NOTÍCIAS POLÍTICAS
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
José Dirceu, o insensato.
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 11.06.12.
Se depender de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de parte do primeiro governo Lula, o bicho vai pegar antes, durante e, se necessário, depois do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nunca antes na história recente do país convocou-se o povo para pressionar um tribunal. Pois bem: Dirceu começou a fazê-lo.
Rapaz ousado!
Mais certo seria chamá-lo de temerário, imprudente, perigoso, atrevido, insolente, afoito, demente, precipitado, desaforado, petulante, desajuizado, incauto, arrogante, desvairado, impulsivo, arrebatado, insensato – e mais o quê? Pense. E acrescente aí.
Quem se diz democrata respeita a independência dos poderes da República. Pode discordar de decisões da Justiça? É claro que sim. E até criticá-las com indignação.
Mas ao fim e ao cabo só lhe resta acatá-las. Diga-me: que democrata de verdade insufla o povo para que constranja a Justiça a decidir como ele deseja?
De passagem por Brasília, em conversa com um amigo há um mês, Dirceu pareceu abatido e certo de que será condenado por ter chefiado “uma sofisticada organização criminosa” que tentou se apoderar de uma fatia do aparelho do Estado, segundo denúncia do Procurador Geral da República aceita pelo STF.
Não revelou ao amigo que cogitara exilar-se em Cuba ou na Venezuela. Uma vez condenado, viajaria denunciando a injustiça de que fora vítima.
Arquivou a ideia. Concluiu que seria difícil convencer os ouvintes de que era um perseguido político no país governado por seu próprio partido há quase dez anos.
Mas surpreendeu o amigo ao revelar que os chamados “movimentos sociais” não assistiriam inertes a sua eventual condenação. Diz-se informado de que reagiriam por meio de manifestações de rua.
Não descartou a hipótese de que tais manifestações acabassem antecipadas. Tudo dependeria da data do julgamento.
O STF marcou o julgamento para agosto e setembro próximos.
Na tarde do último sábado, Dirceu aproveitou no Rio o 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, e pediu aos estudantes que saiam às ruas em sua defesa. “Será a batalha final”, proclamou com ar grave.
- Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — suplicou.
A Procuradoria Geral da República considera que há provas suficientes para condenar os 38 réus do mensalão. Com ela concordou o STF ao acolher a denúncia.
São 11 os juízes. Advogados com livre trânsito no STF apostam na condenação de Dirceu por dois a três votos de diferença.
Sabe de quem será um dos votos pela absolvição? Está sentado? Do ministro Gilmar Mendes.
Por que tanto espanto?
Se fosse menos mal agradecido, o PT reverenciaria Gilmar sempre que ele fosse citado. E não valorizaria nem um pouco as suas explosões de temperamento.
Quem evitou a inclusão do ex-ministro Luiz Gushiken na lista dos mensaleiros? Gilmar.
Quem sentou por mais de um ano em cima do processo que impediria Aloizio Mercadante de ser candidato ao Senado devido ao seu envolvimento com os aloprados, responsáveis em 2006 pelo falso dossiê contra candidatos do PSDB? Gilmar.
Quem salvou da condenação o ex-ministro Antonio Palocci, acusado de ter mandado quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, testemunha ocular de suas idas e vindas à alegre mansão do Lago Sul de Brasília, reduto de amor e de negócios?
Ora, Gilmar. Sempre ele.
Palocci foi absolvido por um voto de vantagem.
Dirceu sabe disso. Como sabe que a força da mídia é declinante, a se acreditar no que apregoa Lula.
Como sabe que há provas de que o mensalão existiu.
A propósito, uma vez ele observou em entrevista à Folha de S. Paulo: “Eu falei para não fazer”.
Falou para quem? Para Delúbio Soares, tesoureiro do PT?
Para José Genoino, presidente do PT?
Para Lula, que sempre jurou de nada saber?
Por sinal, Lula foi à televisão, se disse traído e pediu desculpas aos brasileiros por um episódio que hoje chama de "farsa".
Jamais revelou quem o traiu.
Não faria sentido pedir desculpas por uma farsa.
Vai ver que na época acreditou que o mensalão de fato existira. Hoje, não acredita mais.
- Não podemos deixar que esse processo se transforme no julgamento da nossa geração. Não permitam julgamentos fora dos autos – apelou Dirceu.
Os réus do mensalão são de várias gerações.
Os estudantes que ouviram Dirceu não são da geração dele.
De resto, em nada ajudará Dirceu disseminar a grave suspeita de que o STF poderá julgar desprezando os autos.
Fernando Collor pediu ao povo que fosse para as ruas defendê-lo da ameaça de impeachment.
O povo foi às ruas exigir o impeachment.
Lula disse à oposição que se socorreria do povo caso pretendessem apeá-lo do poder.
Medrosa, e com rala base popular, a oposição preferiu não pagar para ver.
O melhor que pode acontecer a Dirceu é que seu apelo caia no vazio e seja logo esquecido.
Ricardo Noblat - Blog do Noblat - 11.06.12.
Se depender de José Dirceu, ex-chefe da Casa Civil de parte do primeiro governo Lula, o bicho vai pegar antes, durante e, se necessário, depois do julgamento do processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Nunca antes na história recente do país convocou-se o povo para pressionar um tribunal. Pois bem: Dirceu começou a fazê-lo.
Rapaz ousado!
Mais certo seria chamá-lo de temerário, imprudente, perigoso, atrevido, insolente, afoito, demente, precipitado, desaforado, petulante, desajuizado, incauto, arrogante, desvairado, impulsivo, arrebatado, insensato – e mais o quê? Pense. E acrescente aí.
Quem se diz democrata respeita a independência dos poderes da República. Pode discordar de decisões da Justiça? É claro que sim. E até criticá-las com indignação.
Mas ao fim e ao cabo só lhe resta acatá-las. Diga-me: que democrata de verdade insufla o povo para que constranja a Justiça a decidir como ele deseja?
De passagem por Brasília, em conversa com um amigo há um mês, Dirceu pareceu abatido e certo de que será condenado por ter chefiado “uma sofisticada organização criminosa” que tentou se apoderar de uma fatia do aparelho do Estado, segundo denúncia do Procurador Geral da República aceita pelo STF.
Não revelou ao amigo que cogitara exilar-se em Cuba ou na Venezuela. Uma vez condenado, viajaria denunciando a injustiça de que fora vítima.
Arquivou a ideia. Concluiu que seria difícil convencer os ouvintes de que era um perseguido político no país governado por seu próprio partido há quase dez anos.
Mas surpreendeu o amigo ao revelar que os chamados “movimentos sociais” não assistiriam inertes a sua eventual condenação. Diz-se informado de que reagiriam por meio de manifestações de rua.
Não descartou a hipótese de que tais manifestações acabassem antecipadas. Tudo dependeria da data do julgamento.
O STF marcou o julgamento para agosto e setembro próximos.
Na tarde do último sábado, Dirceu aproveitou no Rio o 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, e pediu aos estudantes que saiam às ruas em sua defesa. “Será a batalha final”, proclamou com ar grave.
- Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — suplicou.
A Procuradoria Geral da República considera que há provas suficientes para condenar os 38 réus do mensalão. Com ela concordou o STF ao acolher a denúncia.
São 11 os juízes. Advogados com livre trânsito no STF apostam na condenação de Dirceu por dois a três votos de diferença.
Sabe de quem será um dos votos pela absolvição? Está sentado? Do ministro Gilmar Mendes.
Por que tanto espanto?
Se fosse menos mal agradecido, o PT reverenciaria Gilmar sempre que ele fosse citado. E não valorizaria nem um pouco as suas explosões de temperamento.
Quem evitou a inclusão do ex-ministro Luiz Gushiken na lista dos mensaleiros? Gilmar.
Quem sentou por mais de um ano em cima do processo que impediria Aloizio Mercadante de ser candidato ao Senado devido ao seu envolvimento com os aloprados, responsáveis em 2006 pelo falso dossiê contra candidatos do PSDB? Gilmar.
Quem salvou da condenação o ex-ministro Antonio Palocci, acusado de ter mandado quebrar o sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos, testemunha ocular de suas idas e vindas à alegre mansão do Lago Sul de Brasília, reduto de amor e de negócios?
Ora, Gilmar. Sempre ele.
Palocci foi absolvido por um voto de vantagem.
Dirceu sabe disso. Como sabe que a força da mídia é declinante, a se acreditar no que apregoa Lula.
Como sabe que há provas de que o mensalão existiu.
A propósito, uma vez ele observou em entrevista à Folha de S. Paulo: “Eu falei para não fazer”.
Falou para quem? Para Delúbio Soares, tesoureiro do PT?
Para José Genoino, presidente do PT?
Para Lula, que sempre jurou de nada saber?
Por sinal, Lula foi à televisão, se disse traído e pediu desculpas aos brasileiros por um episódio que hoje chama de "farsa".
Jamais revelou quem o traiu.
Não faria sentido pedir desculpas por uma farsa.
Vai ver que na época acreditou que o mensalão de fato existira. Hoje, não acredita mais.
- Não podemos deixar que esse processo se transforme no julgamento da nossa geração. Não permitam julgamentos fora dos autos – apelou Dirceu.
Os réus do mensalão são de várias gerações.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
E o menssalão mineiro, nada?
[]'S
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Si vis pacem, para bellum.
"Não sei com que armas a III Guerra Mundial será lutada. Mas a IV Guerra Mundial será lutada com paus e pedras."
Albert Einstein
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Este nome não é familiar (ou seja, a coisa vem de longe...)?
O PIRATA CAVENDISH
Do livro "Aconteceu no Velho São Paulo",
de Raimundo de Menezes, Coleção Saraiva, 1954)
No longínquo ano de 1605, pequenina vila de Piratininga, todos se conheciam. Não havia quem não estivesse devidamente informado, nos mínimos detalhes, a respeito da vida de cada um dos habitantes. Sabia-se tintim por tintim. E, quando não se sabia, inventava-se... Era o caso do súdito inglês Taylor. O tal Taylor era o tipo do homem misterioso, introvertido, de poucas palavras, casmurro, como todos o achavam. E, como tal, falando pouco, ignorando-se muito do seu passado, tornou-se uma figura singular e enigmática, a respeito de quem se contavam coisas assaz curiosas e, por isso mesmo, pouco recomendáveis. Aparecera em São Paulo há cerca de 15 anos. Chegara sob a proteção de outro britânico, daquele popularíssimo John Withall, que morava em Santos, e que sempre vivia pra cá e pra lá, em constantes viagens daquela vila a esta, muito conceituado e ligado à melhor e à mais poderosa gente santista.
Aportara Taylor por estas bandas e instalara-se com oficina de ferreiro e fundidor, uma das únicas de toda a Capitania. Fez boas relações. Soube cativar as amizades. E tinha boa freguesia. Era de temperamento pacato, parecendo, apenas, pensar numa única coisa: ficar rico... Ficar rico, da noite para o dia, pois era infatigavelmente trabalhador. Labutava como um mouro. Em breve, contraía núpcias com uma filha da terra, descendente de pais portugueses, moça trabalhadeira como ele, e que o ajudou bastante nas coisas domésticas e na luta para a vida. Chamava-se Úrsula. O casal deu-se muito bem. Nasceram-lhe filhos. Chegaram a fazer o seu pé-de-meia e pareciam viver no melhor dos mundos... Todavia, um constante vinco marcava a testa do pouco expansivo Taylor. Nem mesmo com a esposa se abria. Notava-se, porém, que uma preocupação o torturava, amargurando-lhe o atribulado coração. Devia viver um grande drama íntimo. Um drama, ou uma tragédia ?
Uma noite, não podendo dormir, presa de terrível insônia, rolando na enxerga, resolveu contar algo à esposa dedicada: - "Que tens, Taylor?" - "Nada, Úrsula..." - "Nada? Sempre me respondes a mesma coisa... Que mistério! Nem na tua mulher confias?" - "Está bem, escuta, então. Tenho um pressentimento comigo que, ainda um dia, ficaremos ricos, riquíssimos, sabe? Tão ricos que causaremos inveja a toda a gente da vila e a todos os habitantes da Capitania. Ainda descobrirei um grande tesouro, um tesouro de cujo roteiro tenho o segredo... Está o mapa no fundo da bruaca [mala de couro], escondido e muito escondido. O tesouro (deixa que eu te diga) está na ilha da Moela, lá na costa de Santos... Só eu sei o lugar. Eu e Deus."
E Taylor, num raro instante de trasbordamento, revelou, afinal, à mulher, a sua história... A história que todos adivinhavam muito vagamente e que todos ambicionavam tanto e tanto conhecer. Uma história diferente com um sabor novelesco.
Invasão à vila de Santos
Desde 1530, viviam os ingleses rondando as costas do Brasil. Tinham ouvido falar da abundância de ouro no rio Mutinga, que é um rio que nasce no morro do Jaraguá e se lança no rio Tietê, abaixo de Osasco, e tinham vindo ver isso de perto. O próprio John Withall escrevera por mais de uma vez para Londres e insistira, principalmente naquele ano de 1578, sugerindo uma viagem da nau inglesa "Minion of London". Tanto insistiu que a embarcação velejou para aqui, aportando em Santos, em 1580. Anos depois, pelas alturas de 1588 e 1591, por duas vezes, apareceu no litoral paulista, sobressaltando-o, um famoso e perigosíssimo pirata inglês, chamado Tomás Cavendish. Era um indivíduo audacioso a mais não poder, capaz das maiores atrocidades. Seu estado maior era constituído de gente da pior espécie, catada entre os mais temíveis corsários londrinos.
Um dia, "corria aventuroso o oceano, em busca de adquirir, por meio de piratagem, o que havia perdido em seu país, por suas dissipações domésticas", quando, à falta de provisões, acometeu as povoações de Santos e São Vicente, sendo que a primeira, já àquele tempo, era mais opulenta do que esta última. Imediatamente, determinou que o seu lugar tenente, um tal Cook [não confundir com o navegador James Cook, que viveu dois séculos depois] o qual se intitulava vice-almirante, bem armado e municiado, fosse até a praia e trouxesse de lá o que encontrasse, mesmo contra a vontade de seus habitantes.
A 16 de dezembro de 1583, Cook investiu contra a Barra Grande, fundeando seus navios bem em frente da vila de Santos, contra a qual mandou abrir fogo, principalmente com o fito de atemorizar toda a gente. Nenhuma resistência veio de terra. Aliás, o corsário estava cansado de saber disso. Desembarcou todo o seu pessoal com a maior facilidade e encontrou o povo na igreja, assistindo a ofícios religiosos. Aquele inútil aparato bélico contra casebres de uma população desarmada, e que só teve por vítima um homem que saiu correndo, desanimou-os de lutar. Cercaram a igrejinha e ali deixaram todos, presos, o dia inteiro. Enquanto isso, os piratas, sem nada o que fazer, entregaram-se a bebedeiras e orgias, até ficar exaustos, esquecendo-se de sua missão de pilhagem. Durante o sono, aproveitaram o ensejo os santistas para fugir para o mato, levando todos os objetos de valor.
Dias depois, Cavendish, cansado de esperar, fora da barra, pelo seu preposto que nunca voltava, desceu em Santos, a fim de arrecadar o saque que mandara fazer. Encontrou, com surpresa, a vila despovoada. Ninguém nas ruas. Só viu estragos e desmandos praticados pelos seus apaniguados. Inúteis foram todos os esforços do pirata inglês no sentido de fazer a população regressar aos seus lares. Todo mundo estava atemorizado e fugido pelos matos. Cavendish mandou contar-lhes uma bonita história: falou-lhes em nome de um rei, que dizia haver reassumido o trono de Portugal, restaurando-o do poder da Espanha... Tudo em vão. Nada surtiu efeito. Ninguém teve coragem de voltar. Retiraram-se os piratas de Santos ainda mais desprovidos do que quando ali aportaram. Tão raivosos estavam, tão fora de si, que, ao passarem por São Vicente, incendiaram esta vila, arrasando-a.
O saque da vila
Antônio Knivet fazia parte da expedição de Cavendish, e era o mais letrado de todos. Escreveu, mais tarde, a relação de sua viagem, publicada em inglês no princípio do século 18. Conta que, naquele dia de Natal (1583), pela madrugada, uma chalupa com 23 homens, atacou a vila e que "a igreja se achava com 300 pessoas, e que, tanto a igreja quanto a vila, foram saqueadas". Esta relação não pode deixar de ser filauciosa [presunçosa], comenta Azevedo Marques, pois é incrível que 23 homens pudessem desarmar e fazer fugir 300... "No dia seguinte (é ainda Knivet quem fala) foi que desembarcou Cavendish com 200 homens, fez lançar fogo à vila e alojou-se no convento dos Jesuítas com muitos dos seus, demorando-se dois meses em Santos. Além do dinheiro e gêneros, levaram muito ouro de um certo lugar chamado Mutinga [hoje bairro de Osasco, nas proximidades do morro do Jaraguá]. Acrescenta ainda que foram por terra à vila de São Vicente, e que, no caminho, queimaram cinco engenhos. Daqui, dirigiu-se Tomás Cavendish, com sua esquadrilha, ao estreito de Magalhães, mas, dezesseis dias depois, sobreveio-lhe a tempestade que lhe fez grandes avarias na esquadrilha e perdas de vida na tripulação. Voltando a Santos, cerca de dois meses depois, fez desembarcar os capitães Staford, Soutowell e Barker, com mais vinte pessoas, em um batel feito de caixas de açucar e aduelas de pipa e, chegando em terra, assenhorearam-se do engenho [para que trazer tanto açúcar e cachaça se iam assaltar um engenho?]; ali encontraram um barco grande, apossaram-se dele, enchendo-o de víveres, enviando-o aos navios da esquadrilha. Ao terceiro dia de saque e pilhagem, armaram-se os portugueses que haviam fugido para o interior, e surpreenderam os assaltantes, matando-os todos."
Esta narrativa difere da de August de Saint-Hilaire (1779-1853), em seu livro "Viagens à Província de São Paulo". Diz o viajante francês que Tomás Cavendish chegou pela segunda vez à altura de São Vicente no dia 25 de agosto de 1591 e que, oito dias depois, destacou uma partida de sua gente, que desembarcou e saqueou a nascente povoação de Santos, impondo aos moradores uma pesada contribuição para o resgate. Em vez, porém, de a fazer realizar de pronto, entregou-se ele e o seu séquito ao deboche e à embriaguez e, durante o sono, fugiram os moradores para o mato com todos os seus objetos de valor: muito ouro do Jaraguá e muita prata do Peru. Acrescenta, ainda, o mesmo autor, que oito dias depois (2 ou 3 de setembro), desembarcava outra vez Cavendish e, não encontrando os moradores, lançou fogo à vila de São Vicente e retirou-se, sofrendo na viagem um grande temporal, que desbaratou sua frota.
O grande segredo
Deixando São Vicente, Cavendish rumou para a Capitania do Espírito Santo, onde não teve melhor fortuna. Retornou às praias paulistas. Aportou à ilha de São Sebastião e nela deixou alguns homens da sua tripulação que estavam enfermos, entre os quais Antonio Knivet, o autor da narrativa da viagem, falecendo quase todos, e alguns dos que sobreviveram foram aprisionados pelos moradores do Rio de Janeiro. Antes de chegar a Santos, Tomás Cavendish havia aportado a Cabo Frio, onde aprisionou um navio português que ia para o Rio da Prata. Chegou, depois, à Ilha Grande, saqueou a população, e fez-se vela no dia seguinte.
Foi, então, que o perigoso pirata se sentiu seriamente doente. Atacado de violenta febre, "a febre da terra, com seus acessos e tremores", não mais se levantou da enxerga [colchão ordinário]. Além disso, outro sofrimento o torturava: "uma flecha envenenada ferira-o num braço e punha-lhe em cheque a vida, enchendo-lhe o corpo de chagas". Lembrou-se, em tão terrível emergência, de regressar a Santos, em cujo Hospital da Misericórdia pensava tratar-se e ficar bom. Mas, em Santos, uma medonha surpresa o esperava: a resistência estava organizada e repeliu-o. Haviam descido as tropas da vila de Piratininga e o pirata inglês deu, em tempo, "às de vila Diogo"...
Com sua armada rechaçada, sem maiores esperanças, Cavendish, doente como estava, não podia pensar noutra coisa senão a morte! E mesmo às portas do outro mundo, não esqueceu, não esqueceu os seus tesouros. Eram tesouros imensos! Talvez vencesse aquela cartada... Não vencera outras contra os homens? Longe da terra, não tendo a quem deixar tanta riqueza, lembrou-se de escondê-la, enterrando-a. E foi o que tratou de fazer, quanto antes. Sem dizer nada a ninguém, ancorado no largo de Bertioga, pensou na ilha da Moela, ali perto. Seria, sem dúvida, um bom esconderijo.
"Mandou descer para um batel as arcas dos despojos daqueles últimos anos, o tesouro que acumulara em saques e abordagens. Desceu, também, com alguns homens desarmados e, ordenando a Cook que se conservasse naquele ponto, seguiu para longe, disfarçando o itinerário na sinuosidade da costa. Por fim, contornou a ilhota escondida, fora da vista de seus galeões distantes. E o chão da Moela abriu-se, num certo ponto, para receber o tesouro do pirata."
Em seguida, Cavendish, como se fizesse a coisa mais natural do mundo, passou a matar, friamente, a golpes de adaga, aqueles três ou quatro homens desarmados que se achavam consigo. Matou o primeiro... trucidou o segundo... abateu o terceiro, mas, quando chegou ao último, este, num pulo feroz, precipitou-se nágua e saiu nadando como um doido, rumo a Santo Amaro. Sumiu-se na distância, embrenhou-se nas matas, e dele nunca mais se teve notícia. Quem seria tão estranho personagem? Pois os leitores ainda não adivinharam? Pois bem, outro não era senão o súdito inglês de existência tão misteriosa, que fomos encontrar, anos depois, vivendo pacatamente, na vila de São Paulo, trabalhando como ferreiro e fundidor, dizendo-se católico, casado com d. Úrsula... O tal Taylor, lembram-se agora ?
Em busca do tesouro
Taylor acabara de contar toda a sua estranha história à esposa, que ouvira tudo de olhos esbugalhados, e boca entreaberta. Pensara em tanta coisa, antes, menos que o seu marido estivesse metido em tamanhas aventuras e era possuidor do segredo de um tesouro que poderia fazê-lo rico de uma hora para outra... Os tempos se passaram e sempre, o velho Taylor, com a idéia fixa de, um dia, partir rumo à ilha da Moela, onde, com o auxílio do roteiro que possuia no fundo da mala, iria tentar desencovar tanta riqueza! Já fora informado, há muito, da morte do temível Cavendish, comido de febres, quando a caminho da Inglaterra. Por conseguinte, o perigo passara.
Uma manhã, levantou-se da enxerga, disposto a tudo. Foi até a bruaca. Abriu-lhe a tampa. Vasculhou lá por dentro, em vão. Nada. Sumira! Sumira o roteiro que andara rascunhando há tanto tempo, com tanto cuidado, servindo-se da memória. Que decepção! Aquilo o azucrinou deveras. Que fim levara o papel precioso? Tornou a procurar, sem qualquer resultado. Só quem sabia da existência era ele e sua mulher. Mais ninguém. Se não fora ele, só podia ser ela. Dera, com certeza, com a língua nos dentes... Alguém mais havia que conhecia o segredo! Quem seria essa terceira pessoa? Esse terceiro homem?
De indagação em indagação, ficou sabendo de tudo: d. Úrsula era muito católica, confessava-se de vez em quando. Seu diretor espiritual era um Jesuíta. O pessoal do Santo Ofício andara sempre curioso atrás de indagar da vida pregressa de cada paulistano, de cada habitante da terra e, naturalmente, ficara sabendo dos antecedentes nada recomendáveis do pobre Taylor. Assim, iam de águas abaixo quinze anos de segredo, e o desmoronamento de tão ambicionado tesouro, que o transformaria noutro Creso [rei da Lídia, Ásia Menor, de quem se dizia conhecer uma praia com areia dourada] de primeira grandeza...
Desta forma, apenas se servindo de sua embotada memória, resolveu tentar a aventura da descoberta da riqueza enterrada na ilha da Moela. Rumou, no dia seguinte, logo cedo, para Santos. Chovia torrencialmente. Era um temporal fora do comum. Os trovões ribombavam. Os raios gizavam [riscavam com giz] os espaços. Parecia até que os céus vinham abaixo. Juntou alguns homens de confiança, alugou uma catraia grande, e enfrentou, corajosamente, a terrível intempérie. As ondas semelhavam montanhas e, no cocuruto delas, a frágil embarcação era uma casca de noz: corcoveava, pinoteava, equilibrava-se com dificuldade! Após mil tropeços, chegaram à ponta de Capetuba... Dobraram, sabe Deus com quantos esforços! Lá adiante, o pontal do Itaipu, donde soprava, com força, o aguaceiro sem par. E foram remando, remando...
O segredo se desfaz
Chegaram a alcançar Piraquara. Em Piraquara, avistaram, lá longe, outra embarcação que vinha vindo, vinha vindo, lutando com os mesmos embaraços. Mal se distinguiam seus tripulantes. Corcoveava, pinoteava, também. Ou até pior. Taylor sentiu um sobressalto. Previu que qualquer coisa estranha estava acontecendo. E estava mesmo. Em breve, ficou sabendo de tudo: A outra catraia cruzava com a sua. Dentro, avistou caixotes empilhados. Aqueles caixotes só podiam ser os do tesouro! E, na mesma embarcação, uns homens vestidos de sotaina [batina]... Rangeu os dentes de raiva. Soltou uma imprecação de ódio. Blasfemou.
Logo mais, o temporal tornava-se mais violento. Novos trovões mais fortes. Novos raios mais rutilantes. As ondas subiram mais altas. O barco do tesouro foi ficando mais longe. A catraia de Taylor distanciou-se, também. E, nesse instante, altamente dramático, aconteceu o imprevisto, o inesperado, o inconcebível: a embarcação dos homens de sotaina soçobrava espetacularmente! Ainda se ouviram seus medonhos gritos de horror, vindos de longe, perdidos no ruído da tempestade! Depois, mais nada, apenas a solidão dos mares, apenas a solidão da morte...
Quem olhasse a figura de Taylor, lívida, esquálida, olhos esbugalhados, todo trêmulo, teria notado duas lágrimas, rolando pelas faces murchas como um pergaminho. Tomou-se, depois, de uma espécie de delírio. Falou coisas desconexas. Pouco depois, a catraia do inglês ancorava, como um verdadeiro milagre, na ilha das Palmas. Todos aportaram sãos e salvos. Dali, Taylor, como um endemoniado, tocou para Santos. Foi bater na casa de seu amigo John Withal, e contou-lhe tudo. John Withal, que fora sempre seu protetor em todas as horas, acolheu-o, mais uma vez. Homiziou-o. Deu-lhe dinheiro. Pensou numa solução.
Dias depois, o súdito britânico viajava, como um tripulante qualquer, numa escuna francesa. Deixava para sempre seu lar brasileiro, abandonava sua esposa querida, desprezava seus negócios que iam tão bem, fugia dos poucos amigos, e rumava para a velha Inglaterra, deixando por aqui a lendária e novelesca história em que andara envolvido e que tanto e tanto o atribulara. D. Úrsula nunca mais o esqueceu. Era o Taylor um bom homem. Apenas um pouco casmurro, cismarento, pensando longe... Pensando sempre, num dia distante, que nunca chegou, em que ficaria rico, riquíssimo, como ninguém em São Paulo de Piratininga. Lenda ou realidade ? O leitor, que tire suas conclusões.
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O PIRATA CAVENDISH
Do livro "Aconteceu no Velho São Paulo",
de Raimundo de Menezes, Coleção Saraiva, 1954)
No longínquo ano de 1605, pequenina vila de Piratininga, todos se conheciam. Não havia quem não estivesse devidamente informado, nos mínimos detalhes, a respeito da vida de cada um dos habitantes. Sabia-se tintim por tintim. E, quando não se sabia, inventava-se... Era o caso do súdito inglês Taylor. O tal Taylor era o tipo do homem misterioso, introvertido, de poucas palavras, casmurro, como todos o achavam. E, como tal, falando pouco, ignorando-se muito do seu passado, tornou-se uma figura singular e enigmática, a respeito de quem se contavam coisas assaz curiosas e, por isso mesmo, pouco recomendáveis. Aparecera em São Paulo há cerca de 15 anos. Chegara sob a proteção de outro britânico, daquele popularíssimo John Withall, que morava em Santos, e que sempre vivia pra cá e pra lá, em constantes viagens daquela vila a esta, muito conceituado e ligado à melhor e à mais poderosa gente santista.
Aportara Taylor por estas bandas e instalara-se com oficina de ferreiro e fundidor, uma das únicas de toda a Capitania. Fez boas relações. Soube cativar as amizades. E tinha boa freguesia. Era de temperamento pacato, parecendo, apenas, pensar numa única coisa: ficar rico... Ficar rico, da noite para o dia, pois era infatigavelmente trabalhador. Labutava como um mouro. Em breve, contraía núpcias com uma filha da terra, descendente de pais portugueses, moça trabalhadeira como ele, e que o ajudou bastante nas coisas domésticas e na luta para a vida. Chamava-se Úrsula. O casal deu-se muito bem. Nasceram-lhe filhos. Chegaram a fazer o seu pé-de-meia e pareciam viver no melhor dos mundos... Todavia, um constante vinco marcava a testa do pouco expansivo Taylor. Nem mesmo com a esposa se abria. Notava-se, porém, que uma preocupação o torturava, amargurando-lhe o atribulado coração. Devia viver um grande drama íntimo. Um drama, ou uma tragédia ?
Uma noite, não podendo dormir, presa de terrível insônia, rolando na enxerga, resolveu contar algo à esposa dedicada: - "Que tens, Taylor?" - "Nada, Úrsula..." - "Nada? Sempre me respondes a mesma coisa... Que mistério! Nem na tua mulher confias?" - "Está bem, escuta, então. Tenho um pressentimento comigo que, ainda um dia, ficaremos ricos, riquíssimos, sabe? Tão ricos que causaremos inveja a toda a gente da vila e a todos os habitantes da Capitania. Ainda descobrirei um grande tesouro, um tesouro de cujo roteiro tenho o segredo... Está o mapa no fundo da bruaca [mala de couro], escondido e muito escondido. O tesouro (deixa que eu te diga) está na ilha da Moela, lá na costa de Santos... Só eu sei o lugar. Eu e Deus."
E Taylor, num raro instante de trasbordamento, revelou, afinal, à mulher, a sua história... A história que todos adivinhavam muito vagamente e que todos ambicionavam tanto e tanto conhecer. Uma história diferente com um sabor novelesco.
Invasão à vila de Santos
Desde 1530, viviam os ingleses rondando as costas do Brasil. Tinham ouvido falar da abundância de ouro no rio Mutinga, que é um rio que nasce no morro do Jaraguá e se lança no rio Tietê, abaixo de Osasco, e tinham vindo ver isso de perto. O próprio John Withall escrevera por mais de uma vez para Londres e insistira, principalmente naquele ano de 1578, sugerindo uma viagem da nau inglesa "Minion of London". Tanto insistiu que a embarcação velejou para aqui, aportando em Santos, em 1580. Anos depois, pelas alturas de 1588 e 1591, por duas vezes, apareceu no litoral paulista, sobressaltando-o, um famoso e perigosíssimo pirata inglês, chamado Tomás Cavendish. Era um indivíduo audacioso a mais não poder, capaz das maiores atrocidades. Seu estado maior era constituído de gente da pior espécie, catada entre os mais temíveis corsários londrinos.
Um dia, "corria aventuroso o oceano, em busca de adquirir, por meio de piratagem, o que havia perdido em seu país, por suas dissipações domésticas", quando, à falta de provisões, acometeu as povoações de Santos e São Vicente, sendo que a primeira, já àquele tempo, era mais opulenta do que esta última. Imediatamente, determinou que o seu lugar tenente, um tal Cook [não confundir com o navegador James Cook, que viveu dois séculos depois] o qual se intitulava vice-almirante, bem armado e municiado, fosse até a praia e trouxesse de lá o que encontrasse, mesmo contra a vontade de seus habitantes.
A 16 de dezembro de 1583, Cook investiu contra a Barra Grande, fundeando seus navios bem em frente da vila de Santos, contra a qual mandou abrir fogo, principalmente com o fito de atemorizar toda a gente. Nenhuma resistência veio de terra. Aliás, o corsário estava cansado de saber disso. Desembarcou todo o seu pessoal com a maior facilidade e encontrou o povo na igreja, assistindo a ofícios religiosos. Aquele inútil aparato bélico contra casebres de uma população desarmada, e que só teve por vítima um homem que saiu correndo, desanimou-os de lutar. Cercaram a igrejinha e ali deixaram todos, presos, o dia inteiro. Enquanto isso, os piratas, sem nada o que fazer, entregaram-se a bebedeiras e orgias, até ficar exaustos, esquecendo-se de sua missão de pilhagem. Durante o sono, aproveitaram o ensejo os santistas para fugir para o mato, levando todos os objetos de valor.
Dias depois, Cavendish, cansado de esperar, fora da barra, pelo seu preposto que nunca voltava, desceu em Santos, a fim de arrecadar o saque que mandara fazer. Encontrou, com surpresa, a vila despovoada. Ninguém nas ruas. Só viu estragos e desmandos praticados pelos seus apaniguados. Inúteis foram todos os esforços do pirata inglês no sentido de fazer a população regressar aos seus lares. Todo mundo estava atemorizado e fugido pelos matos. Cavendish mandou contar-lhes uma bonita história: falou-lhes em nome de um rei, que dizia haver reassumido o trono de Portugal, restaurando-o do poder da Espanha... Tudo em vão. Nada surtiu efeito. Ninguém teve coragem de voltar. Retiraram-se os piratas de Santos ainda mais desprovidos do que quando ali aportaram. Tão raivosos estavam, tão fora de si, que, ao passarem por São Vicente, incendiaram esta vila, arrasando-a.
O saque da vila
Antônio Knivet fazia parte da expedição de Cavendish, e era o mais letrado de todos. Escreveu, mais tarde, a relação de sua viagem, publicada em inglês no princípio do século 18. Conta que, naquele dia de Natal (1583), pela madrugada, uma chalupa com 23 homens, atacou a vila e que "a igreja se achava com 300 pessoas, e que, tanto a igreja quanto a vila, foram saqueadas". Esta relação não pode deixar de ser filauciosa [presunçosa], comenta Azevedo Marques, pois é incrível que 23 homens pudessem desarmar e fazer fugir 300... "No dia seguinte (é ainda Knivet quem fala) foi que desembarcou Cavendish com 200 homens, fez lançar fogo à vila e alojou-se no convento dos Jesuítas com muitos dos seus, demorando-se dois meses em Santos. Além do dinheiro e gêneros, levaram muito ouro de um certo lugar chamado Mutinga [hoje bairro de Osasco, nas proximidades do morro do Jaraguá]. Acrescenta ainda que foram por terra à vila de São Vicente, e que, no caminho, queimaram cinco engenhos. Daqui, dirigiu-se Tomás Cavendish, com sua esquadrilha, ao estreito de Magalhães, mas, dezesseis dias depois, sobreveio-lhe a tempestade que lhe fez grandes avarias na esquadrilha e perdas de vida na tripulação. Voltando a Santos, cerca de dois meses depois, fez desembarcar os capitães Staford, Soutowell e Barker, com mais vinte pessoas, em um batel feito de caixas de açucar e aduelas de pipa e, chegando em terra, assenhorearam-se do engenho [para que trazer tanto açúcar e cachaça se iam assaltar um engenho?]; ali encontraram um barco grande, apossaram-se dele, enchendo-o de víveres, enviando-o aos navios da esquadrilha. Ao terceiro dia de saque e pilhagem, armaram-se os portugueses que haviam fugido para o interior, e surpreenderam os assaltantes, matando-os todos."
Esta narrativa difere da de August de Saint-Hilaire (1779-1853), em seu livro "Viagens à Província de São Paulo". Diz o viajante francês que Tomás Cavendish chegou pela segunda vez à altura de São Vicente no dia 25 de agosto de 1591 e que, oito dias depois, destacou uma partida de sua gente, que desembarcou e saqueou a nascente povoação de Santos, impondo aos moradores uma pesada contribuição para o resgate. Em vez, porém, de a fazer realizar de pronto, entregou-se ele e o seu séquito ao deboche e à embriaguez e, durante o sono, fugiram os moradores para o mato com todos os seus objetos de valor: muito ouro do Jaraguá e muita prata do Peru. Acrescenta, ainda, o mesmo autor, que oito dias depois (2 ou 3 de setembro), desembarcava outra vez Cavendish e, não encontrando os moradores, lançou fogo à vila de São Vicente e retirou-se, sofrendo na viagem um grande temporal, que desbaratou sua frota.
O grande segredo
Deixando São Vicente, Cavendish rumou para a Capitania do Espírito Santo, onde não teve melhor fortuna. Retornou às praias paulistas. Aportou à ilha de São Sebastião e nela deixou alguns homens da sua tripulação que estavam enfermos, entre os quais Antonio Knivet, o autor da narrativa da viagem, falecendo quase todos, e alguns dos que sobreviveram foram aprisionados pelos moradores do Rio de Janeiro. Antes de chegar a Santos, Tomás Cavendish havia aportado a Cabo Frio, onde aprisionou um navio português que ia para o Rio da Prata. Chegou, depois, à Ilha Grande, saqueou a população, e fez-se vela no dia seguinte.
Foi, então, que o perigoso pirata se sentiu seriamente doente. Atacado de violenta febre, "a febre da terra, com seus acessos e tremores", não mais se levantou da enxerga [colchão ordinário]. Além disso, outro sofrimento o torturava: "uma flecha envenenada ferira-o num braço e punha-lhe em cheque a vida, enchendo-lhe o corpo de chagas". Lembrou-se, em tão terrível emergência, de regressar a Santos, em cujo Hospital da Misericórdia pensava tratar-se e ficar bom. Mas, em Santos, uma medonha surpresa o esperava: a resistência estava organizada e repeliu-o. Haviam descido as tropas da vila de Piratininga e o pirata inglês deu, em tempo, "às de vila Diogo"...
Com sua armada rechaçada, sem maiores esperanças, Cavendish, doente como estava, não podia pensar noutra coisa senão a morte! E mesmo às portas do outro mundo, não esqueceu, não esqueceu os seus tesouros. Eram tesouros imensos! Talvez vencesse aquela cartada... Não vencera outras contra os homens? Longe da terra, não tendo a quem deixar tanta riqueza, lembrou-se de escondê-la, enterrando-a. E foi o que tratou de fazer, quanto antes. Sem dizer nada a ninguém, ancorado no largo de Bertioga, pensou na ilha da Moela, ali perto. Seria, sem dúvida, um bom esconderijo.
"Mandou descer para um batel as arcas dos despojos daqueles últimos anos, o tesouro que acumulara em saques e abordagens. Desceu, também, com alguns homens desarmados e, ordenando a Cook que se conservasse naquele ponto, seguiu para longe, disfarçando o itinerário na sinuosidade da costa. Por fim, contornou a ilhota escondida, fora da vista de seus galeões distantes. E o chão da Moela abriu-se, num certo ponto, para receber o tesouro do pirata."
Em seguida, Cavendish, como se fizesse a coisa mais natural do mundo, passou a matar, friamente, a golpes de adaga, aqueles três ou quatro homens desarmados que se achavam consigo. Matou o primeiro... trucidou o segundo... abateu o terceiro, mas, quando chegou ao último, este, num pulo feroz, precipitou-se nágua e saiu nadando como um doido, rumo a Santo Amaro. Sumiu-se na distância, embrenhou-se nas matas, e dele nunca mais se teve notícia. Quem seria tão estranho personagem? Pois os leitores ainda não adivinharam? Pois bem, outro não era senão o súdito inglês de existência tão misteriosa, que fomos encontrar, anos depois, vivendo pacatamente, na vila de São Paulo, trabalhando como ferreiro e fundidor, dizendo-se católico, casado com d. Úrsula... O tal Taylor, lembram-se agora ?
Em busca do tesouro
Taylor acabara de contar toda a sua estranha história à esposa, que ouvira tudo de olhos esbugalhados, e boca entreaberta. Pensara em tanta coisa, antes, menos que o seu marido estivesse metido em tamanhas aventuras e era possuidor do segredo de um tesouro que poderia fazê-lo rico de uma hora para outra... Os tempos se passaram e sempre, o velho Taylor, com a idéia fixa de, um dia, partir rumo à ilha da Moela, onde, com o auxílio do roteiro que possuia no fundo da mala, iria tentar desencovar tanta riqueza! Já fora informado, há muito, da morte do temível Cavendish, comido de febres, quando a caminho da Inglaterra. Por conseguinte, o perigo passara.
Uma manhã, levantou-se da enxerga, disposto a tudo. Foi até a bruaca. Abriu-lhe a tampa. Vasculhou lá por dentro, em vão. Nada. Sumira! Sumira o roteiro que andara rascunhando há tanto tempo, com tanto cuidado, servindo-se da memória. Que decepção! Aquilo o azucrinou deveras. Que fim levara o papel precioso? Tornou a procurar, sem qualquer resultado. Só quem sabia da existência era ele e sua mulher. Mais ninguém. Se não fora ele, só podia ser ela. Dera, com certeza, com a língua nos dentes... Alguém mais havia que conhecia o segredo! Quem seria essa terceira pessoa? Esse terceiro homem?
De indagação em indagação, ficou sabendo de tudo: d. Úrsula era muito católica, confessava-se de vez em quando. Seu diretor espiritual era um Jesuíta. O pessoal do Santo Ofício andara sempre curioso atrás de indagar da vida pregressa de cada paulistano, de cada habitante da terra e, naturalmente, ficara sabendo dos antecedentes nada recomendáveis do pobre Taylor. Assim, iam de águas abaixo quinze anos de segredo, e o desmoronamento de tão ambicionado tesouro, que o transformaria noutro Creso [rei da Lídia, Ásia Menor, de quem se dizia conhecer uma praia com areia dourada] de primeira grandeza...
Desta forma, apenas se servindo de sua embotada memória, resolveu tentar a aventura da descoberta da riqueza enterrada na ilha da Moela. Rumou, no dia seguinte, logo cedo, para Santos. Chovia torrencialmente. Era um temporal fora do comum. Os trovões ribombavam. Os raios gizavam [riscavam com giz] os espaços. Parecia até que os céus vinham abaixo. Juntou alguns homens de confiança, alugou uma catraia grande, e enfrentou, corajosamente, a terrível intempérie. As ondas semelhavam montanhas e, no cocuruto delas, a frágil embarcação era uma casca de noz: corcoveava, pinoteava, equilibrava-se com dificuldade! Após mil tropeços, chegaram à ponta de Capetuba... Dobraram, sabe Deus com quantos esforços! Lá adiante, o pontal do Itaipu, donde soprava, com força, o aguaceiro sem par. E foram remando, remando...
O segredo se desfaz
Chegaram a alcançar Piraquara. Em Piraquara, avistaram, lá longe, outra embarcação que vinha vindo, vinha vindo, lutando com os mesmos embaraços. Mal se distinguiam seus tripulantes. Corcoveava, pinoteava, também. Ou até pior. Taylor sentiu um sobressalto. Previu que qualquer coisa estranha estava acontecendo. E estava mesmo. Em breve, ficou sabendo de tudo: A outra catraia cruzava com a sua. Dentro, avistou caixotes empilhados. Aqueles caixotes só podiam ser os do tesouro! E, na mesma embarcação, uns homens vestidos de sotaina [batina]... Rangeu os dentes de raiva. Soltou uma imprecação de ódio. Blasfemou.
Logo mais, o temporal tornava-se mais violento. Novos trovões mais fortes. Novos raios mais rutilantes. As ondas subiram mais altas. O barco do tesouro foi ficando mais longe. A catraia de Taylor distanciou-se, também. E, nesse instante, altamente dramático, aconteceu o imprevisto, o inesperado, o inconcebível: a embarcação dos homens de sotaina soçobrava espetacularmente! Ainda se ouviram seus medonhos gritos de horror, vindos de longe, perdidos no ruído da tempestade! Depois, mais nada, apenas a solidão dos mares, apenas a solidão da morte...
Quem olhasse a figura de Taylor, lívida, esquálida, olhos esbugalhados, todo trêmulo, teria notado duas lágrimas, rolando pelas faces murchas como um pergaminho. Tomou-se, depois, de uma espécie de delírio. Falou coisas desconexas. Pouco depois, a catraia do inglês ancorava, como um verdadeiro milagre, na ilha das Palmas. Todos aportaram sãos e salvos. Dali, Taylor, como um endemoniado, tocou para Santos. Foi bater na casa de seu amigo John Withal, e contou-lhe tudo. John Withal, que fora sempre seu protetor em todas as horas, acolheu-o, mais uma vez. Homiziou-o. Deu-lhe dinheiro. Pensou numa solução.
Dias depois, o súdito britânico viajava, como um tripulante qualquer, numa escuna francesa. Deixava para sempre seu lar brasileiro, abandonava sua esposa querida, desprezava seus negócios que iam tão bem, fugia dos poucos amigos, e rumava para a velha Inglaterra, deixando por aqui a lendária e novelesca história em que andara envolvido e que tanto e tanto o atribulara. D. Úrsula nunca mais o esqueceu. Era o Taylor um bom homem. Apenas um pouco casmurro, cismarento, pensando longe... Pensando sempre, num dia distante, que nunca chegou, em que ficaria rico, riquíssimo, como ninguém em São Paulo de Piratininga. Lenda ou realidade ? O leitor, que tire suas conclusões.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
(Quem é que dizia mesmo que "o crime não compensa"?
Teria sido o palhaço Carequinha?)
Desembargador considera ilegais grampos da operação Monte Carlo.
Provas são consideradas nulas; Cachoeira só não foi libertado ainda porque um dos ministros pediu vista do processo.
Agência Estado - 12.06.12.
O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), do Distrito Federal, reconheceu como ilegais as interceptações telefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou o grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e consequentemente considera nulas as provas decorrentes desses grampos.
O resultado imediato desse voto do relator Tourinho Neto, sobre o habeas corpus movido pela defesa de Cachoeira, seria a imediata libertação do contraventor. Isso só não aconteceu porque um dos ministros pediu do vista do processo. O julgamento será retomado somente na próxima semana.
Segundo Tourinho Neto, o delegado encarregado da investigação, Matheus Mella Rodrigues, cometeu um erro ao fundamentar o pedido de interceptações ao basear-se apenas em denúncias anônimas e em uma notícia de jornal.
Segundo o desembargador, o juiz federal que autorizou os grampos tomou essa decisão sem a devida fundamentação. "Não se pode haver a banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de uma investigação, sob o risco de grave violação ao Estado de Direito", citou.
O julgamento do habeas corpus está a cargo da terceira turma do TRF1, que tem três membros. Ou seja, se apenas mais um juiz acompanhar o relator, os grampos da operação Monte Carlo estarão anulados, quebrando, com isso, toda a espinha dorsal da investigação e facilitando a defesa dos 81 denunciados pelo Ministério Público.
A operação Monte Carlo investiga uma rede de corrupção, trafico de influência, lavagem de dinheiro e exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. O esquema seria comando por Carlos Augusto, o Carlinhos Cachoeira, com a participação de policiais, inclusive delegados das polícias federal e civil, além de empresários, autoridades e políticos.
Teria sido o palhaço Carequinha?)
Desembargador considera ilegais grampos da operação Monte Carlo.
Provas são consideradas nulas; Cachoeira só não foi libertado ainda porque um dos ministros pediu vista do processo.
Agência Estado - 12.06.12.
O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), do Distrito Federal, reconheceu como ilegais as interceptações telefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou o grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e consequentemente considera nulas as provas decorrentes desses grampos.
O resultado imediato desse voto do relator Tourinho Neto, sobre o habeas corpus movido pela defesa de Cachoeira, seria a imediata libertação do contraventor. Isso só não aconteceu porque um dos ministros pediu do vista do processo. O julgamento será retomado somente na próxima semana.
Segundo Tourinho Neto, o delegado encarregado da investigação, Matheus Mella Rodrigues, cometeu um erro ao fundamentar o pedido de interceptações ao basear-se apenas em denúncias anônimas e em uma notícia de jornal.
Segundo o desembargador, o juiz federal que autorizou os grampos tomou essa decisão sem a devida fundamentação. "Não se pode haver a banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de uma investigação, sob o risco de grave violação ao Estado de Direito", citou.
O julgamento do habeas corpus está a cargo da terceira turma do TRF1, que tem três membros. Ou seja, se apenas mais um juiz acompanhar o relator, os grampos da operação Monte Carlo estarão anulados, quebrando, com isso, toda a espinha dorsal da investigação e facilitando a defesa dos 81 denunciados pelo Ministério Público.
A operação Monte Carlo investiga uma rede de corrupção, trafico de influência, lavagem de dinheiro e exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. O esquema seria comando por Carlos Augusto, o Carlinhos Cachoeira, com a participação de policiais, inclusive delegados das polícias federal e civil, além de empresários, autoridades e políticos.
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Oziris escreveu:E o menssalão mineiro, nada?
[]'S
Isso só blog sujo pode falar. A grande, independente e livre imprensa está proibida de mencionar coisas como essas.
Um fraternal abraço,
.'.
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
É muito triste ler isso. Que judiciário é esse? Mas certamente esse senhor deve ter suas razões para pensar dessa forma.Clermont escreveu:(Quem é que dizia mesmo que "o crime não compensa"?
Teria sido o palhaço Carequinha?)
Desembargador considera ilegais grampos da operação Monte Carlo.
Provas são consideradas nulas; Cachoeira só não foi libertado ainda porque um dos ministros pediu vista do processo.
Agência Estado - 12.06.12.
O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), do Distrito Federal, reconheceu como ilegais as interceptações telefônicas da operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou o grupo de Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e consequentemente considera nulas as provas decorrentes desses grampos.
O resultado imediato desse voto do relator Tourinho Neto, sobre o habeas corpus movido pela defesa de Cachoeira, seria a imediata libertação do contraventor. Isso só não aconteceu porque um dos ministros pediu do vista do processo. O julgamento será retomado somente na próxima semana.
Segundo Tourinho Neto, o delegado encarregado da investigação, Matheus Mella Rodrigues, cometeu um erro ao fundamentar o pedido de interceptações ao basear-se apenas em denúncias anônimas e em uma notícia de jornal.
Segundo o desembargador, o juiz federal que autorizou os grampos tomou essa decisão sem a devida fundamentação. "Não se pode haver a banalização das interceptações, que não podem ser o ponto de partida de uma investigação, sob o risco de grave violação ao Estado de Direito", citou.
O julgamento do habeas corpus está a cargo da terceira turma do TRF1, que tem três membros. Ou seja, se apenas mais um juiz acompanhar o relator, os grampos da operação Monte Carlo estarão anulados, quebrando, com isso, toda a espinha dorsal da investigação e facilitando a defesa dos 81 denunciados pelo Ministério Público.
A operação Monte Carlo investiga uma rede de corrupção, trafico de influência, lavagem de dinheiro e exploração de jogos ilegais em Goiás e no Distrito Federal. O esquema seria comando por Carlos Augusto, o Carlinhos Cachoeira, com a participação de policiais, inclusive delegados das polícias federal e civil, além de empresários, autoridades e políticos.
Um fraternal abraço,
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"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
deviam mudar nome de prisões pra colonias de ferias pq ninguem fica preso la muito tempo mesmo.
A nao ser que vc não tenha dinheiro...........
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Será realmente um retrocesso quilométrico para a JUSTIÇA E MORALIDADE brasileiras se árduo e trabalhoso feito conduzido de forma correta e farta pela PF, MPF e JFGO venham a ser desfeitos por obra do TRF-1. Cachoeira e Demóstenes irão rir impunes dos palhaços que formam a sociedade brasileira e eles, os corretos, sairão ilesos? E isso que o BRASIL quer? É isso que é JUSTIÇA? Decisão judicial se cumpre. Respeito o Des. Tourinho Neto, mas DISCORDO completamente da sua interpretação sobre as escutas e ESPERO FIRMEMENTE que os outros ilustres integrantes da 3ª Turma do TRF-1 não acompanhem o voto dado por sua excelência. E na pior das hipóteses, se ocorrer tal TRISTE FIM, que ainda os TRIBUNAIS SUPERIORES STJ E STF votem pela legalidade das escutas! Ou que saiam logo da prisão e sejam eleitos o Cachoeira governador de Goiás e o Demóstenes presidente! Pobre do Brasil se a IMPUNIDADE continuar a reinar...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
não acredito que isso vá acontecer, os tempos são outros, mas tenho o mesmo sentimento...mas ai me vem uma coisa...os corretos estão aprendendo a jogar o jogo( PF, MPF e JFGO), basta ver o que aconteceu alguns anos atrás, a PF ia lá desbaratinava tudo e depois a Justiça liberava, por falhas, nas maioria das vezes da PF e afins, por que? porquê? a PF é uma força excelente, mas falta(e pelo visto estão conquistando isso)o traquejo dessa amarração juridica, os caras "maus" criaram esse sistema, então eles, sabem como fazer a instituição falar mais alto...e se proteger procurando "brechas"mas a cada operação que passa, a "amarração" juridica da PF melhora, logo, logo, esse tipo de situação não ocorrera mais...Rodrigoiano escreveu:Será realmente um retrocesso quilométrico para a JUSTIÇA E MORALIDADE brasileiras se árduo e trabalhoso feito conduzido de forma correta e farta pela PF, MPF e JFGO venham a ser desfeitos por obra do TRF-1. Cachoeira e Demóstenes irão rir impunes dos palhaços que formam a sociedade brasileira e eles, os corretos, sairão ilesos? E isso que o BRASIL quer? É isso que é JUSTIÇA? Decisão judicial se cumpre. Respeito o Des. Tourinho Neto, mas DISCORDO completamente da sua interpretação sobre as escutas e ESPERO FIRMEMENTE que os outros ilustres integrantes da 3ª Turma do TRF-1 não acompanhem o voto dado por sua excelência. E na pior das hipóteses, se ocorrer tal TRISTE FIM, que ainda os TRIBUNAIS SUPERIORES STJ E STF votem pela legalidade das escutas! Ou que saiam logo da prisão e sejam eleitos o Cachoeira governador de Goiás e o Demóstenes presidente! Pobre do Brasil se a IMPUNIDADE continuar a reinar...
assim espero.
...
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
"Eu não sabia"
FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 13/06
BRASÍLIA - A fórmula mais clássica para se livrar de uma acusação no reino da política é alegar desconhecimento de um fato. Funciona muito bem no Brasil e no mundo.
Ronald Reagan, nos anos 1980, negou conhecer a cabeluda venda irregular de armas para contrarrevolucionários nicaraguenses via Irã.
Fernando Henrique Cardoso dizia, em 1997, não ter notícia das traficâncias no Congresso para comprar votos a favor da emenda da reeleição. Compungido, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, professou ignorância sobre o mensalão.
Essas negativas têm duas características em comum. Primeiro, são inverossímeis. Segundo, ninguém tem como desmenti-las. Inexistem provas. Daí a estratégia ser tão usada na política. Inclusive ontem pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, durante seu longo depoimento à CPI do Cachoeira.
Com seu semblante sereno, o tucano repetiu a história a respeito da venda de uma casa em 2011. Recebeu R$ 1,4 milhão em três cheques emitidos por uma empresa suspeita de receber dinheiro irregular do esquema de Carlos Cachoeira.
Não ocorreu a Perillo perguntar quem era o emitente dos cheques. Vendeu o imóvel para uma pessoa, recebeu cheques de uma empresa esquisita e nada quis saber.
O governador goiano revelou seguir uma peculiar regra de etiqueta financeira: seria um "ato constrangedor e não usual abordar o interessado e exigir dele a declaração de onde vêm os seus recursos".
O experiente deputado Miro Teixeira duvidou: "Nunca vi alguém vender uma casa e entrar em tremenda fria". Perillo não piscou.
Fora da CPI, petistas lamuriavam que "não dá para acreditar" na versão de Perillo. Repetem os resmungos de tucanos sobre Lula ter negado conhecer o mensalão. No fundo, PT e PSDB cada vez mais se equivalem. Tanto nas acusações como nas desculpas esfarrapadas.
FERNANDO RODRIGUES
FOLHA DE SP - 13/06
BRASÍLIA - A fórmula mais clássica para se livrar de uma acusação no reino da política é alegar desconhecimento de um fato. Funciona muito bem no Brasil e no mundo.
Ronald Reagan, nos anos 1980, negou conhecer a cabeluda venda irregular de armas para contrarrevolucionários nicaraguenses via Irã.
Fernando Henrique Cardoso dizia, em 1997, não ter notícia das traficâncias no Congresso para comprar votos a favor da emenda da reeleição. Compungido, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2005, professou ignorância sobre o mensalão.
Essas negativas têm duas características em comum. Primeiro, são inverossímeis. Segundo, ninguém tem como desmenti-las. Inexistem provas. Daí a estratégia ser tão usada na política. Inclusive ontem pelo governador de Goiás, Marconi Perillo, do PSDB, durante seu longo depoimento à CPI do Cachoeira.
Com seu semblante sereno, o tucano repetiu a história a respeito da venda de uma casa em 2011. Recebeu R$ 1,4 milhão em três cheques emitidos por uma empresa suspeita de receber dinheiro irregular do esquema de Carlos Cachoeira.
Não ocorreu a Perillo perguntar quem era o emitente dos cheques. Vendeu o imóvel para uma pessoa, recebeu cheques de uma empresa esquisita e nada quis saber.
O governador goiano revelou seguir uma peculiar regra de etiqueta financeira: seria um "ato constrangedor e não usual abordar o interessado e exigir dele a declaração de onde vêm os seus recursos".
O experiente deputado Miro Teixeira duvidou: "Nunca vi alguém vender uma casa e entrar em tremenda fria". Perillo não piscou.
Fora da CPI, petistas lamuriavam que "não dá para acreditar" na versão de Perillo. Repetem os resmungos de tucanos sobre Lula ter negado conhecer o mensalão. No fundo, PT e PSDB cada vez mais se equivalem. Tanto nas acusações como nas desculpas esfarrapadas.
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Num estado onde PT e PSDB andam demãos dadas você queria o que?Oziris escreveu:E o menssalão mineiro, nada?
[]'S
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Ex-relator da CPI dos Correios lista na tribuna 12 provas contra Dirceu
13/06/2012 - 17h48
O relator da CPI dos Correios (2005-2006), deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (13) para enumerar o que chamou de "a dúzia de provas" da participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), no esquema do mensalão.
A CPI relatada por Serraglio investigou o esquema entre 2005 e 2006 e sugeriu o indiciamento de Dirceu, dentre outros parlamentares.
Serraglio disse estar "farto da alegação de que o mensalão é fantasia". A gota d'água, segundo ele, foi um artigo assinado pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, publicado ontem na *Folha", sob o "Por qué no lo matan?", que faz a defesa de Dirceu.
"Certamente me amofina essa cantilena repetida de que o 'mensalão' fora uma farsa, como se a investigação não se realizou por parlamentares dos mais diversos matizes político-partidários", discursou o deputado.
"Ainda agora assistimos José Dirceu concitando os jovens a se manifestarem diante de sua inocência", discursou o deputado.
O deputado listou os seguintes indícios coletados tanto pela CPI quanto pelo processo do mensalão, que poderá ser levado a julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) no segundo semestre deste ano:
1) à época em que Dirceu era ministro, "nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro, como era chamado na imprensa e nos corredores do poder";
2) Roberto Jefferson, líder do PTB, "confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu";
3) o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza "afirmou que ouviu de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e da campanha presidencial de Lula em 2010], que Dirceu deu 'aval' aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão;
4) a mulher de Valério "assentou que Dirceu se reuniu com o presidente do Banco Rural no Hotel Ouro Minas para acertar os empréstimos do banco";
5) Valério "arrumou emprego para a ex-mulher de Dirceu no [banco] BMG em São Paulo";
6) um sócio do publicitário se "tornou 'comprador' do apartamento da ex-mulher de Dirceu em São Paulo";
7) Valério "afirma que foi quem ajustou a audiência havida entre os diretores do BMG e o ministro Dirceu";
8) segundo Valério, "Silvio Pereira [ex-secretário nacional do PT] lhe disse que José Dirceu sabia dos empréstimos junto aos bancos";
9) a presidente do Banco Rural "declarou que Valério era um 'facilitador' das tratativas com o governo" e "disse mais, que 'Dirceu foi a única pessoa do governo com quem ela falou" sobre o interesse do Rural relativo à aquisição de parte do Banco Mercantil de Pernambuco;
10) o ex-deputado Jefferson "afirmou que, por orientação de Dirceu, houve encontro no Banco Espírito Santo, em Portugal, à busca de R$ 24 milhões";
11) o ex-tesoureiro do PTB, "Emerson Palmieri relata que todas as tratativas eram ratificadas, ao final, por Dirceu;
12) a ex-secretária de Valério na agência de publicada em Belo Horizonte (MG), Karina Somaggio, "testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu".
Serraglio disse que a CPI ajudou a "abrir o caminho" para a eleição de Dilma Rousseff, em 2010, como sucessora de Lula, ao enfraquecer Dirceu, nome natural dentro do PT, antes do escândalo, para uma eventual candidatura à Presidência.
"De fato, na época, parecia que estávamos sob sistema parlamentarista. José Dirceu, ambiciosa super-ministro, capitão do time, primeiro-ministro, inteligente e mefistofelicamente, confinava o migrante de Garanhuns [Lula] à sua dimensão sindical, tutelando-o, como se lho devesse ser o sucessor mais do que natural, inexorável, razão por que já atapetava a caminhada, fazendo-se onipresente e onisciente nas grandes decisões nacionais".
O ex-relator disse que a "CPI dos Correios não se converterá em pizza. Nosso Judiciário não tem vocação para isso".
Durante o discurso de Serraglio, os deputados da base aliada não apareceram para apartes --apenas dois parlamentares se manifestarem, em apoio a Serraglio.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1104 ... rceu.shtml
13/06/2012 - 17h48
O relator da CPI dos Correios (2005-2006), deputado federal Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi à tribuna da Câmara nesta quarta-feira (13) para enumerar o que chamou de "a dúzia de provas" da participação do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (PT-SP), no esquema do mensalão.
A CPI relatada por Serraglio investigou o esquema entre 2005 e 2006 e sugeriu o indiciamento de Dirceu, dentre outros parlamentares.
Serraglio disse estar "farto da alegação de que o mensalão é fantasia". A gota d'água, segundo ele, foi um artigo assinado pelo produtor de cinema Luiz Carlos Barreto, publicado ontem na *Folha", sob o "Por qué no lo matan?", que faz a defesa de Dirceu.
"Certamente me amofina essa cantilena repetida de que o 'mensalão' fora uma farsa, como se a investigação não se realizou por parlamentares dos mais diversos matizes político-partidários", discursou o deputado.
"Ainda agora assistimos José Dirceu concitando os jovens a se manifestarem diante de sua inocência", discursou o deputado.
O deputado listou os seguintes indícios coletados tanto pela CPI quanto pelo processo do mensalão, que poderá ser levado a julgamento no STF (Supremo Tribunal Federal) no segundo semestre deste ano:
1) à época em que Dirceu era ministro, "nada ocorria sem o beneplácito do super-ministro, como era chamado na imprensa e nos corredores do poder";
2) Roberto Jefferson, líder do PTB, "confessa que tratou por mais de dez vezes do mensalão com Dirceu";
3) o publicitário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza "afirmou que ouviu de Delúbio [Soares, ex-tesoureiro nacional do PT e da campanha presidencial de Lula em 2010], que Dirceu deu 'aval' aos empréstimos bancários que alimentaram o mensalão;
4) a mulher de Valério "assentou que Dirceu se reuniu com o presidente do Banco Rural no Hotel Ouro Minas para acertar os empréstimos do banco";
5) Valério "arrumou emprego para a ex-mulher de Dirceu no [banco] BMG em São Paulo";
6) um sócio do publicitário se "tornou 'comprador' do apartamento da ex-mulher de Dirceu em São Paulo";
7) Valério "afirma que foi quem ajustou a audiência havida entre os diretores do BMG e o ministro Dirceu";
8) segundo Valério, "Silvio Pereira [ex-secretário nacional do PT] lhe disse que José Dirceu sabia dos empréstimos junto aos bancos";
9) a presidente do Banco Rural "declarou que Valério era um 'facilitador' das tratativas com o governo" e "disse mais, que 'Dirceu foi a única pessoa do governo com quem ela falou" sobre o interesse do Rural relativo à aquisição de parte do Banco Mercantil de Pernambuco;
10) o ex-deputado Jefferson "afirmou que, por orientação de Dirceu, houve encontro no Banco Espírito Santo, em Portugal, à busca de R$ 24 milhões";
11) o ex-tesoureiro do PTB, "Emerson Palmieri relata que todas as tratativas eram ratificadas, ao final, por Dirceu;
12) a ex-secretária de Valério na agência de publicada em Belo Horizonte (MG), Karina Somaggio, "testemunhou que Valério mantinha contatos diretos com José Dirceu".
Serraglio disse que a CPI ajudou a "abrir o caminho" para a eleição de Dilma Rousseff, em 2010, como sucessora de Lula, ao enfraquecer Dirceu, nome natural dentro do PT, antes do escândalo, para uma eventual candidatura à Presidência.
"De fato, na época, parecia que estávamos sob sistema parlamentarista. José Dirceu, ambiciosa super-ministro, capitão do time, primeiro-ministro, inteligente e mefistofelicamente, confinava o migrante de Garanhuns [Lula] à sua dimensão sindical, tutelando-o, como se lho devesse ser o sucessor mais do que natural, inexorável, razão por que já atapetava a caminhada, fazendo-se onipresente e onisciente nas grandes decisões nacionais".
O ex-relator disse que a "CPI dos Correios não se converterá em pizza. Nosso Judiciário não tem vocação para isso".
Durante o discurso de Serraglio, os deputados da base aliada não apareceram para apartes --apenas dois parlamentares se manifestarem, em apoio a Serraglio.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/poder/1104 ... rceu.shtml
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Guerra escreveu:Num estado onde PT e PSDB andam demãos dadas você queria o que?Oziris escreveu:E o menssalão mineiro, nada?
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Re: NOTÍCIAS POLÍTICAS
Os que a temem tentarão melar a CPI, mas não creio que consiguirão.
Um fraternal abraço
Um fraternal abraço
Editado pela última vez por Flávio Rocha Vieira em Qui Jun 14, 2012 8:59 pm, em um total de 1 vez.
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"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "
Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).