Eletricidade para o Brasil

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Re: Eletricidade para o Brasil

#286 Mensagem por cabeça de martelo » Sex Jan 03, 2014 10:37 am

Quem pode faz assim:



No meu prédio nós temos painéis para aquecimento as águas e gás natural. Nos meses de Junho até Setembro por norma tenho sempre o esquentador a gás desligado. Representa uma boa poupança. :wink:




"Lá nos confins da Península Ibérica, existe um povo que não governa nem se deixa governar ”, Caio Júlio César, líder Militar Romano".

Portugal está morto e enterrado!!!

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Re: Eletricidade para o Brasil

#287 Mensagem por joao fernando » Sex Jan 03, 2014 11:00 am

Não compliquem

Uma bateria tem 10 amperes hora

Significa que ela fornece 10 amperes em 1 hora. 5 amperes em 2 horas, ou o que quiser. Basta dividir

Potencia: significa corrente multiplicado pela tensão

Uma lâmpada tem 100 watts. Qual o consumo dela por minuto?

100/60, ou 1,66 watt de consumo total. Mas 100 watts/hora se ficar ligada 1 hora completa

Sacaram? Tudo é com base na hora, sempre




Obrigado Lulinha por melar o Gripen-NG
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Re: Eletricidade para o Brasil

#288 Mensagem por motumbo » Sex Jan 03, 2014 11:19 am

O problema das baterias é algo que me deixa preocupado, pq sei que elas tem que ser constantemente trocadas, e como minha meta é mandar a Elektro para o quinto dos infernos, preciso pensar em algo que dure, e como estou no litoral, tenho o problema da maresia que simplesmente destroi qualquer circuito.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#289 Mensagem por Pedro Gilberto » Sex Jan 03, 2014 11:25 pm

bcorreia escreveu: Pedro,

O esperado para Belo Monte são 4,5GW de potência média, isso daria cerca de 39,5TWh em um ano como citado pelo colega mais acima. Essa usina citada não gera apenas 1GWh ao ano, se ela gerasse apenas isso, não haveria viabilidade nenhuma nesse projeto, para efeito de comparação, a espanhola PS10 que tem uma potência instalada de 11MW e fator capacidade de ~24% gera cerca 23GWh em um ano, e custa cerca de 1/20 do que esse essa torre por convecção térmica deverá custar.
Bcorreia,
2 erros meus: 1o sobre Belo Monte, realmente o valor de energia esperado para geração anual de energia é de 39,5 TWh como você escreveu. O link que passei também informa esse valor aproximado:
Com efeito, considerando que a Garantia Física de Belo Monte é de 4.571 MW médios, que correspondem a 40 TWh/ano, o custo anual para aquisição de energia de outras fontes são os da tabela abaixo
O valor médio de 26,5 TWh / ano que mencionei refere-se apenas à energia comercializada às distribuidores (ambiente regulado). A diferença será comercializada no mercado livre ou para autoprodução, notadamente a Vale.

2o erro foi ter comentado sobre a usina solar sem ter maiores informações. Assim pesquisei um pouco mais sobre o projeto da usina solar da EnviroMission. Pelo link http://www.gizmag.com/enviromission-sol ... ble/19287/, a informação que extrai para efeito de comparação é a seguinte:

Potência Instalada - 200 MW
Fator Capacidade - 60%
Custo - US$ 750 Milhões

Com essas dados, a geração de energia anual esperada por esse projeto é de 1,05 TWh, ou seja, seria necessário cerca de 37,6 deste tipo de usina para gerar a mesma quantia de energia esperada por Belo Monte. Entretanto o investimento para obter tal capacidade seria de 37,6 x 0,75 Bi = US$ 28,2 bilhões ou R$ 64,8 bilhões (US$ 1 - R$ 2,30) sendo mais que o triplo do investimento previsto na hidroelétrica (cerca de R$ 20 bilhões). Mesmo que conseguisse reduzir o custo da usina solar em 50% pela produção em escala ainda estaria mais de 50% acima do investimento em Belo Monte.

Mesmo tendo trazido esses números, creio que em algum momento a introdução de energia solar na matriz elétrica nacional deverá ocorrer. Nossa vantagem é que não precisamos fazer isso a qualquer custo pois ainda há grandes (e pequenos também) potenciais hidráulicos a serem explorados na produção de energia limpa. O ideal é tentar replicar a estratégia da energia eólica que conseguiu galgar um excelente posicionamento nos leilões ao conseguir vender a energia com baixo preço tarifário.

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Re: Eletricidade para o Brasil

#290 Mensagem por Pedro Gilberto » Sáb Jan 11, 2014 5:24 pm

Detalhe importante é que 100% da energia provem de fontes renováveis.

Leilões de 2013 movimentam R$ 83 bilhões, indica CCEE

Montante refere-se ao valor dos contratos negociados nos certames da Aneel para o mercado regulado

Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, de São Paulo, Investimentos e Finanças
07/01/2014

Os leilões operacionalizados pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica no ano passado movimentaram R$ 83,53 bilhões. Esse valor, segundo a CCEE, refere-se ao montante negociado em todos os certames de energia realizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica para o ambiente regulado. Foram dois A-5, um A-3, outro de energia de reserva exclusivo para eólicas e o de energia existente A-1. Com isso, foram viabilizadas novas usinas que somarão capacidade instalada de 7,145 GW até 2018.

O maior volume negociado ficou com o A-5 e suas duas etapas realizadas no ano passado. Foram fechados acordos de R$ 56 bilhões. Logo depois aparecem os volumes de contratos do leilão de energia de reserva com R$ 13 bilhões, o A-3 com R$ 7,25 bilhões e o A-1, com R$ 6,2 bilhões divididos em três produtos diferentes.

Dentre as fontes que participaram dos certames, o destaque ficou com as eólicas, que viram o maior nível de contratação de sua história com pouco mais de 4,7 GW viabilizados nos leilões. Logo em seguida aparece a fonte hídrica com as UHEs que somaram 1,145 GW em capacidade nova e as PCHs com 481,28 MW. A biomassa foi a terceira fonte que conseguiu vender energia no país e que permitiu a entrada de 808 MW de capacidade adicional.

Apesar da térmica a carvão ter seu retorno às disputas, não houve contratos para a fonte, assim como as térmicas a gás natural. A solar participou pela primeira vez e também não fechou acordos nos leilões da Aneel.

http://www.canalenergia.com.br/zpublish ... ?id=99134#
[]'s




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Re: Eletricidade para o Brasil

#291 Mensagem por Clermont » Dom Ago 14, 2016 11:57 am

Suspensão de usina no Tapajós reforça opção nuclear.

Brasil limita usinas na Amazônia, compensa com termelétricas poluidoras, mas continua sem ampliar as alternativas de fontes de geração.

Editorial de O Globo, 14.08.16.

Junto com os novos donos do poder que desembarcaram em Brasília na comitiva do presidente Lula em janeiro de 2003 estava uma militância ambientalista aguerrida. Não que a questão ambiental não deva ser prioritária, e cada vez mais, diante do aquecimento global, mas alguns preconceitos passaram a interferir na avaliação de projetos de forma mais contundente. Um deles relegou de vez a energia nuclear a um plano bastante inferior na geração de energia.

O desastre nas usinas de Fukujima, no Japão, durante um tsunami, em 2011, repercutiu no mundo, com vários adiamentos e eliminação mesmo de projetos de usinas. O próprio Japão desativou seus sistema termonuclear — mas teve, depois, de religá-lo em parte, para evitar um colapso energético. A Alemanha planejou livrar-se de vez dessa fonte de energia, ao contrário da França, que aproveita o fato de ser detentora de tecnologia no ramo. No Brasil, um programa para usinas fora de Angra dos Reis desapareceu do mapa.

Não foi decisão sensata. Há dias, o Ibama comunicou que não concederá licença ambiental para a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, na Amazônia. É preciso definir como serão produzidos os 8 mil megawatts previstos para essa hidrelétrica no Tapajós. Farão muita falta, porque equivalem a pouco mais de 5,5% da atual capacidade instalada de geração de energia no país.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO apostam em termelétricas. Mais do mesmo, porque desde o apagão no segundo governo FH, quando um parque de térmicas teve de ser construído a toque de caixa, tem sido a geração a base de gás, óleo ou carvão que evita maiores problemas. Foi assim também na crise de estiagem com Dilma Rousseff.

O resultado é que a matriz energética brasileira, motivo de orgulho por ser bastante “limpa”, devido à grande dependência da água (65%), começou a ficar “suja”. Ou seja, a produção de energia no Brasil tende a crescer muito com base em fontes de emissão de carbono, na contramão dos acordos multilaterais do clima e da sensatez.

Com o fechamento da Amazônia a usinas com reservatório — só pode a “fio d’água”, como Belo Monte, em que as turbinas giram pela força do rio e quase não geram energia nas secas — e o veto à usina no Tapajós, vive-se o paradoxo de, em nome da proteção ao meio ambiente, a produção de energia no Brasil passar a ser crescentemente poluidora.

Há, é certo, projetos em andamento, e outros a serem apresentados, do uso dos ventos e da luz do sol, importantes fontes, porém ainda residuais e complementares. Devem mesmo ser exploradas, mas é preciso saber se conseguirão fornecer os megawatts em quantidades, constância e prazos requeridos.

Por tudo isso, já era hora de se rever o preconceito contra as usinas nucleares, cujo padrão de segurança está bastante elevado. Além de serem fontes sem emissão de carbono. Pergunte-se aos Estados Unidos e à França.

Angras 1 e 2 fornecem o equivalente a 3% do total da anergia elétrica produzida no país. A construção da terceira unidade passa por um merecido pente-fino, devido ao fato de o esquema de corrupção montado na Petrobras ter lançado tentáculos na Eletronuclear.

Mas é inexorável concluir a usina. Ainda reforçam a opção nuclear a existência de razoáveis reservas de urânio e o domínio da tecnologia do seu enriquecimento. O preconceito, infelizmente, além de irracional, parece intransponível.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#292 Mensagem por LeandroGCard » Seg Ago 15, 2016 9:52 am

Pedro Gilberto escreveu:Com essas dados, a geração de energia anual esperada por esse projeto é de 1,05 TWh, ou seja, seria necessário cerca de 37,6 deste tipo de usina para gerar a mesma quantia de energia esperada por Belo Monte. Entretanto o investimento para obter tal capacidade seria de 37,6 x 0,75 Bi = US$ 28,2 bilhões ou R$ 64,8 bilhões (US$ 1 - R$ 2,30) sendo mais que o triplo do investimento previsto na hidroelétrica (cerca de R$ 20 bilhões). Mesmo que conseguisse reduzir o custo da usina solar em 50% pela produção em escala ainda estaria mais de 50% acima do investimento em Belo Monte.

Mesmo tendo trazido esses números, creio que em algum momento a introdução de energia solar na matriz elétrica nacional deverá ocorrer. Nossa vantagem é que não precisamos fazer isso a qualquer custo pois ainda há grandes (e pequenos também) potenciais hidráulicos a serem explorados na produção de energia limpa. O ideal é tentar replicar a estratégia da energia eólica que conseguiu galgar um excelente posicionamento nos leilões ao conseguir vender a energia com baixo preço tarifário.

[]´s
Só um adendo a esta discussão, que nem sei se alguém já levantou:

A vantagem da produção de energia por fonte solar é que pode ser instalada em locais mais próximos dos centros consumidores, eventualmente no próprio ponto de consumo. Hoje no Brasil os valores pagos para a transmissão estão muito mais elevados que os de geração, chegando a ser mais de 6 vezes maior. Assim, mesmo a energia solar custando 3 vezes mais para produzir, se instalada no próprio local de consumo o custo final para o consumidor pode ser a metade daquele que seria pago pela energia hidrelétrica.


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P.S.: O mesmo vale, com certas ressalvas, para a energia nuclear.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#293 Mensagem por Marechal-do-ar » Seg Ago 15, 2016 10:21 am

E um adendo ao adendo sobre os custos de transmissão:

Os custos de transmissão são ridiculamente caros no Brasil por razões exclusivamente políticas, é discussão sobre quem vai ganhar a maior fatia do bolo, e não algo relacionado aos custos de operação da transmissão, deixando lucro dos amigos de lado a energia solar ainda não é economicamente viável.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#294 Mensagem por LeandroGCard » Seg Ago 15, 2016 12:22 pm

Marechal-do-ar escreveu:E um adendo ao adendo sobre os custos de transmissão:

Os custos de transmissão são ridiculamente caros no Brasil por razões exclusivamente políticas, é discussão sobre quem vai ganhar a maior fatia do bolo, e não algo relacionado aos custos de operação da transmissão, deixando lucro dos amigos de lado a energia solar ainda não é economicamente viável.
Que os custos de transmissão são artificialmente elevados para favorecer alguns em detrimento do país é verdade, e que se eles fossem colocados onde deveriam a energia solar ficaria menos competitiva também é, mas não é assim que se avalia a viabilidade de um investimento.

Para determinados consumidores o custo da aquisição de energia de outras origens no mercado pode ficar mais elevado que o da infra-estrutura para produção local de energia solar e da manutenção do sistema no longo prazo, e nestes casos a implantação do sistema seria sim economicamente viável mesmo que a um custo de implantação maior. Pode até ser que para o fornecimento à rede pública o sistema seja inviável se comparado à outros investimentos possíveis com o mesmo objetivo, mas para uso próprio onde existe energia solar abundante a conta a fazer é outra. Por isso a geração de energia solar está crescendo no mundo e no Brasil.

Na verdade a legislação brasileira permite que se coloque a energia produzida localmente na rede pública quando houver excedente, ganhando-se créditos para adquirir o que faltar quando a energia local não estiver disponível. É só ligar o sistema local à rede pública com um contador de duas vias, que já está disponível comercialmente. Assim pode-se por exemplo produzir energia solar durante o dia em excesso com relação ao consumo (que durante o dia tende a ser menor de qualquer forma) e à noite consumir da rede pública, pagando-se apenas a diferença entre o total produzido e o consumido (atentando-se apenas que as tarifas de compra e venda podem ser diferentes). Neste caso o uso de baterias é totalmente dispensável pois a energia produzida é "vendida" imediatamente ao invés de armazenada, e quando necessário consome-se da rede pública pagando-se com os créditos obtidos nesta venda.

Além disso existe incentivos para a produção de energias alternativas consideradas mais interessantes (por exemplo por serem renováveis ou limpas). Neste caso o produtor e o consumidor podem negociar seus preços de forma independente e usar a rede pública de transmissão com tarifas diferenciadas (mais baixas, chegando a zero).


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Re: Eletricidade para o Brasil

#295 Mensagem por Bolovo » Seg Ago 15, 2016 5:42 pm

Clermont escreveu:Suspensão de usina no Tapajós reforça opção nuclear.

Brasil limita usinas na Amazônia, compensa com termelétricas poluidoras, mas continua sem ampliar as alternativas de fontes de geração.

Editorial de O Globo, 14.08.16.

Junto com os novos donos do poder que desembarcaram em Brasília na comitiva do presidente Lula em janeiro de 2003 estava uma militância ambientalista aguerrida. Não que a questão ambiental não deva ser prioritária, e cada vez mais, diante do aquecimento global, mas alguns preconceitos passaram a interferir na avaliação de projetos de forma mais contundente. Um deles relegou de vez a energia nuclear a um plano bastante inferior na geração de energia.

O desastre nas usinas de Fukujima, no Japão, durante um tsunami, em 2011, repercutiu no mundo, com vários adiamentos e eliminação mesmo de projetos de usinas. O próprio Japão desativou seus sistema termonuclear — mas teve, depois, de religá-lo em parte, para evitar um colapso energético. A Alemanha planejou livrar-se de vez dessa fonte de energia, ao contrário da França, que aproveita o fato de ser detentora de tecnologia no ramo. No Brasil, um programa para usinas fora de Angra dos Reis desapareceu do mapa.

Não foi decisão sensata. Há dias, o Ibama comunicou que não concederá licença ambiental para a hidrelétrica de São Luiz do Tapajós, no Pará, na Amazônia. É preciso definir como serão produzidos os 8 mil megawatts previstos para essa hidrelétrica no Tapajós. Farão muita falta, porque equivalem a pouco mais de 5,5% da atual capacidade instalada de geração de energia no país.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO apostam em termelétricas. Mais do mesmo, porque desde o apagão no segundo governo FH, quando um parque de térmicas teve de ser construído a toque de caixa, tem sido a geração a base de gás, óleo ou carvão que evita maiores problemas. Foi assim também na crise de estiagem com Dilma Rousseff.

O resultado é que a matriz energética brasileira, motivo de orgulho por ser bastante “limpa”, devido à grande dependência da água (65%), começou a ficar “suja”. Ou seja, a produção de energia no Brasil tende a crescer muito com base em fontes de emissão de carbono, na contramão dos acordos multilaterais do clima e da sensatez.

Com o fechamento da Amazônia a usinas com reservatório — só pode a “fio d’água”, como Belo Monte, em que as turbinas giram pela força do rio e quase não geram energia nas secas — e o veto à usina no Tapajós, vive-se o paradoxo de, em nome da proteção ao meio ambiente, a produção de energia no Brasil passar a ser crescentemente poluidora.

Há, é certo, projetos em andamento, e outros a serem apresentados, do uso dos ventos e da luz do sol, importantes fontes, porém ainda residuais e complementares. Devem mesmo ser exploradas, mas é preciso saber se conseguirão fornecer os megawatts em quantidades, constância e prazos requeridos.

Por tudo isso, já era hora de se rever o preconceito contra as usinas nucleares, cujo padrão de segurança está bastante elevado. Além de serem fontes sem emissão de carbono. Pergunte-se aos Estados Unidos e à França.

Angras 1 e 2 fornecem o equivalente a 3% do total da anergia elétrica produzida no país. A construção da terceira unidade passa por um merecido pente-fino, devido ao fato de o esquema de corrupção montado na Petrobras ter lançado tentáculos na Eletronuclear.

Mas é inexorável concluir a usina. Ainda reforçam a opção nuclear a existência de razoáveis reservas de urânio e o domínio da tecnologia do seu enriquecimento. O preconceito, infelizmente, além de irracional, parece intransponível.
O opção nuclear é óbvia. O Brasil terá que iniciar a construção de duas usinas no nordeste e mais duas no sudeste nos próximos anos.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#296 Mensagem por Clermont » Ter Ago 16, 2016 5:59 pm

Transgênicos e hidrelétricas.

José Goldemberg - O Estado de São Paulo, 16.08.16.

Recentemente cem cientistas que receberam o Prêmio Nobel em várias áreas do conhecimento assinaram um apelo à organização ambiental Greenpeace para que abandone sua campanha, que já dura muitos anos, contra a utilização de culturas transgênicas para a produção de alimentos. Transgênicos são produtos em que são feitas alterações do código genético que lhes dão características especiais, como as de protegê-los de pragas, resistir melhor a períodos de seca, aumentar a produtividade e outros.

O sucesso do uso de transgênicos é evidente em muitas culturas, como na produção de soja, da qual o Brasil é um exemplo. Contudo, quando se começou a usar produtos transgênicos, objeções foram levantadas, uma vez que as modificações genéticas poderiam ter consequências imprevisíveis. O Greenpeace tornou-se o campeão das campanhas contra o seu uso, que foi banido em vários países.
As objeções iniciais tinham como base dois tipos de consideração: uma, de caráter científico, que foi seriamente investigada por cientistas; e a outra, de caráter mais geral, com base no “princípio da precaução”, que nos diz basicamente que cabe ao proponente de um novo produto demonstrar que ele não tem consequências inconvenientes ou perigosas. O “princípio da precaução” tem sido usado para barrar, com maior ou menor sucesso, a introdução de inovações.

Esse princípio tem um forte componente moral e político e tem sido invocado de forma muito variável ao longo do tempo. Por exemplo, ele não foi invocado quando a energia nuclear começou a ser usada, há cerca de 60 anos, para a produção de eletricidade; como resultado, centenas de reatores nucleares foram instalados em muitos países e alguns deles causaram acidentes de grandes proporções. Já no caso de mudanças climáticas que se originaram na ação do homem – consumo de combustíveis fósseis e lançamento na atmosfera dos gases que aquecem o planeta –, ele foi incorporado na Convenção do Clima em 1992 e está levando os países a reduzir o uso desses combustíveis.

A manifestação dos nobelistas argumenta que a experiência mostrou que as preocupações com possíveis consequências negativas dos transgênicos não se justificam e opor-se a eles não faz mais sentido.

Nuns poucos países, o “princípio da precaução” tem sido invocado também para dificultar a instalação de usinas hidrelétricas, tendo em vista que sua construção afeta populações ribeirinhas e tem impactos ambientais. Esse é um problema de fato sério em países com elevada densidade populacional, como a Índia, cujo território é cerca de três vezes menor que o do Brasil e a população, quatro vezes maior. Qualquer usina hidrelétrica na Índia afeta centenas de milhares de pessoas. Não é o caso do Brasil, que tem boa parte de seu território na Amazônia, onde a população é pequena. Ainda assim, a construção de usinas na Amazônia para abastecer as regiões mais populosas e grandes centros industriais no Sudeste tem enfrentado sérias objeções de grupos de ativistas. A construção de usinas hidrelétricas no passado foi planejada com reservatórios. Quando esses reservatórios não são feitos, a produção de eletricidade varia ao longo do ano. Para evitar isso são construídos lagos artificiais, que armazenam água para os períodos do ano em que chove pouco.

Até recentemente quase toda a eletricidade usada no Brasil era produzida por hidrelétricas com reservatórios, que garantiam o fornecimento durante o ano todo mesmo chovendo pouco. Desde 1990 essa prática foi abandonada por causa das queixas das populações atingidas nas áreas alagadas. As hidrelétricas passaram a ser construídas sem reservatórios – isto é, “a fio d’água” –, usando apenas a água corrente dos rios. É o caso das usinas de Jirau, Santo Antônio e Belo Monte, cujo custo aumentou muito em relação à eletricidade produzida: elas são dimensionadas para o fluxo máximo de águas dos rios, que se dá em alguns meses, e geram muito menos nos meses secos.

Houve nesses casos um superdimensionamento do problema. De modo geral, para cada pessoa afetada pela construção de usinas, mais de cem pessoas são beneficiadas pela eletricidade produzida. Sucede que os poucos milhares de pessoas atingidas vivem em torno da usina e se organizaram para reclamar compensações (em alguns casos são instrumentadas por grupos políticos), ao passo que os beneficiados, que são milhões, vivem longe do local e não são organizados.

Cabe ao poder público avaliar os interesses do total da população, comparar os riscos e prejuízos sofridos por alguns e os benefícios recebidos por muitos. Isso não tem sido feito e o governo federal não tem tido a firmeza de explicar à sociedade onde estão os interesses gerais da Nação. Isso se verifica também em outras grandes obras públicas, como estradas, portos e infraestruturas em geral. Um exemplo é o Rodoanel Mário Covas, em torno da cidade de São Paulo, cuja construção enfrentou fortes contestações tanto de atingidos pelas obras como de alguns grupos ambientalistas. A firmeza do governo de São Paulo e os esclarecimentos prestados viabilizaram a obra, hoje considerada positiva pela grande maioria: retira dezenas de milhares de caminhões por dia do tráfego urbano de São Paulo e reduz a poluição lançada por eles sobre a população.

O que se aprende neste caso deveria ser aplicado às hidrelétricas da Amazônia, que têm sido contestadas por alguns grupos de ambientalistas não suficientemente informados. Cabe aqui uma ação como a que foi tomada pelos nobelistas em relação aos transgênicos e aceitar hidrelétricas construídas com as melhores exigências técnicas e ambientais, incluindo reservatórios, sem os quais elas se tornam pouco viáveis, abrindo caminho para o uso de outras fontes de energia mais poluentes, como carvão e derivados de petróleo.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#297 Mensagem por Marechal-do-ar » Ter Ago 16, 2016 6:41 pm

Esse texto do José Goldemberg... Bem... Misturou alhos, bugalhos e mais uma salada de frutas que gerou um resultado final que é digno de um discurso do Trump, algo que deixaria a Dilma com inveja.

Primeiro que sim, existem ecochatos, chatos e políticos que são contra tudo sem razão, as objeções aos transgênicos entram nesse grupo, e também, é razoável exigir que os proponentes de um novo produto provem que ele não é perigoso, mas não é razoável transformar isso em uma caça as bruxas exigindo provas impossíveis, que é o que está acontecendo em relação aos transgênicos.

Agora, em relação ao Brasil, ou a Belo Monte, que parece ser o alvo do autor, existem aqueles que querem que se f*** e que a usina seja construída de qualquer jeito, existem aqueles que querem que se f*** e que a usina não seja construída, e existem aqueles que querem que se cumpra a lei, que, entre outras coisas, abrange o princípio da precaução, essa lei exige que antes de se construir a usina seja feitos estudos sobre os impactos dela, e para Belo Monte foi feito, mas foi tão mal feito que nenhum profissional que leia aquilo se sente a vontade de aprová-lo, e inclusive, muitos se organizaram exigindo algo decente, mas a obra foi iniciada mesmo assim, por empresas que depois foram pegas com a "boca na butija" em outras obras e por fim, o GF ficou sem dinheiro.

Então, e por isso tudo, não da para colocar Belo Monte no mesmo cesto de outras obras ou de outras pautas dos ambientalistas, as objeções a Belo Monte não são apenas de ecochatos, e talvez essas objeções não existiriam se todo o trabalho fosse bem feito.

Já o Rodoanel é uma ótima ideia, mas não é bom exemplo de execução, a obra se arrasta por uns 40 anos esbarrando em todo o tipo de problema.




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Re: Eletricidade para o Brasil

#298 Mensagem por J.Ricardo » Dom Ago 26, 2018 10:48 pm

Achei esse projeto muito interessante, ainda mais para um país como o Brasil, onde sobram rios e comunidades isoladas.

http://ciclovivo.com.br/inovacao/tecnol ... gia-limpa/




Não temais ímpias falanges,
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Re: Eletricidade para o Brasil

#299 Mensagem por J.Ricardo » Qua Set 29, 2021 4:10 pm

Achei por bem revivier esse tópico, pela condição que o país passa nos últimos anos.

Belo Monte, erguida a um custo de R$ 40 bi, está gerando apenas 2% de sua potência

https://revistaoeste.com/brasil/belo-mo ... -potencia/

Tanto dinheiro desviado, tanta floresta devastada, pra esse fiasco...




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Que apresentam face hostil,
Vossos peitos, vossos braços,
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