Re: Exorcista-chefe da Igreja Católica diz que há bispos...
Enviado: Dom Mar 21, 2010 9:35 am
Olá Guerra,
Desculpe ter que interromper o debate ontem à noite, mas tive que sair para acompanhar minha esposa a um culto da igreja dela. Faço isto de vez em quando, pois ela fica muito feliz quando eu a acompanho, embora saiba que não acredito nos conceitos da sua religião.
Com relação aos seus pontos, vamos lá:
Mas pessoalmente não vejo muito sentido em dizer que isto é uma fé parecida com a fé original de Jesus Cristo, já que não tenho idéia de como seria esta fé original do Cristo. Tudo o que sabemos sobre Jesus hoje, fora o fato de que provavelmente um dos rabis judeus da época ter este nome (e que talvez tenha sido condenado e executado à época de Pôncio Pilatus), é o que nos dizem os textos bíblicos. Como não acredito na inspiração divina destes, não posso me basear neles como fonte sobre quem seria e o que realmente pregaria este que recebeu a designação de Cristo, então não posso afirmar nada sobre no que ele de fato acreditava ou sobre o que pregava. Só o que sei é o que os próprios religiosos dizem hoje, e baseado nisto não vejo muita similaridade entre Cristo e os Budistas, fora talvez certos conceitos éticos derivados das duas crenças, que no entanto teriam bases completamente diversas.
Isto também é viver apenas no mundo material? O que é então a vida espiritual, é praticar a devoção explícita a alguma concepção de Deus (ir a igreja todos os domingos, orar antes das refeições ou dar o dízimo com alegria)? Ou seria sentir um grande júbilo íntimo por ter certezas que os conhecimentos fora das religiões não podem (pelo menos ainda) proporcionar? Confesso que, por não ter certeza de algumas coisas, por vezes sou assaltado por dúvidas existenciais que talvez os religiosos não tenham, como sobre se existe ou não a vida após a morte. Talvez os crentes que tem realmente absoluta certeza de que ela existe porque assim proclamam suas religiões sejam mais bem-aventurados do que eu, e sem o apego à vida que tenho por não saber se existe algo após ela possam vivê-la de forma mais agradável e feliz. Mas não consigo deixar de pensar que os exemplos que me ocorrem de máximo desapego à vida material produzido pela crença religiosa sejam os dos caras que explodem bombas amarradas ao corpo ou pilotam aviões para dentro de prédios. E aí fico imaginando se o ser humano surgiu mesmo para alcançar tanta certeza e felicidade assim.
Um grande abraço,
Leandro G. Card
Desculpe ter que interromper o debate ontem à noite, mas tive que sair para acompanhar minha esposa a um culto da igreja dela. Faço isto de vez em quando, pois ela fica muito feliz quando eu a acompanho, embora saiba que não acredito nos conceitos da sua religião.
Com relação aos seus pontos, vamos lá:
Compartilho da sua admiração pelo budismo, e acho que principalmente o ramo Teravada, mais próximo dos ensinamentos originais do Buda (os demais ramos tornaram-se um tanto devocionais à figura do próprio Buda e/ou aos rituais, o que foge do conceito de aperfeiçoamento espiritual pessoal pela reflexão) é a religião que chega mais perto de como eu imagino que uma religião deveria ser. Até porque o Budismo não entra no mérito da explicação sobre a natureza de Deus e do universo, e se contenta em trabalhar no aperfeiçoamento da natureza humana. De fato ele não é teísta, mas não chega a ser ateísta, pois não nega a existência de uma entidade criadora que pode receber a qualificação de Deus, apenas considera que este ser é incognoscível, e portanto nem adianta nos preocuparmos com ele.guerra escreveu:Lá no inicio de toda essa discussão eu disse que para o catolicismo se considerar herdeiros de Cristo teria que ser como o budismo. Eu sei que o budismo é uma religião não téista. Mas o budismo é uma religião voltada somente para resolver os problemas do ser humano em sua essência. No Budismo tibetano os nangpa são os: "aqueles que procuram dentro de si". O budismo é uma via de busca e aperfeiçoamento espiritual. Isso é uma fé muito parecida com a fé de Cristo.
Mas pessoalmente não vejo muito sentido em dizer que isto é uma fé parecida com a fé original de Jesus Cristo, já que não tenho idéia de como seria esta fé original do Cristo. Tudo o que sabemos sobre Jesus hoje, fora o fato de que provavelmente um dos rabis judeus da época ter este nome (e que talvez tenha sido condenado e executado à época de Pôncio Pilatus), é o que nos dizem os textos bíblicos. Como não acredito na inspiração divina destes, não posso me basear neles como fonte sobre quem seria e o que realmente pregaria este que recebeu a designação de Cristo, então não posso afirmar nada sobre no que ele de fato acreditava ou sobre o que pregava. Só o que sei é o que os próprios religiosos dizem hoje, e baseado nisto não vejo muita similaridade entre Cristo e os Budistas, fora talvez certos conceitos éticos derivados das duas crenças, que no entanto teriam bases completamente diversas.
Talvez esta sua afirmação precise ser explicada com mais cuidado. O que seria "viver somente no mundo material"? Eu por exemplo não tenho fé, só dúvidas, mas dispendo uma boa parte do meu tempo pesquisando e refletindo sobre temas que não são ligados apenas ao dia-à-dia, como a natureza do universo e da consciência, da ética, da sociedade, etc..., a ponto de participar ativamente de debates como este aqui e até de escrever artigos sobre estes temas. E procuro sempre pautar minha vida e minhas ações pelas conclusões a que vou chegando ao longo de meu aprendizado nestas áreas.Guerra escreveu: Quem não tem fé só vive o mundo material. Só existe a cidade ou a igreja onde ele quer chegar. E fim de papo.
Isto também é viver apenas no mundo material? O que é então a vida espiritual, é praticar a devoção explícita a alguma concepção de Deus (ir a igreja todos os domingos, orar antes das refeições ou dar o dízimo com alegria)? Ou seria sentir um grande júbilo íntimo por ter certezas que os conhecimentos fora das religiões não podem (pelo menos ainda) proporcionar? Confesso que, por não ter certeza de algumas coisas, por vezes sou assaltado por dúvidas existenciais que talvez os religiosos não tenham, como sobre se existe ou não a vida após a morte. Talvez os crentes que tem realmente absoluta certeza de que ela existe porque assim proclamam suas religiões sejam mais bem-aventurados do que eu, e sem o apego à vida que tenho por não saber se existe algo após ela possam vivê-la de forma mais agradável e feliz. Mas não consigo deixar de pensar que os exemplos que me ocorrem de máximo desapego à vida material produzido pela crença religiosa sejam os dos caras que explodem bombas amarradas ao corpo ou pilotam aviões para dentro de prédios. E aí fico imaginando se o ser humano surgiu mesmo para alcançar tanta certeza e felicidade assim.
Um grande abraço,
Leandro G. Card