Não sei se dá para afirmar que a União Européia é comercialmente mais fechada que os EUA. Na agricultura com certeza, mas em outras é difícil afirmar isso, levando em conta que o comércio intra-europa é praticamente livre. Porém a maior abertura ao comércio internacional não significa industrialização, pois as defesas a indústria nacional podem levar a ineficiências que geram reduzem o bem estar de toda a sociedade, ceifando o florescimento de novos setores e a absorção de novos produtos e tecnologias que elevam a produtividade e competitividade. O que é realmente importe relevante é uma política industrial que dê suporte a industrial nacional para sobrevir a competição internacional ou, no mínimo, fazer setores crescerem em importância substituindo as indústria que morreram.LeandroGCard escreveu:A Europa sempre foi bem mais fechada que os EUA com relação ao comércio internacional, e se por um lado isto a levou a uma taxa de crescimento médio inferior na última década, ajudou a preservar sua capacidade produtiva, principalmente industrial. Já os EUA aproveitaram a disponibilidade de produtos baratos feitos na China para conter a inflação que seria causada pelo crescimento do consumo de sua população acima da sua própria capacidade de produção (crescimento este alimentado pelo crédito e pela especulação financeira, e não pelo aumento da renda), e o resultado é que sua capacidade industrial está realmente muito mais combalida que a européia.
Em relação a abertura comercial dos EUA em relação ao resto do mundo, especialmente aos países do sudeste asiático, falar que isso evita a inflação não dá para afirmar. Por que explicar da onde sai a inflação é uma coisa muito complicada, não só ligada ao setor produtivo, mas a própria formatação do mercado financeiro e sua inserção no mercado internacional. A abertura comercial figura para os norte-americanos como forma de elevar o seu bem estar utilizando sua capacidade financeira e poder do dólar. É uma estratégia ruim? Não pareceu nos últimos 20 anos quando conseguiram manter altos níveis de emprego, crescimento econômico e equilibrar as contas do Estado na gestão Clinton. Ao mesmo tempo, pela ação do livre mercado, as indústrias de média e baixa tecnologia sucumbiram, mas o setor de serviços e alta tecnologia bombaram. Como também, as patentes e tecnologia norte-americana estão em toda a parte e nunca se produziu tanto, as multinacionais norte-americanas se expandiando.
Pequena em relação a que? Supondo que é pequena. Esse tipo de indústria nada mais é que a nata da nata da indústria nacional, quem domina esse tipo de tecnologia está com uma vantagem absurda em relação a qualquer competidor e gera receitas enormes pela sua produção e exportação.Não é facil percebermos isto porque quando pensamos em produtos industriais americanos o que nos vem à mente são aqueles que desejamos comprar aqui, como aviões, equipamentos tecnologicamente avançados, brinquedos altamente sofisticados, etc..., mas temos que lembrar que este tipo de produto representa uma fatia bastante pequena do total da industria do país. O "grosso" da produção é de ítens mais prosaicos, como vestuário, eletrodomésticos, automóveis do dia-à-dia (não os super-esportivos, onde de qualquer forma os europeus são dominantes), "inutilidades domésticas", etc..., e nestas áreas os produtos chineses e de outros países asiáticos inundaram o mercado americano mais até que o brasileiro, colocando a produção local em cheque.
Perder a indústria de produtos prosaicos é insignificante se domina a nata da indústria. Em relação ao emprego diz muito pouca coisa, pois o que emprega mesmo hoje em dia é o setor de serviços. Em relação ao setores de alta tecnologia e outros serviços empregam a nata dos cérebros do país.
Não vai reagir com a paudurecência que muitos pensam por que não é competitiva e, boa parte da estrutura produtiva, o chão de fabrica, está localizado fora do país e espalhado pelo mundo. Ainda considerando que muitas empresas só administra a marca, faz o desing e contrata terceiros para produzir seguindo certos padrões de qualidade. Para a pauta de exportação norte-americana baseada em bens de grande tecnologia agregada e serviços, o dólar não influência tanto.A queda do dólar deveria ajudar a reverter a situação, tornando os produtos americanos novamente competitivos, mas como o cambio chinês é controlado pelo governo e fixo com relação ao dólar, quanto mais o dólar cair mais os chineses aumentarão sua competitividade no mercado americano em detrimento dos demais países que possuem moedas flutuantes, mas sem que a indústria americana possa reagir. A tendência, pelo menos no curto prazo é que o impacto negativo dos produtos chineses sobre a economia americana continue, ou mesmo se acentue.
A desvalorização do dólar está muito mais ligada a desconfiança em relação a economia norte-americana e sustentabilidade do dólar no mercado nacional em relação ao seu padrão monetário base. O que envolve a capacidade do país em liderar e conduzir o sistema financeiro a seu favor.
Os produtos chineses são bons para o modelo de desenvolvimento (isso mesmo) adotado pelos norte-americanos. Pois beneficia a sociedade e as empresas norte-americanas. Como também, para o modelo adota pela China e outros países do sudeste asiático. É uma relação complementar que ambos ganham.
Todo o acordo comercial visa ganhos mútuos. Os envolvidos podem discutir e brigar, mas no fim o Acordo só sai se ambos se beneficiarem. Ninguém é ingênuo em acreditar no livre comércio, principalmente os EUA. Qualquer acordo que os norte-americanos fazem para liberalizar o comércio tem a ver com um beneficio liquido que trazem.Com esta perspectiva não consigo ver os EUA por muito mais tempo como o principal foco de convergência da geopolítica internacional, e acho mais provável a tendência para a multipolaridade, onde os EUA seriam um ator importante mas não mais o dominante. O conceito americano de "comércio internacional o mais livre possível" está acabando com a economia dos países que o seguiram, inclusive a americana, e não deve durar muito mais tempo. O conceito europeu e asiático de livre-comércio com restrições (eu vendo livremente, mas para comprar já tenho restrições) deve se tornar a prática mais comum daqui para a frente. Isto vai obviamente reduzir o fluxo de comércio mundial, provavelmente reduzir a taxa global de crescimento e tornar um pouco mais difícil a vida nos países que não tenham muita auto-suficiência, mas também vai limitar os estragos que a integração comercial sem a correspondente integração jurídica e social vinham causando. Não deverá ser uma era de guerras protecionistas, mas sim uma em que os acordos comerciais não visarão mais apenas a liberalização máxima do fluxo de comércio, e sim serão pensados com muito mais cuidado, de forma a maximizar seus efeitos positivos e minimizar os negativos, dadas as peculiaridades de cada país envolvido. Um tipo de negociação ao qual os americanos e seus seguidores não estão acostumados.
Se bem que os norte-americanos eram extremamente protecionistas até a Segunda Guerra Mundial. Começaram a mudar a sua posição a partir do fim da Guerra, pois se beneficiavam do comércio mais livre, apesar das resistências internas. Isso vai ser extrapolado a partir da década de 1980 e consolidada na década de 1990, em que ocorre uma liberazação mais acentuada.