Ufa, não lia o DB desde ontem. Canseira, o tópico está muito, muito dinâmico.
Vamos lá:
A imprensa não é santa, mas é uma prostitua que se entrega alegremente ao amor mercenário. A alegria e o entusiasmo estão embutidos no preço, é a regra geral nas coberturas das guerras comerciais que afloraram no Brasil nos últimos anos.
Mas há um dissenso na grande imprensa.
A QuantoÉ foi a maior lobista na grande imprensa no FX-1, em prol da Dassault e Embraer. Nos últimos tempos, deixou aflorar, para mim, uma clara predileção pelo Gripen, o que me causou surpresa. O último texto colacionado aqui tem forte viés rafalista. Para mim, porém, um texto bem escrito e, mais importante, com ponderável base.
A Folha e a Veja coligaram-se, o que não causa surpresa. No Caso Satiagraha, na minha opinião ficou evidenciado um esquema de retroalimentação entre as duas mídias. Uma postava inicialmente, a outra repercutia. Vários os balões de ensaio, cruzados entre si. No final de 2.009, com a suspensão liminar da Satiagraha, ambos adotaram um low profile, talvez por coincidência.
A Folha sói ser mui mais dinâmica, até porque tem publicação diária, ao contrário da semanal Veja (e os seus reservoirs dogs (by blog do hermenauta) blogueiros têm se mantido bem discretos quanto ao tema). Mas observo uma inflexão na Folha, nos últimos dias.
Um parênteses, antes. A Cantanhêde, que escreve na página inicial, goza de prestígio interno. Mas seus textos são banais, mal escritos, chatos muitas vezes. Seu argumento principal para cobrir o FX se daria pela proximidade do Horatio Nélson. Meu principal foco está em dois outros integrantes da Folha. Um, o Igor Gielow, que quando correspondente na Mão Rússia, escrevia uns textos bastante interessantes. Na Folha, considero quem mais saiba do assunto, parece-me até ser um entusiasta. O outro, o Fernando Rodrigues, que recentemente entrou na pendenga.
Mas estava falando em um ponto de inflexão na fAlha. Os recentes textos destes últimos apontam de forma uníssona algo que me preocupa muito, desde o 07 de setembro: a hipótese tapetão. Esse canto de sereia está sendo adotado aqui e agora, cada vez mais. O Estado/governo federal não tem meios adequados, instrumental, competência para dirimir a matéria. Posterguemos então o FX para data vindoura, este o brevíssimo resumo.
Repito, este o pior cenário, aquele que temo ver encampado mais e mais pela Folha e Veja. Maus perdedores, adotarão a tática de terra arrasada para inviabilizar a hipótese Rafale.
Mas as coisas têm suas complexidades. Dois outros veículos da imprensa, que imaginava eu caminhar junto aos siameses veja e fAlha, aparentemente guiam-se por norte outro.
A Globo, como aventado aqui, adotou um low profile, deixando de lado a escandalização e busca fácil de factóides. A cobertura até que teria sido neutra. Não acompanhei no jornal da noite, tampouco nos programas de debate da globonews, mas parece-me que a tônica foi mantida.
Sobrou o Estadão, o bom e velho Estadão dos editoriais moralistas e udenistas. Paradoxalmente, seus repórteres aparentam uma maior isenção quanto à cobertura, não embarcando na tese do tapetão e sustentando que o Rafale será mesmo o escolhido, até pelos seus méritos.
Bem, esse é um breve apanhado, principalmente da participação da imprensa.
Mas volto a frisar: temo muito pela hipótese do tapetão ...
salu2.
"Em geral, as instituições políticas nascem empiricamente na Inglaterra, são sistematizadas na França, aplicadas pragmaticamente nos Estados Unidos e esculhambadas no Brasil"