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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Qua Out 15, 2008 10:09 pm
por Junker
Brasil, Índia e África do Sul dizem: é hora de nos ouvirem
quarta-feira, 15 de outubro de 2008 08:10 BRT

NOVA DÉLHI (Reuters) - Os líderes da Índia, Brasil e África do Sul disseram na quarta-feira que a crise global de crédito mostra a necessidade de solidariedade sul-sul e de reformas em instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), para que elas reflitam o crescimento econômico destes países.

Os três países já começaram a sentir os apuros da crise cuja culpa é atribuída aos erros e à ganância das nações ocidentais mais ricas.

"Corremos o risco de virar vítimas de uma crise financeira gerada pelos países ricos. Isso é injusto", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma cúpula que reuniu os três países, em Nova Délhi.

"É inadmissível que paguemos pela irresponsabilidade de especuladores que transformaram o mundo em um enorme cassino. Ao mesmo tempo, eles nos deram lições de como devemos governar nossos países."

"Nossos países devem participar mais diretamente da coordenação internacional para confrontar a crise financeira."

Países como Brasil e Índia, que fazem parte do grupo de novos emergentes chamado de BRIC, fazem campanha para ter mais influência nas políticas financeira e diplomática mundiais.

A crise deu mais força aos seus argumentos. Eles dizem que os principais mercados emergentes precisam de assentos no Conselho de Segurança da ONU ou um papel nas cúpulas do G8, que reúne os sete países mais industrializados do mundo mais a Rússia.

"Precisamos mais do que nunca renovar os esforços para reformar as instituições de governança internacional, seja a ONU ou o G8", disse o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh durante a cúpula.

"Nossa voz precisa ser ouvida nos conselhos internacionais, para que lidemos com essa crise de uma forma que não prejudique nossas prioridades de desenvolvimento", completou.

O Brasil, por exemplo, viu suas ambições de tornar-se um peso pesado na economia global serem prejudicadas pela crise, que já chegou aos mercados de câmbio e à bolsa, antes fortes.

Já a Índia foi forçada a injetar liquidez em seu sistema bancário e há temores de que os índices de crescimento do país asiático sofram com a crise.

"Os pilares de estabilidade... estão potencialmente no sul", disse o presidente da África do Sul, Kgalema Motlanthe.

A Índia e o Brasil são membros-chave do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias emergentes, e lideram os países em desenvolvimento em negociações comerciais.

Mas as divergências entre os Estados Unidos, os exportadores e os importadores de alimentos dos países em desenvolvimento prejudicaram as negociações entre ministros do Comércio, há dois meses.

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Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Sáb Out 18, 2008 8:52 pm
por soultrain
China fecha empresas de brinquedos e demite 6,5 mil

Desaquecimento econômico dos EUA afeta vendas do setor.
Mais de 3,6 mil exportadores fecharam as portas no 1º semestre.

Da Agência Estado
Duas grandes fábricas de brinquedos no sul da China fecharam as portas esta semana, em razão da crise nos Estados Unidos, o principal destino de suas exportações, deixando 6,5 mil pessoas desempregadas. As falências são as maiores registradas em um setor que enfrenta dificuldades desde o primeiro semestre deste ano, quando metade de seus pequenos exportadores fecharam as portas.

A China produz cerca de 80% dos brinquedos consumidos em todo o mundo e a maioria de suas fábricas trabalha como subcontratadas das grandes marcas mundiais, como Disney e Mattel.

Segundo representantes da empresa Smart Union, a principal razão para o fechamento das duas unidades é a grande dependência em relação ao mercado dos Estados Unidos, país imerso na mais grave crise financeira desde 1930.
Problemas locais

Além da turbulência global, as empresas chinesas enfrentaram uma série de problemas domésticos nos primeiros seis meses deste ano, o que provocou desaceleração do crescimento do país. Na segunda-feira (dia 20), o governo chinês anunciará o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do período de julho a setembro, que deverá ser o quarto trimestre consecutivo de queda do ritmo de expansão da economia chinesa. Na primeira metade do ano, o crescimento foi de 10,4%.
Estatísticas oficiais indicam que 3.631 exportadores de brinquedos do sul da China fecharam suas portas no primeiro semestre, o equivalente a 52,7% do total. A grande maioria era de pequenas e médias empresas, com volume de vendas ao exterior inferior a US$ 100 mil ao ano.

O sul da China é a principal base de produção de bens de exportações intensivos em mão-de-obra, como brinquedos, calçados e têxteis. Também é o local da Feira de Cantão, o principal evento de exportações do país, que teve início esta semana com uma brutal queda de visitantes.

http://g1.globo.com/Noticias/Economia_N ... E+MIL.html

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Seg Out 20, 2008 12:02 pm
por soultrain
EUA a caminho da pior recessão em mais de um quarto de século
A economia norte-americana poderá estar a caminho da pior recessão desde 1982, avisam economistas consultados pelo Financial Times, antecipando as más notícias esperadas para esta tarde, com a actualização dos indicadores avançados do Conference Board.
Eva Gaspar
egaspar@mediafin.pt


A economia norte-americana poderá estar a caminho da pior recessão desde 1982, avisam economistas consultados pelo Financial Times, antecipando as más notícias esperadas para esta tarde, com a actualização dos indicadores avançados do Conference Board.


Não obstante acreditarem que o pior da crise no sistema financeiro estará para trás, os economistas receiam que os danos provocados sobre a economia real serão superiores aos inicialmente antecipados.

“Nas últimas semanas, a deterioração dos dados económicos foi muito mais severa do que alguém antecipava”, afirma Frederic Mishkin, professor na Universidade de Colômbia e antigo governador da Reserva Federal, citando as quebras históricas nas vendas a retalho, na produção industrial e a contracção nas exportações, que na primeira metade do ano mais do que compensaram a redução no consumo interno.

Os economistas esperam que a taxa de desemprego possa atingir os 8% (está actualmente em 6,1%) e temem que o baixíssimo nível de poupança dos norte-americanos conduza uma recessão especialmente prolongada.

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Seg Out 20, 2008 9:55 pm
por Túlio
Aterrorizante. Aviso: desaconselhável para cardíacos. Detalhe: postei aqui, em páginas anteriores, outros boletins do GEAB. Procurem erros neles...

Crise sistémica global:
Cessação de pagamentos do governo americano no Verão de 2009

por GEAB [*]

Por ocasião do aparecimento do GEAB Nº 28, o LEAP/E2020 decidiu lançar um novo alerta no quadro da crise sistémica global pois nossos investigadores consideram que no Verão de 2009 o governo americano estará em cessação de pagamentos e não poderá portanto reembolsar seus credores (detentores de Títulos do Tesouro dos EUA, títulos da Fanny Mae e do Freddy Mac, etc). Esta situação de bancarrota evidentemente terá consequências muito negativas para o conjunto dos proprietários de activos denominados em dólares dos EUA. Segundo a nossa equipe, o período que então se abrirá tornar-se-á propício ao lançamento de um "novo dólar" destinado a remediar brutalmente o problema da cessação de pagamentos e da fuga maciça de capitais fora dos Estados Unidos. Este processo decorrerá dos cinco factores seguintes que são analisados mais em pormenor no GEAB Nº 28.

1- A evolução recente, em alta, do dólar é uma consequência directa e provisória da queda das bolsas mundiais

2- O "baptismo político" do euro acaba de ter lugar dando uma alternativa "de crise" ao dólar, enquanto "valor refúgio" crível

3- A dívida pública americana incha de maneira doravante incontrolável.

4- O colapso em curso da economia real dos Estados Unidos impede toda solução alternativa à cessação de pagamentos.

5- "Forte inflação ou hiper-inflação nos Estados Unidos em 2009", esta é a única questão.

Mas já se pode ter uma ideia da evolução que se aproxima examinando a Islândia, que a nossa equipe acompanha à lupa desde o princípio de 2006. Este país constitui com efeito um bom exemplo do que espera os Estados Unidos, e igualmente o Reino Unido. Pode-se considerar, tal como bom número de islandeses hoje, que o colapso do sistema financeiro foi provocado pelo facto de estar super-dimensionado em relação ao porte da economia do país.

A Islândia, em matéria financeira, deixou-se dominar pelo Reino Unido [1] . Como em matéria financeira o próprio Reino Unido foi dominado pelos Estados Unidos e como os Estados Unidos estão dominados por todo o planeta, não é inútil meditar no precedente islandês [2] para apreender o rumo dos acontecimentos dos próximos doze meses em Londres e em Washington [3] .

Com efeito, assistimos actualmente a um duplo fenómeno histórico:

- por um lado, desde o mês de Setembro de 2008 (como anunciado no GEAB Nº 22, de Fevereiro de 2008), o conjunto do planeta doravante está consciente da existência de uma crise sistémica global caracterizada por um colapso do sistema financeiro americano e seu contágio ao resto do planeta.

- por outro lado, actores mundiais cada vez mais numerosos tratam de agir por si mesmos diante da ineficácia das medidas preconizadas ou adoptadas pelos Estados Unidos, apesar de este ser o centro do sistema financeiro mundial desde há décadas. O exemplo da 1ª Cimeira da Eurolândia (ou Eurozona ), que se verificou domingo 12 de Outubro de 2008 e cujas decisões, pela sua amplitude (cerca de 1.700 mil milhões de euros) e sua natureza [4] , permitiram um retorno da confiança nos mercados financeiros de todo o planeta, é a este respeito inteiramente exemplar do "mundo pós Setembro de 2008".

Pois há certamente um "mundo pós Setembro de 2008". Para a nossa equipe, doravante é evidente que este mês ficará nos livros de história de todo o planeta como aquele "a datar" o desencadeamento da crise sistémica global; mesmo se não se tratar de facto senão da fase de "decantação", a última das quatro fases desta crise identificada desde Junho de 2006 por LEAP/E2020 [5] . Como acontece sempre nos grandes conjuntos humanos, a percepção da mudança pela maioria não se verifica senão quando a mudança já está de facto bem avançada.

No caso presente, Setembro de 2008 marca a grande explosão do "detonador financeiro" da crise sistémica global. Segundo LEAP/E2020, este segundo semestre de 2008 é com efeito o momento em que "o mundo mergulha no coração da fase de impacto da crise sistémica global" [6] . Isto quer dizer que no fim deste semestre, segundo os nossos investigadores, o mundo entre na fase dista de "decantação" da crise, ou seja, a fase em que se vêem as consequências do choque aparecerem. É de facto a fase mais longa da crise (entre três e dez anos, conforme o país) e aquela que vai afectar directamente o maior número de pessoas e de países. É a etapa igualmente em que se delinearão os componentes dos novos equilíbrios mundiais dos quais LEAP/E2020 apresenta duas primeiras ilustrações gráficas neste GEAB Nº 28 [7] .

Assim, como temos repetido reiteradas vezes desde 2006, esta crise é muito mais importante, em termos de impacto e de consequências, que aquela de 1929. Historicamente, todos nós somos os primeiros actores, testemunhas e/ou vítimas, de uma crise que afecta todo o planeta, com um grau de interdependência sem precedentes dos países (devido à globalização destes últimos vinte anos) e das pessoas (o grau de urbanização, e portanto de dependência para as necessidades básicas – água, alimentação, energia, ... – é hoje sem antecedentes na História). Entretanto, o precedente dos anos 1930 e suas terríveis consequências destruidoras parece bem presentes nas memórias colectivas para nos permitir, se os cidadãos forem vigilantes e os dirigentes lúcidos, evitar uma repetição conducente a uma (ou várias) grande(s) conflagração(ões).

Europa, Rússia, China, Japão, ... constituem sem nenhuma dúvida os actores colectivos com poderes para assegurar que a implosão em curso da potência dominante destas últimas décadas, ou seja, os Estados Unidos, não conduza o planeta a uma catástrofe. Com efeito, com excepção da URSS de Gorbachov, os impérios têm tendência a tentar inutilmente inverter o curso da História quando sentem seu poder entrar em colapso. Cabe às potências parceiras canalizar pacificamente o processo, assim como aos cidadãos e elites do país afectado fazer prova de lucidez para enfrentar o período muito penoso que se prepara.

A "reparação de emergência" dos canais financeiros internacionais, realizada sobretudo pelos países da zona euro neste princípio do mês de Outubro de 2008 (8), não deve mascarar três factos essenciais:

esta "reparação de emergência", necessária para evitar um pânico que ameaçava engolir todo o sistema financeiro mundial em poucas semanas, não trata provisoriamente senão um sintoma. Ela não faz senão ganhar tempo, dois ou três meses no máximo, pois a recessão global e o colapso da economia americana vão acelerar-se e criar novas tensões económicas, sociais e políticas é preciso tratar antecipadamente no próximo mês (uma vez executados os "pacotes financeiros").

– mesmo se fosse absolutamente necessário por em andamento o sistema de crédito, os gigantescos meios financeiros consagrados por todo o planeta às "reparações de emergência" do sistema financeiro mundial serão meios que não poderão ser postos à disposição da economia real no próximo mês para enfrentar a recessão global

– a "reparação de emergência" constitui uma marginalização, e portanto um enfraquecimento suplementar dos Estados Unidos, pois ela estabelece processos contrários àqueles louvados por Washington para os US$700 mil milhões do TARP de Hank Paulson e Bernanke: uma recapitalização dos bancos pelos governos (decisão que Hank Paulson é agora obrigado a seguir) e uma garantia dos empréstimos interbancários (de facto, os governos da Eurolândia substituem-se aos seguradores de créditos, uma indústria no cerne das finanças mundiais e essencialmente americana desde há décadas). Estas evoluções afastam sempre mais ligações decisionais e fluxos financeiros para fora da órbita americana num momento em que a economia dos Estados Unidos e a explosão da sua dívidas pública (9) e privada teriam sido precisas mais do que nunca; sem sequer falar das pensões dos aposentados que se evolam em fumos [10] .

Este último ponto ilustra como, no próximo ver, as soluções para a crise e as suas diferentes sequencias (financeira, económica, social e política) vão divergir cada vez mais: aquilo que é bom para o resto do mundo não o será para os Estados Unidos [11] e doravante, com a Eurolândia à cabeça, o resto do mundo parece determinado a fazer suas próprias opções.

O choque brutal que gerará a cessação de pagamentos dos Estados Unidos no Verão de 2009 é em parte uma consequência deste desatrelamento decisional das grandes economias do mundo em relação aos Estados Unidos. É previsível e talvez seja amortecido se o conjunto dos actores começar desde já a antecipar; é aliás um dos temas desenvolvidos neste GEAB Nº 28. O LEAP/E2020 espera apenas que choque de Setembro de 2008 tenha "educado" os responsáveis políticos, económicos e financeiros do planeta a fim de compreenderem que se age melhor por antecipação do que na emergência. Seria danoso que a Eurolândia, a Ásia e os países produtores de petróleo, assim como os cidadãos americanos, descobrissem brutalmente no decorrer do Verão de 2009, depois de um fim de semana prolongado ou de um encerramento administrativo dos bancos e das bolsas no território americano durante vários dias, que os seus Títulos do Tesouro dos EUA e seus dólares não valem mais do que 10% do seu valor pois um "novo dólar" acaba de ser instaurado [12] .

Notas:

[1] A Islândia adoptou desde há mais de 10 anos todos os princípios da desregulamentação e da financiarização da economia que foram desenvolvidos e aplicados nos Estados Unidos e no Reino Unido. Reykjavik tornara-se uma espécie de "Mini-Me" financeiro de Londres e Washington, tal como o personagem do filme muito americano-britânico de Austin Powers. E os três países tentaram actuar financeiramente como "o sapo que quer se tornar tão grande quanto o boi" , como na fábula de Jean de la Fontaine cujo fim é fatal para o sapo.

[2] Assim a bolsa islandesa entrou num colapso de 76% depois de ter sido encerrada alguns dias a fim de "evitar" o pânico! Fonte: MarketWatch , 14/10/2008

[3] A este respeito, examinemos de perto o montante do "pacote financeiro" anunciado por Londres, ou seja, €640 mil milhões dos quais €64 mil milhões para recapitalizar os bancos e €320 mil milhões para suportar as dívidas a médio prazo destes mesmos bancos (fonte: Financial Times, 09/10/2008). Com uma economia em queda livre à semelhança do mercado imobiliário, uma inflação galopante, fundo de capitalização para pensões que se desvanecem em fumo e uma moeda no seu ponto mais baixo, além de aumentar a dívida pública e enfraquecer ainda mais a libra, vê-se mal como isso pode "salvar" bancos britânicos já em má situação. Ao contrário dos bancos dos países da maior parte da zona euro, o sistema financeiro britânico, tal como seu homólogo americano, está no cerne da crise, e não como uma vítima colateral. Gordon Brown pode bem comparar-se a Churchill e Roosevelt somados (fonte: Telegraph, 14/10/2008), mas com o seu evidente desconhecimento da História, ele esquece que nem Churchill nem Roosevelt haviam passado 10 anos nos comandos dos seus países quando tiveram de enfrentar as suas respectivas "grande crise" (isso vale aliás para os Estados Unidos e a administração Bush – Paulson e Bernake incluídos – que vêm todos "do problema" e portanto pouco provavelmente fazem parte "da solução"). Sem contar que Roosevelt e Churchill organizavam cimeiras como Yalta ou Teerão deixando franceses e alemães à porta, ao passo que foi ele que teve de permanecer à porta da Cimeira da Eurolândia.

[4] Fonte: L'Express , 13/10/2008

[5] Fonte GEAB N°5 , 15/05/2006

[6] Fonte: GEAB N°26 , 15/06/2008

[7] LEAP/E2020 apresenta assim uma síntese das suas antecipações sobre a fase de decantação da crise graças a um mapa mundial do impacto da crise diferenciando entre seis grandes grupos de países; assim como um calendário antecipativo 2008-2013 das quatro sequências financeira, económico, social e político para cada uma destas regiões.

[8] Pois foi a zona euro, a Eurolândia, que permitiu travar a espiral de pânico global. Desde há semanas, as iniciativas americanas e britânicas não têm tido efeito. É a irrupção de um novo actor colectivo, a "cimeira da Eurolândia" e suas decisões de envergadura que constituiu o fenómeno novo e reconfortante. Trata-se aliás de um novo actor que Washington e Londres impediram sistematicamente de emergir desde o lançamento do euro há seis anos. E foi preciso toda uma preparação diplomática (reunião prévia, foto de grupo antes da cimeira, ...) para permitir ao primeiro-ministro britânico fazer crer que ele não estava marginalizado neste processo, quando ele não pertence de facto às cimeiras da zona euro. Neste GEAB Nº 28, o LEAP/E2020 reexamina este fenómeno e as consequências sistémicas duráveis da efectivação da 1ª cimeira d Eurolândia.

[9] O plano de salvamento financeiro americano já acrescentou US$17 mil à dívida de cada americano. Fonte: CommodityOnline , 06/10/2008

[10] Foram com efeito US$2 milhões de milhões de pensões por capitalização que desapareceram em fumo nos Estados Unidos nestas últimas semanas. Fonte: USAToday, 08/10/2008

[11] Pelo menos a curto prazo. Pois nossa equipe está convencida de que para o povo americano, a médio e longo prazos, não é mau de todo que o sistema dominante em Washington em Nova York seja posto em causa no fundamental. Foi efectivamente este sistema que mergulhou estes país nos problemas dramáticos em que dezenas de milhões de americanos hoje se debatem, como ilustra perfeitamente este artigo do New York Times de 11/10/2008.

[12] Mesmo que seja uma medida de pouca amplitude em relação à perspectiva de cessação de pagamentos dos Estados Unidos, aqueles que pensam que é tempo de reinvestir nos mercados financeiros podem considerar útil saber que o New York Stock Exchange acaba de rever todos os seus patamares de interrupção das cotações por causa da queda demasiado forte das mesmas. Fonte: NYSE/Euronext , 30/09/2008

15/Outubro/2008

[*] Global Europe Anticipation Bulletin

O original encontra-se em http://www.leap2020.eu/

Vou continuar praticando no SEIS HORAS, talvez eu consiga escrever o sucedâneo do 'As Vinhas da Ira', já pensaram?...

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Seg Out 20, 2008 10:01 pm
por Túlio
Sério agora, olhamos para os EUA e vemos um SISTEMA cruel, um GOVERNO cruel e ambicioso, mas seríamos um bando de crápulas se os confundíssemos com o POVO TRABALHADOR que está levando no lombo o pior dessa crise. A esses, gente comum como nós, minha simpatia. Deus os ajude!

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Seg Out 20, 2008 10:40 pm
por Carlos Mathias
Tomara que aprendam a votar e sejam mais humildes.

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 11:51 am
por soultrain
Jeffrey D. Sachs
A ameaça anti-intelectual americana

Nos últimos anos, os Estados Unidos contribuíram mais para a instabilidade mundial do que para a resolução dos problemas globais. Entre os vários exemplos contam-se a guerra no Iraque, lançada pelos EUA com base em falsas premissas, o obstrucionismo às tentativas de atenuação das alterações climáticas, uma ajuda ao desenvolvimento muito restrita e a violação de tratados internacionais, como as Convenções de Genebra.

Se bem que muitos factores tenham contribuído para as acções desestabilizadoras dos Estados Unidos, um dos principais é o anti-intelectualismo, recentemente ilustrado pela crescente popularidade de Sarah Palin, a candidata republicana à vice-presidência.

Por anti-intelectualismo entendo, particularmente, uma perspectiva anti-científica agressiva, sustentada por um desprezo perante quem adere à ciência e às suas provas. Os desafios com que se confrontam grandes nações, como os Estados Unidos, exigem uma análise rigorosa das informações, tendo como base os melhores princípios científicos.

As alterações climáticas, por exemplo, colocam terríveis ameaças ao planeta, devendo pois ser avaliadas de acordo com as normas científicas dominantes e com a capacidade evolutiva da climatologia. O processo científico mundial que dá pelo nome de Painel Inter-Governamental de Peritos sobre Alterações Climáticas (IPCC na sigla em inglês), e que foi vencedor de um Prémio Nobel, estabeleceu o critério do rigor científico para a análise das ameaças de alterações climáticas provocadas pela humanidade. Precisamos de políticos com conhecimentos científicos e adeptos do pensamento crítico baseado nas provas para traduzir estas descobertas e recomendações em programas de acção e acordos internacionais.

No entanto, nos Estados Unidos, as atitudes do presidente Bush, de republicanos influentes e agora de Sarah Palin, têm sido tudo menos científicas. A Casa Branca fez tudo o que podia durante oito anos para esconder o esmagador consenso científico de que os humanos estão a contribuir para as alterações climáticas. Tentou impedir que os cientistas do governo falassem honestamente ao público. Da mesma forma, o "The Wall Street Journal" propagou posições anti-científicas e pseudo-científicas de oposição às políticas destinadas a combater as alterações climáticas provocadas pelos seres humanos.

Estas abordagens anti-científicas afectaram não só as políticas dirigidas ao clima, mas também a política externa. Os Estados Unidos lançaram a guerra contra o Iraque com base no instinto e nas convicções religiosas de Bush e não com base em provas rigorosas. Da mesma forma, Palin chamou à guerra no Iraque "uma tarefa atribuída por Deus".

Não se tratam de indivíduos isolados, ainda que poderosos, e desligados da realidade. Eles reflectem o facto de uma significativa percentagem da sociedade norte-americana, que vota recorrentemente nos republicanos, rejeitar ou simplesmente desconhecer provas científicas elementares em relação às alterações climáticas, à evolução biológica, à saúde humana e a outros domínios. Em geral, estes eleitores não rejeitam os benefícios das tecnologias resultantes da ciência moderna, mas rejeitam as provas e os conselhos dos cientistas em matéria de políticas públicas.

Os recentes dados de um inquérito levado a cabo pela Fundação Pew mostram que enquanto 58% dos democratas acredita que os seres humanos estão na origem do aquecimento global, apenas 28% dos republicanos pensa de igual modo. Da mesma forma, um inquérito realizado em 2005 revelou que 59% dos auto-proclamados republicanos conservadores rejeitava qualquer teoria da evolução, ao passo que 67% dos democratas liberais aceitava alguma versão da teoria evolucionista.

Sem dúvida que alguns destes descrentes na teoria da evolução são simplesmente ignorantes em termos científicos, devendo-se isso à qualidade medíocre do ensino científico nos Estados Unidos. Mas outros são fundamentalistas bíblicos que rejeitam a ciência moderna porque estão convictos de que aquilo que a Bíblia diz é literalmente verdade. Rejeitam as provas geológicas das alterações climáticas porque rejeitam a própria ciência da geologia.

O problema que aqui está em causa não é o da religião versus ciência. Todas as grandes religiões têm tradições de intercâmbios frutuosos – e mesmo de apoio – com as investigações científicas. A Idade de Ouro do Islão, há mil anos, foi também a idade em que a ciência islâmica liderou o mundo. O Papa João Paulo II deu o seu apoio à ciência elementar da evolução e os bispos católicos romanos defendem acerrimamente a limitação do impacto do Homem sobre as alterações climáticas, com base em provas científicas.

Vários cientistas eminentes, incluindo um dos maiores biólogos do mundo, E. O. Wilson, recorreram a comunidades religiosas para apoiarem o combate às alterações climáticas provocadas pelo Homem e para a protecção do ambiente e essas comunidades religiosas reagiram, por sua vez, em harmonia com a ciência.

O problema provém de um fundamentalismo agressivo que nega a ciência moderna e um anti-intelectualismo agressivo que vê os peritos e cientistas como os inimigos. São estes pontos de vista que poderão acabar por nos matar a todos. Afinal de contas, este tipo de extremismo pode levar mesmo a uma guerra, fundada na opinião perversa de que será uma guerra travada por vontade de Deus e não derivada do fracasso da política e da cooperação.

Em muitas das suas declarações, Sarah Palin parece decidida a invocar Deus nos seus juízos acerca da guerra, o que constitui um sinistro presságio para o futuro no caso de ela ser eleita. Ela levará certamente muitos inimigos a recorrerem às suas próprias variedades de fundamentalismo para se vingarem dos Estados Unidos. Os extremistas de ambos os lados acabarão por pôr em risco a grande maioria dos humanos que não são extremistas nem fundamentalistas que se opõem à ciência.

É difícil saber com precisão aquilo que está a provocar esta escalada do fundamentalismo em tantas regiões do mundo. Aquilo que está a acontecer nos EUA, por exemplo, não está a suceder na Europa, mas é naturalmente característico de algumas regiões do Médio Oriente e da Ásia Central. O fundamentalismo parece emergir em épocas de importantes transformações, quando os tradicionais acordos sociais começam a ficar ameaçados. A intensificação do fundamentalismo norte-americano moderno na política remonta à época dos direitos cívicos da década de 60 e reflecte, pelo menos parcialmente, uma reacção brutal dos brancos contra a força política e económica crescente dos não-brancos e das minorias imigrantes na sociedade norte-americana.

A única esperança da humanidade é que o círculo vicioso do extremismo possa ser substituído por uma compreensão partilhada a nível global no que diz respeito aos elevados desafios em termos de alterações climáticas, fornecimento de alimentos, energia sustentável, escassez de água e pobreza. Processos científicos mundiais como o IPCC são muito importantes, porque constituem a nossa melhor esperança de conseguir alcançar um consenso com base em provas científicas.

Os Estados Unidos devem regressar ao consenso global, com base na ciência partilhada, em vez de se entrincheirarem no anti-intelectualismo. É esse o urgente desafio com que se confronta o coração da sociedade norte-americana de hoje.

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 11:58 am
por P44
Carlos Mathias escreveu:Tomara que aprendam a votar e sejam mais humildes.

x2

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 2:00 pm
por Rui Elias Maltez
Um excelente artigo sobre um país e uma sociedade que é capaz do melhor e do pior.

Do melhor, desde descobertas científicas, das condições dadas aos investigadores, da ida à Lua, e também o país do racismo, o país em que nalguns estados nas escolas se ministra que o Criacionismo humano é que vale, porque está na Bíblia, e execrando o Evolucionismo.

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 2:05 pm
por Wolfgang
Posso apanhar aqui, mas a cho a Teoria do Design Inteligente bastante curiosa... :oops:

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 3:06 pm
por LeandroGCard
Wolfgang escreveu:Posso apanhar aqui, mas a cho a Teoria do Design Inteligente bastante curiosa... :oops:
Imagino que você queira dizer engraçada.

Leandro G. Card

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 3:11 pm
por Wolfgang
Mais ou menos.. digamos assim, como não sou ateu, penso que há algo inteligente que rege o Universo, mas ao mesmo tempo imaginar que Adão foi o primeiro homem, etc. nao dá.
Na minha visão, a Teoria acerta sem querer. O que em ciência propriamente dita, não quer dizer nada.

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 3:57 pm
por LeandroGCard
Wolfgang escreveu:Mais ou menos.. digamos assim, como não sou ateu, penso que há algo inteligente que rege o Universo, mas ao mesmo tempo imaginar que Adão foi o primeiro homem, etc. nao dá.
Na minha visão, a Teoria acerta sem querer. O que em ciência propriamente dita, não quer dizer nada.
Entendo o que você quer dizer.

Dê uma pesquisada pela net na expressão "princípio antrópico". Ela leva a discursão sobre este tema de um universo inteligentemente criado para um nível mais básico que o da biologia, onde a coisa fica mais interessante. Você vai descobrir por exemplo que os físicos se tornaram fãs do conceito de universos múltiplos porque a outra opção mais provável era Deus (isto é claro super-simplificando a coisa).

Mas acho melhor para o off-topic por aqui. Um grande abraço,

Leandro G. Card

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 6:34 pm
por soultrain
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Editorial de The New Tork Times de 18 de Outubro de 2008

http://www.nytimes.com/2008/10/19/opinion/19sun3.html

Re: Balança do poder: queda americana ou 'emergência' dos BRIC?

Enviado: Ter Out 21, 2008 11:18 pm
por Bolovo
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Gostei. Melhor do que o BRIC. :D