Página 3 de 87
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Seg Mai 19, 2008 9:01 am
por Tigershark
Folha de São Paulo
Assunto: Brasil
Título: 1e Exército vê idéia de ministro com ressalvas
Data: 19/05/2008
Crédito: Claudio Dantas Sequeira, da reportagem local
Claudio Dantas Sequeira, da reportagem local
O Exército vê com ressalvas a proposta do futuro ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de usar as Forças Armadas na defesa dos parques nacionais e das reservas indígenas e extrativistas da Amazônia. Para Minc, os militares poderiam suprir a carência de fiscais na região amazônica.
"Em termos conceituais a idéia pode ser interessante, mas é preciso ver como será aplicada", disse à Folha o general Adhemar da Costa Machado Filho, chefe da assessoria de imprensa do gabinete do Exército. Segundo Machado Filho, um patrulhamento regular e ostensivo requer "repasse de mais verbas" e "a concessão de poder de polícia".
"Pode não ser tão fácil assim, mas vamos esperar a diretriz do Ministério da Defesa", afirmou. Desde 2001, as Forças Armadas podem ser usadas pontualmente para as chamadas ações de garantia da lei e da ordem no país.
O decreto 3.897 fixou as diretrizes para o emprego das Forças Armadas em caráter emergencial. O texto prevê que qualquer ação militar de policiamento ostensivo, preventivo ou repressivo será sempre "temporalmente limitada e territorialmente especificada".
No caso da Amazônia, ações conjuntas entre militares e outros órgãos do governo são cada vez mais freqüentes. "Já fazemos esse tipo de ação, quando há um pedido do Ibama ou da Polícia Federal, por exemplo", explicou à Folha o comandante do CMA (Comando Militar da Amazônia), general Augusto Heleno.
No início de abril, Exército e Ibama atuaram juntos na desocupação de um garimpo no rio Puruí, afluente do Japurá, no Amazonas. Foram apreendidas oito dragas.
As declarações de Minc se ajustam à diretriz do governo Lula para a Amazônia. O Ministério da Defesa apresentará em agosto um novo plano para a região.
Dados recentes de desmatamento e o conflito pela demarcação da reserva Raposa/Serra do Sol, em Roraima, reacenderam o debate sobre a presença militar na Amazônia.
Em palestra no mês passado, Heleno disse que há um "vazio de poder" na região. Hoje, o Exército tem 24 mil homens em 124 organizações militares, entre brigadas, batalhões e pelotões de fronteira. O contingente deve chegar a 27 mil militares até o final do ano.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Mai 20, 2008 1:03 am
por Paisano
Não há índio ianomâmi*
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br
Em abril de 91, o príncipe Charles, da Inglaterra, aquele que trocou a deusa Diana pela bruxa Camila, promoveu, a bordo do iate real inglês Brittania, ancorado no rio Amazonas, um seminário de dois dias.
Estavam lá David Triper, ministro do Meio Ambiente da Inglaterra, William Reilly, diretor da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Carlo Ripa di Meana, coordenador do Meio Ambiente da Comunidade Européia, Robert Horton, presidente da Britsh Petroleum, e o ministro brasileiro José Lutzenberger, do Meio Ambiente (governo Collor).
No dia 15 de novembro de 91, o ministro da Justiça, Jarbas Passarinho, assinou a portaria 580, criando a Reserva Indígena dos Ianomâmis: uma área contínua de 91 mil quilômetros quadrados, na fronteira de Roraima e do Amazonas com a Venezuela.
Príncipe Charles
No começo de 2000, quando a população de Roraima se insurgiu contra a criação, em área continua, da Reserva Indígena Raposa-Serra do Sol, o príncipe Charles, aquele que trocou a divina Diana pelo fantasma Camila, visitou a Guiana, onde participou da inauguração da "reserva ambiental" de Iwokrama, com 400 mil hectares, na região do rio Rupunini.
O secretario do Ministério de Relações Exteriores inglês, Paulo Taylor, e o secretário da embaixada britânica no Brasil, John Pearson, estiveram em Roraima "para conhecer de perto a realidade indígena".
Em 15 de abril último, o governo Lula assinou a criação, em terras contínuas, da Reserva Indígena Raposa-Serra do Sol: 1,75 milhão de hectares, cuja constitucionalidade o Supremo Tribunal está julgando.
Agora, o mesmo Charles, o príncipe cego, convidou governadores e parlamentares da Amazônia para uma "segunda rodada sobre a Amazônia" em Londres. O que eles querem? Fincar uma estaca inglesa na Amazônia.
Curt Nimuendajú
Do embaixador Adriano Benayon, recebo estudo sobre a gula externa pela Amazônia, com uma pesquisa do professor Mario Drumond:
1 - "Consultei o `Mapa Etno-Histórico de Curt Nimuendajú' (IBGE/MEC - edição de 1981), considerado exaustivo como estudo científico das tribos, etnias, migrações e populações índigenas no Brasil, e verifico que não se registra nele nenhuma tribo chamada "ianomami", nem com I nem com Y, e nem com qualquer tipo de semelhança nominal ou ortográfica. Significa, portanto, que não existe e nunca existiu tal tribo".
2 - "Os estudos e pesquisas do naturalista e etnólogo alemão Curt Unkel (que adotou o nome indígena de Curt Nimuendajú), realizados no Brasil ao longo de 40 anos (1905 e 1945) de ininterruptos trabalhos de campo, relacionam nominalmente, mapeiam (inclusive as migrações e perambulações) e comprovam cientificamente a existência de mais de 1.400 tribos indígenas de diferentes etnias em todo o território brasileiro, com enfase na Amazônia e países fronteiriços a oeste e norte do Brasil. É considerado o mais importante e minucioso estudo jamais realizado em qualquer parte do mundo sobre as populações indígenas amazônicas".
A farsa
3 - "A `nação indígena inomami' é uma patifaria, uma ficção histórico-indígena que vem se criando e desenrolando em conivência com interesses apátridas e antinacionais. Não existem índios inanomamis. Os que estão na `reserva' foram levados por ONGs controladas e financiadas por entidades estrangeiras, com a ajuda da FunaiI, a partir dos anos 70".
4 - "Tudo isso está documentado no livro `A farsa ianomâmi', do coronel Carlos Alberto Menna Barreto, em trabalhos do coronel Gelio Fregapani e em artigo do almirante Gama e Silva: `Ianomâmi? Quem?'".
A ameaça
Para que a perda de nossos territórios se torne também "de direito", basta que nações mandem os índios, que já controlam através de ONGs, entidades religiosas, etc., proclamarem-se "cidadãos de países independentes" atraves da "independência" de países inventados, apoiados externamente.
Fantasia? Leiam a "Declaração dos Direitos dos Povos Indígenas", aprovada dias atrás pela ONU, inclusive com o voto do Brasil. É da maior gravidade, sobretudo se o Congresso aprovar e incorporar à Constituição, conforme o art. 5º, parágrafo 3º, da emenda nº 45, de 2004:
"Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos, que forem aprovados, em cada casa do Congresso, em dois turnos, por 3/5 dos votos, serão equivalentes às emendas constitucionais".
Autonomia e governos
A "Declaração" tem 46 artigos, que o País não discutiu. Por exemplo:
Art. 4: "Os povos indígenas, no exercício de seu direito de livre determinação, têm direito à autonomia (sic) ou ao autogoverno (sic)... a reforçar suas instituições políticas, jurídicas, econômicas, sociais, culturais".
Art. 9: "Os povos indígenas têm direito a pertencer a uma comunidade ou nação (sic) indígena".
Art. 26: "Os povos indígenas têm direito às terras, territórios e recursos que tradicionalmente tenham possuído, ocupado ou utilizado".
Art. 30: "Não se desenvolverão atividades militares (sic) nas terras ou territórios dos povos indígenas, a menos que tenham solicitado".
Art. 36: "Os povos indígenas, sobretudo os separados por fronteiras internacionais (sic), têm direito de manter e desenvolver contatos, relações e cooperação com outros povos, através das fronteiras" (sic).
*Sebastião Nery
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Mai 20, 2008 8:47 am
por Tigershark
20/05/2008 - 08h24 - Atualizado em 20/05/2008 - 08h30
Governo não vai militarizar a Amazônia, garante Mangabeira
Do Valor OnLine
BRASÍLIA - O ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, negou no início da noite desta segunda-feira que o governo pretenda militarizar a Amazônia. Não temos nenhuma intenção de militarizar a Amazônia, mas queremos contar com a ajuda das Forças Armadas, que exercem um grande número de funções civis e estão intimamente comprometidas com a vida e com os problemas da população da região.
Responsável por coordenar, além do Plano Amazônia Sustentável (PAS), o Plano Estratégico de Defesa Nacional, Mangabeira afirma que a premissa de ambos os planos é a reafirmação inequívoca da soberania nacional. Quem cuida da Amazônia brasileira, a serviço de si próprio e de toda a humanidade, é o Brasil, afirmou o ministro.
Mangabeira defende que a região amazônica tem que ser ocupada com atividades sustentáveis. Ele entende que se a população amazônica não tiver oportunidades econômicas será impelida para ações desordenadas, que levarão ao desmatamento da floresta e à destruição do bioma. O ministro também sugere que o atual modelo de povoamento, com grandes espaços desocupados, representa um risco à proteção da região.
Temos consciência de que assim como o problema ambiental não pode ser equacionado sem estratégia de desenvolvimento, o problema da Defesa [Nacional] também não. Sem desenvolvimento não há estruturas produtivas e sociais organizadas. Uma vasta área sem estruturas produtivas e sociais organizadas é difícil de defender.
Mangabeira voltou a explicar as prioridades de sua pasta em relação à região amazônica. Precisamos nos unir para construir uma estratégia de desenvolvimento sustentável para as duas Amazônias, a sem floresta e a com floresta. A base comum dessas estratégias tem de ser a solução dos problemas fundiários, de titularidade da terra e um grande zoneamento ecológico e econômico.
No que classifica como a Amazônia sem floresta, ou seja, as áreas já degradadas, o ministro vê a oportunidade para o país desenvolver a região sem repetir os erros de nossa formação histórica. Temos a oportunidade de construir um novo tipo de produção, sobretudo por meio de uma agricultura democratizada e moderna, que associe o Estado aos produtores, sobretudo aos pequenos.
Já no que chama de Amazônia com floresta, Mangabeira defende a construção de um regime tributário e regulatório que faça a floresta em pé valer mais que derrubada. Segundo o ministro, isso exigirá tecnologia apropriada para o manejo da floresta tropical e a organização de serviços ambientais avançados. Para isso é preciso que pessoas muito qualificadas se disponham a morar e trabalhar fora das grandes cidades.
Mangabeira também aponta a urgência de novas formas de gestão florestal, a fim de que as concessões às grandes empresas não sejam a única forma de manejo, e o estímulo para as indústrias que produzam tecnologia apropriada para a região.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Mai 20, 2008 11:56 am
por jauro
Amazônia: nova campanha para internacionalização
Carlos Chagas
BRASÍLIA - A demissão da ministra Marina Silva reacendeu a disputa travada faz décadas ou até séculos pela soberania na Amazônia. Aproveitam-se os eternos abutres do Hemisfério Norte para voltar à velha cantilena de constituir-se a região em patrimônio da humanidade, devendo ser administrado por um poder internacional, sobreposto aos governos dos países amazônicos. Editorial do "New York Times', no fim de semana, funciona como uma espécie de toque de corneta capaz de arregimentar as variadas tropas de assalto.
Vinte anos atrás se incrementou a blitz institucionalizada por governos dos países ricos, de Al Gore, nos Estados Unidos, para quem o Brasil não detinha a soberania da floresta, a François Mitterrand, da França, Felipe Gonzales, da Espanha, Mikhail Gorbachev, da então União Soviética, Margaret Thatcher e John Major, da Inglaterra, entre outros.
Quando de sua primeira campanha, George W. Bush chegou a sugerir que os países com grandes dívidas externas viessem a saldá-las com florestas, coisa equivalente a perdoar os países do Norte da África e do Oriente Médio, que só têm desertos.
Naqueles idos a campanha beirava os limites entre o ridículo e o hilariante, porque para fazer a cabeça da infância e da juventude, preparando-as para integrar as forças invasoras, até o Batman, o Super-Homem, a Mulher Maravilha e outros cretinos fantasiados levavam suas aventuras à Amazônia, onde se tornavam defensores de índios e de cientistas lourinhos, combatendo fazendeiros e policiais brasileiras desenhados como se fossem bandidos mexicanos, de vastos bigodes e barrigas avantajadas.
Depois, nos anos noventa, a estratégia mudou. Deixou-se de falar, ainda que não de preparar, corpos de exército americanos especializados em guerra na selva. Preferiram mandar batalhões precursores formados por montes de ONGs com cientistas, religiosos e universitários empenhados em transformar tribos indígenas brasileiras em nações independentes, iniciativa que vem de vento em popa até hoje.
Devemos preparar-nos para uma nova etapa, estimulada pela renúncia de Marina Silva, que entra de gaiata na história, pois jamais defendeu a internacionalização da floresta.
Aliados à quinta-coluna brasileira composta por ingênuos e por malandros, são a impressão de não apenas recrudescer na tentativa de afastar o governo brasileiro da questão. Terá sido por mera coincidência que os Estados Unidos anunciaram, dias atrás, a criação da Quarta Esquadra de sua Marinha de Guerra, destinada a patrulhar o Atlântico Sul, reunindo até porta-aviões nucleares?
Do nosso lado, bem que fazemos o possível, aparentemente pouco. Não faz muito que uma comissão de coronéis do Exército Nacional, chefiados por dois generais, passaram meses no Vietnã, buscando receber lições de como um país pobre pode vencer a superpotência mais bem armada do planeta, quando a guerra se trava na floresta. Do general Andrada Serpa, no passado, ao ex-ministro Zenildo Lucena, aos generais Lessa, Santa Rosa e Cláudio Figueiredo, até o general Augusto Heleno e o coronel Gélio Fregapani, agora, a filosofia tem sido coerente.
Nossos guerreiros transformam-se em guerrilheiros. Poderão não sustentar por quinze minutos um conflito convencional, com toda a parafernália eletrônica do adversário concentrada nas cidades, mas estarão em condições de repetir a máxima do hoje venerando general Giap: "Entrar, eles entram, mas sair, só derrotados".
Em suma, pode vir coisa por aí, para a qual deveremos estar preparados, claro que não através da pueril sugestão do quase novo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, de transformar soldados em guarda-caças ou guardas florestais. Os povos da Amazônia rejeitaram, na década de setenta, colaborar com a guerrilha estabelecida em Xambioá, mas, desta vez, numa só voz, formarão o coro capaz de fornecer base para a ação militar nacional.
Para aqueles que julgam estes comentários meros devaneios paranóicos, é bom alertar: por muito menos transformaram o Afeganistão e o Iraque em campo de batalha, onde, aliás, estão longe de sair vitoriosos, apesar de enfrentarem o deserto e não a selva, mil vezes mais complicada...
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Mai 20, 2008 12:59 pm
por Tupi
Gosto muito da postura do Jornalista Carlos Chagas. Desde o tempo da Mnachete.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Ter Mai 20, 2008 8:11 pm
por Vinicius Pimenta
Também acho muito boa essa postura. Não o conheço a tanto tempo e nem concordo necessariamente com cada vírgula, mas é um Jornalista que me parece poder usar o J maiúsculo.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Qua Mai 21, 2008 12:26 pm
por Clermont
HUMANITARISMO MILITAR NÃO IRÁ AJUDAR A BIRMÂNIA.
Por Leon Hadar – 21 de maio de 2008 – Singapore Press Holdings Ltd.
Lendo as memórias dos colonizadores europeus que lideraram os esforços para estender o controle ocidental sobre partes da Ásia e África no século XIX, não se pode deixar de se ficar comovido pelo que pareciam ser genuínas convicções mantidas por aqueles diplomatas, soldados, negociantes e missionários, de que estavam ajudando a difundir a civilização entre povos atrasados do mundo, que deveriam estar agradecidos pela assistência e condução das potências paternalistas européias.
De acordo com esse mito da Carga do Homem Branco, devoção altruísta e não – Deus não permita! – interesses econômicos, militares ou políticos, estava por detrás do impulso imperialista da Grã-Bretanha e França rumo ao que é agora chamado de Terceiro Mundo.
Que indianos, chineses ou africanos pudessem resistir a essa exibição de boa-vontade manifestada por essas, supostamente altruístas potências exteriores, parecia refletir outro sinal de subdesenvolvimento intelectual demonstrado por “esses povos” e seus líderes ingratos e sequiosos por poder.
Pode-se ouvir ecos desse passado nos recentes pedidos de funcionários e entendidos americanos, franceses e britânicos, para que os líderes da Birmânia (Myanmar) sejam forçados a abrir suas fronteiras para as agências de ajuda ocidentais, como parte de um esforço para socorrer as vítimas do Ciclone Nargis, que devastou o país.
Ambos, o Secretário do Exterior britânico, David Miliband e o Ministro do Exterior francês, Bernard Kouchner, propuseram que o Conselho de Segurança das Nações Unidas devesse considerar a utilização e ação militar coletiva para levar ajuda ao país.
Ao mesmo tempo, colunistas em influentes jornais americanos e europeus tem argumentado que o modo mais eficiente para ajudar o povo sofredor da Birmânia é executando uma “mudança de regime” em Rangoon e substituindo a junta militar com forças de pacificação internacionais, engajadas em “construção de nações”.
Ambos, Mr. Miliband e Mr. Kouchner representam governos de esquerda ou centro e tem insistido que não estão tentando reviver antiquados imperialismos, apenas tentando levar à frente o que tem sido chamado “intervencionismo humanitarista”.
Esse princípio parece sugerir que governos democráticos tem o direito e a obrigação de intervirem nos assuntos de outros estados-nação, incluindo o desdobramento de poder militar, quando seus governos forem considerados – pelos governos democráticos e suas elites – como violadores dos direitos de seus próprios povos.
Você não precisa simpatizar com o cruel e paranóico regime que governa a Birmânia para questionar esse, de algum modo, revolucionário princípio, que vai contra a tradicional noção de soberania nacional que tem sido pivotal no moderno sistema internacional.
Na verdade, violar essa regra, em particular com a utilização de força militar, tem sido considerado como um ato de guerra. Que britânicos e franceses, no início do século XXI, de forma não diferente de seus estimados predecessores no século XIX, racionalizem tais ações, pintando à si mesmos como “benfeitores” que estão enfrentando os “malfeitores”, faz muito pouca diferença aqui.
Mas é um caminho escorregadio quando você começa a desafiar princípios comuns e violar regras aceitas que, para o bem ou para o mal, tem ajudado a assegurar uma frágil paz no sistema internacional.
Quem irá decidir o que é um governo “democrático” e como definir “abuso”? Por quê não deveria a comunidade internacional ter o direito e a obrigação de intervir na Arábia Saudita para ajudar a prover direitos políticos a mais da metade da população (mulheres) lá? E quanto aos direitos do povo cigano em partes da Europa? Ou as vítimas afro-americanas do furação Katrina na Louisiana ou as vítimas do racismo branco nas cidades do interior da América?
Os sauditas, os europeus e os americanos iriam considerar tais propostas como absurdas (e com razão) e certamente, questionar as intenções destes que as propõe?
Em muito da discussão sobre o papel das agências de socorro na Birmânia (ou em outras partes do mundo), raramente se ouve sobre a forma como muitas destas organização tem, gradualmente, sido transformadas em outros Grande Negócios, cujas motivações e políticas precisam ser discutidas.
E a noção de que europeus e americanos possam ter razões não-altruísticas para estabelecerem um pé-de-apoio na Birmânia, que acontece de estar localizada numa parte do mundo, estratégica e economicamente importante, é, com certeza, uma questão legítima para ser levantada, depois do fiasco militar americano no Iraque.
Os arquitetos da aventura iraquiana também advogavam a noção de que tudo que desejavam fazer na Mesopotâmia era libertar o Iraque de um cruel regime militar.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Qua Mai 21, 2008 1:40 pm
por Tigershark
21/05/2008 - 13h35
Governo não vê Amazônia como fronteira agrícola, diz Mangabeira
Ele participa de audiência na Câmara sobre o Programa Amazônia Sustentável.
Eduardo Bresciani
O ministro da Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, Magabeira Unger, afirmou nesta quarta-feira (21) que o governo Luiz Inácio Lula da Silva não concorda com a transformação da Amazônia em uma fronteira agrícola. Coordenador do Programa Amazônia Sustentável (PAS), ele afirma que a intenção é encontrar um equilíbrio entre a ecologia e o desenvolvimento econômico.
“O governo Lula não encara a floresta Amazônica como uma fronteira agrícola. A Amazônia é um tesouro natural a ser preservado pelo benefício do Brasil”, disse o ministro após participar de uma audiência sobre o PAS na Câmara dos Deputados.
A escolha de Mangabeira para coordenar o programa foi apontada como uma das razões que levaram Marina Silva a se demitir do cargo de ministra do Meio Ambiente. Ele afirmou que lamenta a saída da ex-ministra e elogiou o trabalho dela à frente do ministério.
Mangabeira afirmou que não teve oportunidade ainda de se encontrar com o futuro ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O coordenador do PAS não quis comentar a proposta do novo ministro de uma guarda nacional para áreas de preservação, que atuaria sobretudo na Amazônia. Afirmou apenas que a definição dos planos para a Amazônia é uma “obra coletiva”.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Qui Mai 22, 2008 12:43 am
por Paisano
Os "ianomâmis" e os "misquitos"*
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br
Tomás Borge, moreno, baixo, forte, atarracado, que conheci na Nicarágua, em julho de 79, como ministro do Interior, logo depois que os sandinistas puseram o ditador Somoza para correr, era o mais velho dos líderes da guerrilha e, na hora da vitória, o único sobrevivente dos 10 que fundaram a Frente Sandinista e subiram as montanhas em 1961.
Anos depois, na redação dos "Cadernos do Terceiro Mundo", aqui no Rio, o universal deputado do Maranhão Neiva Moreira contou ao jornalista José Augusto Ribeiro, outro batalhador incansável, que, numa reunião da Opaal, a organização dos partidos da América Latina, em São Domingos, capital da República Dominicana, onde Neiva representava o PDT, o Tomás Borge, que lá estava em nome da Frente Sandinista, lhe perguntou:
- Que grupo é esse, na fronteira norte do Brasil com a Venezuela, uns "iano e mais qualquer coisa", de que temos ouvido falar lá em Manágua?
- São os "ianomâmis", uns índios que apareceram agora por lá.
Tomás Borge
O experiente Tomás Borge puxou uma cadeira, falou com Neiva:
- Olha, vocês no Brasil tomem cuidado. Na Nicarágua, na luta contra Somoza, os índios "misquitos", que viviam numa das nossas fronteiras, creio que com Honduras, não apoiaram os sandinistas. Nós decidimos não hostilizá-los e até, no poder, pensamos em nos aproximarmos deles.
- E como é que as coisas se desenrolaram?
- Logo começaram a aparecer, na mídia hostil à Nicarágua sandinista, "informações" sobre o "genocídio dos misquitos" pelo novo governo ou com a nossa cumplicidade.
"Informações", é claro, acompanhadas de apelos em favor da criação e reconhecimento de uma nação independente dos "misquitos", destacada do território da Nicarágua e de território correspondente do outro lado da fronteira.
- Já apareceram coisas parecidas em certa imprensa internacional.
- Pois é. Se os "ianomâmis" estão situados dos dois lados da fronteira brasileira, preparem-se para a campanha internacional em favor da criação de um país independente para eles. Independente do Brasil, não dos grupos econômicos internacionais, que querem avançar sobre o riquíssimo subsolo dessa região, grupos aos quais algumas ou muitas ONGs servem de biombo.
Neiva Moreira
E Neiva Moreira disse a Zé Augusto Ribeiro que estava preocupado:
- Quando penso nisso, lembro-me das alegações de "imperialismo brasileiro" na questão do Acre, há pouco mais de 100 anos: se não ficasse com o Brasil, o Acre também não poderia ficar com a Bolívia, mas com uma empresa tentacular, o Bolivian Syndicate, controlada por interesses norte-americanos e europeus. Agora, deveríamos perguntar se aos "ianomâmis" não se aplica também a advertência do padre Antonio Vieira, ainda no Brasil Colônia:
"O que querem não é nosso bem, mas nossos bens".
*Sebastião Nery
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Qui Mai 22, 2008 6:30 pm
por Tupi
Interessante
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sex Mai 23, 2008 7:15 pm
por Marino
Começou.
Acho bom os políticos traidores da pátria abrirem o olho.
A denúncia do TNP seria uma boa medida preventiva.
Plataforma de Obama: Amazônia é "recurso global"
O senador Barack Obama, provável candidato do Partido Democrata à Casa Branca, propôs hoje uma "Nova Parceria para as Américas", em que pretende "restabelecer a liderança americana no hemisfério".
O papel dos Estados Unidos seria o de defender a "liberdade política", "a liberdade das necessidades" e a "liberdade do medo".
Sobre o Brasil, a plataforma do candidato inclui o seguinte texto:
"O caso do Brasil:
O Brasil é um exemplo do grande potencial das energias renováveis na América Latina, além dos riscos que devem ser evitados. O Brasil é o décimo consumidor mundial de energia. O poder hidrelétrico tem sido a fonte de energia do Brasil e cobre hoje 83% da demanda por eletricidade. O Brasil também é um dos maiores produtores de etanol do mundo. O etanol do Brasil vem da cana-de-açúcar, que prospera no clima tropical do país. Nos anos 70, ex-ditadores militares do Brasil decidiram subsidiar a produção de etanol e garantir a distribuição. Mais da metade de todos os automóveis do país são flex, significando que podem usar etanol ou gasolina. Toda gasolina do Brasil contém etanol.
A liderança do Brasil na área de renováveis não veio sem preocupações. A região da Amazônia, um importante recurso global na batalha contra o aquecimento do planeta, cobre quase 60% do Brasil. Perdeu 20% da floresta - 1,6 milhão de milhas quadradas - para o desenvolvimento, a exploração da madeira e a agricultura.
Enquanto o cultivo da cana não causou desflorestamento maciço da mesma forma que a soja, ambientalistas se preocupam que a crescente demanda poderia empurrar os produtores de cana para a Amazônia. Os produtores domésticos de etanol nos Estados Unidos se preocupam com razão com a competição do Brasil, que é o maior exportador de etanol do mundo.
Os Estados Unidos, no ano passado, se engajaram na Parceria de Biocombustíveis com o Brasil para ajudar os dois países a produzir biocombustíveis e procurar mercados globais para esses produtos. Esse acordo envolve parceria tecnológica entre Estados Unidos e Brasil, o avanço global do desenvolvimento de biocombustíveis e ajuda terceiros países para desenvolver suas próprias indústrias domésticas de biocombustíveis.
Barack Obama quer expandir a produção de energia renovável por toda a América Latina de forma a que ao mesmo tempo promova a auto-suficiência e a criação de mercados para os fabricantes americanos de energia verde e de biocombustíveis."
fonte: Terra
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Mai 24, 2008 1:49 pm
por ademir
“Amazônia não está à venda”
Para ministro Celso Amorim, ascensão do país suscita crítica
Denise Chrispim Marin escreve para “O Estado de SP”:
A “elite oligárquica” internacional está se opondo à ascensão do Brasil no cenário mundial. Os disparos contra a política brasileira para a proteção ambiental na Amazônia, a expansão da produção de biocombustíveis e as violações aos direitos humanos no País devem ser lidas como algumas dessas reações e também como “falsos problemas”.
Essa defesa foi feita ontem pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, à imprensa, ao final de uma exposição aos representantes brasileiros no Parlamento do Mercosul. Para ele, o País terá de se acostumar a receber ataques.
“Não quero dizer que haja uma teoria conspiratória. Mas há setores que se incomodam quando surge um país que pode mexer na ordem mundial, como o Brasil vai mexer, e positivamente. Isso incomoda estruturas acostumadas a um certo modo de dominação, que formam uma elite oligárquica nas relações internacionais”, disse ele.
E completou: “Há um jogo de poder no mundo, e o Brasil está emergindo. Há resistências, e vamos ter de nos acostumar com isso. Vamos ter problemas comerciais, com as questões de biocombustíveis, as questões da Amazônia e teremos de enfrentar questões relativas a padrões sociais e de direitos humanos.”
A posição de Amorim sobre esse jogo de poder reflete, em parte, o resultado da primeira reunião de chanceleres de países apontados como potências futuras - o chamado grupo BRIC, composto por Brasil, China, Índia e Rússia -, que se deu na cidade russa de Ekaterimburg no último dia 16. O evento foi considerado um sucesso pela cúpula do Itamaraty, que acredita no potencial do grupo de mudar a forma como o mundo hoje está organizado.
Isoladamente, cada um dos quatro países apresenta estofo para alterar tópicos da ordem mundial. Coordenados, serão uma nova força no jogo de poder internacional.
Abordado sobre os ataques às políticas brasileiras sobre os biocombustíveis e a defesa do meio ambiente, Amorim tomou emprestado conceitos que levou à organização do encontro de Ekaterimburg. Primeiro, defendeu que “o meio ambiente talvez seja o maior patrimônio brasileiro” e que, diferentemente dos países que devastaram suas áreas naturais, a natureza pode ser vista em qualquer lugar do Brasil.
Depois, lembrou que ninguém nunca questionou o uso que os Estados Unidos fazem de suas reservas petrolíferas no Texas, embora muitos queiram apontar limites para a exploração da Amazônia.
“A Amazônia não está à venda. Queremos preservar nossa soberania”, declarou. “Mas, ao mesmo tempo, o Brasil tem interesse em melhorar as condições de vida de seus trabalhadores, tanto dos que estão na Amazônia quanto dos que estão nos canaviais”, completou.
(O Estado de SP, 22/5)
Foi so eu, ou voces tambem ficaram com a impressão que o sr. ministro pareceu indeciso na frase em negrito? Não so queremos, como iremos defender nossa soberania, e iremos ate as ultimas consequencias se necessario for. O ministro perdeu uma otima oportunidade de deixar claro isto.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Mai 24, 2008 2:40 pm
por Lucasleck
Seção Radar da Veja desta semana :
• Brasil
Muita ONG para pouco índio
Nada menos que 57 ONGs constam na relação de "apoiadores e organizadores" do encontro no Pará em que o engenheiro da Eletrobrás Paulo Rezende foi atacado por índios e levou um golpe de facão no braço. As estimativas sobre o número de índios que participaram do evento vão de 200 a 1 000 silvícolas. Dá, portanto, uma média de uma ONG para cada três índios, no primeiro caso, ou de uma para cada dezessete índios, no segundo. É muito cacique para pouco índio.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Mai 24, 2008 5:41 pm
por Tigershark
É simples:revisem e controlem as atividades de todas elas.Com certeza muitas não terão como seguir adiante.
Re: Amazônia: Vulnerabilidade – Cobiça – Ameaça
Enviado: Sáb Mai 24, 2008 6:46 pm
por PRick
Tigershark escreveu:É simples:revisem e controlem as atividades de todas elas.Com certeza muitas não terão como seguir adiante.
Será necessário uma lei específica e algumas mudanças no Estatuto dos Estrangeiros.
[ ]´s