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Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Sáb Jun 18, 2011 8:43 pm
por Bourne
Túlio escreveu:Meu comentário se resume a uma única palavra:


B U R R O S ! ! !
Oras pois, o melhor lugar para se livrar dos dólares é jogá-los de volta nos EUA. Não tem onde jogar essa montanha de dinheiro e deixar entrar na economia é suicídio.

Complementando...

Essa montanha de dólares reemprestado ao governo norte-americano é uma garantia para viabilizar empréstimos, investimentos produtivos no exterior de companhias brasileiras e garantia contra ataques especulativos. Basicamente o mesmo que outros países com elevado comércio com os Estados Unidos fazem para subsidiar a produção, competitividade e investimento de empresas nacionais. O relevante não é o pagamento dos títulos, mas sim que continuem importando e recebendo investimentos enquanto outros destinos não tem escala para cumprir uma função semelhante e manter a economia nacional bombando que provavelmente terá outra forma. Hoje não interessa a ninguém destruir o sistema por que não existem alternativas construídas e, se os Estados Unidos não pagam, a onda de instabilidade é tão grande que prejudicará a construção da economia real dos emergentes. O Brasil não é burro ou uma nova Koreia do Norte. Está apenas jogando o jogo que o sistema permite.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Dom Jun 19, 2011 11:36 am
por Paisano
Bourne escreveu:Na verdade, a compra de papéis norte-americanos pelo governo brasileiro é uma das facetas secretas do FX. :shock:
Se bobear é para viabilizar a compra da própria Boeing. :mrgreen: 8-]

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Dom Jun 19, 2011 11:37 am
por Paisano

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 9:03 am
por FoxTroop
http://www.dagongcredit.com/dagongweb/e ... web_e_zxzx

Sempre a descer. Daqui a 6 meses, se isto chegar lá sem grandes sobressaltos, leva outra machada na revisão do rating.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 12:01 pm
por akivrx78
Fitch admite bancarrota na Grécia e Estados Unidos

Agência de notação de risco admite poder considerar as soluções que estão a ser pensadas para a dívida grega como um default puro e simples e ameaça que se o teto de endividamento federal americano não for subido a situação poderá chegar a um "default restrito".
Jorge Nascimento Rodrigues (http://www.expresso.pt)
12:10 Terça feira, 21 de junho de 2011

Apesar das posições de alguma abertura da agência de notação de risco Fitch em relação a uma solução do tipo da "Iniciativa de Viena" para a crise da dívida grega (e como parâmetros do segundo pacote de resgate a Atenas), o seu responsável para a Ásia-Pacífico, Andrew Colquhoun, disse hoje em Singapura, segundo a Reuters, que "a Fitch encarará uma troca de dívida ou um rollover voluntário da dívida [grega] que vença como um evento de crédito, o que implicará um rating de default para a Grécia", a notação mais baixa de todas.

O cisne cinzento americano

André Colquhoun virou-se, depois, para o caso dos Estados Unidos e a dureza da agência foi similar. O rating dos Estados Unidos será colocado em perspetiva de revisão negativa se o Congresso norte-americano prosseguir nas guerrilhas políticas e não aumentar o nível do teto de endividamento federal até 2 de agosto, quando ocorrerá um primeiro pagamento de dívida soberana. Acrescentou ainda mais claramente que se o Tesouro americano falhar o segundo pagamento de dívida a 15 de agosto, então a Ficth baixará o rating dos Estados Unidos para "default restrito".

Mas, logo, acrescentou, segundo a Reuters, que acredita que os políticos americanos não deixarão a situação chegar a tal ponto.

A Fitch é a primeira agência a dizer claramente que mexerá no sacrossanto rating dos Estados Unidos se ocorrer um "se" que muitos acreditam que nunca se concretizará. Como já começou a ser tão falado e deixou de ser tabu, seria o "cisne cinzento" de 2011, pois "cisne negro" - na nomenclatura de Nassim Taleb - é mesmo aquilo que emerge sem ser esperado e sequer imaginado.

Os chineses, por seu lado, já avisaram que os americanos estão a "brincar com o fogo", como o Expresso já referiu.

http://aeiou.expresso.pt/fitch-admite-b ... os=f656936

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 12:54 pm
por akivrx78
Historiador considera Alemanha "rainha das dívidas"
publicado 14:37 21 junho '11
Imagem
A chanceler alemã, Angela Merkel

O historiador Albrecht Ritschl evoca hoje em entrevista ao site de Der Spiegel vários momentos na História do século XX em que a Alemanha equilibrou as suas contas à custa de generosas injecções de capital norte-americano ou do cancelamento de dívidas astronómicas, suportadas por grandes e pequenos países credores.

Ritschl começa por lembrar que a República de Weimar viveu entre 1924 e 1929 a pagar com empréstimos norte-americanos as reparações de guerra a que ficara condenada pelo Tratado de Versalhes, após a derrota sofrida na Primeira Grande Guerra. Como a crise de 1931, decorrente do crash bolsista de 1929, impediu o pagamento desses empréstimos, foram os EUA a arcar com os custos das reparações.

A Guerra Fria cancela a dívida alemã
Depois da Segunda Guerra Mundial, os EUA anteciparam-se e impediram que fossem exigidas à Alemanha reparações de guerra tão avultadas como o foram em Versalhes. Quase tudo ficou adiado até ao dia de uma eventual reunificação alemã. E, lembra Ritschl, isso significou que os trabalhadores escravizados pelo nazismo não foram compensados e que a maioria dos países europeus se viu obrigada a renunciar às indemnizações que lhe correspondiam devido à ocupação alemã.

No caso da Grécia, essa renúncia foi imposta por uma sangrenta guerra civil, ganha pelas forças pró-ocidentais já no contexto da Guerra Fria. Por muito que a Alemanha de Konrad Adenauer e Ludwig Ehrard tivesse recusado pagar indemnizações à Grécia, teria sempre à perna a reivindicação desse pagamento se não fosse por a esquerda grega ficar silenciada na sequência da guerra civil.

À pergunta do entrevistador, pressupondo a importância da primeira ajuda à Grécia, no valor de 110 mil milhões de euros, e da segunda, em valor semelhante, contrapõe Ritschl a perspetiva histórica: essas somas são peanuts ao lado do incumprimento alemão dos anos 30, apenas comparável aos custos que teve para os EUA a crise do subprime em 2008. A gravidade da crise grega, acrescenta o especialista em História económica, não reside tanto no volume da ajuda requerida pelo pequeno país, como no risco de contágio a outros países europeus.

Tiram-nos tudo - "até a camisa"
Ritschl lembra também que em 1953 os próprios EUA cancelaram uma parte substancial da dívida alemã - um haircut, segundo a moderna expressão, que reduziu a abundante cabeleira "afro" da potência devedora a uma reluzente careca. E o resultado paradoxal foi exonerar a Alemanha dos custos da guerra que tinha causado, e deixá-los aos países vítimas da ocupação.

E, finalmente, também em 1990 a Alemanha passou um calote aos seus credores, quando o chanceler Helmut Kohl decidiu ignorar o tal acordo que remetia para o dia da reunificação alemã os pagamentos devidos pela guerra. É que isso era fácil de prometer enquanto a reunificação parecia música de um futuro distante, mas difícil de cumprir quando chegasse o dia. E tinha chegado.

Ritschl conclui aconselhando os bancos alemães credores da Grécia a moderarem a sua sofreguidão cobradora, não só porque a Alemanha vive de exportações e uma crise contagiosa a arrastaria igualmente para a ruína, mas também porque o calote da Segunda Guerra Mundial, afirma, vive na memória colectiva do povo grego. Uma atitude de cobrança implacável das dívidas actuais não deixaria, segundo o historiador, de reanimar em retaliação as velhas reivindicações congeladas, da Grécia e doutros países e, nesse caso, "despojar-nos-ão de tudo, até da camisa".

http://tv2.rtp.pt/noticias/index.php?t= ... ual=3&tm=7

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 12:59 pm
por P44
E os gregos não são uns coninhas de sabão como os portugueses, se fôr preciso partem mesmo TUDO!

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 1:13 pm
por akivrx78
Atualizado em 21/06/2011 às 09:40:07
China e Japão reiteram apoio aos países da zona do euro

A China está disposta a dar suporte ao crescimento da Europa, afirmou hoje o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores chinês, Hong Lei, reiterando a retórica padrão que demonstra o apoio de Pequim aos países debilitados da zona do euro (que reúne os 17 países que utilizam o euro como moeda).

Os comentários de Hong surgem dias antes da visita do primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, à Hungria, ao Reino Unido e à Alemanha, de sexta a terça-feira. A China tem tomado medidas como aumentar a quantidade de bônus europeus que possui e estimular a cooperação econômica com países da Europa, para ajudar a região a enfrentar a crise de dívida soberana, disse Hong.

Japão

Na mesma linha, o ministro de Finanças do Japão, Yoshihiko Noda, afirmou que o país vai aumentar os empréstimos para a Linha de Estabilidade Financeira Europeia (EFSF, na sigla em inglês) para ajudar a resolver as dificuldades com a dívida da Grécia. O anúncio surge em meio à preocupação com o potencial impacto dos problemas financeiros europeus sobre a economia japonesa, que depende das exportações.

Até agora, o Japão investiu 2,13 bilhões de euros em dívidas emitidas pela EFSF, que foi criada há um ano para fornecer empréstimos para países da zona do euro que enfrentam dificuldades financeiras. "O Japão tem feito suas contribuições para levar estabilidade para as condições financeiras europeias, tais como comprar dívida vendida pela EFSF durante os esforços para dar suporte a Portugal" no começo deste mês, disse Noda. "Nós gostaríamos de dar continuidade a esses esforços."

O entusiasmo do Japão em ajudar a Europa pode refletir os receios de que uma piora na crise de dívida do continente prejudique a demanda europeia por exportações japonesas ou provoque uma valorização do iene diante do euro. "Nós queremos continuar cooperando com a comunidade internacional para evitar que tais riscos se espalhem", disse Noda, ao ser questionado sobre o impacto da crise europeia sobre a economia do Japão.

O ministro não quis, no entanto, revelar o que ele e outros líderes do G-7 (grupo das maiores economias do mundo) discutiram durante recentes teleconferências sobre a crise grega. O Japão está em uma situação fiscal crítica, afetada negativamente pela dívida pública que chega a 200% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do país. Mas o governo japonês possui a segunda maior reserva internacional do mundo, no total de quase US$ 1,1 trilhão, com a qual pode comprar ativos estrangeiros.

Embora as reservas internacionais do Japão sejam na maior parte em dólares, o país possui euros suficientes para comprar bônus da EFSF sem que vender ativos em dólares ou outros bônus de longo prazo em euros, de acordo com o Ministério de Finanças. As informações são da Dow Jones.

http://www.parana-online.com.br/editori ... NA+DO+EURO

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 1:27 pm
por akivrx78
21.06.2011 03:13
Lusa
Conjuntura: China - Yuan volta a bater recorde face ao dolar

Pequim, 21 jun (Lusa) -- A moeda chinesa voltou a bater o recorde face ao dólar, pela terceira vez em menos de uma semana, com a moeda norte-americana a valer apenas 6,4690 yuan, segundo a cotação anunciada hoje pelo banco central da China.

Pequim, 21 jun (Lusa) -- A moeda chinesa voltou a bater o recorde face ao dólar, pela terceira vez em menos de uma semana, com a moeda norte-americana a valer apenas 6,4690 yuan, segundo a cotação anunciada hoje pelo banco central da China.

Na segunda-feira, o dólar tinha descido para 6,4696 yuan, contra 6,4716 na sexta-feira passada, e no início de abril valia 6,5527 yuan.

A variação ilustra a "gradual valorização" do yuan prometida pela China há um ano, em resposta às crescentes pressões ocidentais, sobretudo norte-americanas.

Setores políticos e empresariais dos Estados Unidos consideram o yuan "artificialmente sub-avaliado" para favorecer as exportações chinesas.

Durante cerca de dois anos, até ao verão passado, o yuan esteve praticamente indexado ao dólar, mas em junho de 2010, o banco central chinês anunciou "uma maior flexibilização" da sua política cambial, permitindo que a cotação do yuan possa variar diariamente 0,5 por cento.

Desde então, o yuan valorizou-se cerca 6 por cento em relação ao dólar.

AC.

Lusa/Fim

http://sicnoticias.sapo.pt/Lusa/2011/06 ... e-ao-dolar
Nossa que sistema é esse de 6,4690 yuan quatro dígitos? Praticamente parece não mudar nada com variação de 0.5%/dia daqui a 50 anos 1 yuan se torna 1 dólar. :twisted:

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 1:54 pm
por tflash
P44 escreveu:E os gregos não são uns coninhas de sabão como os portugueses, se fôr preciso partem mesmo TUDO!

E vê-se que estão muito melhor que nós! Eu sou contra essa do que "quanto mais violenta é a manifestação, melhor para o povo."

A grande vantagem de Portugal é mesmo a ordem que se vai mantendo. Na Grécia, pegava-se fogo a umas coisas e o governo dava. Agora vai doer mais do que a nós.

Um dos motivos para estarmos em crise hoje é termos tido um governante (António Guterres) que resolveu dar tudo e ceder a todas as negociações. A despesa do estado não acompanhou a criação de riqueza e é o que se vê.

Não é a pegar fogos a bancos com pessoas lá dentro que se resolvem as coisas. Nas eleições tem que se votar em quem equilibra o orçamento e não em quem dá mais.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 2:23 pm
por FoxTroop
Quando o topo da pirâmide, a tal elite da sociedade, esquece completamente que uma pirâmide é sustentada pela base e aniquila financeira e socialmente essa base para proveito de uns iniciados de topo, não espere outra coisa. Aqui também vai lá, por muito "horror", que isso possa causar. É que para os que conseguiram manter os seus empregos (empregos, não trabalhos) a coisa mal se tem notado. Uns ajuste e uns cortes, mas a coisa vai andando. Para o quase um milhão que ficou na rua a coisa piorou mesmo a sério. O resultado é um êxodo só comparável aos anos da Guerra Colonial.

Mas agora, ai agora........ Agora vai doer a todos e a maioria da malta ainda nem sequer se apercebeu bem da paulada que vai levar. Quando se aperceber, vai grunhir e quando não conseguir trazer para casa o mínimo indispensável para a família se manter condignamente, aí vai levar o que for preciso à frente. O Povo Português, em vez de fazer como gregos, espanhóis e outros, que vão libertando pressão com as manifestações, faz o contrário, vai acumulando raiva e desespero, até ao dia em que tudo isso sai cá para fora de uma única vez. Depois é como a vaga de um tsunami, não mede nada, passa do 8 para o 80. E compreensivelmente.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 2:28 pm
por cabeça de martelo
Sempre foi assim...o povo português é de extremos.

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Ter Jun 21, 2011 3:40 pm
por PRick
P44 escreveu:E os gregos não são uns coninhas de sabão como os portugueses, se fôr preciso partem mesmo TUDO!
PRESENTE DE GREGO é de lascar! :mrgreen: :mrgreen:

[]´s

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Jun 22, 2011 4:51 am
por manuel.liste
tflash escreveu:
P44 escreveu:E os gregos não são uns coninhas de sabão como os portugueses, se fôr preciso partem mesmo TUDO!

E vê-se que estão muito melhor que nós! Eu sou contra essa do que "quanto mais violenta é a manifestação, melhor para o povo."

A grande vantagem de Portugal é mesmo a ordem que se vai mantendo. Na Grécia, pegava-se fogo a umas coisas e o governo dava. Agora vai doer mais do que a nós.

Um dos motivos para estarmos em crise hoje é termos tido um governante (António Guterres) que resolveu dar tudo e ceder a todas as negociações. A despesa do estado não acompanhou a criação de riqueza e é o que se vê.

Não é a pegar fogos a bancos com pessoas lá dentro que se resolvem as coisas. Nas eleições tem que se votar em quem equilibra o orçamento e não em quem dá mais.
De acuerdo.

Portugal sigue teniendo credibilidad internacional, Grecia no. Eso es importantísimo

Re: Crise Econômica Mundial

Enviado: Qua Jun 22, 2011 7:31 am
por akivrx78
Crise na Espanha empurra imigrantes latino-americanos para o Brasil

Anelise Infante

De Madri para a BBC Brasil

Atualizado em 22 de junho, 2011 - 05:18 (Brasília) 08:18 GMT

Imagem
Fila do serviço nacional para desempregados na Espanha

Espanha tem o maior índice de desemprego entre os países da União Europeia

Entre 2003 e 2007, a Espanha recebeu dezenas de milhares de imigrantes, mas a crise econômica que persiste no país está alterando o fluxo migratório. Sem emprego no presente e sem perspectivas para o futuro, os estrangeiros procuram saídas em outros lugares. E o Brasil virou meta para os latino-americanos de baixa formação.

De acordo com quatro relatórios que investigam as respostas dos imigrantes diante da crise, o Brasil aparece entre os três destinos preferidos de sul-americanos hispânicos (junto com Estados Unidos e Argentina) como opção para conseguir emprego.

Uma pesquisa da agência de empregos Randstad revelou que 65% dos imigrantes ilegais na Espanha estão pensando ou decididos a trocar a Europa por outro mercado se não encontrarem trabalho até 2012.

Os estudos antecipam um fluxo que já pode ter começado. Em 2010, pela primeira vez nos últimos 35 anos, a Espanha registrou uma taxa de saída de população ativa maior do que a de entrada.

No ano passado, 48 mil imigrantes chegaram e 43 mil estrangeiros retornaram aos seus países de origem, mas 90 mil espanhóis também foram morar no exterior.

O ritmo de redução é tão vertiginoso que em cinco anos o fluxo de chegada pode ser praticamente nulo. Pelas previsões da Fundação de Estudos de Economia Aplicada, se a crise se mantiver como agora, em 2014 chegariam apenas 3 mil imigrantes.

Saídas

Josep Oliver, professor de economia da Universidade Autônoma de Barcelona e um dos autores do Anuário de Imigração da Espanha, do Ministério do Interior, disse à BBC Brasil que “80% dos imigrantes não têm outras saídas além do aeroporto rumo a mercados com melhores opções, como o Brasil, que oferece oportunidades sólidas”.

A pesquisa Mobilidade Laboral, da Randstad, indica que a Espanha perdeu interesse para o trabalhador estrangeiro de baixa formação.

A razão é o perfil destes imigrantes, cujos currículos se limitam a ofícios relacionados a áreas que não se reativam, como serviços e construção.

O setor de construção foi precisamente o que detonou a crise de desemprego. De 2008 a 2010 quebraram mais de 200 mil empresas do ramo, que davam trabalho a 70% dos imigrantes sul-americanos, segundo dados oficiais.

Os estrangeiros entrevistados na pesquisa responderam que querem sair da Espanha, mas temem crises políticas e econômicas na América Latina e só vêem bonança financeira no Brasil, onde criticam a falta de segurança pública.

Mais ainda assim estão convencidos de que se não encontrarem emprego até 2012, o caminho é o aeroporto. Estados Unidos, Brasil ou Argentina, na ordem dos mais votados.

Alta formação

O Brasil também aparece como opção para espanhóis de alta formação.Um estudo elaborado pela consultora Adecco e pela Universidade de Navarra indica que os espanhóis com alto grau de formação e que também foram atingidos pela crise colocam o Brasil como um dos seis destinos preferidos para emigrar por emprego.

O mercado brasileiro é visto como opção para 55% dos entrevistados, junto com Alemanha, França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e Argentina.

O perfil médio dos interessados em cruzar o Atlântico é de homens, entre 25 e 35 anos, com formações em engenharia, arquitetura, informática, medicina, biologia e investigação científica.

“Que engenheiro ou arquiteto não quer ir para o Brasil, de olho nas obras de infraestrutura? Está tudo por fazer, e agora há também recursos, referências de empresas espanholas já estabelecidas e a abertura ao (idioma) espanhol”, disse à BBC Brasil o professor de Economia da Universidade de Navarra Sandalio Gómez, autor do relatório apresentado em janeiro.

“Essas pessoas entendem que insistir aqui é uma perda de tempo. O Brasil cresce a uma velocidade que nenhum país da Europa pode se comparar”, concluiu.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística confirmam a tendência. Até janeiro de 2011, havia 1,8 milhão de espanhóis morando em outros países; 92.260 no Brasil, um aumento de 10.071 pessoas em um ano no território brasileiro.

Problemas

Mas, apesar das oportunidades, o país perde para outros destinos em vários quesitos.

Os entrevistados da pesquisa ressaltam insegurança, falta de serviços públicos de qualidade, instabilidade econômica e jurídica para quem quer criar um negócio próprio e a distância de seus lugares de origem como barreiras a levar em consideração.

O governo espanhol reforça estas conclusões. A diretora-geral do Departamento de Emigração, (que estuda as condições dos espanhóis em outros países), Pilar Pin, define como impedimentos as carências nos sistemas de seguro-desemprego, rede púbica de saúde e educação e a legislação trabalhista.

Em um relatório oficial apresentado em maio depois de uma visita a Brasília, Pin afirmou que o Brasil tem “enorme potencial com seus iminentes eventos como a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, além de obras para abastecimento de energia, proteção ambiental e turismo".

Apesar disso, o relatório observa: “A legislação de implantação de empresas no Brasil é restritiva demais. Nossos trabalhadores vão com licença de obra. No final do contrato encontram muitas dificuldades para estabelecer-se por conta própria”.

Mesmo assim, segundo o relatório, as autoridades brasileiras calculam que faltam 1,9 milhão de profissionais de alta qualificação. Uma lacuna que os espanhóis poderiam ocupar.

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticia ... e_rw.shtml