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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 11:25 am
por Marino
Cuba é um naufrágio

LUIZ FELIPE LAMPREIA

Há poucos dias, o regime cubano celebrou sua festa máxima.



No dia 26 de julho de 1953, Fidel Castro Ruiz, à frente de uma centena de revolucionários, atacou o quartel do exército de Moncada, em Santiago de Cuba, dando início à legenda da revolução cubana. Já em 26 de julho de 2010, a cerimônia de comemoração desta data histórica foi tudo menos heroica. Não teve a presença de Fidel, nem sequer um discurso de seu sucessor, Raul, apenas uma mensagem cinzenta lida pelo vice-presidente. O feito romântico do ataque a Moncada, quase sessenta anos depois, desembocou na ruína que é Cuba hoje.

Raúl Castro não padece do imenso narcisismo de seu irmão Fidel e parece ter uma visão mais realista da situação dramática em que se encontra o país.

Desde que chegou ao poder, vem procurando de modo pragmático fazer pequenos ajustes que criem alguma descompressão.

Autorizou no início coisas incrivelmente proibidas — como o uso de computadores e celulares. Agora acaba de anunciar que será tolerada a propriedade privada de salões de beleza, padarias e cafés. Todas estas restrições podem soar absurdas para qualquer brasileiro, mas eram a prática do regime há várias décadas. Raúl Castro navega por águas tormentosas.

Deve ter o respaldo dos militares, que chefiou por décadas, mas talvez não tenha o dos membros do Partido Comunista e do enorme aparelho repressivo, que temem perder seu poder e seus privilégios. Por isso, provavelmente, Fidel reaparece para impedir mudanças significativas e limitar o espaço de manobra do irmão.

O regime cubano sempre foi bom na arte de criar válvulas de descompressão quando a tensão interna obrigava. A libertação dos prisioneiros políticos que a Igreja Católica conseguiu, coadjuvada pela diplomacia espanhola, foi mais uma iniciativa deste gênero com vistas, antes de mais nada, ao objetivo cubano de melhorar sua péssima imagem internacional e abrir uma cunha na rejeição da União Europeia. Agora, porém, a crise econômica cubana é de tal ordem — segundo todas as informações confiáveis — que é difícil de imaginar que apenas pequenas medidas paliativas bastem para evitar uma crise maior. Não creio, porém, que o domínio comunista esteja por ora ameaçado. Ao longo de muitos anos, foi construído um sistema ditatorial baseado na Policia de Seguridad, na denúncia dos comitês de bairros, em suma, na coação, no medo e na repressão mais brutal. Isto leva a uma situação que a maravilhosa Yoani Sanchez, blogueira independente de Havana (e proibida de sair de Cuba) descreveu assim em 19 de fevereiro de 2009: “Cada dia topo com alguém que se desiludiu e retirou seu apoio ao processo cubano. Alguns devolvem a carteira do Partido Comunista, emigram com suas filhas casadas para a Itália ou se concentram na ocupação plácida de cuidar dos netos e fazer a fila do pão.

Passam de delatar a conspirar, de vigiar a corromper-se... Toda esta conversão — lenta em alguns,vertiginosa em outros — percebo-a em volta de mim como se, ao sol da ilha, milhares de pessoas mudassem de pele. Mas esta metamorfose é só numa direção. Não encontrei ninguém — e olha que eu conheço muita gente — que tenha passado da descrença à lealdade, que começasse a confiar nos discursos depois de tê-los criticado por anos.” O fantasma vivo que é Fidel retorna temporariamente de seus embates com a doença e busca preservar o norte tradicional malgrado tudo. Cinquenta anos de fracasso não o convenceram a seguir o velho dito leopardiano de que é preciso que tudo mude para que tudo continue como é. Como os velhos reacionários franceses que sobreviveram à revolução de 1789, Fidel não esqueceu nem aprendeu nada, mantém-se comprometido com os métodos que levaram o reprimido povo cubano à exaustão, à fome, à desilusão total. Faço parte de uma geração que se empolgou com descida da Sierra Maestra e viu em Fidel e Che um sopro de ar fresco da corrupta política latino-americana. Depois, vieram o paredão em que tantos foram fuzilados, a opção pelo comunismo soviético de quem Cuba se tornou um mero instrumento na Guerra Fria e a resultante destruição de tantas ilusões. Como disse Martinho da Vila num dos mais belos sambas brasileiros: “Você não soube lutar pelo nosso amor... e ficou a dor neste nosso olhar.” O povo cubano, tão próximo de nós pela cultura afro-latina, pela miscigenação criativa, não merecia esta sorte triste.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 11:32 am
por Marino
Brasil é referência para América Latina

O Brasil demonstrou que o combate à pobreza é o modo mais eficiente de política que combina crescimento econômico com justiça social

Mauricio Funes

A grande crise econômica e financeira que começou em 2008 nos EUA evidenciou o esgotamento de um modelo nascido dos Consensos de Washington.

Em termos gerais, esse modelo resultou em um empobrecimento maior dos países periféricos e no aumento da dependência dos altos e baixos dos mercados mundiais.

A história registra muitas experiências de encerramento de um ciclo sem que se enxerguem as linhas básicas do novo rumo em formação. Não é esse o caso atual. Países como Brasil e Índia revelam as diretrizes essenciais de um novo modelo, superador do anterior e de correntes ideológicas e políticas historicamente opostas. Para dizê-lo de modo muito sintético: o Brasil -nosso paradigma latino-americano- demonstrou que o combate à pobreza é a ferramenta mais eficiente de uma política que combina crescimento econômico com justiça social.

Ademais, o governo do presidente Lula demonstrou a falsidade neoliberal da contradição entre o equilíbrio das políticas macroeconômicas e o aprofundamento e ampliação das políticas sociais de equidade e inclusão.

Para a América Latina, a liderança crescente do Brasil constitui uma luz no fim do túnel. De fato, em nossa região, tensionada por ideologismos anacrônicos, destituídos de imaginação ou rumo, o Brasil do presidente Lula erigiu-se em um equilíbrio imprescindível.

O Brasil mantém um crescimento alto no terreno econômico e, no campo social, constituiu-se na vanguarda da luta pela vigência plena dos direitos humanos e sociais. É lógico, portanto, que, para países e lideranças democráticos, o modelo brasileiro seja uma referência clara, sobretudo na América Central, caracterizada por atraso, fragilidade econômica, pobreza e alto grau de vulnerabilidade.

Desde junho de 2009, El Salvador iniciou um processo de alternância política. Nessa etapa, fortalecemos as instituições da democracia, a segurança jurídica e o Estado de Direito, ao mesmo tempo em que, em um feito histórico, pedimos perdão às vítimas das violações dos direitos humanos durante o conflito armado dos anos 1980. Concomitantemente, começou-se a gerar uma abertura nítida na política externa, no passado fortemente ideologizada; foram consolidados e ampliados os laços de amizade com os EUA, abrimos relações diplomáticas com Cuba e geramos aproximação franca com o Brasil.

Assim, em março de 2009 -como presidente eleito- e em setembro -já em visita oficial-, estive no Brasil. No final de março deste ano, recebemos a visita do presidente Lula, para fechar acordos bilaterais e programas de apoio do Brasil ao meu país.

Encontros bilaterais em diversas áreas avançaram em ações concretas, que representam uma grande contribuição para El Salvador, que se mostrou praça estratégica para o investidor brasileiro, em virtude de sua posição geográfica e de suas relações comerciais vantajosas com os grandes mercados dos EUA, México, América Central, Caribe e União Europeia.

A Semana de El Salvador na Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) é prova da relação estreita que vem sendo forjada entre nossos governos e empresários e oportunidade para investidores, em particular nos setores têxtil, agroindustrial, turismo, infraestrutura, energia, Aeronáutica, manufatura leve, serviços médicos, química, farmacêutica, serviços empresariais à distância, desenvolvimento de softwares e bancário.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 1:02 pm
por PRick
suntsé escreveu:
PRick escreveu:
Quem defendeu aqui a hegemonia européia? Não quero hegemonia de ninguém, ainda mais de uma única nação. Quero que todos eles percam os dentes para não poderem dar mais dentadas em ninguém! :twisted: :twisted:

[]´s
É não custa sonhar :-)
O único imperialismo bom para nós, é o Brasileiro, já o pessoal que não é brasileiro, mas só nasceu aqui, gosta do imperialismo yanke! Vai entender isso, é como nossa mídia.

[]´s

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 1:07 pm
por suntsé
PRick escreveu:
suntsé escreveu: É não custa sonhar :-)
O único imperialismo bom para nós, é o Brasileiro, já o pessoal que não é brasileiro, mas só nasceu aqui, gosta do imperialismo yanke! Vai entender isso, é como nossa mídia.

[]´s

Isso é música para os meus ouvidos [009]

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 1:47 pm
por Francoorp
Santiago escreveu:São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

RUBENS RICUPERO

Reviravolta histórica
No passado, o intercâmbio não se limitava a comércio: os valores e as aspirações também vinham de fora

NO ANO PASSADO, a China se tornou pela primeira vez o maior mercado do Brasil, superando os EUA, que ocupavam essa posição há quase 150 anos. O mercado chinês foi também o primeiro destino das vendas do Mercosul e do Chile, o segundo para a Argentina e o Peru.
Esse cara podia pegar uma bolsinha vermelha ou rosa chock, ir pra avenida litorânea de Miami e sentir o crescer do intercâmbio mercantil dos americanos entrando e depositando em sua conta...

Eu vejo a coisa é de forma positiva, quanto mais parceiros tivermos melhor, assim não ficamos dependentes de nenhum deles, mas com grande mobilidade comercial e diplomática. Esse cara de brasileiro não tem nada, como diz o Prick, so nasceu aqui!!
Santiago escreveu:
Francoorp escreveu:
Como sempre a globo chega atrasada nas noticias... é que primeiro tem que passar pela censura da comissão PIG pra saber se pode ou não ser publicada. :wink:

viewtopic.php?f=11&t=12352&start=2520
A mesma fonte que vc citou em 30/07/2010 ( viewtopic.php?f=11&t=12352&start=2520 ), o G1, da Globo. :wink:
Então foi o colega que atrasou a postar, e dai?? Não mudo nada do que disse em respeito à mídia PIG! :wink:

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 2:33 pm
por suntsé
Francoorp escreveu:
Eu vejo a coisa é de forma positiva, quanto mais parceiros tivermos melhor, assim não ficamos dependentes de nenhum deles, mas com grande mobilidade comercial e diplomática. Esse cara de brasileiro não tem nada, como diz o Prick, so nasceu aqui!!

Eu acredito que um dos principais motivos do Brasil não ter ficado de quatro na ultima crise muldial é o fato de não estar tão dependente do mercado americado como antes, O Brasil profundou as trocas comerciais com a China, Oriente Médio e outros paises durante o governo LULA.

Se o Brasil estive-se com a mesma ligação umbilical com a aconomia Norte Americana como antes...com certeza teria sentido muito.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 3:08 pm
por Penguin
Francoorp escreveu:[ quote="Santiago"]São Paulo, domingo, 08 de agosto de 2010

RUBENS RICUPERO

Reviravolta histórica
No passado, o intercâmbio não se limitava a comércio: os valores e as aspirações também vinham de fora

NO ANO PASSADO, a China se tornou pela primeira vez o maior mercado do Brasil, superando os EUA, que ocupavam essa posição há quase 150 anos. O mercado chinês foi também o primeiro destino das vendas do Mercosul e do Chile, o segundo para a Argentina e o Peru.
Esse cara podia pegar uma bolsinha vermelha ou rosa chock, ir pra avenida litorânea de Miami e sentir o crescer do intercâmbio mercantil dos americanos entrando e depositando em sua conta...

Eu vejo a coisa é de forma positiva, quanto mais parceiros tivermos melhor, assim não ficamos dependentes de nenhum deles, mas com grande mobilidade comercial e diplomática. Esse cara de brasileiro não tem nada, como diz o Prick, so nasceu aqui!!
Santiago escreveu:
Francoorp escreveu:
Como sempre a globo chega atrasada nas noticias... é que primeiro tem que passar pela censura da comissão PIG pra saber se pode ou não ser publicada. :wink:

viewtopic.php?f=11&t=12352&start=2520
A mesma fonte que vc citou em 30/07/2010 ( viewtopic.php?f=11&t=12352&start=2520 ), o G1, da Globo. :wink:
Então foi o colega que atrasou a postar, e dai?? Não mudo nada do que disse em respeito à mídia PIG! :wink:[/quote]

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Vc coletando e postando artigos na mídia PIG?! Surpreendente! Mas e dai?
Eu postei a atualização, vc o original. A fonte foi o G1 da Globo. Veja os datas.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Ago 08, 2010 3:19 pm
por Francoorp
Creio que nem o original da mídia PIG seja tão "original" assim... :twisted:
suntsé escreveu:
Francoorp escreveu:
Eu vejo a coisa é de forma positiva, quanto mais parceiros tivermos melhor, assim não ficamos dependentes de nenhum deles, mas com grande mobilidade comercial e diplomática. Esse cara de brasileiro não tem nada, como diz o Prick, so nasceu aqui!!

Eu acredito que um dos principais motivos do Brasil não ter ficado de quatro na ultima crise muldial é o fato de não estar tão dependente do mercado americado como antes, O Brasil profundou as trocas comerciais com a China, Oriente Médio e outros paises durante o governo LULA.

Se o Brasil estive-se com a mesma ligação umbilical com a aconomia Norte Americana como antes...com certeza teria sentido muito.
Concordo completamente, mas vai falar isso por tal de Ricupero( palavra que em italiano significa: Recupero, acho que o cara deve sim ser "recuperado" em seu patriotismo!)

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 8:43 am
por Marino
O emergente pede passagem

Como pode o Brasil, num sistema internacional em transição, aumentar sua influência?

Gabriel Manzano



Trata-se de uma feliz coincidência e o melhor que os candidatos à Presidência podem fazer é aproveitá-la. O Brasil ganha importância e sonha com mais espaço na política mundial no exato momento em que uma crise financeira abala o sistema e obriga as grandes potências a reavaliar as regras do jogo e aceitar novos sócios. A multipolaridade, palavra da moda entre diplomatas e historiadores, abre as portas do clube para novos sócios - os países emergentes.

Uma tarefa a mais, portanto, para os presidenciáveis: entender de política externa. O tema entrou no caldeirão das prioridades nacionais e está obrigando cada um deles a esclarecer aos 135 milhões de eleitores, até outubro, duas questões: de que modo farão o País tirar vantagem desse novo cenário? E por quais caminhos pretendem definir esse novo lugar do Brasil no mundo?

Essas perguntas não faziam o menor sentido nos tempos do chamado mundo bipolar, o da Guerra Fria. Aquele era um mundo no qual não cabia mais ninguém além de Estados Unidos e União Soviética, com seus mísseis, seus espiões e o som de seus tambores de guerra. O nome do jogo era "mundo livre versus cortina de ferro" e a diplomacia dos tristes trópicos, tão desimportante, dormia sossegada durante os comícios eleitorais.

Isso passou. Sepultado com o comunismo, em 1991, o mundo bipolar foi trocado pelo domínio americano, unipolar. Bem depressa, porém, este se desmantelou. Não resistiu ao espetacular crescimento da China, aos estilhaços da crise financeira mundial e à virada americana com Barack Obama - cujo subproduto imediato era o fim do governo Bush e de sua obcecada guerra ao terror. É do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, uma das melhores definições desse furacão: "As placas tectônicas da economia e da política estão se deslocando. As categorias desatualizadas do Primeiro e do Terceiro Mundo, doador e credor, líder e liderado, já não servem mais."

Buscar vantagens para o Brasil, nesse quintal de incertezas, não é tarefa simples. Primeiro, porque não há mais consenso sobre política externa. Como adverte a professora Maria Hermínia Tavares, do Instituto de Relações Internacionais da USP, o País ficou importante e os temas da diplomacia já não cabem nos salões e saletas do Itamaraty. "Eles ganharam o Congresso, as empresas, a mídia. Tornaram-se um tema controverso", diz ela.

Polêmica aqui dentro, polêmica lá fora. O mundo dito multipolar onde a política externa tem de se aventurar virou um quebra-cabeça de novos temas, novos fóruns, novos riscos. Dos grandes salões oficiais, como a ONU e a OMC, o debate escapou para o G-20, os BRICs, os BASICs, o Caricom, a Unasul... Cúpulas informais, às vezes gigantescas, reúnem governos, ONGs e instituições mil para discutir sistema financeiro, segurança nuclear, mudanças climáticas, energias limpas, lavagem de dinheiro, direitos humanos, migrações, controle da internet. Uma tarefa para diplomatas de todos os ministérios.

Que mundo pode sair desse feirão de debates, com seus quilômetros de documentos? Para saber, o Conselho Nacional de Segurança dos EUA reuniu centenas de cientistas e montou, em 2008, uma futurologia de primeira - o estudo Global Trends 2025: A Transformed World (Tendências Globais 2025, Um Mundo Transformado). É um nunca acabar de alertas, a exigir das diplomacias um guia de sobrevivência.

Seu primeiro lembrete é que o Ocidente tem hoje 18% da população mundial - um número que convive com o rápido crescimento da Ásia e do Islã. A riqueza se transfere, em ritmo inédito, para a Ásia. Daqui a 15 anos cerca de 25 nações saberão fabricar uma bomba nuclear. As alterações climáticas vão desarrumar a vida de muitas nações. É preciso começar já a construir uma economia sem petróleo.

O Brasil, nessa avaliação, vale mais do que antes e menos do que se proclama. Embalado pelo agronegócio e pelo petróleo em alto-mar, pode sonhar com dias gloriosos - mas a precariedade da educação e uma tecnologia de principiante o impedem de decolar. Discursos e euforia à parte, o que os números dizem é que o País patina no 85º lugar nos índices de educação da ONU e que saltou de 22% para 45% o volume de matérias-primas nas nossas exportações.

Como adverte o economista Marcelo de Paiva Abreu, professor da PUC-Rio, se quiser livrar-se desses grilhões o próximo governo "não pode ignorar a urgência de maciça renovação da infraestrutura e inovações tecnológicas". Isso combina com a incômoda previsão do Global Trends, segundo o qual o Brasil "tem limitada habilidade para projetar-se além do continente, como player importante no cenário mundial". O americano Peter Hakim, do Diálogo Interamericano, vai mais longe. Veterano estudioso da América Latina, ele afirma que o potencial do Brasil para liderar o continente é "limitado por sua falta de disposição para arcar com os custos financeiros e políticos" de tal empreitada. E os vizinhos, diz ele com alguma ironia, "não têm um desejo particular de serem representados pelo Brasil".

Em meio a tudo isso, a escolha moral e política sobre valores. A busca do "Brasil potência" vale o afastamento das tradicionais alianças ocidentais? Onde fica o ponto ótimo entre direitos humanos e negócios?Nenhum presidenciável escapará dessas escolhas cruciais, assim que subir a rampa do Planalto. E de muitas outras: como dar alento ao Mercosul? Dá para aplicar um choque de realidade no bolivarianismo? Como retomar o clima de confiança com os EUA? Os BRICs têm futuro como aliança? Seria oportuno o País ousar um pouco mais na política ambiental?

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 8:44 am
por Marino
Em busca do norte perdido

As opções do atual governo, principalmente a aproximação com o Irã, esfriaram as relações com os EUA

Paulo Sotero



O vencedor ou vencedora das urnas de outubro herdará, na relação com os Estados Unidos, um ambiente envenenado pelas consequências da trombada entre Brasília e Washington na questão do programa nuclear do Irã e outros desencontros nos últimos dois anos. O ressentimento deixado pelo episódio iraniano é intenso, mútuo e extravasou para áreas além do controle dos diplomatas, o que deve complicar o indispensável trabalho de reconstrução da confiança entre os dois governos.

Entre altos funcionários e pessoas que acompanham de perto as relações bilaterais fala-se em uma "great anger", algo entre uma "grande irritação" e "enorme raiva". "Eu não teria previsto, no início do ano passado, o quadro negativo com que hoje nos deparamos", disse um funcionário.

No Departamento de Estado, na Casa Branca e em outras áreas do executivo e do Congresso norte-americanos, a interpretação que Brasília deu aos fatos e o vazamento de uma carta que o presidente Barack Obama enviou a seu colega brasileiro foram tomados como "má fé" de um governo que pisou na bola, ignorou o que ouviu de Washington em repetidas consultas, calculou errado a posição de outros países e acabou isolado não apenas de parceiros tradicionais do Brasil, mas também de novos aliados, como China e Rússia.

"A Rússia e a China votaram contra o Irã não porque acreditam nas sanções, mas porque valorizam sua relação com os Estados Unidos e sabiam da importância que a decisão tinha para o presidente Obama", diz uma alta fonte oficial de Washington.

De acordo com a fonte, o voto do Brasil contra as sanções impediu a Turquia de abster-se, como o governo de Ancara gostaria de ter feito - segundo fontes suas teriam feito saber a Washington -, e agravou o dano causado pelo clima de celebração da assinatura do acordo em Teerã, no dia 17 de maio. O prejuízo estende-se à mídia, onde Lula começa a ser tratado com hostilidade, e ao Congresso. Para assessores parlamentares, o episódio alienou simpatizantes e gerou uma predisposição hostil ao Brasil que antes não havia e será agora mobilizada pelo influente lobby pró-Israel e por grupos protecionistas contra iniciativas de interesse do País.

O clima ficou tão carregado que recentemente diplomatas americanos acharam necessário mobilizar amigos influentes em Washington para evitar declarações ou gestos que pudessem aumentar o estrago.

O ressentimento é mútuo. Há, no Planalto, forte zanga diante do que foi interpretado como um ato de sabotagem diplomática da secretária de Estado Hillary Clinton ao acordo que Brasil e Turquia negociaram com o Irã. O sentimento foi expresso pelo próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando recebeu o secretário geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, em maio, dias depois de o Conselho de Segurança da ONU ter apoiado a posição americana e imposto novas sanções econômicas contra Teerã. Segundo uma testemunha, Lula disse sentir-se "traído" por Obama, a quem julgava estar ajudando ao interceder junto aos iranianos numa missão de alto risco.

Figuras insuspeitas em Washington, como o ex-embaixador Thomas Pickering e o ex-chefe das inspeções da Agência International de Energia Atômica, David Kay, criticaram a pressa da administração Obama em ir adiante com as sanções em vez de tentar usar os esforços do Brasil e da Turquia para buscar uma solução com o Irã.

A disposição dos EUA a um diálogo com o Irã, admitida há dias por Washington, pode aliviar o mal-estar com Brasília e Ancara, mas tem premissa que Teerã quer conversar porque as sanções estão surtindo efeito e é preciso, portanto, manter a pressão.

"A eleição presidencial de outubro abre uma oportunidade natural para se fazer uma reavaliação nos dois países e reconduzir o diálogo a um patamar produtivo", disse uma alta fonte diplomática. "Daqui até lá, é importante evitar duas coisas: que se conclua, em Washington, que o Brasil não é um aliado confiável, e , em Brasília, que a diplomacia americana está interessada apenas em afirmar o poder dos Estados Unidos e negar ao Brasil o espaço que o país conquistou na cena internacional."

No entanto, a retomada do diálogo de alto nível iniciado pelos presidentes FHC e Bill Clinton nos anos 90, que Lula manteve com George W. Bush e ensaiou com Obama, depende agora de fatores imponderáveis. Em tese, a eleição de José Serra desanuviaria o ambiente mais rapidamente. O candidato tucano na condenou publicamente o abraço de Lula ao governo iraniano de Mahmoud Ahmadinejad.

Em caso de vitória de Dilma Rousseff, a dúvida é se ela adotará uma estratégia externa pragmática, que busque fortalecer a agenda econômica e revalorizar as relações com os EUA ou se abraçará a diplomacia ideológica dos últimos dois anos. A resolução negociada da questão do algodão, depois do episódio iraniano, evitou a imposição de retaliações comerciais aos EUA e mostrou que prevalece em Brasília e Washington o reconhecimento de que há interesses econômicos e uma relação importante a preservar.

Promover a cooperação bilateral com vistas a resultados mutuamente vantajosos foi a ênfase da Cúpula de Altos Executivos de Empresas dos dois países realizada em meados de julho em Denver, Colorado. O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, nome forte para a Fazenda num governo Dilma, enfatizou a importância da cooperação com os EUA do pragmatismo nas decisões econômicas internacionais em encontro que teve na Casa Branca, em conversas reservadas com executivos e acadêmicos e em palestra pública que fez no Wilson Center, durante viagem a Washington, no mês passado.

A falta de traquejo internacional de Dilma alimenta, porém, dúvidas se ela, uma vez no poder, optará por agradar a militância do Partido dos Trabalhadores e abandonará os traços de pragmatismo remanescentes na política externa.

Somem-se a isso as incertezas geradas pela fragilidade da recuperação econômica dos Estados Unidos e pelas crescentes dificuldades políticas do governo Obama. As pesquisas apontam para a derrota do Partido Democrata nas eleições legislativas de novembro e perspectivas incertas de reeleição de Obama em 2012.

A consequência provável é que, nos próximos dois anos, a administração norte-americana estará voltado para dentro. Isso, a má vontade mútua criada pelo episódio iraniano e a possibilidade de nova colisão com Washington a respeito dos Andes desaconselham grandes expectativas nas relações bilaterais.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 8:45 am
por Marino
Os bárbaros estão chegando

Brasil, Rússia, Índia e China, os BRICs, somam 15% do comércio mundial e entram no jogo. Mas já há reações em favor de um sistema mais seguro, que preserve o peso das grandes potências

Andrew Hurrell



O multilateralismo funcionou na maior parte do período pós-1945, porque não era muito multilateral. Centrava-se num grupo central de países desenvolvidos. Excluía o bloco soviético e a ameaça soviética era essencial para sua coesão institucional e para enfrentar o desafio representado pela ascensão econômica do Japão e dos tigres asiáticos.

O Terceiro Mundo tinha um papel marginal. Onde se envolveu, seus interesses eram limitados e predominantemente defensivos (o que se via claramente na participação dos países em desenvolvimento no GATT). Quando ele tentou desafiar a ordem estabelecida, nos anos 70, o desafio foi derrotado.

Tudo isso mudou. O sistema internacional é caracterizado por uma difusão do poder, que inclui potências emergentes e regionais; por uma difusão de preferências com muito mais vozes exigindo serem ouvidas, tanto globalmente quanto internamente, como resultado da globalização e da democratização; e por uma difusão de ideias e valores, com uma retomada das grandes questões da organização social, econômica e política que se supunha já sepultadas com o fim da Guerra Fria e a ascensão do liberalismo.

Há um consenso geral de que os novos poderes regionais e emergentes são atores indispensáveis de qualquer ordem global viável. Mas há pouco acordo quanto à natureza ou aos princípios dessa ordem.

A escala de desafios à governança é gigantesca. Da União Europeia ao Tratado de Não-Proliferação Nuclear, o multilateralismo e as instituições formais estão em desordem. E a ascensão de novos poderes traz consigo uma heterogeneidade ainda maior de interesses e valores, assim como fortes demandas por status e reconhecimento - os chamados "positional goods" - a respeito dos quais é praticamente impossível chegar a um acordo estável.

Uma reação já visível é a tentativa de voltar a uma ordem mais centrada nas grandes potências. Segundo essa visão, os Estados Unidos reduziriam o tamanho de suas responsabilidades ao negociar uma nova série de barganhas com as atuais potências emergentes. Esse pensamento é aparente na interminável retórica das "parcerias" e na maior proeminência de agrupamentos informais como o G-20. As cadeiras ao redor da mesa de negociações seriam rearrumadas e a mesa, ampliada.

A ordem global iria envolver um mosaico de agrupamentos diferentes e muito do que o diplomata Richard Haass, assessor do governo George Bush, chamou de "multilateralismo bagunçado". O ministro de Relações Exteriores da Grã-Bretanha, William Hague, falou recentemente de uma maneira semelhante, enfatizando a importância das relações com as potências emergentes e argumentando que a influência depende de redes de Estados com padrões fluidos de lealdades, alianças e conexões.

Novas entidades como os BRICs, os BASICs e o IBSA pertencem, por igual, a esse cenário. Elas representam tentativas de se organizar para ter mais influência. Às vezes refletem um desejo de equilíbrio em relação aos Estados Unidos e uma tentativa de deslegitimar as pretensões ocidentais de ditar a ordem global. Às vezes eles são orientados por uma questão mais específica. Mas eles também se marcam por interesses heterogêneos e muitas vezes conflitantes, e oferecem uma base fraca para um programa de ação.

Apesar de a linguagem das novas parcerias estratégicas estar sempre presente, a realidade e a retórica frequentemente divergem - mesmo no caso muito alardeado da relação Estados Unidos-Índia.

O G-20 é supostamente o principal foro para a cooperação econômica internacional, mas ainda é incerto o que isso inclui - seria um centro de redes técnicas para uma governança da economia global? Um diretório dos principais Estados coordenando e apoiando a ação de instituições formais? Ou uma concertação mais antiquada de potências já estabelecidas e em formação, com eficiência sustentada em hierarquia, exclusão e realização? É essa incerteza a respeito da função do G-20, e não a questão sobre o melhor tamanho ou abrangência, a maior fragilidade do agrupamento.

Essas incertezas refletem o caráter complexo, híbrido e contestado da sociedade internacional contemporânea - uma sociedade que enfrenta uma série de desafios westfalianos (especialmente relacionados à transição de poder e ao surgimento de novas potências); mas que enfrenta esses desafios em um contexto marcado por fortes características pós-westfalianas (tanto em termos das condições materiais da globalização como da mudança do caráter da legitimidade política).

Seriam mais factíveis os movimentos em direção a uma ordem mais centrada nas potências? Quase certamente, não. As grandes potências de hoje parecem incapazes ou relutantes a desempenhar seus papéis tradicionais nesse tipo de ordem, ajudando a resolver o problema de outros povos e definindo seus interesses de maneira ampla, para ganhar algum apoio dos Estados mais fracos. Eles também compartilham uma grande relutância a pensar sobre reforma institucional séria e sobre a reconstrução de instituições multilaterais eficientes. Essa não é uma combinação feliz.

Os problemas de legitimidade são particularmente sérios. Os valores que definem direitos humanos e democracia foram manchados pelos excessos da era Bush; os atrativos do "soft power" do capitalismo de livre-mercado foram enfraquecidos pela crise financeira; e as alegações das instituições ocidentais sobre competência técnica e propriedade intelectual foram abaladas.

Por outro lado, as potências emergentes de hoje se sentem tentadas a ver uma política externa escorada em princípios como algo pertencente a uma era de fraqueza ( caso do não-alinhamento na Índia); ou a enfatizar, corretamente, a hipocrisia e seletividade que faz parte dos apelos ocidentais a valores globais (como exemplo, se tratando de direitos humanos na Índia e no Brasil).

Mas legitimidade é indispensável - tanto para o poder nacional como para a ordem global. E é especialmente importante para um país como o Brasil, cuja influência não pode depender de força coercitiva. Essa é uma das razões pelas quais o multilateralismo continua indispensável.

Um desafio final está relacionado à política doméstica. Isso emerge automaticamente no caso dos Estados Unidos. Mas, neste ponto crítico, algo semelhante pode ser dito a respeito das potências emergentes, grandes e complexas. As restrições domésticas da Índia à mudança climática são tão complicadas quando as registradas nos EUA. Isso é novo? Em termos gerais, não.

Pensemos nas tensões que foram geradas pela rápida mudança econômica no decorrer da ascensão dos Estados Unidos, da Alemanha e do Japão. Mas o que é novo, ou pelo menos difícil de evitar, é o grau pelo qual a substância das relações entre as potências necessariamente envolve uma gama de questões oriundas da estrutura profunda da sociedade doméstica.

A politização da política externa no Brasil indubitavelmente reflete questões que são particulares ao país - como as mudanças ideológicas dentro da América do Sul. Mas o que vemos no Brasil faz parte de uma tendência mais geral.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 9:04 am
por Marino
Os falsos filhos de bolívar
No grandioso esquema bolivariano de Chávez, que repete antigas trilhas autoritárias, não está claro o papel do Brasil
Marcos de Azambuja - O Estado de S.Paulo
Karl Marx, redivivo, talvez não fosse hoje "marxista". É possível imaginar que Simon Bolívar também não coubesse nem se sentisse confortável em nossos dias no molde de um militante "bolivariano".
No dia 17 de dezembro de 1830, em uma casa de fazenda em Santa Marta, morria "El Libertador" - o primeiro, o original, verdadeiramente o único. Embora San Martín, com menores merecimentos, houvesse também sido ungido com igual título, faltava ao sóbrio argentino o sentido de teatro e história e o carisma extraordinário do venezuelano.
Sua última e relutante viagem a caminho do exílio é um estudo em desilusão e amargura. Garcia Marques escreve sobre ela uma de suas melhores narrativas. As cartas finais de Bolívar são o testamento de sua decepção com o futuro que antevia para a América espanhola que havia ajudado a desconstruir e não pudera (ou soubera) reconstruir de acordo com sua grande visão de uma América Latina unida e integrada e - aí residia um dos maiores obstáculos - com ele como seu ditador.
Se voltasse hoje - 180 anos depois - e se visse refém do projeto político de Hugo Chávez, é agradável presumir que o libertador não iria permitir que seu nome, seus ideais e seus grandiosos projetos pudessem ser apropriados, nas novas e inteiramente diversas circunstâncias do começo do século 21, para definir e rotular um projeto que não seria o seu.
Bolívar é, acima de tudo, o herói em sua definição romântica e poderia ter saído da obra de Byron - que, incidentalmente, era um ardente admirador e deu mesmo seu nome ao barco que o levou em sua última viagem pelas costas da Europa.
É também fácil associar Bolívar a Garibaldi, com quem compartilha importantes traços de identidade. Foi um homem de seu tempo e um admirador do Napoleão da primeira fase e a cuja coroação como imperador assistiu em 1804. Não é fácil imaginar um cidadão do mundo formado no espírito de Rousseau, de Voltaire, admirador da revolução americana e do modelo constitucional britânico reduzido ao sectarismo das teses hoje defendidas pelo governo de Caracas.
Há vários Bolívar embrulhados em um só. Há o jovem aristocrata criollo ferozmente anti-espanhol; há o profeta que jura libertar a América com Roma a seus pés; há o homem de ação das várias campanhas militares; há o estadista dos manifestos de Angostura e de Cartagena e há o homem de reflexão da Carta da Jamaica. Há ainda o amante da destemida Manuela Saenz (que ele próprio
havia definido como "La libertadora Del Libertador") - ele, o Don Juan de muitas outras escapadas na Nova Granada e em diversos leitos e paragens.
Se Byron era um seu admirador, Marx foi um crítico severo pelo que se depreende do artigo que, sobre Bolívar, escreveu para The New American Encyclopedia em 1858. Para Marx revolução era coisa séria, a ser perseguida com rigor, método e disciplina. O impulsivo caudilho não era, certamente para Marx, o tipo de líder que a revolução reclamava. O que salva Bolívar da vala comum do autoritarismo dos cavalarianos de sua época é exatamente a riqueza de seu mundo interior e as surpresas e os paradoxos do seu espírito.
Não vou levar mais longe este exercício hipotético sobre como o Bolívar histórico teria reagido à apropriação de seu nome para legitimar um suspeito projeto político atual. Alguns dos ingredientes básicos do modelo "bolivariano" de Hugo Chávez não são, certamente, originais e podem ser encontrados em outros movimentos latino-americanos: no justicialismo argentino; no aprismo e nos que trilharam o Sendero Luminoso peruano; nos Montoneros dos pampas e nos Tupamaros uruguaios; nos sandinistas da Nicarágua e nos seguidores de Farabundo Martí ou de José Martí em Salvador e Cuba. A lista pode se alongar e acabaríamos juntando, na busca da recriação de "La Pátria Grande", berço natural dessa latino-americanidade visionária, Bolívar e Ernesto Guevara - este, seguramente, a versão acabada do herói romântico do nosso tempo.
Com algumas diferenças naturais de época ou contexto nacional, muitos dos ingredientes de cada movimento parecem retirados do mesmo bloco de sentimentos populistas, autoritários e socialistas latino-americanos. Dependendo da época, o dragão externo é a Espanha, ou a Inglaterra ou os EUA. Os vilões internos são ou as forças armadas, uma oligarquia corrupta ou latifundiários brutais. No mais das vezes, todos juntos. É difícil ir contra a retórica "bolivariana". As palavras são sempre candentes; as promessas generosas; os erros do passado sempre odiosos; a exploração dos pobres, cruel e insensível. Como ser contra cada manifesto que traz a promessa de que desta vez a história será diferente?
O grande engano de cada impulso "bolivariano" - de que o "chavismo" é a mais recente versão - é que, em seu nome, se cometem os mesmos erros e se trilha o mesmo caminho de experiências fracassadas anteriores: renova-se a esperança da salvação pela espada e pela inspiração do herói; promete-se mais liberdade futura ao limitar a liberdade atual; insiste-se no desprezo pela construção paciente de um edifício social e econômico onde os erros venham a ser gradualmente corrigidos. Traçam uma linha irreconciliável entre amigos e inimigos e na há espaço para matizes e qualificações. Subestimam e desqualificam os que não estão na mesma onda de fervor e militância.
Sobre o Brasil e nosso lugar nesse grandiloquente esquema, há quase sempre um constrangido silêncio. Desde o início não somos vistos como parte da família a ser reagrupada; nossa opção inicial, monárquica e escravocrata e a consolidação - com a Independência - de nossos imensos espaços e da nossa unidade nos faz alheios ao esforço por reunificação e restauração que animava os principais atores da América espanhola fragmentada.
Não falamos - literal e metaforicamente - a mesma língua. Enquanto eles se insurgiam contra o império distante, o Rio de Janeiro, com a chegada da Côrte portuguesa, passava a ser, nos trópicos, a capital de um império.
O nosso foi um outro caminho. Menos retumbante mas, talvez, mais sensato na busca das formas mais justas e representativas de organização política e social. Tivemos mais sorte que eles e uma dose maior de juízo.
Ao procurar separar Simon Bolívar do projeto de Hugo Chávez devo reconhecer que, em pelo menos um ponto, El Libertador foi um legítimo precursor do que hoje se faz em Caracas. Quis também a presidência vitalícia, da qual acabou afastado pela inexorável força da natureza das coisas.
Seria confortador pensar que, depois de 180 anos de reflexão na quietude do túmulo, Bolívar se tenha convertido ao reconhecimento de que democracia é também alternância das pessoas e dos partidos no poder - o que provoca a oxigenação e a regeneração que só acontecem quando novos atores chegam ao centro do palco.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 9:04 am
por marcelo l.
http://www.stripes.com/news/military-re ... s-1.113754

sistema de aposentadoria militar quebrado, diz conselho

NÁPOLES, Itália - O sistema de aposentadoria militar é insustentável e necessita urgentemente de reparos, de acordo com um conselho consultivo do Pentágono influentes.

A Defesa Business Board - encarregado pelo secretário da Defesa Robert Gates para encontrar maneiras de reduzir o orçamento DOD - diz pagamentos anuais do Departamento do Tesouro para o sistema balão de 47,7 bilhões dólares este ano para 59.300 milhões dolares em 2020.

O grupo de 25 membros de líderes empresariais civil sugere que a Defesa olhar Departamento de mudar o sistema atual, mesmo insinuando a aumentar o número de tropas ano deve servir antes de ser elegível para o pagamento da aposentadoria.

O sistema atual "incentiva os nossos militares para deixar a 20 anos, quando eles são mais produtivos e experientes, e, em seguida, paga-lhes e às suas famílias e sobreviventes por mais 40 anos", presidente do comitê, disse Arnold Punaro membros do conselho na sua reunião trimestral no mês passado .

Fazendo as tropas servem mais antes de receber o salário não condiz com alguns servicemembers.

"Nenhuma pessoa racional poderia colocar-se com 20 anos de sofrimento que você está obrigado a sofrer se não fosse para o anel de bronze no final de tudo, chamado de reforma imediata", disse Petty Officer Classe 1 Ethan Gurney, um eletrônicos técnico baseado em Nápoles.

Não é realmente justo comparar o serviço militar para a força de trabalho civil, Gurney disse que, em 38, apenas alguns meses de reforma.

"A implantação contínua, condições de vida, postos de serviço remoto e perigosos são exclusivas para os militares", disse ele. "Esta companhia não é civil, portanto, qualquer modelo de civis que você usa para comparar com os militares é impertinente. Para fazer isso é irresponsável na melhor das hipóteses ".

A palestra de mudar o sistema de aposentadoria militar não é nova.

A 10 ª Revisão Quadrienal de Compensação Militar, lançado em 2008, disse que o sistema atual é injusto, inflexível e ineficiente.

Principalmente, o benefício não veste até os 20 anos de serviço, portanto, apenas uma pequena fração da força nunca recebe salário da aposentadoria. Além disso, o pessoal que atingem 10 anos de serviço têm um forte incentivo para permanecer no serviço militar para receber benefícios de aposentadoria, a revisão afirmou.

Como uma possível correção, a revisão recomenda o teste DOD um plano que calcular a aposentadoria paga com base em um tempo servicemember em serviço e salário. O benefício seria pago em 57 anos para aqueles com 20 anos de serviço e 60 para aqueles com menos de 20 anos. Segundo o plano, em que as tropas seriam adquiridos depois de 10 anos, o DOD que anualmente contribuem com até 5 por cento do salário básico para o servicemembers aposentadoria, semelhante a muitos planos de negócios civis.

A idéia de uma aposentadoria de 30 anos com um possível pagamento pelos servicemembers é uma possibilidade mais equitativa, de acordo com Nathaniel Fick, diretor executivo do Centro para uma Nova Segurança Americana, em Washington, DC-based "think tank".

Em uma coluna de maio no site da Foreign Policy, a Fick, um ex-fuzileiro, criticou o sistema previdenciário atual, dizendo: "Os avanços na medicina, alongamento vida, e à transição para uma economia de serviço neste país ... me faz pensar - como contribuinte - porque estamos pagando 38-year-olds como eles embarcam em sua segunda carreira completa ".

De acordo com Fick, o foco deveria estar no front-loading benefícios para os novos recrutas desde poucos servicemembers novos benefícios de reforma em sua mente quando se inscrever.

melhores benefícios poderia ajudar no recrutamento, de acordo com a Marinha Carreira Conselheira Carmen Sepúlveda, que é atribuído a Marinha Recrutamento Distrital de Nova Inglaterra, que é responsável pelo recrutamento de estrangeiros na Europa.

Sepúlveda disse que a maioria das crianças dos recrutas potenciais novos na Europa - de famílias de militares estacionados aqui - estão interessados nos benefícios educacionais e experiência de trabalho.

"A aposentadoria não é muito de um ponto de venda. Eles estão pensando em aposentadoria do seu pai, e não os seus próprios ", disse ela. "Mas quando você olha para a retenção, em uma segunda ou terceira inscrição, que é o lugar onde a aposentadoria é um grande negócio."

Mas a perspectiva de um ponto final a 30 anos de uma pensão poderia afetar negativamente a retenção, disse o suboficial da Fiallos Jose, um conselheiro de carreira da Marinha sediada em Nápoles.

"Há já tantos obstáculos para chegar ao 20 anos porque a Marinha é tão competitivo", disse Fiallos. "Eu acho que a 30-year-requisito de tempo de serviço para obter a aposentadoria seria mais definitivamente têm um impacto negativo sobre a conservação."

Em outubro, o conselho vai fazer suas recomendações finais ao secretário de defesa. Gurney e Ethan se preparam para o comércio em seu uniforme por roupas civis, olhando para a frente para a recolha de pensão.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 9:07 am
por Marino
Marcelo, este tema não é bem "geopolítico". :wink:

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Ago 09, 2010 5:37 pm
por Marino
Lula: Brasil tem obrigação de financiar obra no Paraguai

Hermano Freitas
Direto de São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou na tarde desta segunda-feira, em São Paulo, que o País tem obrigação de financiar uma linha de transmissão entre a usina hidrelétrica de Itaipu e a capital do Paraguai, Assunção. Segundo o presidente, esta seria uma forma de convencer o povo paraguaio de que o acordo que possibilitou a construção da usina, na década de 1970, é justo.

"Como é que você vai convencer o povo (paraguaio) de que o acordo de Itaipu é justo? Conheço empresários (brasileiros) que dizem que assim que houver energia, vão montar uma fábrica no Paraguai."

Para uma plateia de empresários brasileiros e salvadorenhos, o presidente defendeu que o País invista nos países vizinhos e disse que quanto mais os sul-americanos crescerem, mais o próprio Brasil crescerá.

"Tem que haver um equilíbrio. Quanto maior é o país, maior sua responsabilidade", disse, com a presença do presidente de El Salvador Mauricio Funes, a quem teria chamado de "menino de boa qualidade", em uma reunião com Barack Obama.

Lula defendeu que a balança comercial entre o Brasil e El Salvador tenha maior vantagem para o país da América Central. Atualmente, o Brasil compra apenas US$ 5 milhões de El Salvador.