FCarvalho escreveu:Mas a idéia é mesmo de uma corveta, apenas menor e mais barata, em tese, do que as CV-3, feita a partir da plataforma básica do NaPaOc.
Se tomarmos por base um valor de US$50-80 mi para este tipo de navio(NaPaOc), como foi apresentado por outro colega aqui, quanto custaria a mais adaptar os sistemas que citei? O quanto isso efetivamente aumentaria o valor do navio que compensasse mais investir em um navio do tamanho de uma fragata mas praticamente desarmado? E sem qualquer perspectiva crível de que os sistemas a acrescer estariam disponíveis na hora que se precisasse?
Vamos dizer que estes acréscimos imputem cerca de 50% a mais do valor total do navio. Mesmo assim ainda teríamos navios mais baratos do que a CV-3, na faixa de uns US$ 75-120 milhões. Horas, uma CV-3 completa, diz-se, não sai por menos de uns 250-300 milhões de dólares, senão mais. Sem os sistemas de combate que se pleiteia, iria diminuir quanto? 50% a menos do valor? Ainda assim ficariam em torno de 125-150 milhões de dólares. Para navios praticamente desarmados. O que é mais vantagem?
Creio que se pudéssemos fazer com que mais undes fosses compradas de uma única vez - como as 10 que citei - os cascos fossem construídos fora, o desconto conseguido neste fato poderia ajudar a financiar outros sistemas nacionais instalados aqui. Mesmo um estaleiro estrangeiro que oferecesse garantias financeiras e contratuais de entrega dos cascos em pouquíssimo tempo ainda que construídos aqui mesmo poderia ser uma alternativa palatável.
Enfim. Temos que levar em conta que a CV-3 só sai do papel quando e se houver dinheiro para isso. E neste caso, talvez só em 2018, ou além. O que torna a finalização do seu projeto uma grande incógnita. E mesmo aprovado, nada garante que a primeira unde sai tenha seu cronograma obedecido a risca. Então, o que temos na verdade é apenas uma promessa de um bom projeto, e nada mais.
O que propus é algo pragmático e viável do ponto de vista financeiro, desde que a MB consiga alguém que financie a empreitada. O que na verdade pode até ser conseguido com estaleiros estrangeiros para lá de interessados em instalar-se aqui. Chineses poderiam ser uma ótima opção se não fosse as contrariedades do pensamento militar brasileiro. Mas que dá para fazer, dá. Basta enxergar a realidade que nos afeta, e o futuro que esta se nos trás.
abs.
Seu raciocínio está errado amigo FCarvalho.
Uma corveta não custa 8 ou 10 vezes mais do que um NaPaOc por ser ligeiramente maior, mas por ser construída segundo outros parâmetros de projeto e ter previsão para diversas coisas bem diferentes, a começar pela própria tripulação. Veja por exemplo as Amazonas e Inhaúma, navios com a mesma tonelagem mas que levam respectivamente 80 e 162, mais do que o dobro na corveta, por conta de todos os equipamentos e sistemas que devem ser operados e mantidos por mais tempo. E a MB queria colocar 180 nas CV-3, só depois ao que parece reduziram para 160. Só isso já duplica a quantidade de acomodações, espaço para víveres, sistema de ar condicionado e etc... (as Amazonas até tem espaço para mais 40 pessoas, mas basicamente para translado, confinados a áreas mais restritas, com os recursos extras em caixas soltas).
Agora imagine somar a esta questão da tripulação a estrutura reforçada para suportar avarias graves, todos os recursos de combate a incêndios (bombas tubulações, mangueiras, sistemas de detecção de fogo e fumaça e etc...) de alta capacidade e com redundância, anteparas estanques reforçadas, blindagens ao redor dos paióis de munições (incluindo torpedos e mísseis), duplicação e triplicação dos sistemas de energia, comunicações e etc..., além é claro das facilidades de hidráulica, ar comprimido, água e energia que precisam estar preparadas para acionar os diversos equipamentos e sistemas militares que o navio pode um dia receber. E tudo isso tendo que ser incorporado ao navio durante o projeto e a construção, porque depois não é mais possível.
Talvez mais até do que os armamentos em si, é tudo isto que faz uma corveta custar muito mais caro do que um NaPaOc, independentemente da questão do tamanho ou da arquitetura. Se você tira tudo isso o navio depois nem pode mais receber e operar com um mínimo de segurança os sistemas militares que precisariam ser empregados em missões reais AS e de escolta que uma corveta precisa ser capaz de efetuar, e um NaPaOc não. Construir uma corveta sem as armas economizaria talvez 30 ou 40% do seu custo, mas um NaPaOc com a mesma preparação para atuar um dia como corveta vai custar bem mais que o dobro do valor de outro construído segundo o padrão "normal" (de emprego basicamente civil), e no final o custo será o mesmo, porque serão exatamente a mesma coisa.
Fazendo uma analogia, se você quiser entregar para a polícia um veículo que "em caso de necessidade possa ter transformado em uma VBTP militar" não basta entregar a ela um camburão comum e dizer que depois se precisar instala uma Remax. Vai precisar de um Guarani de qualquer jeito, no máximo retirando a Remax, os periscópios e sistemas de comunicação militares, os pneus a prova de bala e etc... . Mas ainda assim não vai ficar com algo na mesma faixa de custo do camburão.
Eu pessoalmente até acho que deveríamos sim adquirir nossos maiores NaPaOcs com previsão para receber alguns equipamentos militares, mais por conta do fato de que jamais teremos escoltas de verdade na quantidade suficiente e em caso de necessidade os NaPaOcs poderiam assumir algumas das tarefas mais simples no patrulhamento costeiro, mesmo que com maiores riscos. Mas isso não tem nada a ver com as corvetas, são assuntos completamente diferentes.
Leandro G. Card