Esse assunto do MUSAL é controverso e extrapola em muito a questão puramente de localização.
Muitos dos problemas alegados contra a atual localização são muito mais fáceis de serem resolvidos do que mudar o museu de lugar.
Thor escreveu:Eu acho que deveria ser em um lugar de destaque, para virar atração mesmo.
Walterciclone escreveu:Mas são justamente os Brigadeiros da reserva que resistem a mudança de local. Na época do brigadeiro batista foi tentada uma mudança para um terreno à disposição da aeronáutica na barra da Tijuca, e foi uma gritaria só.
Não concordo com a mudança para a Barra da Tijuca ou para qualquer outro lugar do Rio de Janeiro. Boa parte das razões foram muito bem explicadas pelo Operti e pelo Roberto Dias. Mas há outras.
Para começar, um museu é, antes de tudo, um equipamento cultural da cidade. Se analisarmos o mapa cultural da cidade do Rio de Janeiro, veremos que a Zona Sul, com 1,5 milhão de habitantes, possui cerca de 480 equipamentos. Enquanto as Zonas Norte e Oeste juntas, com 4,5 milhões de habitantes, possuem apenas 74 equipamentos culturais. Portanto, que bom que o MUSAL está na Zona Oeste.
E se engana quem pensa que a visitação é pequena. Ela é formada na grande parte por excursões escolares, assim como grande parte dos demais museus da cidade.
A Zona Sul do Rio não tem terrenos disponíveis para um empreendimento desse porte. Portanto, a transferência do MUSAL só poderia ser feita para a Barra da Tijuca ou para alguma região próxima ao Galeão (BAGL/Aeroporto Tom Jobim). No caso do Galeão, não me parece haver muitos terrenos disponíveis neste local. Além disso, quem reclama de ir até a região de Sulacap/Deodoro também enfrenta dificuldades de chegar ao aeroporto internacional. Saindo da Zona Sul é tão ruim ou pior ir até o Galeão. É por isso que o aeroporto é subutilizado, sendo preterido pelo Santos Dumont. Para quem sai da Barra, não é muito diferente, embora seja possível pegar duas linhas expressas em sequência (Amarela e Vermelha).
Em termos de violência, cruzar a Linha Vermelha, que passa por lugares como Complexo da Maré é muito pior do que passar por bairros tranquilos como são Freguesia, Praça Seca, Campinho e Vila Valqueire.
A Barra é o atual eixo de crescimento da cidade. Não é por acaso que a maior parte dos equipamentos a serem construídos para as Olimpíadas de 2016 seja lá. É um bairro de classe média/alta, sem morros, sem favelas por perto. Em termos de localização, é um excelente lugar. Mas onde construir um Museu Aeroespacial? No Aeroporto de Jacarepaguá não dá. Vale lembrar que, ainda que desse, recentemente foi vetada qualquer hipótese de extensão da pista que tem somente 900m. Em outro local, não teria sequer uma pista de pouso, o que tornaria difícil a realização de eventos como shows aéreos, tão tradicionais no MUSAL. Todo o acervo, atual e as futuras novas aeronaves, deveria obrigatoriamente ser transportado por via terrestre. Fico imaginando o dia que o MUSAL na Barra tivesse que receber um C-130 após substituição pelos KC-390. Seria bacana de ver o transporte por carretas de partes da fuselagem do avião desde o Galeão, Afonsos ou Santa Cruz para lá...
Walterciclone escreveu:O Problema Sky é que (até onde sei) uma boa parte do campo dos Afonsos é tombado. Acredito que justamente os hangares...
Não sei se os hangares são tombados, mas isso está longe de ser um problema. O tombamento de uma construção não é uma amarra. Apenas as fachadas precisam ser preservadas. É possível fazer obras internas, como já foram feitas recentemente, inclusive. É possível construir novos hangares também. Há brechas inclusive para se fazer estruturas que não sejam de alvenaria, que recebam o status de "provisória" e sejam feitas de materiais como vidro e alumínio/aço, permitindo projetos arquitetônicos que sejam ao mesmo tempo arrojados, conferindo um ar de modernidade, e harmônicos com o restante de espaço.
joao fernando escreveu:Vou falar por mim: tenho maior vontade de conhecer o museu. Mas pra chegar lá, tenho que cruzar uma região em quase guerra civil.
O museu tem que ser em lugar visivel, nada de enfurnar lá nos cafundós. E de preferencia, perto de um aeroporto, com facilidade de chegada.
Talvez ai, tivessemos uma forma de criar o sentimento de preservação.
Movimentação de gente do pais inteiro, com acesso facil.
Qual é a região em "quase guerra civil" que você tem que cruzar?
Perto ou longe, depende do referencial. Para o turista que chega do aeroporto, ter o museu por lá é a melhor coisa. Mas e para as crianças das escolas da região?
Se for assim, podíamos mudar o Museu Nacional da Quinta da Boa Vista para perto do aeroporto também. Está numa região excelente e mesmo assim até poucos anos estava literalmente caindo aos pedaços. Sorte que foi recentemente reformado, pelo menos a fachada, não sei como está por dentro. Reforma por reforma, o MUSAL foi reformado não tem nem 2 anos.
Quem quer mesmo visitar o MUSAL, visita. Quem realmente gosta de aviação já visitou. Se ele estivesse em outro local, poderia até facilitar o visitante de oportunidade, mas não creio que isso significaria grande coisa no "sentimento" de preservar ou não.
Estamos falando de Brasil, que trata o tema com descaso. Basta ver a situação da maior parte dos museus públicos.
cb_lima escreveu:É lindo e bonito saber que lá estão memórias da FAB de quem serviu lá etc etc?
Claro que sim... excelente... mas qual parte do museu faz referência explicita a tal passado, mostrando desde a pista de onde decolaram gerações de aviadores até dormitórios antigos etc?
O que existe por lá é um acervo muito grande de documentos e aeronaves em um solo sagrado para a FAB.
Ora, qual a função de um museu? Preservar a história. Para a aviação brasileira, tem local que precise ser mais preservado do que onde tudo começou? Os Afonsos não são apenas o berço da FAB. São o berço da aviação militar brasileira, lá pela década de 1910/1920.
O MUSAL tem referências a história dos Afonsos sim. Além disso, se tem um lugar que pode ter o que você falou de dormitórios antigos, etc, é lá.
Com a desativação das unidades aéreas da base, o local tem condições de ser tornar um imenso museu a céu aberto. Nenhuma outra área da cidade tem isso. Então, é como eu falei, estão sendo apontados problemas muito mais fáceis de resolver do que construir um novo museu em outro lugar por uma questão meramente de localização.
É preciso entender que o Rio de Janeiro é muito mais do que Zona Sul e Barra. A dificuldade que o carioca da Zona Oeste/Norte tem de chegar à Zona Sul é a mesma do contrário. Por que essa região carente de equipamentos culturais precisa perder mais um? Por causa de uma suposta facilidade do cara com grana da Vieira Souto poder visitar o museu?
Que a Prefeitura melhore os acessos, sinalize melhor, inclua o MUSAL no roteiro oficial de turismo na cidade. Vai ajudar muito mais o Rio de Janeiro do que transferir de lugar. Os Afonsos são parte da história brasileira, mas também e principalmente carioca. Preservar essa história é mais importante do que colocar o museu em um local de "fácil acesso" para o turista de fora da cidade.
cb_lima escreveu:Bom, do ponto de vista prático gerações de cariocas não vão aquele lugar porque é longe e é violento. E daí não temos público para o museu, não temos $$$$ e fica dificil se comover com aquilo que não se vê.
Violento?! Onde?! Mais violento do que cruzar a Maré pela Linha Vermelha até chegar ao aeroporto? Mais violento que cruzar a "faixa de Gaza" pela Linha Amarela até chegar à Barra?
Longe do que? Os moradores das Zonas Norte e Oeste não são cariocas?
cb_lima escreveu:Sendo assim, querem preservar algo por lá? Ótimo que se preserve, mas temos que criar maneiras de mostrar as gerações atuais essa FAB que todo mundo fala e não muita gente tem acesso.
Nessas horas é que acho que deveria ter uma parte do museu em uma localidade mais a mostra e de melhor acesso a população.
Afinal de que adianta museu que só quem viveu lá se lembra e quem vai é porque mora nas redondezas?
Cadê o propósito de educar gerações e ao mesmo tempo fazer propaganda sobre a FAB e as nossas Forças Armadas?
Não há maneira melhor do que no MUSAL. Melhorando todos os pontos negativos, você ajuda a preservar a história e no desenvolvimento da região. E aí, se o cara não estiver disposto a ir, é porque ele não tem interesse real em conhecer. A distância do morador da Barra ir para o MUSAL é a mesma do morador da região do MUSAL ir para a Barra.
E tem mais. Para contextualizar para quem é de fora, o MUSAL fica localizado no Campo dos Afonsos, Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Exatamente do lado fica o bairro de Deodoro, onde existe a Vila Militar, um dos locais de prova das Olimpíadas de 2016, e que vai receber grandes investimentos em infra-estrutura. Em termos de transporte, está prevista uma linha de BRT que vai da Barra até o Aeroporto, e passa muito próxima ao MUSAL. Uma das estações será a do Campinho. Descendo nela, você está na Av. Intendente Magalhães. É a reta da Base. Basta pegar um ônibus comum ou um taxi pra chegar lá em 5 minutos. Isso sem falar que, com a reorganização das linhas por causa do BRT, e para acesso aos locais de prova em Deodoro, provavelmente terá uma linha que deixe a pessoa exatamente na porta de entrada da base.