeno numero disponível forçava Portugal a utilizar os aparelhos de modo tão eficaz quanto possível. E na verdade , as operações de busca e destruição não teriam sido possível sem eles . No entanto quando existia uma grande quantidade de helicópteros, como aconteceu com os EUA no Vietname .Tais pressões levaram ao seu uso indevido e Sir Robert Thompson salientou esse
desperdício de meios."
"Haveria muito a dizer acerca das vantagens do helicópteros; contudo o seu emprego inteligente nem esteve em proporção directa com as suas disponibilidades. de facto, pode dizer-se precisamente o contrário, e este principio funcionou a favor de Portugal "

Logística : pag. 190 : " Portugal resolveu bem a equação logística, nunca permitindo que os guerrilheiros isolassem totalmente nem mesmo os pequenos postos . Esta capacidade requeria a aplicação de imaginação, de flexibilidade e de muito trabalho. "
Conheci muita gente que esteve na guerra colonial ,comandos , rangers, fuzos, e nunca me disseram que tivessem tido problemas de abastecimento .
Pode ter havido pontualmente uns problemas , mas não generalizar... As caçadas muitas vezes eram uma forma de divertimento, e muitos morreram devido a acidentes, destas brincadeiras , para passarem o tempo , o que era o mais comum, pontualmente pode terem feito por necessidade , mas foi raro.

No caso de Moçambique , a FRELIMO , estava a ter graves problemas de logística, na penetração a sul , e esse problema era fácil de resolver com tropas especiais , como foi feito , na frente leste em Angola .

A situação não estava desesperada na Guiné em 1974 , nem sei aonde foste buscar essa estória mirabolante da US Navy, Marcelino da Mata e o seu grupo no 24 Abril 1974 estava a fazer uma forte surtida , creio que no Senegal, como é que situação estava desesperada ? O problema grave é que F.A , estava com problemas com os misseis , e conheci um piloto , e estive com ele na semana passada , e disse-me uma vez que nunca teve medo dos misseis .




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#35 Mensagem por gaia » Ter Dez 20, 2011 8:46 pm

FoxTroop escreveu:
P44 escreveu:Voltando á questão da India, e pondo de lado as teorias delirantes dos saudosistas, o Costa Gomes, que foi ao território avaliar do estado das tropas portuguesas, afirmou que na India Portuguesa tanto fazia estarem 5000 soldados ou o Exército Português inteiro, se a India invadisse, numa questão de horas estava tudo acabado.
O equipamento dos 3500 soldados que lá estavam era anedótico, espingardas da I GM, algumas auto-metralhadoras e antiaéreas obsoletas para as quais não havia munições...avioes nem um e a Marinha tinha o velho aviso "Afonso de Albuquerque" e 2 lanchas de fiscalização, a "Vega" e a "Sirius".

Salazar, esse lunático, ordenou o suicidio das tropas portuguesas. Felizmente, o General Vassalo e Silva, governador do território, evitou não só o massacre como a destruição do território e seu património histórico , caso os indianos tivessem avançado para o bombardeamento.
Sim, os territórios não tinham possibilidade de defesa face ao poder que os indianos podiam colocar na arena. Por outro lado a linha de pensamento do "Botas" tinha lógica mas a execução foi desastrosa. Se é certo que não se podia fortificar e reforçar muito pois, perante os balanço de forças, a derrota de um contingente forte seria desastroso, nos vários planos, para Portugal e algo que seria muito bem explorado pela Índia, o tamanho e meios atribuídos às guarnições eram ridículos. E depois, situações como o célebre "caso dos chouriços"....... Os homens foram literalmente dados à morte a troco de nada, pois a Índia apresentaria, tal como apresentou, um facto consumado, apesar de todas as instâncias internacionais darem razão a Portugal.
Curiosamente Na WWII , em Singapura , os Ingleses tiveram a derrota mais humilhante da sua história , e Winston Churchill , fez o mesmo discurso e pedido aos soldados , que Salazar o fez neste caso de Goa !!!




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#36 Mensagem por gaia » Ter Dez 20, 2011 8:55 pm

FoxTroop escreveu:
P44 escreveu:Voltando á questão da India, e pondo de lado as teorias delirantes dos saudosistas, o Costa Gomes, que foi ao território avaliar do estado das tropas portuguesas, afirmou que na India Portuguesa tanto fazia estarem 5000 soldados ou o Exército Português inteiro, se a India invadisse, numa questão de horas estava tudo acabado.
O equipamento dos 3500 soldados que lá estavam era anedótico, espingardas da I GM, algumas auto-metralhadoras e antiaéreas obsoletas para as quais não havia munições...avioes nem um e a Marinha tinha o velho aviso "Afonso de Albuquerque" e 2 lanchas de fiscalização, a "Vega" e a "Sirius".

Salazar, esse lunático, ordenou o suicidio das tropas portuguesas. Felizmente, o General Vassalo e Silva, governador do território, evitou não só o massacre como a destruição do território e seu património histórico , caso os indianos tivessem avançado para o bombardeamento.
Sim, os territórios não tinham possibilidade de defesa face ao poder que os indianos podiam colocar na arena. Por outro lado a linha de pensamento do "Botas" tinha lógica mas a execução foi desastrosa. Se é certo que não se podia fortificar e reforçar muito pois, perante os balanço de forças, a derrota de um contingente forte seria desastroso, nos vários planos, para Portugal e algo que seria muito bem explorado pela Índia, o tamanho e meios atribuídos às guarnições eram ridículos. E depois, situações como o célebre "caso dos chouriços"....... Os homens foram literalmente dados à morte a troco de nada, pois a Índia apresentaria, tal como apresentou, um facto consumado, apesar de todas as instâncias internacionais darem razão a Portugal.
O M. Ultramar , fez um trabalho muito mais eficaz em DIU e DAMÂO , no fornecimento de material bélico, e os objectivos foram cumpridos .
A culpa não foi de Salazar, mas dos militares , e os Ingleses boicotaram o pedido de passagem de navios de guerra portugueses no canal de Suez , e segundo me contaram (?) recusaram a utilização de bases aéreas inglesas na zona para reabastecimento , para poderem se deslocar de Portugal a Goa . Portugal tinha na época a frota afecta à Nato e aviões , não esquecer. A sua utilização poderia ser boicotada ....

Segundo Saturnino Monteiro , se Portugal tivesse uma frota de submarinos em Moçambique , a situação seria completamente diferente , porque União Indiana, não tinha destroyers , para a luta anti-submarina .




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#37 Mensagem por tflash » Ter Dez 20, 2011 10:24 pm

Curiosamente Na WWII , em Singapura , os Ingleses tiveram a derrota mais humilhante da sua história , e Winston Churchill , fez o mesmo discurso e pedido aos soldados , que Salazar o fez neste caso de Goa !!!
Se o Salazar tivesse copiado os meios e não o discurso, Até poderia haver uma batalha de Deli.

Há um tópico que está bloqueado que abarca a época em causa. Se a moderação entender desbloqueá-lo, era boa ideia fundir os dois tópicos, na minha opinião, já que abrange todo o período da ditadura e o seu fim.




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#38 Mensagem por suntsé » Ter Dez 20, 2011 10:49 pm

P44 escreveu:Imagem

Domingo, 18 de Dezembro de 2011
Os nossos aliados americanos apoiaram a invasão indiana

Muito se tem escrito acerca dos acontecimentos daquele já distante Dezembro de 1961. Em Portugal, a discussão gira em torno dos militares revoltados pelo injusto tratamento dispensado pelo então regime vigente. Se por um lado lhes exigiram o obrigatório sacrifício que a escolha daquele serviço impõe, por outro, não lhes foram fornecidos os meios mínimos para uma defesa consistente, mesmo que simbólica.



A situação internacional era para os americanos péssima, dados os recentes acontecimentos em Cuba, a escalada da guerra no Sudeste asiático, a corrida ao armamento nuclear, a sempre presente chaga isarelo-árabe e os tumultos independentistas em África, muitos deles provocados pelos próprios EUA. Kennedy, proveniente de uma família de bastante discutível reputação e alianças que lhe daria o poder na Casa Branca, temia a China maoísta, não olhando a meios para agradar à "maior democracia do mundo", a Índia das castas e da segregação. O velho preconceito anti-colonial pautava toda a política externa americana, mesmo que a assunção dessa posição prejudicasse os próprios aliados dos EUA e a posição do Ocidente nos territórios extra-europeus, essenciais à segurança das rotas comerciais e à defesa militar. Quando nos anos 20 e 30 os EUA ainda possuíam as Filipinas como pouca disfarçada colónia arrebatada à Espanha, as administrações - nomeadamente a de Roosevelt - dedicavam-se a encontrar em África e na Ásia, possíveis líderes locais que fizessem passar os territórios coloniais para a esfera de interesses norte-americanos e disso mesmo o próprio Churchill se aperceberia durante as conversações tripartidas que durante a II Guerra Mundial, manteria com o presidente americano e o ditador Estaline.



Os americanos sabiam que a Índia preparava o ataque ao Estado Português da Índia e apoiaram-no sem sofismas. Constava que Salazar e Mao negociavam secretamente, no sentido de tornar impossível esse avanço sobre as possessões portuguesas, aproveitando Lisboa a conhecida realpolitik política chinesa da presença sem o directo exercício da soberania, aliás manifesta em Macau. A ser verdade este persistente rumor, a instalação dos chineses em Goa teria repercussões muito vastas, especialmente nos territórios portugueses de África, onde mais tarde, a China tornar-se-ia conhecida por exercer um grande esforço no fornecimento de armas aos inimigos de Portugal. Como teria tal política ter sido possível no caso de um acordo "entre cavalheiros" de Lisboa com Pequim? A hipótese dessas negociações carecem da confirmação que só os arquivos diplomáticos poderão um dia relevar, mas a posição norte-americana foi sempre hostil a Portugal e disso não existe a mais pequena dúvida, até porque logo no início de 1961 e em Angola, a UPA iniciara a guerra com um devastador ataque às populações negras e brancas da Província Ultramarina, UPA esta criada, municiada e financiada por entidades apertadamente ligadas ao governo de Washington.



A Salazar restavam-lhe várias opções:



1. Desistir e imitando os franceses, entregar o Estado da Índia a Nova Deli, atitude impensável dada a vontade da população local e mais importante para o regime, a própria posição integracionista que o governo fazia escutar na ONU.



2. Promover um referendo em todo o Estado da Índia, solução aliás sugerida por um importante sector dos círculos mais influentes de Goa. Talvez fosse a opção mais curial e mais temida por Nehru, mas criaria um precedente que poderia ser reivindicado como solução primeira para o alienar do património ultramarino. Isso o regime jamais aceitaria, pois Portugal nem sequer possuía as necessárias instituições - após a morte de Carmona, uma hipótese ignominiosamente sabotada por Marcelo Caetano - que no caso britânico, conduziriam ao fortalecimento da Commonwealth.



3. "Há quem pense, erradamente, que os actos inúteis devem ser evitados. Errado, o acto inútil pode assumir transcendente significado."



A opção militar era a mais previsível, dado o Direito Internacional e a doutrina oficial da II República. Neste caso, os militares deveriam ter sido dotados de equipamento e de unidades capazes para uma defesa, mesmo que o termo "simbólica" significasse uns tantos dias de resistência, capazes de inflingir graves perdas aos atacantes e criar um terrível problema político a uma teoricamente "pacífica" Índia, que além de cultivar um estado latente de guerra com o Paquistão - tácitamente aliado dos portugueses - poucas semanas depois, era completamente derrotada pelos chineses no breve conflito nos altos dos Himalaias.

A posição de Lisboa foi precisamente oposta, exaurindo os arsenais e os quartéis de equipamento e homens capazes para tal missão de um sacrifício quase suicida. Munições caducas, nem um único tanque, poucas bocas de fogo, nenhum material anti-aéreo e anti-carro, péssimas transmissões, quase nenhumas armas automáticas - a Mauser era a regra na infantaria local - e nem uma única unidade naval moderna. O glorioso Afonso de Albuquerque estava só, tinha um quarto de século e jamais havia sido modernizado para um combate contra unidades modernas. A Armada possuía alguns meios muito mais eficientes e que inutilmente fundeavam na Metrópole ou em Moçambique. Nada se fez para essa almejada resistência "à Estalinegrado" e surgiria mais tarde, o escusado argumento da certeza do ataque indiscriminado dos indianos ás zonas civis, bombardeando e massacrando a população. Mas não era isso mesmo que Lisboa deveria esperar, provocando uma rápida reacção política por parte da opinião pública mundial? Não contou Portugal - mercê dos incansáveis esforços de Franco Nogueira e do MNE - com o voto favorável na ONU, condenado Nehru e a Índia?



O tratamento que mais tarde seria dado aos militares repatriados, careceu de qualquer tipo de tino político, pois em vez de o regime os fazer desfilar com todas as honras Avenida da Liberdade abaixo - culminando as honrarias com aquela que se tornaria na sacramental cerimónia no Terreiro do Paço -, tratou-os de uma forma tal, que despoletaria os profundos ressentimentos que chegam até aos nossos dias. Consistiu esta atitude num erro crasso, até porque o terrorismo em Angola e a política assumida da defesa do Ultramar, exigia, pelo contrário, a máxima atenção às Forças Armadas, especialmente naquilo a que para elas é mais relevante: a manutenção da honra e o seu reconhecimento como o essencial braço armado da nação.



O ataque a Goa, Damão e Diu, poderá ser visto como um esquecido episódio da Guerra Fria, não hesitando os EUA em sacrificar um aliado incómodo e com o qual mantinham acrimoniosas relações, dados os interesses de certos sectores lobistas financeiros, económicos e políticos norte-americanos. A política de Washington era definitivamente a mesma que Roosevelt prosseguira nos anos trinta, procurando substituir as antigas potências coloniais e criando os seus próprios potentados locais, sendo o caso Mobutu, apenas o exemplo mais flagrante. Embora numa realidade completamente diferente, factos idênticos ocorreriam quando da invasão indonésia a Timor Oriental - com o beneplácito da administração Ford-Kissinger - num momento em que as Forças Armadas Portuguesas eram pasto de convulsões intestinas que as desprestigiaram por várias gerações e cuja infausta canga, sobre elas ainda pesa de forma esmagadora.



De facto, a II República teve graves responsabilidades quanto ao desfecho do infeliz episódio. A culpa não se deve á política em si, mas à forma em que por vezes esta se reveste e que como é confirmada no vetusto mas bem realista dizer dos círculos diplomáticos, fazê-la através da opção do empunhar de armas. No caso da Índia Portuguesa, os militares tiveram chouriços em vez de granadas e paus de vassouras como sucedâneos de metralhadoras.



Erro de Salazar.
http://estadosentido.blogs.sapo.pt/1836679.html
Este texto é uma das milhares provas cabais de como os EUA é um país escroto digno de despreso. Os EUA aprenderam muito bem a lição com a pátria mãe Inglaterra de como dar punhaladas nas costas dos aliados.

E ainda tem gente que fica babando ovo por este pais despresível e repugnante.




Editado pela última vez por suntsé em Ter Dez 20, 2011 11:20 pm, em um total de 1 vez.
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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#39 Mensagem por soultrain » Ter Dez 20, 2011 11:14 pm

O que alguns querem esconder é o episódio mais vergonhoso da nossa história militar após a Batalha de Alcácer-Quibir.

Ambos foram protagonizados por políticos do pior que tivemos na nossa história o mais antigo país da Europa.

Recusar-se a negociar prisioneiros, bravos soldados que lutaram com equipamento decrepito e sem munições (propositadamente) não tem nome de tão vil e escroto. Ficaram prisioneiros dos Indianos por 5 meses, porque o Salazar não os queria em Portugal e tudo fez quando chegaram para serem proscritos e não contaminarem os companheiros de armas.

Só seres execráveis e sem alma podem defender estes tipos. E só quem é ignorante e mal intencionado, finge que algumas coisas não existiram, que eram maravilhas tipo telenovela da Globo:

Havia movimentos independentistas, sendo o pai do movimento Tristão de Bragança Cunha. Um dos episódios que levou a índia a invadir e o apoio de vários países e a perca de apoios a Salazar foram os disparos em 24 Novembro de 1961 contra o the Sabarmati, um Navio de passageiros erradamente confundido com um navio militar.

O então capitão Carlos de Azeredo estacionado com o exército em Goa, declarou: "Ao contrário do que é dito, a guerra de guerrilha mais evoluída que as nossas Forças Armadas encontraram foi em Goa. eu sei o que estou a afirmar, porque eu também combati em Angola e na Guiné. Só em 1961 até Dezembro, cerca de 80 policias foram mortos"





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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#40 Mensagem por gaia » Qua Dez 21, 2011 7:12 am

O então capitão Carlos de Azeredo estacionado com o exército em Goa, declarou: "Ao contrário do que é dito, a guerra de guerrilha mais evoluída que as nossas Forças Armadas encontraram foi em Goa. eu sei o que estou a afirmar, porque eu também combati em Angola e na Guiné. Só em 1961 até Dezembro, cerca de 80 policias foram mortos"[/quote]

Não é o que rezam as crónicas , houve diversas tentativas pela parte da União Indiana , para destabilizar ,através de grupos a invadirem as fronteiras , mas todos esses movimentos foram controlados pela policia local portuguesa, , que era goesa , mas todos fracassaram , e por esse motivo resolveram utilizar a força , e invadir o território.




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#41 Mensagem por gaia » Qua Dez 21, 2011 7:51 am

tflash escreveu:
Curiosamente Na WWII , em Singapura , os Ingleses tiveram a derrota mais humilhante da sua história , e Winston Churchill , fez o mesmo discurso e pedido aos soldados , que Salazar o fez neste caso de Goa !!!
Se o Salazar tivesse copiado os meios e não o discurso, Até poderia haver uma batalha de Deli.

Há um tópico que está bloqueado que abarca a época em causa. Se a moderação entender desbloqueá-lo, era boa ideia fundir os dois tópicos, na minha opinião, já que abrange todo o período da ditadura e o seu fim.
Acho que Salazar foi mais inteligente que o seu homólogo Inglês da WWII, não confiou na competência dos militares , e na capacidade de defesa do território, e foi retirado progressivamente muito material , para Angola e Moçambique .
A campanha da Malásia , e posteriormente a conquista de Singapura , mostrou a completa falta de competência, do exercito Inglês , face um inimigo com uma estratégia muito inovadora e coerente face ao terreno.
Não esquecer que foi o carniceiro de Gallipoli .
O problema principal problema na época , é que em Damão e Diu , que estava sob a tutela do M. Ultramar , cumpriu na integra os planos de defesa , e resistiram até não terem munições , o que não aconteceu em Goa , em que os próprios militares destruíam o próprio equipamento , isso pode ser visto num documentário, e incomodou ,e muito o governo e a população em Portugal , que ficou indignada .
Actualmente é que se tenta dar uma imagem que a opinião pública da época estava contra Salazar e a sua estratégia politica colonial, o que não é verdade .
O problema principal com o major Fernando Vasconcelos , responsável pela defesa de Diu , foi com dois telegramas posteriores , que incomodaram e muito Salazar.

Podem ler no livro "O fim do estado português na Índia" de Francisco Cabral Couto, na pag 52 , a U . Soviética e os EUA deram, luz verde a Nehru .




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#42 Mensagem por P44 » Qua Dez 21, 2011 10:07 am

Salazar tinha impedido o reforço do contigente português para “não provocar a União Indiana”, e nas semanas precedentes ao eclodir do conflito, chegou até a retirar forças de Goa, transferindo-as para Angola, onde surgiam então os primeiros sinais de uma longa guerra de insurreição. Assim, parece paradoxal que após o começo dos combates tenha ordenado ao governador Vassalo e Silva que combatesse até ao último homem e que não se esquecesse dos portugueses que no passado tinham morrido pela presença portuguesa na Índia. O paradoxo contudo desaparece se compreendermos que o mesmo motivo que levou a Índia à invasão (o começo da insurreição em Angola) foi aquele que levou Salazar à “ordem suicida”: o seu destinatário era muito mais o exército português e os insurretos angolanos que a União Indiana, como admitiria mais tarde o General Spinola: “O exemplo da Índia é um precedente bem vivo do porvir que receamos. Nunca se acreditou que sucedesse o que, afinal, era inevitável; no entanto, a tragédia deu-se, e logo foi desviada a atenção da Nação para o campo circunstancial da conduta militar, acusando-se as Forças Armadas de não se terem batido heroicamente quando, na realidade, qualquer que fosse a eficácia da defesa, o colapso seria sempre questão de dias.” O regime passava assim a mensagem de que nunca recuaria na questão das Colónias e que esperava que o Exército o acompanhasse nessa teimosia, não hesitando em recorrer ao argumento da “traição” se tal fosse necessário.
http://movv.org/2009/09/03/a-invasao-do ... u-de-1961/




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#43 Mensagem por tflash » Sex Dez 23, 2011 12:49 pm

Tenho andado sem tempo mas a Índia tornou-se independente em 47 e a invasão do estado português da Índia foi em 61.

Pergunto eu, 11 anos não chegam para preparar uma defesa do território que, pelo menos, obrigasse o possível invasor a pensar duas vezes?

No fim da 2ª guerra mundial não faltaria material razoável que, se calhar, até seria vendido ao quilo, nomeadamente, meios de defesa anti-aéreos?




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#44 Mensagem por P44 » Sex Dez 23, 2011 1:34 pm

Pelo que tenho lido a opinião nos meios militares da altura era que a India Portuguesa era indefensável, perante o poderio do vizinho indiano.

Salazar preferiu apostar na teimosia e em tentar provar que Nehru não era nenhum pacifista. Existiam já negociações a nivel diplomático para se tentar encontrar um via pacífica mas como sempre o "botas" pensava que tinha o direito divino do lado dele, tal como em África.




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Re: 1961-2011: 50 anos da queda da Índia Portuguesa

#45 Mensagem por tflash » Sex Dez 23, 2011 2:06 pm

E tínhamos direitos, mais até do que em África. Digo eu que se tivéssemos capacidade e vontade de lhes afundar o porta aviões e criar baixas pesadas, a invasão poderia ter sido mais ponderada.

O Afonso de Albuquerque ainda avariou uma fragata, numa luta desproporcional. Se tivéssemos meios decentes, a história poderia ter sido outra ou nem teria havido invasão nenhuma.




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