A Revolta da Chibata

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Marino
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Re: A Revolta da Chibata

#31 Mensagem por Marino » Ter Mar 30, 2010 9:37 am

A moda pegou.
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HERÓI INJUSTIÇADO :shock: :shock: :shock:

A família de João Cândido, líder da Revolta da Chibata, quer os mesmos direitos que os perseguidos pela ditadura militar

Francisco Alves Filho

Nos livros de história do Brasil, o marinheiro João Cândido aparece como o herói da Revolta da Chibata. Corajoso, ele liderou em 1910 o motim no qual dois mil marinheiros negros obrigaram a Marinha a extinguir punições desumanas contra os soldados, como ofensas, comida estragada e chicotadas. Os revoltosos conseguiram seu objetivo, mas foram expulsos dos quadros militares ou presos e mortos. Só recentemente João Cândido saiu da condição de personagem esquecido da historiografia oficial para o papel de protagonista. Em 2008, uma lei finalmente concedeu anistia póstuma a ele e a outros marinheiros. A reparação, porém, foi incompleta. No ano do centenário da Revolta da Chibata, João Cândido e os outros revoltosos continuam sem as devidas promoções e seus familiares sem receber indenização – como aconteceu com os que resistiram à ditadura militar, por exemplo. Os prejuízos com a expulsão da Marinha não foram compensados. “Sinto como se meu pai ainda fosse um renegado e não um herói”, diz Adalberto Cândido, o Candinho, 71 anos, filho de João Cândido. As comemorações pelos 100 anos da Revolta da Chibata não o animam. “Homenagens são bonitas, mas não enchem barriga”, desabafa Candinho.

Para negar indenização aos anistiados, há dois anos, o governo alegou que, se todos os descendentes recebessem, haveria um rombo no orçamento. O tempo derrubou o álibi: apenas dois grupos de parentes pediram anistia. A verdade é que, por trás do argumento, estava também a resistência da Marinha. Agora, a família de João Cândido torna a reivindicar seus direitos. Por causa da exclusão da Marinha, ele não pôde mais conseguir emprego formal. Mudou-se para São João de Meriti, o mais pobre dos municípios da Baixada Fluminense, onde parte de sua família vive até hoje. Por décadas, sustentou a mulher e os sete filhos com o que ganhava como pescador. Uma imagem nada condizente com o personagem épico que o jornal “O Paiz” descreveu como “o árbitro de uma Nação de 20 milhões de almas”. O filho recorda-se das dificuldades: “Usávamos tamancos em vez de sapatos, vestíamos roupas velhas, não tínhamos eletricidade”, relata. João Cândido morreu na miséria em 1969, em Meriti.

A Lei nº 11.756/2008, de autoria da senadora Marina Silva (PV), previa a anistia com indenização, que acabou vetada no texto assinado pelo presidente Lula. Na época, os familiares de João Cândido aceitaram a argumentação de que o custo para os cofres públicos seria muito alto. Até agora, no entanto, apenas duas solicitações foram feitas. “Muitos já morreram e outros nem sabem que seus ascendentes participaram da revolta”, explica o historiador Marco Morel. Ele é neto de Edmar Morel, autor do livro “Revolta da Chibata”, primeira obra sobre o tema, relançada recentemente. “Mesmo com esse risco, o governo poderia estabelecer um teto”, diz o historiador. “Se aqueles que lutaram contra a ditadura de 64 e seus parentes, muitos de classe média alta, receberam reparações em dinheiro, por que não os familiares dos marujos da Revolta da Chibata, quase todos pobres?” questiona Morel.

Procurado por ISTOÉ, o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos, disse que sua pasta apoiou a anistia. “A reivindicação por parte da família é um direito democrático”, admite o ministro. “O compromisso do governo é estabelecer formas de reparação que façam justiça à luta de João Cândido.” Santos não diz, no entanto, se tomará alguma providência prática em favor da indenização.Um dos principais responsáveis pela popularização de João Cândido foi o compositor Aldir Blanc, autor da letra do samba “O Mestre-Sala dos Mares”, em parceria com João Bosco. Lançada na década de 70, em plena ditadura, a música contava a história da Revolta da Chibata e por isso Aldir foi convocado ao Departamento de Censura. “Tive que mudar o título, que originalmente era ‘O Almirante Negro’, para burlar o censor”, recorda-se.



Tratamento desumano

A Revolta da Chibata se desenrolou entre 22 e 27 de novembro de 1910, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, então capital federal. Revoltados com as agressões sofridas por parte dos oficiais e com a comida estragada servida nos navios, marinheiros do Encouraçado Minas Gerais se amotinaram. Tomaram o controle da embarcação e ameaçaram acionar os canhões contra a cidade se os maus-tratos não fossem cancelados – objetivo que foi alcançado. O presidente da época, Marechal Hermes da Fonseca, aceitou anistiar os revoltosos, mas voltou atrás. Muitos foram expulsos da Marinha, alguns presos e outros acabaram mortos.

A Marinha tornou público seu ressentimento contra João Cândido em 2008, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva inaugurou uma estátua em homenagem a ele, na Praça XV. Na ocasião, oficiais reclamaram e só se acalmaram quando conseguiram a garantia de que o monumento não ficaria de frente para a Escola Naval, situada ali perto. A estátua está voltada para o mar. Diante de tal rejeição, o filho do Almirante Negro se mostra cansado de brigar. “Se agora, no centenário da Revolta, não liberarem a indenização e a promoção dele, eu desisto de brigar”, diz Candinho.

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De novo, deixo o link sobre a posição da MB:
http://www.mar.mil.br/diversos/Joao_Can ... andido.htm




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Re: A Revolta da Chibata

#32 Mensagem por suntsé » Ter Mar 30, 2010 10:18 am

Paisano escreveu:Encouraçado Minas Gerais em 1910:
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é uma pena sumiram as imagens :(




Loki
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Re: A Revolta da Chibata

#33 Mensagem por Loki » Ter Mar 30, 2010 11:28 am

É muito complexo a análise de um fato histórico, portanto inserido num contexto que não mais se reproduz.

Fica muito mais complicado e foge da realidade quando comparado com o contexto atual, pois fatores de importância da época não se reproduzem mais ou pior tem valores inversos hoje.

Portanto qualquer julgamento não terá a relativa proporção e coerência necessária.

Exemplifico, o alistamento militar da época era compulsório, quem fosse pego em delitos menores tinha a opção de servir ou ir para a cadeia.
E as mentes de maior projeção intelectual da época discutiam a ciência mais avançada de então, a Eugenia, inclusive um dos defensores desta nova ciência no Brasil foi Monteiro Lobato.

Com esses dois exemplos tento mostra o quão diferente era o pensamento e a realidade de então, não dá pra julgar o certo e o errado com os olhos atuais, o mesmo vale para daqui a 100 anos, muito de nossos conceitos atuais perderão a importância ou terão inversões de valores.

Não sei se consegui ser claro. Para a época o João candido foi um amotinado e não heroi. Esses amotinados mataram marinheiros e oficiais a sangue frio, não vejo porque a Marinha deva considerá-lo como heroi.

No máximo um visionário, se é que realmente ele foi o lider da rebelião, coisa que duvido muito.

Pronto, agora podem me trucidar!

:mrgreen: :mrgreen:




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Re: A Revolta da Chibata

#34 Mensagem por Marino » Ter Mar 30, 2010 11:29 am

Loki escreveu:É muito complexo a análise de um fato histórico, portanto inserido num contexto que não mais se reproduz.

Fica muito mais complicado e foge da realidade quando comparado com o contexto atual, pois fatores de importância da época não se reproduzem mais ou pior tem valores inversos hoje.

Portanto qualquer julgamento não terá a relativa proporção e coerência necessária.

Exemplifico, o alistamento militar da época era compulsório, quem fosse pego em delitos menores tinha a opção de servir ou ir para a cadeia.
E as mentes de maior projeção intelectual da época discutiam a ciência mais avançada de então, a Eugenia, inclusive um dos defensores desta nova ciência no Brasil foi Monteiro Lobato.

Com esses dois exemplos tento mostra o quão diferente era o pensamento e a realidade de então, não dá pra julgar o certo e o errado com os olhos atuais, o mesmo vale para daqui a 100 anos, muito de nossos conceitos atuais perderão a importância ou terão inversões de valores.

Não sei se consegui ser claro. Para a época o João candido foi um amotinado e não heroi. Esses amotinados mataram marinheiros e oficiais a sangue frio, não vejo porque a Marinha deva considerá-lo como heroi.

No máximo um visionário, se é que realmente ele foi o lider da rebelião, coisa que duvido muito.

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Re: A Revolta da Chibata

#35 Mensagem por suntsé » Ter Mar 30, 2010 11:32 am

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Re: A Revolta da Chibata

#36 Mensagem por suntsé » Ter Mar 30, 2010 11:33 am

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Re: A Revolta da Chibata

#37 Mensagem por WalterGaudério » Qua Mar 31, 2010 11:11 am

suntsé escreveu:Imagem
Belíssima imagem. havia uma dessa no camarote do Comandante do A-11 mingão, lá pelos idos de 86.




Só há 2 tipos de navios: os submarinos e os alvos...

Armam-se homens com as melhores armas.
Armam-se Submarinos com os melhores homens.


Os sábios PENSAM
Os Inteligentes COPIAM
Os Idiotas PLANTAM e os
Os Imbecis FINANCIAM...
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Re: A Revolta da Chibata

#38 Mensagem por Ilya Ehrenburg » Qui Abr 01, 2010 3:33 pm

A Revolta da Chibata.
Ponderações breves por: Ilya Ehrenburg (membro do Fórum DB).

Deu-se que o Brasil encomendou à Inglaterra, uma moderna e poderosa frota. Os encouraçados constantes do plano, Minas Gerais e São Paulo, eram os mais poderosos do Globo, encomendados que foram, antes dos exemplares da Real Marinha. Até a chegada dos encouraçados argentinos, adquiridos em resposta, foram os mais poderosos do Hemisfério Sul.

Pois, para equipar tais exemplares da modernidade do início do século XX, homens recrutados a todo jeito e até mesmo, contra a vontade, e ordenados à força bruta, com o uso de recursos draconianos, como a chibata! Somam-se a isto, os oficiais atenciosos apenas à própria vaidade, e de exemplar arrogância, com a intrínseca miopia de espírito. São estes, os agentes históricos.

O quadro existente nas belonaves, de impoluto aço, era a da brutalidade de antanho: viveres estragados e de péssima qualidade, somado aos afamados e deploráveis castigos corporais. Deu-se o inevitável: uma revolta, que tomou a nova esquadra.

O espanto da sociedade letrada foi total. Afinal, como podiam aqueles, que até a pouco eram escravos, tomarem as mais belas figuras do horizonte marinho da República? Pois, aconteceu. E maior foi o espanto, quando a sociedade soube que os motivos eram comezinhos, antes afeitos à cozinha, do que a ante-sala...

Da revolta em si, é preciso levar em conta um dado histórico, no que tange a figura de João Cândido: não era um líder na acepção da palavra, pois, não teve como conter os atos de barbárie que se deram no Minas Gerais, onde estava à testa, como líder amotinado. Nas demais belonaves, estes atos homicidas não aconteceram. A fraqueza da liderança de João Candido vem à mente, quando frente às suas palavras de que a barbárie se deu contra sua vontade: mas... Não era ele o líder?

Mas, que não nos enganemos, pois em matéria de barbárie, nossa gloriosa marinha não quis ficar para trás: tempos depois, rompendo com anistia prometida, nossa marinha, coadjuvada por todo o governo de então, enclausurou os lideres amotinados em um cárcere lúgubre, onde os banhou com água fria e cal; evaporada a água, sobreveio o sufocamento provocado pela cal. João Candido sobreviveu, mas as vozes dos demais, que agonizavam, não saiam da sua mente, provocando surtos de desespero psicótico, estes contidos, ou melhor, presos, nos manicômios de então.

Esta é a nossa história, este é o nosso país, e João Cândido, nosso herói inglório: um homem simples que estava vivenciando o seu próprio momento.
Nada mais.




Editado pela última vez por Ilya Ehrenburg em Qui Abr 01, 2010 3:38 pm, em um total de 1 vez.
Não se tem razão quando se diz que o tempo cura tudo: de repente, as velhas dores tornam-se lancinantes e só morrem com o homem.
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Re: A Revolta da Chibata

#39 Mensagem por Túlio » Qui Abr 01, 2010 3:36 pm

Se é para atirar ouro para cima, que tale a gente lembrar dos nossos Lanceiros Negros? Aquilo que fizeram a eles é que foi uma safadeza, podiam ter sido os Gurkhas do Brasil mas... 8-]




“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

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Re: A Revolta da Chibata

#40 Mensagem por Ilya Ehrenburg » Qui Abr 01, 2010 3:37 pm

Duplicado...




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Re: A Revolta da Chibata

#41 Mensagem por Ilya Ehrenburg » Qui Abr 01, 2010 3:41 pm

Túlio escreveu:Se é para atirar ouro para cima, que tale a gente lembrar dos nossos Lanceiros Negros? Aquilo que fizeram a eles é que foi uma safadeza, podiam ter sido os Gurkhas do Brasil mas... 8-]
Diga-me caro Sr. Moderador, que episódio é este sobre os "Lanceiros Negros"?
Revelo que desconheço tal episódio, que em muito atiça a minha curiosidade.




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Re: A Revolta da Chibata

#42 Mensagem por Marino » Qui Abr 01, 2010 3:45 pm





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Re: A Revolta da Chibata

#43 Mensagem por Ilya Ehrenburg » Qui Abr 01, 2010 4:04 pm

Agradeço pela fonte, Marino.
Vou ler com atenção.
:wink:




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Re: A Revolta da Chibata

#44 Mensagem por Jorge Freire » Sáb Abr 03, 2010 12:43 pm

Guerra escreveu:
Túlio escreveu:OFICIAIS de segunda, queres dizer...?

Poisse os praças amotinados não manobraram a Esquadra com maestria, inclusive arrancando elogios de gente tradicional em Marinha?
Claro, esse era o trabalho deles. Mas o fato que nessa epoca o padrão era baixo, e eu até arrisco dizer que a marinha era até melhor que o EB. Porque a marinha era a ligação do pais com o mundo, já o EB...bom, o EB era o EB e nada mais. No EB tinha coronel que era semi analfabeto
As escolas militares daquele tempo, Praia Vermelha, Porto Alegre e Fortaleza, formavam oficiais de Engenharia e Artilharia, as chamadas armas científicas. Os oficiais das outras armas vinham da tropa.
Minha avó dizia que era fácil reconhecer a casa de um oficial de cavalaria. Todas tinham uma espada pendurada na parede e um papagaio falando palavrões na janela.




Não se queixe, não se explique, não se desculpe. Aja ou saia. Faça ou vá embora.
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Re: A Revolta da Chibata

#45 Mensagem por Paisano » Sex Mai 07, 2010 8:07 pm





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