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Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 4:22 am
por Tupi
Rock n Roll escreveu:Prezado Marino, em atenção ao seu post anterior com o artigo do presidente do instituto Acende Brasil, vale endossar sobre a notícia de ontem em noticiários de rádio sobre a cessão de energia de Itaipu para a Argentina neste inverno, na base do fundo perdido, ou seja: politicagem com impostos pagos por nós.
Estou tentando acessar as fontes e as minúncias de mais essa com o no$$$o sem nenhum tipo de lógica ou contrapartida comercial no seu bojo.
Vou continuar cavando daqui.


[005] [005]
OI Rock n Roll,
Desconheço inteiramente esta notícia de nova cessão de energia do Brasil para Argentina.
Este fato ocorreu em 2008. E levamos um calote de 0,5 GW. Sem termos qualquer previsão de recuperação.
Estou aqui em Buenos Aires desde dia 05 e não vi qualquer mensão sobre esta nova benevolência do Brasil. Se tiver algum link da mesma por favor me envie.
Grato,

Tupi.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 9:08 am
por Marino
Plano Brasil
Noam Chomsky: Nuvens escuras sobre o Irã
09/07/2010

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Sugestão: Roberto Correia de Matos

Que o Irã não tem uma política agressiva nem pretende progredir rumo à bomba nuclear reconhece-o o Pentágono num relatório ao Congresso dos EUA de abril passado: “A doutrina militar do Irã é estritamente ‘defensiva (…) concebida para atrasar uma invasão e forçar uma solução diplomática das hostilidades’”. No entanto isso não impede os EUA de ameaçarem o Irã com uma invasão devastadora, com recurso a armamento nuclear.

Por Noam Chomsky*, no Diario.Info

A grave ameaça do Irã é a mais séria crise da política externa que enfrenta a administração Obama. O Congresso acaba de endurecer as sanções contra aquele país, com penas mais pesadas às companhias estrangeiras que ali negociem. A administração expandiu a capacidade ofensiva dos EUA na ilha africana Diego Garcia, reclamada pelo Reino Unido, que expulsou a população a fim de que os EUA pudessem construir uma grande base para atacar o Oriente Médio e a Ásia Central.

A Marinha estadunidense informou que tinha enviado para a ilha equipamento para apoiar os submarinos dotados de mísseis Tomahawk, com capacidade para transportar ogivas nucleares.

De acordo com o relatório de carga da Marinha, apanhado pelo Sunday Herald, de Glasgow, o equipamento militar inclui 387 destruidores de bunkers para fazerem explodir estruturas subterrâneas reforçadas.

“Estão a ativar a engrenagem para destruir o Irã”, disse a esse jornal o director do Centro de Estudos Internacionais e Diplomáticos da Universidade de Londres, Dan Plesch. “Os bombardeiros e os mísseis de longo alcance dos EUA estão preparados para destruir 10.000 objetivos no Irã em poucas horas”.

A imprensa árabe informa que uma frota estadunidense (com um navio israelense) passou recentemente o canal do Suez a caminho do Golfo Pérsico, com a missão de fazer “aplicar as sanções contra o Irã e supervisionar os barcos que entram e saem desse país”. Alguns meios de comunicação britânicos e israelenses informam que a Arábia Saudita está a providenciar um corredor aéreo para um eventual bombardeio israelense ao Irã (o que os sauditas negam).

No seu regresso de uma visita ao Afeganistão para tranquilizar os seus aliados da Otan depois da demissão do general Stanley McChrystal, o almirante Michael Mullen, responsável máximo da Junta de chefes de Estado-Maior, visitou Israel para se encontrar com o chefe de Estado-maior das Forças de Defesa israelenses, Gabi Ashkenazi, e continuar um diálogo estratégico anual.

A reunião centrou-se na “preparação de Israel e dos Estados Unidos perante a possibilidade de um Irã com capacidade nuclear”, de acordo com o Haaretz, que, além disso, informou que Mullen tinha enfatizado: “Procuro sempre ver os desafios numa perspectiva israelense”.

Alguns analistas descrevem a ameaça iraniana em termos apocalípticos. “Os EUA deverão enfrentar o Irã ou entregar o Oriente Médio” adverte Amitai Etzioni. Se o programa nuclear se concretiza, disse, a Turquia, a Arábia Saudita e outros Estados “mover-se-ão” em direção à nova “superpotência” iraniana.

Numa retórica menos acalorada, isso significa que poderia dar forma a uma aliança regional independente dos EUA.

No jornal do Exército estadunidense Military Review, Etzioni pressiona os EUA para um ataque não só contra as instalações nucleares do Irã, mas também contra os seus ativos militares não nucleares, incluindo infra-estruturas – isto é, sociedade civil. “Este tipo de ação militar é semelhante às sanções: provocar danos com o objetivo de mudar posturas, ainda que por meios mais poderosos”, escreve.

Uma análise autorizada sobre a ameaça iraniana é dada pelo relatório do departamento de Defesa dos EUA apresentado ao Congresso em abril passado. Os gastos militares do Irã são “relativamente baixos em comparação com o resto da região” sustenta o documento.

A doutrina militar do Irã é estritamente “defensiva (…) concebida para atrasar uma invasão e forçar uma solução diplomática das hostilidades”. O relatória diz ainda que “o programa nuclear do Irã e a sua vontade de manter aberta a possibilidade de desenvolver armas nucleares (são) uma parte central da sua estratégia de dissuasão”.

Para Washington, a capacidade dissuasória do Irã é um exercício ilegítimo de soberania que interfere nos desígnios globais dos EUA. Concretamente, se ameaça o controle estadunidense dos recursos energéticos do Oriente Médio. Mas a ameaça do Irã vai mais além da dissuasão.

Teerã também está a procurar expandir a sua influência na região, o que é visto como um fator de “desestabilização”, presumivelmente em contraste com a “estabilizadora” invasão e ocupação militar estadunidense dos vizinhos do Irã.

Para além desses crimes – prossegue o relatório do Pentágono –, o Irã está a apoiar o terrorismo com o seu apoio ao Hezbolá e ao Hamas, as maiores forças políticas do Líbano e da Palestina (se é que as eleições contam).

O modelo de democracia no mundo muçulmano, apesar dos seus sérios defeitos, é a Turquia, que tem eleições relativamente livres. A administração Obama indignou-se quando a Turquia se aliou ao Brasil na procura de um compromisso com o Irã para que restringisse o seu enriquecimento de urânio.

Os EUA minaram rapidamente o acordo promovendo uma resolução do Conselho de Segurança da ONU com novas sanções contra o Irã, tão carentes de sentido que a China logo as apoiou alegremente, assumindo que, quando muito, impediriam os interesses ocidentais de concorrer com a China nos recursos do Irã.

E sem qualquer surpresa, a Turquia (tal como o Brasil) votou contra a iniciativa dos EUA. O outro membro do Conselho de Segurança da região, o Líbano, absteve-se.

Estas actuações provocaram ainda maior consternação em Washington. Philip Gordon, o diplomata mais prestigiado da administração Obama em assuntos europeus, advertiu a Turquia que as suas ações não são compreendidas nos EUA e que deveria “demonstrar o seu compromisso de parceiro do Ocidente”, segundo informou a Associated Press.

Uma admoestação rara a um aliado crucial da Otan. A classe política também assim pensa. Steven A. Cook, um perito do Conselho de Relações Exteriores, defende que a pergunta crítica é: “Como manter os turcos nos trilhos?” – ou seja, como bons democratas obedecerem às ordens.

Não há indícios de que outros países da região sejam mais favoráveis às sanções promovidas pelos EUA que às posições da Turquia.

O Paquistão e o Irã, reunidos em Ancara, assinaram recentemente um acordo para um novo gasoduto. O mais preocupante para os EUA é que o gasoduto possa estender-se à Índia. O tratado de 2008 entre os EUA e a Índia, apoiando os seus programas nucleares, pretende evitar que este país se una ao gasoduto, de acordo com Moeed Iussuf, um assessor em assuntos subasiáticos do Instituto da Paz dos EUA.

A Índia e o Paquistão são dois dos três países que recusaram assinar o Tratado de Não Proliferação (TNP). Israel é o terceiro. Todos eles desenvolveram armamentos nucleares com o apoio dos EUA, e continuam a fazê-lo.

Ninguém de bom senso quer que o Irã, ou qualquer outro país, desenvolva armas nucleares. Uma maneira óbvia de mitigar ou eliminar esta ameaça consiste no estabelecimento de uma zona livre de armas nucleares no Oriente Médio.

Este tema foi levantado (uma vez mais) na conferência do TNP nas Nações Unidas em começos de março passado. O Egito, como presidente do Movimento dos Não Alinhados – constituído por 118 países – propôs que a conferência apoiasse um plano de início das negociações em 2011 propôs um Oriente Médio livre de armas nucleares, como foi acordado pelos países ocidentais, incluídos os EUA, na conferência do TNP de 1995.

Formalmente, Washington ainda está de acordo, mas insiste que Israel fique isento – e não há qualquer elemento que permita dizer que as deliberações do pacto se apliquem aos EUA.

Em vez de dar passos efetivos para a redução da escaldante ameaça de proliferação de armas nucleares no Irã ou em qualquer outra parte, os EUA movimentam-se no sentido do seu controle das vitais regiões produtoras de petróleo do Oriente Médio, de forma violenta, se não puder ser de outra maneira.

* Noam Chomsky é professor de linguística do MIT (Massachusetts Institute of Technology).

Este texto foi publicado no diário espanhol Público e pode ser consultado em http://blogs.publico.es/noam-chomsky/10 ... obre-iran/. Tradução de José Paulo Gascão para o Diario.Info

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 9:40 am
por Marino
Obama diz que Israel não surpreenderá EUA se atacar Irã
09/07/2010

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O presidente americano, Barack Obama, disse hoje que Israel “não surpreenderá” os Estados Unidos com um ataque ao Irã, já que os dois países mantêm uma “relação estreita” e estão coordenados sobre a questão.

“Acho que as relações entre EUA e Israel são suficientemente estreitas para que nenhuma das duas partes tente surpreender a outra”, disse Obama, em entrevista a um canal da televisão israelense.

“Ao contrário, tentamos estar coordenados em temas que têm a ver com os dois países e acho que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu está comprometido com esta atitude”, declarou Obama.

O presidente insistiu em que “é inaceitável que o Irã tenha armas nucleares” e assegurou que “faremos tudo o que estiver em nosso alcance para impedi-lo”.

“Todos os dados levam a crer que eles (o Irã) estão desenvolvendo uma bomba nuclear. Acabamos de adotar as sanções mais duras (no Conselho de Segurança da ONU) já aprovadas contra o país”, disse. “Mas deixaremos a porta aberta para uma solução diplomática”, completou.

Sobre o conflito entre israelenses e palestinos, o presidente americano, que se reuniu na terça-feira em Washington com o primeiro-ministro israelense, mostrou seu otimismo em que as duas partes comecem em breve a negociar diretamente.

Fonte: EFE via Geopolítica Brasil

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 10:27 am
por Marino
VISÃO GLOBAL
Lição do episódio McChrystal: preço é alto por criticar chefe
Washington não tolera gafes em tempos de guerra
*Walter Rodgers, The Christian Science Monitor - O Estado de S.Paulo
Destacar as falhas de nossos superiores - principalmente na vida pública - equivale a dar um tiro no próprio pé. O general Stanley McChrystal, que foi exonerado do comando no mês passado por insultar o presidente americano, Barack Obama, e outros funcionários do governo dos EUA, é a prova mais recente disso.
Aparentemente, McChrystal foi demitido por ter infringido o sagrado código do soldado segundo o qual um oficial não pode criticar publicamente seu comandante-chefe. Em 2004, no Iraque, nem os soldados de patente mais baixa do 101.º Batalhão Aerotransportado na Província de Nínive eram doidos a ponto de permitir que este repórter os atraísse para tal armadilha. Em um nível mais profundo, McChrystal fracassou no teste de Hamlet, ignorando o conselho de Polônio: "Não dê palavras a seus pensamentos. Nem ação a pensamentos precipitados."
No entanto, alguns observadores sem nada a perder sugeriram que McChrystal deveria ser aplaudido por "falar a verdade".
Absolvição. Talvez ele venha a ser absolvido pela História, principalmente, segundo foi noticiado, por julgar que Obama se sentia "intimidado e desconfortável" com os generais e "não parecia muito interessado" na reunião com McChrystal.
Mas o general não deveria ser aplaudido, porque "dizer a verdade" significaria dizer ao povo americano que a guerra no Afeganistão não pode ser vencida.
Se, como disse certa vez Michael Kinsley, "uma gafe é quando um político conta a verdade", uma avaliação de McChrystal sobre as perspectivas reais dos Estados Unidos no Afeganistão teria sido uma gafe que valeria a pena fazer para encerrar uma carreira.
Washington não tem muita tolerância para as gafes, principalmente em tempos de guerra.
Em 1968, o governador George Romney, candidato republicano à presidência, cometeu uma gafe que provavelmente lhe custou a indicação e quem sabe até a presidência.
Com outra guerra sem sentido no topo da agenda de todos, naquela época, Romney disse que inicialmente defendera a Guerra do Vietnã porque uma viagem de investigação que ele fizera em 1965 resultou na "maior lavagem cerebral à qual uma pessoa possa se submeter". Romney disse a verdade e foi ridicularizado pelos políticos - não importa se o presidente Lyndon Johnson mentiu durante anos aos americanos a respeito do Vietnã.
As pessoas que ocupam altos cargos às vezes põem em risco a própria carreira - e quem sabe até a vida - ao contestar a convicção geral de seus superiores. Na melhor das hipóteses, esses dissidentes são impelidos pela coragem moral. Na pior, são movidos pela perspectiva da venda de livros. Em ambos os casos, provavelmente serão tachados de traidores.
Vejamos o caso de Paul O"Neill, o secretário do Tesouro de George W. Bush. Ele foi obrigado a deixar o cargo porque em 2002 alertou sobre um enorme déficit do orçamento, se a Casa Branca não elevasse consideravelmente os impostos e fizesse amplos cortes dos gastos.
Para o círculo mais próximo de Bush, falar a verdade sobre os impostos era considerada uma deslealdade imperdoável. O"Neill saiu por ter infringido a linha do partido, embora suas recomendações possam ter sido ditadas pela prudência econômica.
Posteriormente, O"Neill escreveu um livro de memórias censurando severamente Bush por não agir de maneira inteligente nas reuniões do gabinete, e por desestimular seus assessores a manifestar opiniões discordantes. Os partidários de Bush reagiram, não negando suas acusações, mas atacando a credibilidade de O"Neill.
Preocupação. Muito embora os dissidentes muitas vezes sejam demonizados, como neste caso, eu pude constatar que a História pode absolver pessoas que pertencem ao círculo mais restrito do governo e se preocupam em expor as falhas de um programa político equivocado.
Enoch Powell, um brilhante membro conservador do Parlamento britânico anterior a Margaret Thatcher, alertou em 1968 a respeito de um significativo aumento da criminalidade, da pobreza e da violência decorrentes da imigração descontrolada.
Powell, ministro do gabinete paralelo do governo de Edward Heath, foi duramente criticado e demitido por seu discurso sobre os "Rios de sangue" (contra a imigração). Hoje, enquanto a Grã-Bretanha está às voltas com os guetos urbanos muçulmanos e com a série de ataques terroristas realizados por filhos de imigrantes paquistaneses nascidos na ilha, Powell é muitas vezes homenageado postumamente como profeta e lembrado como tal por muitos ingleses.
Aparentemente, os generais são mais propensos a atirar nos próprios pés. O marechal Nikolai Ogarkov era o militar de mais alta patente do Exército soviético na época em que seus superiores decidiram secretamente invadir o Afeganistão. Julgando esta decisão um erro terrível, Ogarkov procurou seu chefe, o ministro da Defesa, Dmitri Ustinov, para alertá-lo de que o regime Leonid Brejnev estava incorrendo em um erro militar colossal. Ustinov acabou imediatamente com seu rompante: "Sua função é planejar operações específicas e pô-las em prática. Cale a boca e obedeça as ordens."
É um fato que às vezes nos sintamos impelidos a falar coisas mesmo quando sabemos que estamos criando um problema muito grande para nós mesmos. Declarações muito francas têm claros limites entre os militares, no governo e no local de trabalho. Mas, e quando os planos do chefe comprometem os resultados finais da companhia, ou a segurança nacional? Neste caso, só teremos de nos guiar pela prudência e pela consciência. Uma atitude corajosa às vezes merece um prêmio, mas não sejamos ingênuos. Afirmar "mas eu estou certo" só acarretará a insegurança de nosso emprego. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
*É EX-CORRESPONDENTE INTERNACIONAL SÊNIOR DA CNN

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 11:46 am
por Marino
Do Site do DB:

O Atlântico Sul no contexto sul-americano de segurança e defesa
Defesa
Escrito por Defesa Brasil
Sex, 09 de Julho de 2010 12:15
O poder marítimo no Atlântico Sul.

OPINIÃO

O Atlântico Sul no contexto sul-americano de segurança e defesa

O Atlântico Sul já foi rota marítima obrigatória rumo ao Índico e ao Pacífico, até que a abertura dos canais de Suez (1869) e do Panamá (1914) concentrasse o fluxo do comércio marítimo ocidental no Mediterrâneo e no Atlântico Norte. Durante o Século XX, o Atlântico Sul permaneceu como "o mais pacífico dos oceanos", apesar de algumas ações isoladas de superfície, nas 1ª e 2ª guerras mundiais, e da campanha submarina do Eixo, na 2ª Guerra Mundial.

O Atlântico Sul voltou a ganhar certa importância na época dos "super-petroleiros", durante os anos 70 do século passado, em função da primeira crise do petróleo e da interrupção temporária do tráfego de navios pelo Canal de Suez. Entre abril e junho de 1982, tornou-se cenário de um conflito armado entre Argentina e Reino Unido, pela posse das ilhas Malvinas (Falklands). É provável que o longo isolamento geopolítico deste oceano esteja chegando ao fim.

O incremento da produção petrolífera das reservas localizadas nas bacias sedimentares dos litorais da América do Sul e da África Ocidental pode aumentar a importância estratégica do Atlântico Sul, contribuindo para a redução da dependência dos Estados Unidos e demais países ocidentais em relação ao petróleo do Oriente Médio.

Sem incluir o potencial do pré-sal brasileiro, a produção diária de petróleo no mar na América do Sul pode crescer de 2,5 milhões de barris em 2005 para 6,1 milhões de barris até 2030 (crescimento de 144%). No mesmo período, a produção no litoral da África pode passar de 4,9 a 12,4 milhões de barris por dia (crescimento de 153%).

O aumento do comércio internacional, cada vez mais dependente do transporte marítimo, levou à estruturação de um sistema fortemente globalizado e essencialmente transnacional de uso econômico dos mares. O símbolo de tal sistema é o "contêiner" de dimensões padronizadas, empregado quase universalmente no transporte de cargas dos mais diferentes tipos.

Qualquer que seja sua bandeira, o navio mercante freqüentemente é propriedade de um conglomerado multinacional, enquanto que a carga pertence a outro e o seguro é feito por um terceiro. A tripulação geralmente procede de diversos países. A qual país caberia dar proteção ao navio e sua carga, assim como à tripulação, contra possíveis ameaças?

A complexidade da tarefa de garantir a segurança do tráfego marítimo e das atividades ligadas ao uso econômico do mar, em escala global, sugere a adoção de soluções cooperativas. Isto se justifica, pois a segurança de cada nação está cada vez mais ligada à segurança do sistema internacional e pode ser afetada por qualquer ameaça ao uso dos mares.

Atualmente, mais de dois bilhões de pessoas vivem a distâncias de até 100 km de uma linha costeira. Pelos mares circulam aproximadamente 50 mil navios de porte oceânico, que transportam 80% do comércio mundial. Todos os anos, quase dois bilhões de toneladas de petróleo (60% de todo o petróleo produzido) são transportados por via marítima.

As rotas marítimas de interesse imediato para o Brasil incluem a da América do Sul, com ramificações para o Pacífico, a América do Norte e a Europa, e as da África Ocidental e do Cabo da Boa Esperança. Contudo, nossos interesses comerciais estão se deslocando para a Ásia e passando a incluir países como China, Japão, Índia, Coréia do Sul e Indonésia.

Os interesses marítimos do Brasil não estão limitados à área vital, constituída pela "Amazônia Azul". A área primária de influência do Poder Naval brasileiro abrange todo o Atlântico Sul, entre a América do Sul e a África, bem como parte do Oceano Antártico. A área secundária inclui o Mar do Caribe e parte do Pacífico Sul, nas proximidades do litoral sul-americano.

O Brasil necessita de uma Marinha oceânica, capaz de operar em toda a extensão do Atlântico Sul, contando para isso com os meios e a capacidade de apoio logístico necessários. É essencial que o Brasil disponha de meios diversificados, para exercer a vigilância e a defesa das águas sob jurisdição nacional, bem como manter a segurança das linhas de comunicação marítima.

A pirataria é uma grave ameaça ao uso pacífico dos mares, que pode tornar necessário o emprego de forças navais. No Atlântico Sul, até hoje só foram confirmados ataques a navios no litoral de países africanos situados no Golfo da Guiné. Nos últimos anos, a maioria dos casos tem ocorrido na região conhecida como "Chifre da África" (Golfo de Áden e litoral da Somália).

A proteção das atividades marítimas em escala global excede a capacidade de um só país, mesmo se for uma superpotência. Por isso, a Marinha dos EUA lançou, em 2005, a iniciativa denominada Parceria Marítima Global (mais conhecida como "A Marinha dos mil navios"), confirmada pela nova Estratégia Marítima norte-americana em 2007.

A interrupção de atividades marítimas vitais pode causar sérios danos à economia do Brasil. Além de incrementar a cooperação com a Parceria Marítima Global, é de extrema relevância para nosso País envidar esforços em favor da constituição de uma "Parceria Marítima Regional do Atlântico Sul", envolvendo as Marinhas de ambos os lados deste oceano.

O Poder Marítimo de uma nação pode ser definido como a capacidade que esta tem de utilizar o mar em benefício de sua soberania e de seus interesses nacionais. Ao Poder Naval, componente militar do Poder Marítimo, compete prover a segurança dos demais componentes deste poder, em tempo de paz ou de guerra.

A natureza do Poder Naval é dupla, pois este é também o componente marítimo do Poder Militar. No Brasil, país-continente que tem pouca mentalidade marítima, embora tenha amplos interesses marítimos a defender, é comum o erro de considerar a Marinha de Guerra apenas como parte das Forças Armadas.

O Brasil deve desenvolver uma estratégia marítima de âmbito mundial, capaz de viabilizar um ciclo sustentado de crescimento econômico e desenvolvimento social. Em tal contexto, caberá ao Poder Naval, revitalizado e fortalecido, garantir a segurança dos demais componentes do Poder Marítimo brasileiro.

Eduardo Italo Pesce



Especialista em Relações Internacionais, professor no Cepuerj, colaborador permanente do Cepe/EGN e colaborador do Nest/UFF

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 12:36 pm
por Marino
VALOR ECONÔMICO – 09/07/10
China cria incentivos a sua "corrida para o oeste"



Pequim está colocando em prática uma nova série de medidas para desenvolver o oeste do país, numa estratégia chamada de "Grande Exploração do Oeste". A região ocidental, em que se destacam a geografia ora montanhosa, ora desértica, é pobre, recheada de conflitos étnicos e difere muito da industrializada área costeira do leste do país.



"O governo chinês vai aumentar os investimentos na região oeste, fazendo com que, até 2015, o valor total da produção econômica da zona duplique em relação a 2008. É preciso construir o quanto antes um mecanismo de serviço público que cubra cidade e zona rural, para reduzir as diferenças entre oeste e leste quanto aos serviços públicos básicos prestados", disse Du Ying, vice-presidente da Comissão de Reforma e Desenvolvimento da China (CRDC, órgão de planejamento de desenvolvimento do país).



A superfície da região ocidental, o interior, ocupa mais de 70% do território chinês nela estão 28% da população do país.



Ontem, a comissão anunciou que o governo pretende estender os impostos sobre a exploração de petróleo, gás e carvão para todo o país, como uma forma de ajudar a financiar o desenvolvimento da região ocidental.



Atualmente apenas a Província de Xinjiang, no extremo oeste do país, cobra impostos sobre exploração de commodities energéticas, mas o governo central planeja que todo o país adote essa cobrança e a repasse para o programa de desenvolvimento da região ocidental, disse o vice-presidente da CRDC. Entretanto Du disse que ainda "não está claro" quando isso ocorrerá.



No início de junho, a China introduziu um imposto de 5% sobre as explorações de commodities energéticas em Xinjiang. A CRDC disse que a alíquota deve ser aumentada e a cobrança já ser estendida inicialmente para todas as Províncias ocidentais - só depois iria se tornar nacional.



A medida pode ter resultado negativo nos lucros de empresas como a PetroChina.



Na terça-feira, o governo anunciou que o imposto de renda corporativo no oeste da China será reduzido de 25% para 15%, como forma de atrair novas empresas. Disse também que investirá 682,2 bilhões de yuans (US$ 100,8 bilhões) em 23 novos projetos de infraestrutura na região oeste. Os novos projetos incluem rodovias, usinas de energia, aeroportos e projetos de abastecimento de água nas províncias de Sichuan e Guizhou, no Tibete e em regiões autônomas de Xinjiang.



A CRDC diz que a arrecadação extra do imposto sobre commodities energéticas pode ser usada para financiar os gastos do governo na região, de forma a impulsionar o consumo doméstico e ajudar a reduzir a dependência que o país em relação às exportações para fazer crescer sua economia.



O desenvolvimento econômico do país será impulsionado "por nossa capacidade de continuar a aumentar a demanda doméstica, fazendo disso nossa meta estratégica", disse Du.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sex Jul 09, 2010 7:02 pm
por marcelo l.
http://en.mercopress.com/2010/07/09/new ... nd-islands

The document that has been researched and under construction for the past two years examines countless themes that affect the Islands economy, and under ‘business environment issues’ it notes that while the Islands offers a relatively open economy an improved tax regime, legal framework and foreign investment climate will facilitate the attraction of more development-friendly capital.
The economic landscape of the Falkland Islands has transformed substantially over the past 25 years and the last decade has been marked by modest economic growth, however, ‘several strategic shortcomings exist’, notes the document. The economy is overly dependent on three vulnerable sectors, fishing, agriculture and tourism. In addition, internally, geographic isolation, a small and aging population, a looming labour gap and skills shortage, limit the Islands ability to continue to build upon ‘its strong legacy of the past and to develop a sustainable and vibrant economy for the future.’
According to the EDS the retention of highly skilled and educated workers on temporary work permits remains low and the labour force remains static in terms of ‘size, upskilling and new opportunities’. The document emphasizes that the current immigration and work permit policy needs to more efficiently induce a growth in permanent residency and reduce the high outbound turnover rate and the high cost of worker recruitment.
The paper also notes the ‘attitude of Argentina poses challenges for the Falkland Islands’. Any economic development strategy will have to take into account the political, diplomatic and commercial ramifications of Argentine actions and foreign policy.
The way forward?
In terms of the business environment, in the short term there will be moves to forge cooperative working relations and partnership between the government and the private and non-profit sectors. A Board of Investments (one-stop investment promotion agency) will also be introduced.
In the longer term there will be fiscal incentives to stimulate development and a favorable and development-friendly tax policy.
Regarding the legal environment, the regulatory regime can be used to ‘improve the competitive environment’ entailing a faster response and delivery in the creation and amendment of legislation to improve business efficiency, optimize business opportunities and instill confidence in the regime.
Under medium term actions for trade policy the document notes a ‘Special Economic Zone’ in Stanley and at Fox Bay (or possibly Fitzroy on East Falklands) to attract foreign investments and enterprises including agri-businesses, tourism and port related enterprises.
The worrying issue of labour supply may be solved by streamlining and fast-tracking a flexible work permit programme driven by market needs, as well as extending automatic residence or permanent right to remain to aliens currently in the Islands and returning former Falklands residents.
Immigration reform and legislative changes will cover the establishment of a clear, path towards permanent residence and Falkland Islands status, with a shorter qualifying period.
The specific targets of the document are numerous but according to the introduction, overall the aim of the project is for ‘the public, private and voluntary sector to work together on ensuring the islands continue to thrive.’

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jul 10, 2010 9:36 am
por GustavoB
7 mil marines dos EUA chegam à Costa Rica

A presidente da Costa Rica, Laura Chinchilla, enfrentou nesta segunda-feira fortes críticas a seu governo, por uma autorização dada aos Estados Unidos para que ingressem no país navios de guerra, aviões de combate e helicópteros com artilharia, assim como 7 mil marines. O argumento para justificar tal presença militar norte-americana é o de que ela servirá para enfrentar o narcotráfico.

Ante a crescente onda de questionamentos de diversos setores sociais em relação à medida, a presidente afirmou, em sua página no Facebook, que seu governo não pretende militarizar a luta contra as drogas, e que se trata de uma operação conjunta dos serviços guarda-costeiros de ambas as nações

Na semana passada, a Assembléia Legislativa aprovou, por 31 votos a favor e oito contra, a permissão à Casa Branca para que ingressem 46 embarcações, 200 helicópteros, 7 mil homens e dez aviações de combate Harriet, de primeiro de julho a 31 de dezembro deste ano.

A decisão do congresso gerou rechaço imediato de setores sociais e partidos de oposição, que a qualificaram como “ilegal e violatória da soberania da Costa Rica”, que não tem exército desde 1948.

“A presença da tal frota em águas do Oceano pacífico e mar do Caribe costarriquenses compromete severamente o país, à medida em que o atrela à agenda de guerra de Washington e converte o território em um objetivo militar”, advertiu a Comissão Nacional de Enlace do Movimento Popular.

Em declarações ao diário La Nación, o Movimento Popular assinalou que, com a permissão, o governo de Laura Chinchilla se soma abertamente ao Plano Colômbia e à agenda de agressão e guerra contra a Venezuela e outros países sul-americanos que são ameaçados abertamente pelos Estados Unidos.

Outros partidos opositores, como Ação Cidadã, Frente Ampla e Unidade Social Cristã, expressaram seu rechaço à decisão, após argumentar que a força destrutiva dos barcos, helicópteros e marines é desproporcional para enfrentar o flagelo das drogas, e repudiaram o fato de os efetivos norte-americanos gozarem de imunidade.

Os partidos qualificaram a medida como “uma ocupação militar” derivada dos compromissos adquiridos no capítulo da segurança do tratado de livre comércio (TLC), firmado pelo ex-presidente Oscar Arias (2006-2010), “que já havia convertido a Costa Rica em um protetorado da Casa Branca”.

Ao diário La Nación, o ministro da Segurança, Josá Maria Tijerino, expressou que as forças militares estadunidenses apoiam a Guarda Costeira costarriquense e irão operar sob seu comando. Este “reforço é necessário porque, na luta contra as drogas, seguem perdendo tanto as autoridades da Costa Rica, quanto as dos EUA”, enfatizou.

Fonte: Monitor Mercantil

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jul 10, 2010 10:05 am
por Marino
Hidropirataria na Amazônia, um delírio

Antonio Felix Domingues



Há anos o fantasma da hidropirataria ronda cabeças no Brasil. Embora seja contada como uma história quase policial, a hidropirataria é um delírio que, em vez de contribuir para maior valorização da água, acaba desviando a atenção de problemas reais, como a insuficiente cobertura da rede de água tratada para as populações amazônicas, o índice mais baixo do Brasil.

A história, tema recorrente na mídia, conta que grandes navios-tanque vêm até o Rio Amazonas, ora próximo a Manaus, ora na sua foz, para roubar água do território brasileiro e levá-la para países sedentos. À primeira vista, a hidropirataria nos revoltaria e teríamos, evidentemente, de tomar providências contra a atividade. Entretanto, essa história não encontra fundamento, posto que as leis da economia, de forma indistinta, regem os interesses de todas as atividades comerciais.

Em valores atuais, 1 m3, ou 1 tonelada de água, custa entre US$ 0,25 e US$ 0,50 por dia para ser transportado em navios de grande porte para granéis líquidos. Qualquer viagem para um dos chamados "países com sede", localizados no Caribe ou no Oriente Médio, por exemplo, demoraria vários dias, ao que se impõe uma realidade importantíssima: o custo da água atingiria valores superiores a US$ 3 por m3 para uma viagem de 10 dias a 13 dias, mais os custos de tratamento para torná-la potável, ao redor de US$ 0,40/m3. Esses valores nos mostram a impossibilidade do comércio mundial de água bruta para abastecimento público utilizando-se o transporte marítimo, porque os custos do frete de granéis líquidos tornam a atividade inviável em distâncias superiores a 500 km.

A realidade que está resolvendo a sede dos países é a dessalinização e o reúso, que, com tecnologia e escala, operam a custos cada vez menores. Em Israel, três plantas dessalinizadoras (Ashkelon, Hadera e Sorek), no modelo de parcerias público-privadas (PPPs), fornecem água potável a 3,5 milhões de pessoas a um custo médio de US$ 0,60/m3. Dessa maneira, Israel, dentro de alguns anos, não vai mais comprar água da Turquia, o único caso conhecido de transporte de água em navios-tanque e que, apesar da distância de apenas 600 km, está perdendo toda viabilidade econômica.

Existem hoje cerca de 380 plantas de dessalinização em todo o mundo. No Brasil há apenas uma pequena unidade, funcionando na Ilha de Fernando de Noronha, que opera ao custo de US$ 1/m3. É interessante ressaltar que nem para Fernando de Noronha compensaria levar água em navios-tanque.

Existe, sim, um comércio de água entre países, de características muito limitadas, que ocorre por aquedutos, como, por exemplo, entre Lesoto e África do Sul, Malásia e Cingapura, Turquia e Chipre.

Por outro lado, o Brasil, o país mais rico do mundo em água doce, começa a se beneficiar com a exportação de água, mas não na sua forma líquida, e sim da maneira que se convencionou chamar de água virtual, aquela que é exigida para a produção de bens agrícolas ou industriais. Alguns produtos, como grãos, frutas, carnes, aço, papel, açúcar e álcool, demandam grandes quantidades de água para serem produzidos e muitos países já encontram dificuldades ambientais para a produção desses produtos e, por isso, precisam importá-los de países com água e solo em abundância, como o Brasil, por exemplo.

Provavelmente a história da hidropirataria nasceu de uma confusão que se faz com a prática do uso da água como lastro para os navios. Sem o lastro o navio não tem segurança, navegabilidade nem equilíbrio para a viagem, operações e manobras necessárias. A água de lastro é bombeada para dentro e para fora dos navios, de acordo com a necessidade operacional. Essa prática rotineira tem trazido ao mundo problemas expressivos por causa da introdução de organismos invasores que passam pelos filtros da rede e das bombas de lastro. Atualmente, cerca de 5 bilhões de toneladas de água são movimentadas por ano entre diferentes regiões do globo.

Estimam-se em US$ 100 bilhões por ano os prejuízos globais causados por espécies invasoras na água doce levadas de um continente a outro. Os Estados Unidos gastam por ano cerca de US$ 10 bilhões, principalmente por causa do mexilhão zebra (Dreissena polymorpha).

No Brasil, há cerca de dez anos, foi introduzido o mexilhão dourado (Limnoperna fortunei), trazido por navios do Sudeste Asiático à Bacia do Prata. Para tentar prevenir o flagelo mundial provocado pela introdução de espécies exóticas a Organização Marítima Internacional (IMO), a agência das Nações Unidas responsável pela segurança da navegação e prevenção da poluição marinha, adotou, desde 2004, uma nova Convenção Internacional para Controle e Gestão da Água de Lastro e Sedimento de Navios.

Ainda que o transporte de água doce por navio fosse economicamente viável, quem o fizesse estaria contrariando o principal pressuposto dessa convenção, que é despejar no mar a água doce de lastro trazida de qualquer país, antes de retornar, para evitar a contaminação.

Esforços têm sido intensificados para fiscalizar a água de lastro em costas e portos brasileiros. Esperamos que o Brasil possa, num futuro breve, ser citado como um bom exemplo para os demais países, signatários ou não, da referida convenção.

Portanto, problemas reais de água na Amazônia existem, sim, embora não despertem tanta atenção. Como, por exemplo, o fato de que na área mais rica de água doce do planeta cerca de 40% da população ainda não tem acesso a água tratada, o índice mais baixo no País, cuja média é de cerca de 10%. Esse é, sem dúvida, um fato incômodo e real, que deveria ser objeto de nossa preocupação.

COORDENADOR DE ARTICULAÇÃO E COMUNICAÇÃO DA AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA)

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Sáb Jul 10, 2010 6:12 pm
por FOXTROT
terra.com.br

Multidão vai às ruas de Barcelona defender autonomia catalã
10 de julho de 2010

As principais ruas de Barcelona ficaram abarrotadas de pessoas de todas as idades neste sábado durante uma manifestação para defender o estatuto de autonomia da Catalunha. O evento, convocado pelos partidos políticos e por diversas instituições e entidades catalãs, quer deixar evidente o mal-estar da sociedade catalã pela sentença pronunciada pelo Tribunal constitucional espanhol, que modificou muitas das reivindicações do novo estatuto.

A manifestação foi liderada pelo presidente regional, José Montilha, seus dois antecessores, Jordi Pujol e Pasqual Maragall, além de dois ex-presidentes do parlamento catalão.

Uma gigantesca bandeira catalã encabeçou a marcha, acompanhada pelos dois lemas "somos uma nação" e "nós é que decidimos", e, pouco antes da passeata começar, o partido independente Esquerra republicana (ERC) distribuía mãos de cartolina que diziam "adeus Espanha".

Outros dos lemas escritos contra a sentença era: "nossa sentença é a independência". À passeata, organizada por Omnium Cultural, uma associação para a difusão da língua, da cultura e identidade catalãs, também somaram-se sindicatos, partidos (exceto o opositor de direita Partido Popular) e diversas instituições de toda a Catalunha.

Na sexta-feira, o Tribunal constitucional publicou o detalhamento de sua sentença, cuja decisão já era conhecida desde o fim de junho, após quatro anos de deliberação, nos quais foram modificados diversos aspectos importantes do estatuto, adotado em 2006, sobretudo os que se referiam ao termo "nação" como definição da Catalunha e outros

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Dom Jul 11, 2010 11:21 am
por Marino
Noticiárionaval:
O Mar do Futuro
Armando Dias Correia

«O futuro – o nosso futuro – está sempre além horizonte e a incerteza
que encerra nunca nos demoveu de o demandarmos, cientes das
condicionantes, mas confiantes no saber, na motivação, na tenacidade e
na imaginação criativa, que são marcas de carácter que nos unem e
identificam!» (Almirante Fernando José Ribeiro de Melo Gomes, 20 de
Maio de 2007).

O futuro é desconhecido e por isso há cenários genéricos para todos os
gostos. Thomas Friedman, no seu livro «The World is Flat», tem uma
ideia optimista do desempenho futuro do mundo globalizado. Os críticos
da globalização comungam da previsão de David Korten e de John
Cavanaugh, segundo a qual, os EUA irão liderar a criação de economias
locais e regionais mais fechadas e assim mais capazes de lidar com a
reciclagem e a reutilização, com o ambiente e com a geração de energia
limpa. Um terceiro cenário, defendido por Robert Kaplan e Chris Lewis,
conduz-nos para uma visão de colapso político, económico, cultural e
ambiental que já se começou a espalhar em África, a partir dos anos
noventa do século passado, e se poderá espalhar pelo resto do mundo.
Esta abordagem direcciona-nos para um cenário de degradação dos
padrões de vida do «primeiro mundo».

Também Michael T Klare, com a sua nova geografia dos conflitos
globais, ou James Howard Kunstler, com a sua previsão catastrófica do
«Fim do Petróleo», nos apresentam uma antevisão de grande angústia em
relação ao futuro. Este cenário tem no seu fundamento a ideia do
crescimento do consumo de combustíveis fósseis, da escassez de água,
de alterações climáticas, de doenças, dentre outros. Alerta mesmo para
a possibilidade das elites governantes terem de se proteger do povo
que governam, em virtude de uma crescente revolta motivada pela
diminuição da sua qualidade de vida, enquanto assistem à tomada do
poder por grandes corporações globais. Uma outra antevisão
interessante é a apresentada no livro «Os próximos 100 anos», de
George Friedman (Fundador e CEO da STRATFOR), que nos apresenta, entre
outras previsões, a fragmentação da China em 2020 e uma guerra global
em meados do século.

O Mundo em 2025

O relatório «As tendências globais em 2025: um mundo transformado»
publicado, em Novembro de 2008, pelo National Intelligence Council, e
o «O novo relatório da CIA – Como será o mundo em 2025?» permitiram-me
identificar, da seguinte forma, os contornos do sistema internacional
por volta de 2025:

Em 2025 seremos cerca de 8 mil milhões e em 2050 aproximadamente 9 mil
milhões de pessoas. No entanto, iremos assistir ao envelhecimento da
população do mundo industrializado, com especial significado no Japão,
na Europa e na Rússia.

Não haverá muitas dúvidas em relação à afirmação da Índia, em 2030,
como país mais populoso do mundo com 1505 milhões de pessoas (Mp), a
China terá cerca de 1458 Mp, os EUA na ordem dos 366 Mp, a Indonésia
por volta dos 279 Mp e o Paquistão 240 Mp. A Índia ultrapassará a
China por volta de 2025.

A emergência de um sistema multipolar, marcado simultaneamente pela
crescente afirmação do eixo do Pacífico (China, Índia, Coreia, Japão,
EUA) e pelo aumento do poder relativo das redes de actores não
estatais (multinacionais, ONG’s, organizações religiosas).

Significativa deslocação geopolítica do poder económico e da riqueza
relativa do Ocidente para o Oriente. O comércio no Oceano Pacífico é
superior ao do Oceano Atlântico desde a década de 80 do século
passado.

Manutenção dos EUA como potência mundial, embora cada vez menos
dominante e cada vez mais focalizada no Médio Oriente (para assegurar
o acesso ao petróleo) e no Oceano Pacífico (para garantir uma posição
competitiva no comércio).

A energia é o elemento vital da economia mundial. Apesar dos esforços
para aumentar a eficiência energética e dos investimentos no
desenvolvimento de novas tecnologias energéticas, o petróleo e o gás
natural continuarão decisivos por muitos anos. O desenvolvimento
económico mundial requer cada vez mais petróleo e gás. Alguns
analistas estimam que, nos próximos anos, a China sozinha poderá ser
responsável por um terço do aumento marginal mundial da procura de
petróleo.

O ritmo de inovação tecnológica será a chave para os resultados no
futuro próximo. No entanto, as tecnologias actuais são inadequadas
para substituir a matriz energética tradicional, na escala necessária,
numa época em que se sabe que o sector energético leva, em média, 25
anos para que uma nova tecnologia de produção seja amplamente
instalada.

A produção de hidrocarbonetos, petróleo bruto, gás natural e produtos
não convencionais, fora do cartel da OPEP, não crescerá
proporcionalmente à procura. A produção de petróleo e gás em muitos
países produtores tradicionais está a diminuir. Por exemplo, na China,
na Índia e no México a produção estagnou. Os países onde actualmente
se situam as grandes reservas também acabarão por sofrer uma retracção
da produção e continuarão a ser áreas de instabilidade geopolítica.
Como resultado de tudo isto e de outros factores, o mundo irá
enfrentar uma mudança de fontes de energia, do petróleo para o gás
natural, para o carvão e para outras alternativas. No entanto, a curva
de depleção do gás natural é igual à do petróleo biótico com um atraso
de poucos anos. O carvão, que existe em abundância, por exemplo nos
Estados Unidos, é muito poluente e arrasador para os habitats onde é
extraído.

O mundo precisa de descobrir e desenvolver fontes fiáveis de petróleo
e gás, a preços que permitam sustentar o crescimento investimentos
económico. Aqui há uma enorme incerteza. Não há dúvidas que têm sido
poucas as novas descobertas de petróleo e que estas são, normalmente,
encontradas em países com regimes políticos controversos ou em locais
com geografia física muito difícil.

O que baralha toda esta previsão preocupante são as notícias que têm
vindo a ser divulgadas pelos petrogeólogos de que existem reservas de
origem abiótica no interior do nosso planeta, em enormes quantidades
no denominado «manto terrestre», a profundidades superiores aos 15 km.
O especialista José Caleia Rodrigues, com quem tive oportunidade de
trocar ideias, considera que o petróleo é muitíssimo abundante e que
já há tecnologia capaz de atingir tais profundidades e extrair o
petróleo jazente no manto. É mesmo possível que devido à elevada
pressão deste petróleo abiótico possa haver migração do manto para
bolsas mais próximas da superfície e portanto mais acessíveis,
sobretudo em campos muito explorados, quase esgotados, em que a
pressão interna é muito baixa. Se se confirmar esta hipótese será
necessário estudar o seu impacto futuro.

Se não houver petróleo de origem abiótica teremos inevitavelmente
gigantescas consequências económicas e sociais para o mundo, já que a
civilização moderna depende dos combustíveis fósseis baratos e
abundantes, especialmente para os transportes, produção de alimentos,
processos químicos industriais, tratamento de água, aquecimento
doméstico e geração de electricidade. É difícil imaginar o mundo sem
gasóleo para os tractores e ceifeiras, sem pesticidas, sem plásticos e
sem combustível para os aviões e navios.

Os grandes temas estratégicos nos Espaços Marítimos

Com estes vectores orientadores que desafios se podem identificar nos
espaços marítimos? Os grandes temas estratégicos deverão ser:

Competição pelo fornecimento de energia

Alterações climáticas

Globalização

Aumento da complexidade no litoral

Crescimento da competição e diminuição da cooperação internacional no
âmbito do uso e da exploração dos oceanos e dos mares.

Competição pelo fornecimento de energia

Segundo o Development, Concepts and Doctrine Centre (DCDC) do
Ministério da Defesa do Reino Unido, num documento que procura
identificar os desafios estratégicos de 2007 a 2036, a competição por
fornecimento de energia dominará a paisagem económica nos próximos 30
anos. O ritmo de crescimento da procura deverá oscilar entre 1,5 e
3,1%. A procura, por parte das economias emergentes da China e da
Índia, irá aumentar significativamente, enquanto os habituais grandes
consumidores irão procurar manter os níveis de consumo compatíveis com
o seu crescimento económico.

Esta evolução resultará em preços altamente competitivos e na
continuação do enriquecimento e progresso económico dos países
produtores, incluindo a Rússia e o Irão. Haverá ainda, em resultado de
um nível de competição cada vez maior, desentendimentos entre países
que poderão conduzir a situações de crise, ou mesmo de conflito.

Este é o tema mais controverso, já que há muitas pessoas que não
acreditam que o petróleo vai faltar. As reservas provadas de petróleo
de origem biótica conhecidas, se se mantivesse a produção e o ritmo de
consumo, seriam suficientes para cerca de 45 anos (cálculos efectuados
pelo signatário com base no relatório «BP Statistical Review of World
Energy»). No entanto, como sabemos, o ritmo de consumo vai aumentar e
actualmente apenas se descobre um novo barril de petróleo por cada 4
que se produz, com tendência para se agravar, cada vez mais, a
diferença entre a descoberta e a produção. Naturalmente que o preço do
petróleo vai subir, já que é cada vez mais requerido pelas economias
em crescimento. Caso exista petróleo de origem abiótica também será
caro, porque a tecnologia para a sua extracção será complexa. Em
termos de petróleo biótico prevê-se que as novas descobertas se façam
quase exclusivamente no fundo do mar e nas regiões polares.

Alterações climáticas

As alterações climáticas terão mais impacto no futuro do que se pode
pensar, à primeira vista, e o mar tem uma enorme influência. A água,
dos oceanos e dos mares, é reguladora do clima na Terra, basta pensar
que os litorais sofrem menores amplitudes térmicas dos que os
interiores continentais, ou que os países do norte da Europa têm um
clima mais ameno devido à corrente do Golfo. Esta corrente está a
enfraquecer, o que é um sinal claro de que a seguir a este aquecimento
do planeta se vai entrar numa nova era de glaciação, que tem sido
cíclica ao longo da História da Terra.

O último período interglacial quente com mais semelhanças com o
presente Holocénico terá sido o Eemiano, que terá ocorrido entre 130
000 anos e 110 000 anos atrás. A transição completa do período Eemiano
para a era glacial que se seguiu não levou mais de 400 anos. Ora,
actualmente a emissão dos gases de efeito de estufa está,
potencialmente, a acelerar todo este processo, pelo que devemos
esperar grandes alterações climáticas nos próximos anos.

Prevê-se que as alterações climáticas venham a amplificar o sofrimento
humano através de tempestades catastróficas, diminuição da área de
terra arável e da pesca costeira, o que pode conduzir à perda de
vidas, à migração involuntária, à instabilidade social e a crises
regionais. Actualmente há 21 países com 600 milhões de pessoas a
sofrer de escassez de água e terra arável. Em 2025 serão cerca de 36
países e aproximadamente 1400 milhões de pessoas.

Nesta perspectiva, os países arquipelágicos como Portugal já
identificaram a necessidade genética de ser edificada a capacidade que
permite apoiar rapidamente as suas populações, designadamente através
de um navio polivalente logístico satisfazendo requisitos para emprego
em missões de natureza militar e não militar.

As alterações climáticas estão também a abrir novas rotas potenciais e
a criar a expectativa do acesso às riquezas do Oceano Árctico e do
Oceano Antárctico. A ligação do Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico,
através do Oceano Árctico, é possível através da Passagem Noroeste, a
norte do Canadá. É uma rota extensa, muito difícil e bloqueada por
gelos em longos períodos do ano. Há sessenta anos o navio «St Roch» da
Royal Canadian Mounted Police efectuou a primeira viagem de oeste para
leste através da Passagem Noroeste. O navio levou 27 meses para o
conseguir. Devido às alterações climáticas, em 2000, o navio «St Roch
II» (com o nome a honrar o seu antecedente) efectuou a mesma viagem do
Pacífico até à Baía Baffin, a oeste da Gronelândia, em apenas um mês.
Este feito abriu novas perspectivas em relação a rotas comerciais,
permitindo encurtar uma viagem da Ásia para a Europa em 5000 milhas
náuticas, ou seja metade do trânsito via Suez do Japão para a Holanda
e, para já, sem riscos de ataques de pirataria. A empresa russa
Sovcomflot, de transporte de petróleo, já vai ensaiar o transporte por
esta via desde o nordeste da Rússia até à Ásia.

Globalização

A própria globalização está a formatar novas formas de migração
humana, a ter impacto na saúde e na doença, na educação e na cultura.
Teme-se que a globalização abra um fosso, ainda maior, entre o mundo
civilizacional ocidental e o mundo civilizacional oriental, que tem
cada vez maior expressão demográfica.

Os meios de comunicação irão realçar o drama do sofrimento humano e as
populações menos afortunadas estarão, progressivamente, mais
conscientes da sua situação, ficando menos tolerantes e mais radicais,
permitindo o crescimento de comportamentos extremistas. O crime
organizado e o radicalismo irão explorar esta instabilidade social.

A conjugação da globalização com a inevitável pressão em direcção aos
países do Golfo, onde se localizam as grandes reservas mundiais de
petróleo, irá gerar maior instabilidade na região. A situação será
mais grave à medida que os actores regionais forem conseguindo obter
armas nucleares ou armas de destruição maciça ou de efeitos de massa.

Aumento da complexidade no litoral

Prevê-se o aumento da complexidade do litoral em resultado do facto da
maioria da população mundial viver a pouca distância da orla costeira,
37% vive a menos de 100 km, onde a actividade humana deverá
desenvolver os mais variados projectos que, em muitos casos, se
prolongarão pelo mar e onde irão produzir um elevado impacto.

As regiões costeiras desenvolvem-se mais política, económica e
demograficamente do que as interiores, porque beneficiam directamente
das vantagens associadas às comunicações marítimas. No futuro nenhuma
alternativa se vislumbra capaz de substituir a capacidade de
transporte dos navios e por isso esta tendência tenderá a aprofundar-
se.

A desertificação de terras, a escassez de água e de recursos, ou
simplesmente a procura de melhores condições de vida, também levarão a
uma concentração ainda maior no litoral. Nas regiões litorais
sobrepovoadas com governos fracos e corruptos haverá cada vez mais
tensões devidas ao aumento do número de jovens sem perspectivas de
futuro, ao agravamento da insatisfação dos excluídos, ao extremismo
religioso, ao nacionalismo étnico e às alterações climáticas, que
deverão originar ambientes propícios a crises e conflitos. Este
ambiente de instabilidade social irá ser explorado pelo crime
organizado e pelo radicalismo. Além disso, o homem continuará a
despejar nos oceanos produtos extremamente nocivos para os
ecossistemas marinhos, como são os hidrocarbonetos, os pesticidas e os
metais pesados.

Crescimento de competição nos oceanos

A desmaterialização do espaço e a compactação do tempo levam a que o
mar, através das suas vias marítimas, continue a ser, cada vez mais,
determinante na vida internacional, num mundo globalizado onde as
economias são sensíveis a alterações no fluxo do comércio, tão
habituadas que estão ao just-in-time. Os navios no mar são os
verdadeiros armazéns da economia moderna e transportam 90% do comércio
mundial. Em paralelo com esta evolução espera-se o incremento da
poluição marítima e a utilização dos espaços marítimos pelo crime
organizado e por organizações terroristas. Há assim um novo paradigma
para os Estados-nação que é a protecção dos espaços marítimos e das
linhas vitais para comunicação.

Como vimos, o transporte marítimo entre a Ásia e a Europa, poderá
passar a circular, na sua vasta maioria, através de vias marítimas
situadas no Oceano Árctico.

Noutra perspectiva de competição internacional a ter lugar nos
oceanos, pode antecipar-se que o alto mar, o fundo do mar e as regiões
polares irão ser palco de disputas à medida que a tecnologia permitir
o acesso aos seus recursos e a necessidade desses recursos encorajar a
sua exploração. A competição irá centrar-se na pesca, cada vez mais
escassa, na mineração do fundo oceânico, na extracção de petróleo e
gás, mas também se pode estender aos direitos de passagem e de negação
de passagem.

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar de 1982 abriu a
possibilidade dos países mais pobres usufruírem das riquezas dos
fundos dos oceanos que ficam para além das plataformas continentais
dos Estados, ou seja na «Área». No entanto, a dinâmica a que estamos a
assistir é apenas a da extensão dos limites das plataformas dos
Estados ribeirinhos.

Desde 1982, data de referência da Convenção, muitas evoluções houve na
capacidade técnica para explorar petróleo e gás do fundo do mar. No
início dos anos 80 explorava-se o petróleo, no mar, a menos de 300 m
de profundidade. Actualmente, exploram-se estes recursos sob uma
coluna de água de 3000 m. Se tivermos em conta que o Oceano Atlântico
tem uma profundidade média de 3350 m podemos antever que haverá
iniciativas futuras dos Estados ribeirinhos para ampliarem os limites
das suas plataformas, em especial se descobrirem indícios de grandes
riquezas submersas. Há áreas do Oceano Pacífico e do Índico que já
estão concessionadas pela Autoridade Internacional dos Fundos
Marinhos. Os exploradores são os países tecnologicamente mais
evoluídos.

Os recursos naturais motivam muitas acções subtis dos Estados. Recorda-
se, por exemplo, que em 2007, foi notícia a colocação de uma bandeira
russa no fundo oceânico Árctico. A Dinamarca respondeu com uma
expedição científica e o Canadá com uma «operação de soberania», ou
seja, manobras militares. No Oceano Atlântico também há áreas de
conflitualidade, um exemplo é a reclamação, unilateral, do Reino Unido
sobre parte da bacia Hatton-Rockall que também é disputada pela
Irlanda, Dinamarca (para as Ilhas Faroe) e Islândia. No Oceano
Atlântico Sul também já há ecos de algum desentendimento entre o Reino
Unido, a Argentina e o Chile relativamente à delimitação da plataforma
continental.

Portugal e os desafios marítimos

A dimensão do mar português, um dos maiores no espaço europeu, reúne
condições para se expandir ainda mais quando for reconhecida a
pretensão de expansão dos limites da plataforma continental.
Passaremos de 1,7 milhões de quilómetros quadrados para 3,6. Este
alargamento geopolítico oceânico dos limites da plataforma continental
representa um grande desafio nacional e uma oportunidade para as
gerações futuras. No entanto, requer um esforço acrescido do País no
seu estudo, aproveitamento, segurança e defesa.

Segundo a SaeR no estudo o Hypercluster da economia do mar,
apresentado em 17 de Fevereiro de 2009, o efeito total no Produto
Interno Bruto (PIB) português das actividades ligadas ao mar, no ano
de 2005, terá sido da ordem dos 5% a 6% do PIB nacional. Nestes
valores não são considerados os resultados obtidos pelo turismo
marítimo (balnear) e pela imobiliária turística costeira, que são
muito significativos.

Em termos futuros, as oportunidades que se vislumbram são muitas,
vejamos algumas:

Se houver segurança em terra e no mar poderemos cativar turistas,
balneares e náuticos, que deixarão de ir para outras paragens, que se
vão tornar inseguras.

Os portos nacionais vão ser importantes para o hypercluster do mar e
mais importantes ainda à medida que o preço dos combustíveis aumentar
ou o petróleo escassear e começar a fazer sentido ao transporte da
América, de África e do Médio Oriente entrar em Portugal e ser depois
transportado por comboios eléctricos. Tal será viável se a Europa
desenvolver a ferrovia e se conseguir gerar energia barata a partir de
fontes renováveis.

A Energia tem um potencial enorme, já que a União Europeia tem a
ambição de gerar entre 14 a 17% da sua energia em 2020 a partir de
geradores eólicos offshore. Prevê-se que em 2030 esse número passe
para um valor entre 26 a 35%. Assim, por exemplo, até 2030 vai ser
necessário instalar 10 000 novas turbinas no mar.

A Pesca é cada vez mais escassa e, por isso, é preciso valorizar o que
existe, uma das possibilidades é através da certificação do pescado. A
aquicultura deverá compensar a diminuição das capturas no mar e como
tal deverá passar dos actuais 3% em Portugal e 19% na média europeia
para 50% em 2030. As algas também têm muitas aplicações entre as quais
os biocombustíveis, a alimentação ou a retenção de carbono.

Em Portugal, no Arquipélago dos Açores, temos uma situação única à
escala mundial, em especial na junção das três placas litosféricas
(placa Americana, Africana e Euroasiática), trata-se de uma região de
ascensão de material a partir de regiões profundas do manto originando
muitas fontes hidrotermais. As estranhas formas de vida que aí vivem
são a matéria-prima para a biotecnologia azul.

Na nossa plataforma sabe-se que há nódulos, crostas e sulfuretos
polimetáticos. Podemos obter do mar manganês, que é importante para
fazer aço super-duro, níquel, para o aço inoxidável e cobalto para
sistemas que funcionam a elevadas temperaturas. Os hidratos de metano
são a energia conhecida mais disponível no planeta. O Japão tem testes
de produção previstos para este ano e prevê a comercialização em 2016.
Portugal também já descobriu a sul do Algarve a presença de hidratos
de metano. No fundo do mar é possível depositar dióxido de carbono que
fica sob o aspecto de gel. Pode ser uma potencialidade pois podemos
vir obter compensações financeiras por conta de quotas de carbono.

Se arrancar todo este potencial por certo que se começarão a
desenvolver, em Portugal, novos equipamentos que poderão ser
exportados.

Considerações finais

Só mesmo a existência de petróleo abiótico nos pode suavizar as
dificuldades que nos esperam. Portugal importa a totalidade do
petróleo e 2/3 do gás natural que consome por via marítima. Isto
significa que a segurança energética, que é muito mais do que a
garantia do acesso às fontes e a protecção do seu transporte, também
vai ser um tema estratégico para Portugal. A análise prospectiva que
apresentei revela, com clareza, que este século será de corrida aos
oceanos na busca dos recursos que guardam.

O interesse pelos oceanos é tão grande que países como o Brasil vivem
em grande euforia com as descobertas de petróleo que têm feito no
fundo do mar. A ideia da riqueza é tão animadora que o Brasil chama à
sua plataforma continental a «Amazónia Azul».

Deixo aqui umas ideias dispersas que se podem considerar no âmbito da
elaboração de uma estratégia como fazendo parte da análise de
ambiente. No entanto, quando se entra num período de incerteza e
quando as alterações nas condições de acção exigem a adaptação de
actividades e de comportamentos para se conseguir manter a viabilidade
e a sustentabilidade, o que é necessário é pensamento estratégico e é
da sua qualidade que dependerá a diferença entre o sucesso e o
fracasso, entre a autonomia e a subordinação, entre o crescimento e a
estagnação, entre o progresso e a decadência. O pensamento estratégico
e a respectiva operacionalização é o que nos deve mover como Nação se
queremos enfrentar com serenidade o futuro. Só teremos as capacidades
necessárias para usar, explorar e proteger o nosso mar e as nossas
linhas para comunicação se soubermos desenvolver e concretizar ideias
que consigam integrar de forma eficaz e eficiente os elementos do
Poder Nacional de que o País dispõe

O mar assegura-nos, de novo, uma oportunidade de grandeza, uma janela
de liberdade e de esperança, mas os complexos desafios que se
avizinham requerem uma liderança política com visão, sabedoria,
antecipação, determinação, agilidade e imaginação, pois só assim
poderemos continuar a ser uma Nação «valente e imortal».

[1] Artigo publicado na Revista da Armada n.º 443, edição de Julho de
2010. Este artigo surge na sequência de um outro sobre “o mar actual”
publicado na Revista da Armada de Maio de 2010.

[2] Capitão de Fragata de Marinha.

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Submarinos, afinal para quê?[1]
Alexandre Reis Rodrigues
2010/03/14
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João Pires Neves[2]
2010/02/17
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2008/06/01
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2007/08/08
Oceano Ártico: a árdua disputa russa pelas riquezas naturais da
região.
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2007/05/06
A GNR e o Mar Territorial (versão integral do artigo publicado no
jornal Público de 5 Maio)
Alexandre Reis Rodrigues
2007/04/14
Conhecimento, Uso e Controlo do Mar Português
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2007/02/09
Estratégia Nacional para o Mar: Uma questão fulcral
José Castanho Paes

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jul 12, 2010 8:43 am
por Marino
FSP:
EQUADOR

Quito aumenta orçamento militar em 66% neste ano

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS - O Equador aumentou neste ano o seu orçamento militar em 66%. Segundo o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas, general Ernesto González, boa parte do incremento foi empregada no fortalecimento da vigilância na fronteira com a Colômbia, área de intensa atuação de guerrilheiros e narcotraficantes.

No total, US$ 330 milhões foram investidos.

O governo anunciou um plano de modernização nas Forças Armadas após um ataque colombiano à guerrilha das Farc em território equatoriano, em 2008.

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jul 12, 2010 8:57 am
por Loki
Interessante que foi preciso um ataque externo para o movimento de recuperação das suas forças armadas

resumindo quando a água bate na bunda... :twisted:

Abraço

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jul 12, 2010 9:58 am
por ciclope
Há, com sertesa que que só começamos a agir quando a coisa esquenta. Agora temos que diferenciar fortalecimento de manutenção da capacidade de operação.
Falo isso por que aqui no Brasil estamos planejando um grande fortalecimento das forças armadas más, estamos deichando a desejar na capacidade de manutenção!
Soldados saindo mais sedo por causa da economia com alimentos, pouca munição disponivel para treino de tiro, veiculos sem combustivel para operar.
na minha opinião antes de fortalercemos deveriamos cuidar da manutenção. E não esperar um acontecimento externo acontecer!

Re: GEOPOLÍTICA

Enviado: Seg Jul 12, 2010 10:34 am
por Loki
Eu acho que não, os dois devem ocorrer, sem dúvida, mas de forma simultânea, em crescendo com a implantação dos novos sistemas e a definição das políticas de alistamento de acordo com a END.
Como deve ocorrer, espero eu.


Abraço