Polícia prende um dos principais chefes do tráfico no Rio
Marcelo PQD tentava invadir o morro do Dendê, na Ilha do Governador.
Junto com ele foram presas outras seis pessoas, entre elas,
quatro ex-pára-quedistas.
A polícia prendeu o traficante Marcelo Soares Medeiros, o Marcelo PQD durante ação, na manhã desta sexta-feira (1º), na Ilha do Governador, subúrbio do Rio. Ele cumpria pena em regime semi-aberto e desde janeiro deste ano não tinha voltado à prisão. Ele é considerado pela polícia um dos principais chefes de facção criminosa do estado.
Marcelo PQD, que era pára-quedista do Exército, teria saído para visitar a família no dia 18 de janeiro, e nunca mais retornou ao presídio Edgar Costa, em Niterói, Região Metropolitana do Rio.
Junto com o traficante, também foram presas mais seis pessoas, entre elas, quatro ex-pára-quedistas do Exército. Além de Marcelo, foram presos Fernando Ribeiro da Cruz, 39, Marcos Robson Rodrigues dos Santos, 27, Rony Ribeiro, 34, Carmelo Gomes de Lima, 35, Antônio Carlos Correa do Amaral, 21, e José Henrique Almeida Nascimento, 26.
Todos estavam em uma casa próxima ao morro do Dendê, na Ilha do Governador. O grupo, segundo a polícia, é do Conjunto de favelas do Alemão, próximo a Vila Cruzeiro, na Penha, subúrbio do Rio, e tentaria invadir o morro do Dendê para ampliar a área de comando da facção criminosa.
De acordo com a polícia, a quadrilha estava pronta para a invasão. Junto com os criminosos foram apreendidos quatro fuzis, uma metralhadora .30, três pistolas, cinco bombas caseiras, dois coletes a prova de balas, cinco celulares, quatro rádios, um mapa da região, luvas, toucas ninjas e farta munição.
Após serem presos em flagrante, os suspeitos foram levados para a Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), onde prestaram depoimento. De lá, foram encaminhados à Polinter, na Praça Mauá, Zona Portuária do Rio, de onde serão transferidos para um presídio, ainda não definido, segundo informou a polícia.
Ação Policial durou cerca de dez horas
A ação contou com a presença de policiais do DRFA, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), Coordenadoria de Recursos Especiais, e do 17º BPM (Ilha do Governador). De acordo com o delegado Ronaldo de Oliveira, da DRFA, investigações apontaram que, através de um intermediador, Marcelo PQD teria alugado uma casa próximo ao morro do Dendê, comandado pelo traficante conhecido como Fernandinho Guarabu.
Marcelo teria chegado ao local na tarde de quinta-feira (31 de maio). Os demais integrantes do grupo chegaram separadamente. Todos vinham do Conjunto de Favelas do Alemão, segundo a polícia.
Policiais começaram a cercar a casa por volta das 21h de quinta-feira (31). Inicialmente, a informação que a polícia tinha era de que 12 criminosos estariam na casa, com dois reféns. Por volta de meia-noite, os agentes tentaram entrar na residência, mas houve tiroteio, segundo o delegado da DRFA, Ronaldo de Oliveira.
O delegado Rodrigo Oliveira, do Core, foi chamado para negociar a rendição dos traficantes. Os criminosos pediram a presença de parentes, dos advogados e da imprensa para deixaram o local.
Por volta das 7h20 desta sexta, Marcelo e os seis integrantes do grupo saíram do local sem oferecer resistência. Todos foram presos em flagrante por posse de arma, formação de quadrilha e ligação com o tráfico de drogas.
“Quadrilha era kamikaze”, disse delegado
De acordo com a polícia, Marcelo teria mudado de facção criminosa ainda na prisão com o intuito de invadir o morro do Dendê, local de origem do traficante. O delegado Ronaldo de Oliveira, da DFRA, disse que Marcelo já tinha tentado invadir o morro em outras ocasiões, mas a polícia conseguiu impedir.
“Nesta ocasião, a prisão só foi possível porque eles alugaram uma casa. Dessa forma, nós pudemos arquitetar um plano para prender Marcelo sem promover troca de tiros que pudesse resultar na morte de inocentes”, disse.
Ronaldo de Oliveira comparou o bando aos kamikazes (pilotos japoneses que jogavam seus aviões contra embarcações norte-americanas durante a Segunda Guerra Mundial, numa atitude suicida).
“Os sete tentariam invadir sozinhos o morro do Dendê. Apesar de serem considerados a elite da facção criminosa, com certeza haveria baixas entre eles. A quadrilha era kamikaze, queria a qualquer custo invadir a região”, disse.
Preso era funcionário da Alerj
Um dos presos na operação da polícia, Roni Ribeiro, é funcionário da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), do gabinete da deputada estadual Cidinha campos.
Roni era arquivista e trabalhava na Comissão de Defesa do Consumidor. De acordo com o chefe de gabinete da deputada, Woltair Simei, antes de ser contratado, o nome do funcionário foi consultado nos serviços de andamento processuais dos tribunais e nada foi encontrado.
“No dia de ontem (31), inclusive, ele cumpriu todo o seu expediente. Ele estava em companhia do seu filho de quatro anos”, disse. Ele informou ainda que, ao saber da prisão, a deputada Cidinha Campos determinou a demissão de Roni.
http://g1.globo.com/Noticias/Rio/0,,MUL45713-5606-2663,00.html