Imprensa vendida

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Francoorp
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Re: Imprensa vendida

#241 Mensagem por Francoorp » Qua Set 22, 2010 9:20 pm

POW. toda vez que entro aqui neste tópico me da vontade de vomitar... esse país tem mais que liberdade, tem libertinagem mesmo... [024]
As Nossas vidas não são nada, A Nossa Pátria é tudo !!!

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Re: Imprensa vendida

#242 Mensagem por FOXTROT » Qui Set 23, 2010 10:26 am

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Lula: "nove ou dez famílias" dominam a comunicação no Brasil
23 de setembro de 2010

Para Lula, imprensa tem candidato e partido

A três meses e meio do término de seu governo, o presidente Lula está certo da vitória de sua candidata à presidência da República, Dilma Rousseff, mas recomenda: "cautela". Numa conversa exclusiva de uma hora com o Terra no Palácio do Planalto, Lula, provocado, esmiúça o que pensa da mídia e sobre a mídia. Diz que, de alguma forma, o país tem, terá que discutir e legislar - no Congresso, ele ressalva - sobre o assunto. Para definir como percebe o olhar da chamada grande mídia, Lula resume:

-Eles têm preconceito, até ódio...

A ênfase, a contundência no julgamento e comentários quando o tema é este, mídia, são permeadas por gestos e palavras que mostram um presidente da República disposto e pronto para o próximo comício, bem humorado, carregado de adrenalina. Antes do início da entrevista, Lula quer conversar, diluir ansiedades e tensões.

"Baby...", diz a um jornalista, "pô, que gravador é esse, não tinha um digital?", provoca outro. Segura a gravata de um terceiro, parece admirar o tecido, os desenhos, e opina:

-Mas essa gravata... esses desenhos parecem uma ameba!

O presidente da República faz as honras da casa, pede que se sirva um cafezinho, uma água antes de, atraído para o tema, partir para o ataque:

- Na campanha passada, os caras diziam porque o avião do Lula... porque o Aerolula... (Estavam) disseminando umas bobagens... vai despolitizando a sociedade. Agora, estão dizendo que a TV pública é a TV do Lula. Nunca disseram que a TV pública de São Paulo é do governador de São Paulo e as outras são dos outros governadores...

Para Lula, críticas à falta de liberdade na área de comunicação, mais do que injustas, não têm sentido. Ele diz duvidar que outros países tenham mais liberdade de informação do que o Brasil:

-Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação? Eu duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui. Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo.

O presidente se mostra disposto a um duro embate com setores da mídia: - A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais.

"No Brasil - foi o Cláudio Lembo que disse isso para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada", cobra Lula.

O presidente sinaliza que mudanças nessa área deverão ser discutidas no Congresso Nacional e poderão ser viabilizadas no próximo governo:

-O Brasil, independentemente de que de quem esteja na Presidência da República, vai ter que estabelecer o novo marco regulatório de telecomunicações desse País. Redefinir o papel da telecomunicação. E as pessoas, ao invés de ficarem contra, deveriam participar, ajudar a construir, porque será inexorável.

A seguir, a primeira das três partes da entrevista com Lula que o Terra publica ao longo desta quinta-feira (23).

Terra - Presidente, em 1978 o senhor era um líder operário, estava na Bahia em um encontro de petroleiros, no Hotel da Bahia, eu era um estudante de comunicação, ainda tinha AI-5, censura à imprensa. Na década seguinte, nos anos 80 e 90, em inúmeras conversas com o senhor o assunto acabava de alguma forma passando pelo monopólio na mídia. No ano 2002, na véspera da eleição, de novo conversamos sobre isso. Em 2006, a uma semana do senhor ser reeleito presidente, numa conversa o senhor disse que não iria "tirar nada" de ninguém, que isso não seria democrático, mas que a ideia era redistribuir meios, ajudar os meios, ter uma maior diversidade de opinião. Chegando agora, nesta reta final (em 2010) o senhor tem feito críticas duras, dizendo que a imprensa, a mídia tem um candidato e não tem coragem de assumir e, ao mesmo tempo, o contraditório diz que existiria um Projeto Político, projeto vocalizado outro dia pelo José Dirceu, para "enquadrar meios de comunicação". Então, queria que o senhor dissesse o que o senhor realmente pensa disso, e se realmente existe uma expectativa, se existe alguma coisa em relação a isso...
Luiz Inácio Lula da Silva - Olha, primeiro, na nossa passagem pela Terra... não pelo Terra, pela Terra, a gente ouve coisas absurdas, que a gente gosta e que a gente não gosta. Veja, qualquer coisa nesse País tem o direito de me acusar de qualquer coisa. É livre. Aliás, foi o PT que, no congresso de São Bernardo do Campo, decidiu que era proibido proibir. Era esse o slogan do PT no congresso de 1981.

Terra - O Caetano vai dizer que é dele...
O que acontece muitas vezes é que uma crítica que você recebe é tida como democrática e uma crítica que você faz é tida como antidemocrática. Ou seja, como se determinados setores da imprensa estivessem acima de Deus e ninguém pudesse ser criticado. Escreveu está dito, acabou e é sagrado, como se fosse a Bíblia sagrada. Não é verdade. A posição de um presidente é tomada como ser humano, jornalista escreve como ser humano, juiz julga como ser humano. Ou seja, temos um padrão de comportamento e julgamento e, portanto, todos nós estamos à mercê da crítica. No Brasil - , e foi o Cláudio Lembo que disse para o Portal Terra -, a imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido, que falasse. Seria mais simples, seria mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada. Muitas vezes fica explícita no comportamento que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro. Tiveram assim em outros momentos. Acho que seria mais lógico, mais explícito. Mas, eles preferem fingir que não têm lado e fazem críticas a todas as pessoas que criticam determinados comportamentos e determinadas matérias.

Terra - Então, não existiria nenhum projeto futuro...
Se existir uma idéia, ela será discutida pelo próximo governo. Pelos próximos governos. Ela será decidida pelo Congresso Nacional , porque é impossível você imaginar fazer uma coisa que discuta comunicação se você não passar pelo Congresso. Quando nós tomamos a decisão de fazer a Conferência da Comunicação - nós já fizemos conferências de tudo que você possa imaginar, até de segurança pública -, quando fizemos a Conferência de Comunicação, alguns setores das comunicações participaram, algumas tevês participaram, algumas empresas telefônicas participaram e muitos jornais participaram. Ela foi feita a nível municipal, a nível estadual e nível nacional. Determinados setores da imprensa não quiseram participar e começaram a achar que aquilo era antidemocrático, que aquilo era não sei das contas. Eu não sei qual é a preocupação que as pessoas têm de a sociedade discutir comunicação. Uma legislação que está regulamentada em 1962. Portanto, não tem nada a ver com a realidade que nós temos hoje, com os meios de comunicação que nós temos hoje. Com a agilidade da internet, por exemplo. Então, o que nós achamos é que o Brasil, independentemente de quem esteja na Presidência da República, vai ter que estabelecer o novo marco regulatório de telecomunicações desse País. Redefinir o papel da telecomunicação. E as pessoas, ao invés de ficarem contra, deveriam participar, ajudar a construir, porque será inexorável. Ninguém tinha a dimensão há 15 anos atrás do que seria a internet hoje. Ninguém tinha. Ninguém tem a dimensão ainda do que pode ser a TV digital. E a pluralidade que ela pode permitir de utilização dos canais de televisão. Então, discutir isso é uma necessidade da nação brasileira. Uma necessidade dos empresários, dos especialistas, dos jornalistas, ou seja de todo o mundo para ver se a gente se coloca de acordo com o que nós queremos de telecomunicações para o futuro do País.

Terra - Como essa discussão quase sempre se dá em meio a campanha, a gente não tem a oportunidade de falar assim tão claramente. O que mais incomoda o senhor: é a cobertura (ser) crítica de um lado e não existir a investigação sobre os demais candidatos? Seria isso?
Não, não. Veja, Bob você me conhece há muito tempo e sabe o que eu tenho afirmado. Só existe uma possibilidade no meu governo de alguém não ser investigado. É não cometer erro. Se cometer erro, tem de ser investigado. Isso vale para todo mundo. Agora, eu acho que a imprensa presta um papel importante.

Terra - O senhor está dizendo que ela é desequilibrada? Só está cobrindo um lado e não está cobrindo...
É que eu acho que a imprensa está cumprindo um papel importante quando ela denuncia. Por que? Ou você sabe porque alguém denunciou, ou você sabe porque alguém cobriu ou você sabe porque saiu na imprensa. Quando sai alguma coisa na imprensa você vai atrás. Você vai, então, apurar. De tudo aquilo que é uma feijoada, o que é feijão, o que é carne, o que é costela, o que é carne seca. Você vai separar as coisas para saber o peso de cada uma. E é exatamente o que a gente faz nesse governo. Ou seja, eu vou te dar um exemplo, sem citar jornal. Na campanha passada, os caras diziam, "porque o avião do Lula...", porque o Aerolula... Passando para a sociedade, disseminando umas bobagens, vai despolitizando a sociedade. Agora, estão dizendo que a TV pública é a TV do Lula. Nunca disseram que a TV pública de São Paulo é do governador de São Paulo e as outras são dos outros governadores. Agora, uma TV para um presidente que está terminando o mandato daqui a três meses, é a TV Lula. Ou seja, esse carregamento de...composto de ...de muita ...de muita, eu diria, de muito preconceito ou de muita até, eu diria até, às vezes, ódio, demonstra o que? O velho Frias (Octavio Frias de Oliveira, publisher da Folha, falecido em abril de 2007) me dizia: "Lula, o pessoal do andar de cima não vai permitir você subir lá...". Quem me dizia isso era o velho Frias repetidas vezes: "Lula, cuidado, o pessoal do andar de cima não vai permitir você chegar naquele andar...". Sabe? Então, o pessoal se comporta como se o pessoal da Senzala tivesse chegando à Casa Grande. E ficam transmitindo uma coisa absurda. Nesse momento do Brasil, falar em falta de liberdade de comunicação....? Nesse momento do Brasil! Eu duvido, duvido. Eu quero até que vocês coloquem em negrito isso aqui: Eu duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo. Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais...

Terra - Nos municípios, isto tem uma capilaridade: o chefe político tal...
Então, muita gente não gostou quando, no governo, nós pegamos o dinheiro da publicidade e dividimos para o Brasil inteiro. Hoje, o jornalzinho do interior recebe uma parcela da publicidade do governo. Nós fazemos propaganda regional e a televisão regional recebe um pouco de dinheiro do governo. Quando nós distribuímos o dinheiro da cultura, por que só o eixo Rio-São Paulo e não Roraima, e não o Amazonas, e não o Pernambuco, e não o Ceará receber um pouquinho? Então, os homens da Casa Grande não gostam que isso aconteça.

Terra - A propósito de "Casa Grande", sociologia etc..., na semana passada um importante sociólogo, Fernando Henrique Cardoso, evocou Mussolini ao se referir ao senhor como chefe de uma facção. Chegando ao final desses 16 anos (governos FHC e Lula), o senhor acha que ainda existe...
Eu acho que, sinceramente, as pessoas deveriam olhar para o Brasil e olhar para os outros países. E todo o mundo deveria agradecer a Deus o Brasil ser do jeito que ele é, o Brasil ter o governo que ele tem e ter o povo que tem. Eu lembro que o João Roberto Marinho, quando voltou da eleição do México passada, numa conversa que teve comigo falou: "Ô presidente, eu estava no México e foi de lá que eu aprendi a valorizar a democracia no Brasil. Porque, aqui no Brasil, todo mundo acata o resultado. Lá no México, eu vi um milhão de pessoas na rua contra o resultado eleitoral". Ou seja, aqui no Brasil nós não corremos esse risco. Porque esse País tem um outro jeito de exercitar a democracia. E a democracia ela só será exercitada - vocês estão lembrados que eu dizia quando era líder sindical ainda -, democracia não é o povo ter o direito de gritar que está com fome, democracia é o povo ter direito de comer. Nós estamos chegando lá, estamos chegando lá, então as pessoas, sabe, que talvez tenham problemas ideológicos, problemas de preconceito, ou seja, que não admite que...meus queridos, vejam o que vai acontecer amanhã, sexta-feira; a Bovespa, que tinha ódio de mim, e quando tinha medo de mim ela tinha apenas 11 mil pontos, hoje já chegou a 72 (mil pontos), já chegou a 68 (mil pontos). Ou seja, acima dos 60 mil pontos. E vai exatamente um presidente da República, que tanta gente tinha medo, fazer a maior capitalização da história da humanidade. Ouso dizer: nunca antes na história do planeta Terra houve uma capitalização da magnitude do que vai acontecer na sexta-feira, sabe, com a minha presença.

Terra - E isso lhe dá um prazer especial?
Me dá. Me dá um prazer especial porque é um sucesso do Brasil, é um sucesso da Petrobrás, é um sucesso do investimento em tecnologia, é um sucesso de acreditar neste País. Mas na verdade é o sucesso da ascensão do Brasil no mundo. Ou seja, quem acompanha a imprensa internacional percebe que hoje nós ocupamos na imprensa internacional num mês aquilo que a gente não ocupava em três décadas, há pouco tempo atrás. Porque no Brasil, as pessoas precisam aprender uma coisa: ninguém respeita quem não se respeita. E muita gente do Brasil costumava chegar nos Estados Unidos ou na Europa de cabeça baixa, se achando um ser inferior.

Terra - Tirava o sapato...
É. Eu, quando eu tomei posse, disse para os meus meninos: se alguém tirar o sapato, se eu souber, porque também não vou, não estou com eles, mas também se chegar lá para tirar o sapato é melhor vir embora. Porque eu mando embora. A única coisa que eu acho que vai acontecer lá é o seguinte: o Brasil vai sair mais honrado deste processo, o Brasil vai sair mais forte e não vai ser o Lula que vai ganhar, o Lula está fora disso em dezembro, meu filho.

Terra - O senhor está se referindo a isso por causa da pergunta, Mussolini...?
É, por causa disso, ou seja, eles confundem populismo com popular. Eles não sabem o que é popular porque eles nunca tiveram perto do povo. Essa gente, essa gente que não gosta de mim, na época das eleições até sorri pros pobres, até fazem promessa pros pobres, mas depois das eleições... o pobre passa perto deles um quilômetro. Então, sabe, isso é uma confusão maluca entre o populismo e o popular. O que é o populismo? É um cara, sabe, que não tem nada a ver com ninguém e aparece fazendo promessas, aparece fazendo política demagógica. Não é o nosso caso. Todas as políticas minhas são decididas, Bob... Já foram 72 conferências nacionais, conferências que começam lá no município, vai para o Estado e vem pra cá. Algumas conferências participaram 300 mil pessoas até chegar na conferência nacional. E aí nos decidimos as políticas públicas. Então eles...obviamente eu acho que tem muita gente incomodada e eu não tenho culpa, eu não tenho culpa. Sabe, tirar deles incomodou muita gente no Brasil. A Coroa Portuguesa durante muito tempo ficou incomodada por conta daqueles que diziam que era preciso mudar. Ficaram incomodados até com Dom Pedro quando ele quis mudar. Por que não ficar comigo?

Terra - O Brasil mudou e eu faço a seguinte pergunta, quer dizer, a política brasileira mudou? O senhor antigamente falava muito em reforma política, que era uma das bandeiras e hoje a gente vê os partidos enfraquecidos. Como o senhor avalia hoje a política, a necessidade da reforma política e um adendo: em uma viagem ao Pará, nas vésperas da eleição passada, em um vôo o senhor disse na entrevista que uma das suas primeiras medidas que o senhor tentaria seria a reforma política. Por quê não saiu? Por que é tão difícil de fazer?
Porque a reforma política não é uma coisa do presidente da República. A reforma política é uma coisa dos partidos políticos. E do jeito que os partidos se comportam parece que a gente tem um monte de partidos , todos criticando, sabe, a legislação que regulamenta a política no Brasil. Todo mundo quer uma reforma política, mas ninguém mexe. Porque desagrada a muita gente. Então, veja, eu mandei duas propostas de reforma, de coisas que precisariam mudar para poder melhorar a política brasileira e que não foi votado. Nós mandamos, por exemplo, a regulamentação do financiamento de campanha, para acabar com o financiamento privado e ficar com financiamento público, que na minha opinião é a forma mais honesta de se fazer campanha neste País, a fidelidade partidária... porque o que é o ideal? É você ter partido forte para você negociar com partido. Isso faz parte da democracia. Quando você faz coalizão com partido político você estabelece regras nesta coalizão, você partilha um poder com essa coalizão. Agora, do jeito que está é quase que impossível, porque a direção dos partidos não representa mais os partidos. O líder da bancada não representa mais a bancada, ou seja se criou grupos de deputados, grupos por região, grupos...ou seja, e está muito difícil para eles próprios...então, o que eu acho? Quando eu deixar a presidência, eu quero, primeiro dentro do PT, convencer o PT da necessidade de fazer uma reforma política, convencer os partidos da base aliada do governo da necessidade de se fazer uma reforma política neste País pra que a gente não fique com legenda de aluguel, como nós temos agora.

Terra - Na semana passada, o Lembo disse até naquela entrevista, primeiro que a oposição vai estar em frangalhos nas urnas e ele é do DEM, e que na verdade não vão existir praticamente partidos, só o movimento social e que seria liderado pelo senhor. O senhor concorda?
Eu não concordo porque eu não sou líder do movimento social, eu sou um dirigente partidário. O movimento social tem suas lideranças próprias. Agora, eu acho que...eu não concordo com o Lembo que não tenha partido político, o PT é um grande partido político. Nas pesquisas da opinião pública, o PT aparece com 30% de preferência em qualquer pesquisa que se faça. Demonstração de que isso é um partido, sabe, como poucas vezes no mundo você teve um partido assim, você teve um PRI, um partido comunista mexicano que era extremamente forte e aí sim era populismo, você tinha um partido comunista italiano que tinha 30% dos votos e que era um baita de um partido na Itália, embora nunca tenha chegado no poder, você tinha a social democracia que revezava o poder em uma parte da Europa, os socialistas franceses que revezavam. E você tem no Brasil o PT que é um partido organizado nacionalmente e muito forte. Agora, eu acho que as reformas, elas se darão por dentro dos partidos políticos, dentro do Congresso Nacional. E ela se dará porque nós não precisamos ter uma legenda que aluga na época da eleição, que tem horário de televisão...

Terra - Tiririca é um símbolo disso?
Veja, eu acho...eu não sou contra...

Terra - Como representação, não é demonizando...
Ele tem um partido, ele pode ser filiado no partido como qualquer outra pessoa. Deixa eu lhe falar... o Tiririca é um cidadão que representa uma parcela da sociedade brasileira.

Terra - Mas um voto de protesto...
Eu não sei se é voto de protesto, ele pode surpreender, sabe...eu acho legal o Romário estar entrando na política, acho legal o Bebeto estar entrando na política, o Marcelinho...porque, veja, a política antigamente o que era? Antigamente a política era advogado, professor, funcionário público e empresário. Ora, se você tem jogador de futebol, você tem movimento indígena, você tem...todo mundo tem que se apresentar e o Congresso estará melhor representado . Se eles trabalharem corretamente, serão valorizados. Se as pessoas não trabalharem corretamente, no próximo mandato cairão fora como já provou a história da humanidade e aqui neste País. Então, eu estou tranquilo com relação à necessidade da reforma política, ou seja, a cada dia uma pessoa só cria um partido político. Agora, na época da eleição você precisa normatizar quem é que participa do que, porque quando nós fomos criados em 80 nós tínhamos que legalizar o partido em 15 Estados e dentro de cada Estado em 20% dos municípios. Era um trabalho imenso e ter 3% de voto, sabe, para governo em 82. Não foi fácil chegar e nós fizemos. Então é preciso criar parâmetros para as pessoas organizarem. Você não pode, ou seja, você não tem um partido político, daqui a pouco os deputados são eleitos por um partido tal, antes de tomar posse, já mudaram de partido. Ou seja, você fez uma negociação com o partido que tinha 20 deputados, daqui a pouco esse partido tem 10 e a negociação está feita. Como é que fica?

Terra - Presidente, que PT é esse que neste momento da política brasileira sairá das urnas? E, segunda pergunta, onde o PT, que teve momentos de altos e baixos acentuados durante o seu mandato, onde acertou e onde errou?
Primeiro, o PT tem pouca ingerência no governo, sabe. Quando você ganha um governo, você governa, e na minha o partido tem até liberdade de em vários momentos não concordar com o governo e até fazer oposição ao governo, criticar o governo, sabe? Nós perdemos muita gente que foi do PT porque não concordou com a reforma da previdência do setor público que nós começamos a fazer em 2003. Isso faz parte também da história política do mundo inteiro. Foi assim no partido socialista francês, no alemão, no sueco, no partido democrata americano, acontece em todos os partidos políticos. Eu acho que o PT deu uma ajuda muito grande agora quando aceitou a indicação da ministra Dilma como presidente, ou seja, havia quem dissesse que o PT queria criar caso, que o PT queria uma liderança histórica, alguém com mais vínculo, e o PT aceitou tranquilamente a Dilma e eu acho que PT tomou a decisão madura e coerente, sabendo a minha relação com o PT e o peso do governo na decisão do processo eleitoral. Eu acho que foi uma decisão madura e, obviamente que, muitas vezes aceitando aquilo que a gente fazia no governo. Porque, qual é o problema do governo? Quando você chega no governo, você não participa mais da decisão de um partido. Eu, faz oito anos, sete anos, que eu não vou numa reunião do partido. Porque eu tomei como decisão de que, ao ser eleito presidente da República, eu não poderia governar para o PT, eu não poderia enxergar o mundo apenas pelo PT, eu tenho que enxergar o mundo pela pluralidade da política brasileira e da sociedade brasileira. Então, eu estabeleci uma forte relação com os trabalhadores, é verdade. Mas estabeleci também uma forte relação com os empresários, estabeleci uma relação muito forte com os setores médios da sociedade, porque é isso que é a sociedade brasileira. Ela não é apenas, sabe, vermelha ou azul ou verde. Ela é muito mais colorida do que tudo isso e o presidente da República tem que ficar com uma espécie de magistrado. Agora, quando chega época de eleição não é possível o presidente da República ficar como magistrado porque eu tenho um lado. Eu tenho um partido e tenho candidato.

Terra - O senhor tem sido muito cobrado por estar interferindo na eleição....
Deveria ser, deveria ser cobrado quem perdeu. Quem não conseguiu fazer o sucessor, porque o sucessor é uma das prioridades de qualquer governo para dar continuidade a um programa que você acredita que vai acontecer. Imagina se entra no Brasil para governar alguém que resolve querer voltar e privatizar a Petrobrás? (pausa) Onde vai o pré-sal? Ou alguém que resolva não mudar a lei e permitir que a lei do petróleo continue a mesma? A gente sabendo...o contrato de risco é quando a gente corre riscos. Mas quando a gente sabe onde tá bichinho do ouro preto, por que a gente vai fazer contrato de risco? Então, nós temos que se apoderar desta riqueza a bem do povo brasileiro, é um patrimônio do povo, não é um patrimônio da Petrobrás. Então, nós temos medo de que este País sofra um retrocesso. Por isso que eu tenho candidato. Seria inexplicável para a sociedade se eu entrasse numa redoma de vidro e falasse: olha, aconteça o que acontecer nas eleições, o presidente da República não pode dar palpite. Mas nem para escolher o Papa acontece isso.

Terra - Presidente, essas eleições já estão definidas?
Olha, nunca existe eleição decidida. Eu sempre acho que eleições e mineração a gente só sabe disso depois do resultado. Abriu a urna, agora não tem urna para abrir...

Terra - Mas tem o negócio de identidade (carteira de identidade) que pode complicar...
Olha, teria problema de identidade se você não tivesse elevado 36 milhões de pessoas da classe C. Esse povo agora está comprando, esse povo está entrando na loja, está fazendo crédito esse povo tem documento, fotografia... O que eu acho extremamente importante é que nesse processo eleitoral, a gente precisa primeiro ter muita cautela. Esse é o momento de um time que está ganhando de dois a zero. O adversário está dando botinada, está chutando no peito, está chutando na canela, o juiz não está apitando falta e nós não podemos perder a cabeça, porque o que eles querem é expulsar alguém do nosso time, para a gente ficar em minoria. Então, agora é muita cautela, vamos fazer troca de passes entre nós, vamos fazer a bola correr. Como dizia o Parreira, quando estava dirigindo o Corinthians, nós vamos ficar dominando a bola, ou seja, o tempo que a gente estiver com a bola é o tempo que a gente não toma gol...
"Só os mortos conhecem o fim da guerra" Platão.
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Re: Imprensa vendida

#243 Mensagem por GustavoB » Qui Set 23, 2010 1:36 pm

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Re: Imprensa vendida

#244 Mensagem por GustavoB » Qui Set 23, 2010 5:16 pm

DEBATE ABERTO
Quando o meliante grita: “Pega o ladrão!”

A grande imprensa se comporta hoje tal qual o meliante que, durante um furto, age de forma “malandra”, gritando a plenos pulmões: “Pega o ladrão! Pega o ladrão!” Porém, muitos já estão se dando conta de quem é o ladrão da história.

Lula Miranda, na Carta Maior

Reflitamos um pouco sobre a confusão que pode ficar na cabeça do cidadão comum, do trabalhador, da dona de casa, do estudante, do aposentado acerca dessa falsa polêmica propagandeada nos dias que correm, com alarde e estridência, pela grande imprensa. A saber: somos nós “do lado de cá” [das esquerdas] que somos “antidemocráticos”, “chavistas” e tentamos “controlar”/ “tutelar” [sic] a mídia ou é, em verdade, essa mesma mídia dos grandes veículos, que é, ela sim, antidemocrática, oligopolizada, parcial, “de direita” e a serviço de um “golpismo” despudorado ora em curso; somando esforços e cumplicidade com a oposição conservadora, e se utilizando, inclusive, de meios espúrios para tentar vencer o presente pleito “no tapetão”, “no grito”? Qual das duas versões tem respaldo na realidade e compromisso fidedigno com a tal verdade factual? Que “versão” prevalecerá? Existem nuances? A verdade vencerá. A verdade nos libertará dos que hoje tentam, como em tempos idos, nos subjugar.

Relato a seguir um episódio ocorrido comigo para ilustrar e lançar um pouco de luz sobre esse caso e assim facilitar a compreensão do cidadão comum do que está por detrás dessa bem urdida ambigüidade lógica (não seria o velho “duplipensar”?), agora estrategicamente plantada em manchetes tão alarmistas e exageradas quanto destituídas de sentido. À falta da chibata, com essa grita pretendem nos calar pelo hálito quente e pestilento da intimidação da “autoridade”? Pelo medo? Não mais nos intimidarão com o simples estalido do couro; não nos calarão.

Passeava ao entardecer, tranqüilamente, com minha mulher pelas ruas arborizadas do bairro onde resido, ouvindo o canto dos sabiás, quando, de repente, o cantar dos pássaros deu lugar aos gritos desesperados de uma senhora: “Roubou meu celular! Socorro! Ele roubou meu celular!”. Num átimo, fomos retirados, abruptamente, da nossa realidade idílica e tranqüila por aquele pedido de socorro.

Ao direcionar meu olhar e atenção para aquela nova realidade que me/nos engolfava, avistei a senhora, mas também percebi um jovem que passava bem próximo a mim correndo e também gritando: “Pega o ladrão! Pega o ladrão”! Pude perceber, à distância, sua fisionomia crispada [a lhe trair e denunciar a culpa?], e ainda pude ver/perceber quando ele, à sorrelfa, colocou um celular [seria o roubado?] no bolso de trás da sua calça. Quando consegui “amarrar” a lógica um tanto confusa daquela cena de forma definitiva, e assim compreender o que se passava diante de meus olhos, o jovem já havia “sumido” na esquina mais próxima. Restou-me então a tarefa de dissuadir aquela senhora do impulso de prosseguir em perseguição ao meliante e consolá-la quanto ao objeto surrupiado.

Perceberam a lógica da minha argumentação? Onde a malandragem e o ilusionismo de certos jornalistas pretendem nos levar? Qual o ardil dos velhacos que ora nos acusam? Eu que os acuso, velhacos!

Sabemos todos que é função primordial da imprensa fiscalizar os poderes instituídos e zelar pela boa gestão da coisa pública. É da essência do jornalismo – e, com o perdão do pleonasmo retórico, é fundamental/essencial que assim seja. A liberdade de expressão e de imprensa é, principalmente para nós da chamada “imprensa alternativa”, algo sagrado, “o princípio dos princípios”.

Lembro-lhes ainda, sem alarde, jactância ou malícia, outros princípios que me/nos são caros e que, “utópicos”, “idealistas” buscamos: imparcialidade, pluralismo, transparência, compromisso inegociável com o leitor e com o Estado Democrático de Direito. Portanto, mentem, covardemente [pois falam da altura de impérios já em ruínas], os que pretendem nos impingir a pecha de “autoritários” e “antidemocráticos”. É grosseira aleivosia e infâmia. Mais uma.

Por que (re)clamamos contra o jornalismo praticado pelo grandes veículos? Simplesmente não podemos aceitar, bovinamente, que apenas os atos e funcionários do governo do presidente Lula sejam investigados e sofram esse verdadeiro bombardeio de denúncias – coincidentemente às vésperas de uma eleição. Furtiva coincidência, não? Por que agora não aparecem também denúncias envolvendo autoridades dos governos municipais e estaduais, e de outros partidos? Todos os cidadãos – de todos os partidos e classes sociais – se incorrerem em atos delituosos deverão ser submetidos à investigação, inquérito e julgamento. Porém, o princípio da presunção da inocência deve ser preservado e respeitado. Ninguém pode ser condenado por uma denúncia, por uma manchete de jornal.

Não nos calaremos, (re)clamaremos novamente e sempre, por exemplo, quando associarem indevida e criminosamente malfeitos diversos à candidata Dilma Rousseff em manchetes de capa dos “jornalões” e nas chamadas dos noticiários da TV. Malfeitos esses que, sabe-se de antemão, são nitidamente descabidos. Visam, tão-somente, trazer prejuízos eleitorais à candidata.

Pergunta-se: o franco favorecimento de determinado candidato pelos meios não seria um crime eleitoral, haja vista querer corromper/conspurcar a livre manifestação do eleitor? Sim, trata-se de flagrante crime contra a democracia. Não poderíamos mesmo nos calar diante desse estado de coisas, desse “denuncismo” seletivo e estrategicamente oportunista. Isso fede a golpe. Já assistimos a esse filme, muito recentemente, na Venezuela e em Honduras. Já vimos esse filme, aqui mesmo, no pleito de 2006!

Então fica a pergunta: quem são os “autoritários” de fato, os “antidemocráticos”, os “golpistas? Tal carapuça não caberia mais confortavelmente na cabeça dos “do lado de lá” [Folha, “Estadão”, Globo, Veja etc.]?! Os mesmos que serviram à ditadura – é fato. Não seriam “golpistas”, em verdade, as vivandeiras que ainda servem aos fantasmas dos quartéis e que hoje fazem sua pregação, contaminada pelo ódio, a militares de provecta idade, já na reserva? Os que mimetizaram o mandonismo e arrogância de parte de nossa elite [para sorte do país, uma parte insignificante dessa elite, registre-se]. Os que não se conformam com os rumos democráticos que o Brasil segue – um novo Brasil, um país para todos os brasileiros.

“Eles”, como que condenados ao atavismo maldito daqueles que mandavam antes deles, estavam/estão habituados a empunhar a chibata dos tempos de escravidão; acostumados com os préstimos de seus capitães-do-mato; seus capatazes; seus sabujos; seus “pelegos”, que permitiam, seja nas fábricas ou nos escritórios, a exploração dos trabalhadores à exaustão. Sim, claro, como conseqüência disso, “eles” também não gostam de sindicalistas – e não fazem a menor questão em esconder esse “detalhe” tão revelador do quê e de como pensam.

A grande imprensa se comporta hoje tal qual o meliante desse episódio do cotidiano relatado acima. Agora, de forma “malandra”, grita a plenos pulmões: “Pega o ladrão! Pega o ladrão!”. E, em meio ao alarido e confusão dos incautos, pretende, sorrateiramente, passar com sua malícia criminosa e seguir impunemente. Porém, muitos já estão se dando conta de quem é o ladrão da história. “Eles” pretendem roubar a nossa utopia. Não passarão!

E que os intolerantes não ousem mais jogar seus perdigueiros no encalço dos justos. Que os escroques, travestidos de lobistas, a serviço das máfias e das Gestapos da política e da imprensa, sejam previamente identificados e escorraçados de toda a administração pública. Seus capitães-do-mato, seus pitbulls, seus reis e ratos de esgoto são apenas espectros do passado. Não mais nos assustam.

Lula Miranda é poeta e cronista. Foi um dos nomes da poesia marginal na Bahia na década de 1980. Publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa, Fazendo Média e blogs de esquerda.
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Re: Imprensa vendida

#245 Mensagem por Flávio Rocha Vieira » Sex Set 24, 2010 1:46 am

GustavoB escreveu:
Perfeito.

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Re: Imprensa vendida

#246 Mensagem por Flávio Rocha Vieira » Sex Set 24, 2010 11:37 pm

Depois deste texto não será preciso dizer mais nada...
Cureau, a censora

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Mino Carta 24 de setembro de 2010 às 10:00h

Permito-me sugerir à doutora Sandra Cureau, vice-procuradora-geral da Justiça Eleitoral, que volte a se debruçar sobre os alfarrábios do seu tempo de faculdade, livros e apostilas, sem esquecer de manter à mão os códigos, obras de juristas consagrados e, sobretudo, a Constituição da República. O erro que cometeu ao exigir de CartaCapital, no prazo de cinco dias, a entrega da documentação completa do nosso relacionamento publicitário com o governo federal nos leva a duvidar do acerto de quem a escolheu para cargo tão importante.

Refiro-me, em primeiro lugar, ao erro, digamos assim, técnico. Aceitou uma denúncia anônima para proceder contra a revista e sua editora. Diz ela conhecer a identidade do denunciante, acoberta-o, porém, sob o manto do sigilo condenado pelo texto constitucional e por decisões do Supremo Tribunal Federal. Protege quem, pessoa física ou jurídica, condiciona a denúncia ao silêncio sobre seu nome. Ou seja, a vice-procuradora comete uma clamorosa ilegalidade.

Há outro erro, ideológico. Quem deveria zelar pela lisura do embate eleitoral endossa a caluniosa afronta que há tempo é cometida até por colegas jornalistas ardorosamente empenhados na campanha do candidato tucano à Presidência. A ilação desfraldada a partir do apoio declarado, e fartamente explicado por CartaCapital, à candidatura- de Dilma Rousseff revela a consistência moral e ética, democrática e republicana dos acusadores, ou por outra, a total inconsistência. A tigrada não concebe adesão a uma candidatura sem a contrapartida em florins, libras, dracmas. Reais justificados por abundante publicidade governista.

Sabemos ser inútil repetir que a publicidade governista premia mais fartamente outras publicações. Sabemos que José Serra, ainda governador, mas de mira posta na Presidência, assinou belos contratos de compra de assinaturas com todas as maiores empresas jornalísticas do País, com exceção, obviamente, da editora de CartaCapital. Sabemos que não é o caso de esperar pela solidariedade- dos patrões da mídia e dos seus empregados, bem como das chamadas entidades de classe, sem falar da patética Sociedade Interamericana de Imprensa. Estas, aliás, se apressam a apoiar a campanha midiática que aponta em Lula o perigo público número 1 para a democracia e a liberdade de imprensa.

Nem todos os casos denunciados pela mídia nativa merecem as manchetes de primeira página, um e outro nem mesmo um pálido registro. É inegável, contudo, que dentro do PT há uma lamentável margem de manobra para aloprados de extrações diversas. CartaCapital tem dado o devido destaque a crimes como a quebra de sigilo fiscal e a deploráveis fenômenos de nepotismo e clientelismo, embora não deixe de apontar a ausência das provas sofregamente buscadas pelos perdigueiros da informação, em vão até o momento, de ligações com a campanha de Dilma Rousseff.

Vale, porém, discutir as implicações da liberdade de imprensa, e de expressão em geral. É do conhecimento até do mundo mineral que a liberdade de informar encontra seus limites no Código Penal. Se o jornalista acusa, tem de provar a acusação. E informar significa relatar fatos. Corretamente. Quanto à opinião, cada um tem direito à sua.
Muito me agrada que o Estadão e o Globo em editoriais e, se não me engano,- um colunista tenham aproveitado a sugestão feita por mim na semana passada. Por que não comparar Lula a Luís XIV, além de Mussolini e Hitler? Compararam, para ampliar o espectro da evocação. De ditadores de extrema-direita a um monarca por direito divino, aprazível passeio pela história.

Volto à carga: sinto a falta de Stalin, talvez fosse personagem mais afinada com a personalidade de Lula, aquele que ia transformar o Brasil em república socialista. Quem sabe, a tarefa fique para a guerrilheira terrorista, assassina de criancinhas.
Espero ter sido útil, com uma contribuição aos delírios de quem percebe o poder a lhe escorrer entre os dedos. A campanha midiática a favor do candidato tucano não é digna do país que o Brasil merece ser, e sim adequada ao manicômio. Aumenta o clamor de grupelhos de inconformados de uma velha-guarda que não dispensa militares de pijama, todos protagonistas de um espetáculo que fica entre a ópera-bufa e o antigo Pinel. Que tem a ver com liberdade de imprensa acusar Lula e Dilma de pretenderem “mexicanizar”, ou “venezuelizar” o Brasil? Ou enterrar a democracia?

Mesmo que o presidente não pronuncie sempre palavras irretocáveis, onde estão as provas desse terrificante projeto? Temos, isto sim, as provas em sentido contrário: os golpistas arvoram-se a paladinos de uma legalidade que eles somente ameaçam. A união da mídia já produziu alguns entre os piores momentos da história brasileira. A morte de Getúlio Vargas, presidente eleito, a resistência a Juscelino, o golpe de 1964 e suas consequências 21 anos a fio, sem contar com a oposição à campanha das Diretas Já. Ou com o apoio maciço à candidatura de Fernando Collor, à reeleição de Fernando Henrique, às privatizações vergonhosamente manipuladas.

É possível perceber agora que este congraçamento nunca foi tão compacto. Surpreende-me, por exemplo, o aproveitamento que o Estadão faz das reportagens de Veja, citada com todas as letras. Em outros tempos não seria assim, a família Mesquita tachava os Civita de “argentários” em editoriais da terceira página. As relações entre os mesmos Mesquita, os Frias e os Marinho não eram também das melhores. Hoje não, hoje estão mais unidos do que nunca. Pelo desespero, creio eu.

A união, apesar das divergências, sempre os trouxe à mesma frente quando o risco foi comum. Ameaça ardilosamente elevada à enésima potência para justificar o revide pronto e imediato. E exorbitante. A aliança destes dias tem uma peculiaridade porque o risco temido por eles é real, a figurar uma situação muito pior do que aquela imaginada até o começo de 2010. Desespero rima com conselheiro, mas como tal é péssimo. De sorte que estão a se mover para mais uma Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade. A derradeira, esperamos. Não nos iludamos, no entanto. São capazes de coisas piores.

Otimista em relação ao futuro, na minha visão vivemos os estertores de um sistema, mudança essencial ao sabor de um confronto social em andamento, sem violência, sem sangue. Diria natural, gerado pelo desenvolvimento, pelo crescimento. Donde, por mais sombrios que sejam os propósitos dos verdadeiros inimigos da democracia, eles, desta vez, no pasaran. Eles próprios se expõem a risco até ontem inimaginável. Se houver chance para uma tentativa golpista, desta vez haverá reação popular, com consequências imprevisíveis.
Episódio representativo da situação, conquanto não o mais assombroso, longe disso, é a demanda da vice-procuradora da Justiça Eleitoral para averiguar se vendemos, ou não, a nossa alma. Falo em nome de uma pequena redação que não desiste há 16 anos na prática do jornalismo honesto, pasma por estar sob suspeita ao apoiar às claras a candidatura Dilma.

Sugiro à doutora Sandra que, de mão na massa, verifique também se a revista IstoÉ recebeu lauta compensação do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo e Diadema quando o acima assinado em companhia do repórter Bernardo Lerer, escreveu uma reveladora, ouso dizer, reportagem sobre Luiz Inácio da Silva, melhor conhecido como Lula, publicada em fevereiro de 1978. Ou se acomodou-se em uma espécie de mensalão ao publicar oito capas a respeito da ação de Lula à frente de uma sequência de greves entre 1978 e 1980. Ou se me locupletei pessoalmente por ter estado ao lado dele na noite de sua prisão, e da sua saída da cadeia, quando enquadrado pela ditadura na Lei de Segurança Nacional, bem como nas suas campanhas como candidato à Presidência da República. Desde o dia em que conheci o atual presidente da República, pensei: este é o cara.

Mino Carta

Por cartaCapital.
.'.
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Re: Imprensa vendida

#247 Mensagem por Flávio Rocha Vieira » Dom Set 26, 2010 8:35 am

MÍDIA DEMOTUCANA SAI DO ARMÁRIO E ASSUME:

O MAL A EVITAR É A DEMOCRACIA


A sete dias das eleições, o jornal O Estado de São Paulo adota a sugestão feita pelo Presidente Lula que, em recente entrevista ao Portal Terra, aconselhou a mídia demotucana a assumir honestamente a defesa de seu candidato nas eleições, sem insistir na patética simulação de uma eqüidistância jornalística ausente das páginas do noticiário. A retardada coragem do jornal paulista é digna de registro. Não tanto pelo impacto residual neste pleito, mas pelo efeito espelho capaz de desmascarar simulacros equivalentes, ou piores –caso da Folha, por exemplo, que insiste em evocar a condição ‘jornalística ‘ de uma pauta em intercurso explícito com a propaganda demotucana. Há, como se sabe, uma longa fila de outros veículos agarrados ao armário das dissimulações nesse momento. Nisso se diferencia a família Mesquita ao publicar o editorial deste domingo, para dizer que, sim, sempre teve candidato na disputa sucessória de 2010. A diferença com veículos como Carta Maior, por exemplo, que registrou seu apoio a Dilma Rousseff logo no início da corrida eleitoral, não é, todavia, apenas de escala temporal. A verdade é que no caso do jornal da família Mesquita –mas também da Folha, Globo etc-- persiste uma dissimulação de fundo mesmo quando se admite o engajamento. ‘O Mal a Evitar’ , titulo do manifesto de apoio a Serra publicado pelo Estadão, vem se juntar a uma longa lista de apoios antecedentes do mesmo gênero, expressos com a mesma ressalva mitigatória pelo jornal em diferentes momentos históricos. Incluem-se nessa modalidade de ‘ação preventiva e profilática’ o apoio dado pelas convicções liberais do Estadão ao sangrento golpe desfechado em 1973 pelo General Pinochet contra o governo democraticamente eleito do socialista Salvador Allende, no Chile. ‘Mal a evitar’’, assim terá sido computado, igualmente, na complacente escala de valores liberais da família Mesquita, a derrubada do governo de João Goulart pelo golpe de 64. Por uma dessas finas ironias da história, o jornal seria uma das vítimas da ditadura que ajudou a instaurar em defesa das 'instituições ameaçadas'. Infelizmente, como sevê neste pleito, o revés foi contabilizado na rúbrica dos acidentes de percurso. Ontem, como hoje, na concepção que ombreia todos os veículos da chamada grande imprensa, o ‘mal a evitar’ será sempre a própria democracia quando passa a ser entendida como espaço de cidadania daqueles que nunca tiveram espaço na economia e na política do país. É disso que se trata, admite o editorial, quando explicita a necessidade de ceifar pela raiz o mal exemplo que Lula representa para a massa ‘hipnotizada’ (o termo utilizado por Caetano Veloso foi emprestado pelo editorialista), ao afrontar aqueles que, historicamente, sempre foram e assim pretendem continuar, tutores inatacáveis das finalidades e da abrangência da democracia brasileira.
(Carta Maior, 26-09)

Em: http://www.cartamaior.com.br/templates/index.cfm

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PRick

Re: Imprensa vendida

#248 Mensagem por PRick » Dom Set 26, 2010 2:22 pm

Como muitos não conhecem, vou postar abaixo o Documentário "Muito Além do Cidadão Kane", que fala da Rede Globo, feito em 1993, por força de decisão judicial, ele foi censurado no Brasil, não pode ser encontrado em lugar nenhum, ainda bem que existe o Youtube! Ele está dividido em partes no Youtube.







Como a Rede Globo manipula as notícias.



A primeira manipulação da eleição pela Rede Globo, que elegeu Fernando Collor. Aqui vemos a democracia que a mídia brasileira defende, o que eles acham que é democracia.







[ ]´s
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Re: Imprensa vendida

#249 Mensagem por Flávio Rocha Vieira » Dom Set 26, 2010 7:06 pm

Carta de um ex-assinante do Estadão

O Editorial raivoso e golpista do jornal O Estado de São Paulo

Estamos diante mais uma vez de uma ação da velha mídia golpista: O melancólico Editorial do Jornal (?) O Estado de São Paulo veiculado na edição do dia 26 de setembro de 2010. Como disse o brilhante Brizola Neto: O Editorial não é pró Serra e sim anti-Lula, já que dedica sete linhas para falar sobre Serra, dizendo sobre seu "currículo exemplar" (???), e destila por nove parágra fos toda a raiva e veneno que a imprensa brasileira corrupta e elitista tem do primeiro presidente da República que governou pensando em todos os brasileiros.

A imprensa golpista não aceita raivosamente o fato do presidente Lula ter sido altamente vitorioso no seu governo e se tornado o maior estadista que este País já teve, fato que contrariou todas as teses preconceituosas que a velha mídia golpista pregava contra Lula, prevendo que sua gestão seria um fracasso.

A verdade é que ninguém espera boas fragrâncias de um esgoto e da mesma forma não se pode contar com a seriedade de um jornal que emprestou apoio à ditadura militar e à perversa política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso.

É lamentável que este jornal tenha nota zero de sabedoria e respeito ao povo e receba nota dez para o golpismo midiático. Para golpes contra as liberdades são altamente graduados, como em 1964, cujo apoio da mídia paulista contribuiu para a instalação de uma ditadura destruidora de todos os diretos e todas as liberdades, inclusive o mais importante bem jurídico: o direito à vida.

Caso a sabedoria e o amor pelo país prevalecesse sobre o viés golpista destes jornais, não seria defendido um projeto que representa uma situação falimentar do Estado, retrógrado e socialmente excludente, que prevaleceu num passado que o povo brasileiro quer esquecer.

Tenho pena de um país que acredita em jornais como esse. Seu povo será eterno escravo das elites. Pobre de um país e de seu povo cujas decisões de Estado são tomadas pelos governantes a partir das ordens e das opiniões dos donos dos veículos da velha mídia. Por não mandarem mais no País é que se voltam contra o Presidente Lula e a candidata Dilma Roussef.

O povo brasileiro sabe de fato que Lula e Dilma representam um presente e um futuro bem diferente do passado horrível que vivemos neste país, passado que foi defendido pela velha imprensa, que, conforme já mencionado, mas que deve ser repetido com ênfase: Esta imprensa que hoje fala em democracia e desenvolvimento emprestou apoio à ditadura militar e ao governo entreguista e neoliberal comandado por Fernando Henrique Cardoso.

O destino deste ridículo editorial deveria ser a piada nas redes sociais, até porque é isto que ele representa ao dizer que Serra tem um currículo exemplar (?). As "maravilhas" da Administração serrista e tucana em SP só existem nas páginas do Estadão, Folha, Globo, Veja, que deliberadamente omitem o desgoverno que aqui existe.

O povo de São Paulo tem um vácuo de informações no que tange aos problemas do Estado. Diante da ausência de informações sobre o desgoverno dos tucanos em São Paulo só restava partir para esta vitimizaçà £o que se desenhou em torno do candidato, colocando-o como vítima de uma conspiração e perseguição política. O maior crime que a imprensa brasileira cometeu com este comportamento de privilegiar um candidato foi deixar de realizar o debate necessário de inúmeros problemas brasileiros, discussão que não tinha espaço na mídia, que só se prestava a "vitimizar" José Serra.

Não há como negar que a imprensa paulista está de mãos dadas com os tucanos, por motivos inconfessáveis. Será que 5.200 assinaturas das revistas e dos jornais, pagos com dinheiro do contribuinte paulista, podem justificar tamanha adesão ao serrismo? Estas assinaturas e os milhões de reais que receberam são suficientes para jogar no lixo os "135 anos" de história do Estadão? Será que o "currículo exemplar" se materializa porque Serra reprimiu com violência policial os movimentos sociais, notadamente os professores, o que fez lembrar, com perfeita adequação, o autoritarismo da ditadura militar?

A maior piada do Editorial é a justificativa de que o apoio a Serra se sustenta porque o presidente Lula compromete a liberdade de imprensa, o que se acentuaria com a eleição de Dilma e portanto seria "O Mal a evitar", como se vê do próprio título do abestalhado escrito terrorista-eleitoral. Omite deliberadamente o jornal a maneira rude como Serra trata jornalistas, fato que ocorreu em diversas ocasiões. Engraçado que este comportamento não o torna uma "pessoa dura", tal como fez crer o "casal 45" na entrevista (?) ou "interrogatório" que o golpista Jornal Nacional realizou com a candidata Dilma Roussef, que foi acusada de ser autoritária. Se José Serra é assim na frente das câmeras o que se dirá no trato com os assessores e servidores.

A amizade e outros favores para os barões da mídia colocam José Serra a salvo de seu comportamento desequilibrado com os profissionais de imprensa. Quem censurou de fato a imprensa foi o candidato escolhido pelo Editorial, que subtraiu a fita de uma entrevista, na qual se comportou com alto grau de nervosismo e deselegância com os entrevistadores.

Seja honesto jornal "O Estado de São Paulo". Tenha um mínimo de ética e dignidade e reconheça que o presidente Lula nunca interferiu na liberdade de imprensa, ao contrário de José Serra que intimidou jornalistas, faliu a TV Cultura, o que levou ao escárnio o programa Roda Viva, que já foi considerado um dos melhores programas de televisão do mundo.

Quem ameaça a liberdade é o candidato José Serra, que planejou a demissão de jornalistas altamente conceituados, como Luis Nassif, um dos melhores e mais cultos profissionais de imprensa deste país.

Depois de várias certezas, outro fato que me parece incontestável e neste ponto tenho de me valer das informações que colhi do excelente blog do jornalista Luis Nassif: os 24 dias do setembro de Fogo contra Lula e Dilma mereceram do Jornal serrista "O Estado de São Paulo ou São Serra" nada mais nada menos que 24, isto mesmo, vinte e quatro manchetes desfavoráveis a Lula e Dilma. Nada, nenhuma capa, nenhuma notícia desfavorável a Serra. Como disse Nassif: E eles ainda chamam isso de "jornalismo".

Pelas notícias do Jornal "O Estado de São Paulo" e de toda a mídia golpista o candidato José Serra simplesmente não tem defeito algum. É o maior administrador público de todos os tempos. É um caso raro na humanidade, descoberto pela inteligente imprensa golpista. Os governos serristas e tucanos foram perfeitos na visão do jornal Estadão, não merecendo nenhum reparo. Hahahaha, pensa a Família Mesquita: "que se dane a ética e a dignidade no jornalismo, já que o que importa, e importa muito, é o meu sucesso financeiro e poder do meu jornal influir no governo."

Fábio - um ex-assinante e ex-leitor do jornal que representa um passado que o povo brasileiro quer esquecer. Jornal ou panfleto serrista?

Em: http://esquerdopata.blogspot.com/

Um fraternal abraço,
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Re: Imprensa vendida

#250 Mensagem por Flávio Rocha Vieira » Dom Set 26, 2010 8:40 pm

Subiu uma alma para o céu.
Um texto sensato da grande mídia chega a ser uma surpresa. Parabéns à IstoÉ e aos repórteres responsáveis por este texto.


Imagem

N° Edição: 2133 | 24.Set.10 - 21:00 | Atualizado em 26.Set.10 - 20:23

A onda vermelha
De cima a baixo no País, o eleitor apoia a continuidade e tende a garantir uma quase inédita maioria governista no Congresso

Octávio Costa e Sérgio Pardellas

Imagem
SEM PARAR
Eleitores de todas as classes sociais
mostram desejo de continuidade


Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos.
“Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.

MAIORIA
Sólido apoio no Congresso pode facilitar a aprovação
das reformas estruturais de que o País necessita


Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira. Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lind­berg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).

A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rous­seff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas. Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.

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APOIO
Participação de Lula na campanha
de Dilma incomodou a oposição


Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.

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MINORIA
No Largo de São Francisco (SP), menos de 100
pessoas lançam o manifesto


Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.

EQUÍVOCO
Um manifesto oportunista tentou passar a mensagem de que
há uma ameaça à democracia. Esqueceu que a legitimidade vem pelo voto


O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.

Censura nas Artes

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TUDO COBERTO
Obra de artista argentino
com os candidatos é retirada da Bienal de SP


A interdição de uma obra antes da inauguração da 29ª Bienal de São Paulo não foi o primeiro nem será o último caso de polêmica gerada em seus pavilhões. Desde que a Bienal é a Bienal, é o lugar propício para os boicotes, as intervenções, os questionamentos às instituições. Talvez exatamente pela imensa repercussão de tudo aquilo que é produzido dentro de seus monumentais nove mil metros quadrados de arquitetura modernista. Em uma Bienal que elege a política como tema não poderia ser diferente. Especialmente
em época eleitoral.

O vespeiro da vez é a obra “El alma no piensa sin imagen”, do argentino Roberto Jacoby, vedada da 29ª Bienal por fazer propaganda à candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República.
Os dois grandes painéis com as fotos de Dilma e Serra tiveram repercussão pública imediata, mas, por recomendação do Ministério Público Federal, depois de consulta efetuada pela própria Fundação Bienal, foram cobertos três dias antes da inauguração da mostra.
“Pela primeira vez na história, a crise que os países centrais provocam não é paga pelos países periféricos. Lula é a figura política mais importante do mundo. É mais importante que Obama”, disse Jacoby para justificar sua instalação-comitê. Com pôsteres, palco, equipamento para conferências e cerca de 25 cabos eleitorais que atendiam pelo título de Brigada Argentina por Dilma, a obra efetivamente configurava um comitê. “Ele havia nos dito que faria uma campanha fictícia”, diz o curador Agnaldo Farias. “Ele sabia que seria interditado. Esse é um caso de projeto feito para ser barrado.”

Paula Alzugaray

Em: http://www.istoe.com.br/reportagens/102 ... ternalPage

Essa não merece estar neste tópico.

Um fraternal abraço,
.'.
"... E, obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada. ... "

Maria Judith Brito, Presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais).
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Re: Imprensa vendida

#251 Mensagem por Túlio » Dom Set 26, 2010 10:23 pm

"Brigada Argentina por Dilma"??? :shock: :shock: :shock: :shock:


ALGUÉM SALVE A DILMA, POWS!!!
“Look at these people. Wandering around with absolutely no idea what's about to happen.”

P. Sullivan (Margin Call, 2011)
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Re: Imprensa vendida

#252 Mensagem por Enlil » Dom Set 26, 2010 11:11 pm

Um paralelo da "América", limpinha, cheirosinha e branquinha: (obs.: Brasil é citado...)

26 de setembro de 2010 às 17:49
Obama, inimigo dos Estados Unidos, governa tomado por espírito de bêbado e polígamo

Para quem imagina que a mídia brasileira “pirou”, pense outra vez. Depois dos anos 80, quando houve uma espécie de coalizão entre os grandes grupos midiáticos e a sociedade civil brasileira — culta, limpinha e moradora no eixo Rio-São Paulo –, as empresas de mídia cresceram durante os dois mandatos de FHC, incorporaram novos negócios e transformaram o jornalismo, acima de tudo, em um veículo para defender seus próprios interesses políticos e econômicos, fazendo isso quase sempre sob o manto da defesa do “interesse público”.

A Folha de S. Paulo, neste momento, por exemplo, busca reconquistar legitimidade defendendo a liberdade de expressão que não foi ameaçada, em nosso nome!

Não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Vejam esse ataque a Barack Obama, na revista Forbes, que está causando grande polêmica nos Estados Unidos. É uma “formulação” intelectual calcada no preconceito, na ignorância e na xenofobia — três coisas nas quais a direita é especialista em qualquer parte do mundo. Uma coleção de anedotas que termina com uma espécie de ritual satânico:

Como Obama pensa

por Dinesh D’Souza, na revista Forbes

Barack Obama é o presidente mais anti-iniciativa privada em uma geração, talvez na história dos Estados Unidos. Graças a ele a era do grande governo está de volta. Obama acumula dívidas para o contribuinte não em bilhões, mas em trilhões. Ele expandiu o controle do governo federal sobre os financiamentos da casa própria, os bancos de investimentos, serviços de saúde, setor automobilístico e energia. O Weekly Standard (Nota do Viomundo: Bíblia dos neocons estadunidenses) resume o estilo Obama como onipotência em casa, impotência fora.

As ações do presidente são tão bizarras que elas confundem tantos os críticos quanto os apoiadores. Considerem esta manchete na edição de 18 de agosto de 2009 do Wall Street Journal:”"Obama apoia a exploração de petróleo no mar”. Você leu corretamente? Sim. O governo apoia a exploração no mar — mas no mar da costa do Brasil. Com o apoio de Obama, o Banco de Importações-Exportações dos Estados Unidos ofereceu empréstimos e garantias de 2 bilhões de dólares para a empresa estatal brasileira Petrobras financiar a exploração na bacia de Santos, perto do Rio de Janeiro — assim o petróleo não virá para os Estados Unidos. Ele está financiando a exploração brasileira para que o petróleo continue no Brasil.

Mais comportamento estranho: o discurso de Obama no dia 15 de junho de 2010 em resposta ao vazamento de petróleo no Golfo não focou as estratégias de limpeza mas o fato de que os estadunidenses “consomem mais de 20% do petróleo do mundo mas tem menos de 2% das reservas”. Obama continuou falando sobre “o vício de um século dos Estados Unidos em combustíveis fósseis”. Mas o que tem isso a ver com o vazamento de petróleo? Teria sido a calamidade um problema menor se os americanos consumissem meros 10% dos recursos do mundo?

As estranhezas vão em frente. O governo Obama declarou que mesmo os bancos que quiserem pagar tudo o que emprestaram do governo [durante a crise financeira] precisam pedir permissão para fazê-lo. Apenas depois que a equipe de Obama no Tesouro submeter o banco a um “teste de stress” ele pode devolver o dinheiro emprestado dos contribuintes. Mesmo assim, declarou o secretário do Tesouro Tim Geithner, o governo pode forçar os bancos a ficar [mais tempo] com o dinheiro.

O presidente continua a defender um pacote de estímulo ainda que centenas de bilhões de dólares em fundos utilizados tenham tido pouco efeito. A taxa de desemprego quando Obama assumiu o poder em janeiro de 2009 estava em 7,7%; agora, está em 9,5%. Ainda assim ele quer gastar mais e quer colocar a conta nas costas dos americanos que ganham mais de 250 mil dólares por ano. Os ricos, Obama insiste, não estão pagando a “fatia justa”. Isso parece estranho já que 1% dos americanos mais ricos pagam 40% de todos os impostos de renda federais; os próximos 9% pagam outros 30%. Os 10% de cima pagam 70% dos impostos; os 40% de baixo não pagam quase nada. Isso de fato nos parece injusto — para os ricos.

A política externa de Obama não é menos estranha. Ele apoia a construção de uma mesquita de 100 milhões de dólares que deve ser construída perto do lugar no qual terroristas derrubaram o World Trade Center em nome do islã. A razão de Obama, de que “nosso compromisso com a liberdade religiosa é inquebrantável” parece irrelevante para a proposta de construir a Cordoba House perto do Marco Zero.

Recentemente o Times de Londres informou que o governo Obama apoiou a liberdade condicional de Abdel Baset al-Megrahi, o terrorista de Lockerbie condenado pela morte de 270 pessoas, a maioria de americanos. Isso chamou a atenção porque quando a Escócia soltou Megrahi da prisão e o mandou de volta para a Líbia em agosto de 2009 o governo de Obama protestou pública e apropriadamente. O Times, no entanto, obteve um documento que o governo Obama mandou para a Escócia uma semana antes do evento, no qual disse que soltar Megrahi “por motivos de compaixão” era aceitável desde que ele fosse mantido na Escócia e que isso era “preferível” a mandá-lo de volta para a Líbia. As autoridades escocesas interpretaram como se as objeções dos Estados Unidos à soltura de Megrahi não fossem para valer. Elas soltaram Megrahi para seu país de origem, onde ele vive hoje como um homem livre.

Mais uma anomalia: alguns meses atrás o chefe da NASA Charles Bolden anunciou que de agora em diante a missão primária da agência espacial americana seria melhorar as relações com o mundo muçulmano. Como é que é? Bolden disse que recebeu ordem direta do presidente. “Ele queria que eu encontrasse uma forma de aproximação com o mundo muçulmano, para que nos engajássemos com as nações majoritariamente islâmicas e eles se sentissem bem quanto às contribuições históricas do islã à Ciência, à matemática e à engenharia”. Bolden acrescentou que a Estação Espacial Internacional era o modelo para o futuro da NASA, já que não era apenas uma operação dos Estados Unidos mas inclui russos e chineses. A nova direção dada por Obama causou consternação na agencia, de ex-astronautas como Neil Armstrong e John Glenn e mesmo entre apoiadores do presidente. A maioria das pessoas pensa que o papel da NASA é fazer pousos na lua e em Marte e explorar outros destinos longínquos. Com certeza todos nós somos pela autoestima dos muçulmanos, mas o que o Obama quer nesse caso?

Há muitas teorias para explicar as ações e os objetivos do presidente. Os críticos na comunidade de negócios — inclusive alguns eleitores de Obama que agora se arrependem de seus votos — tendem a focar em dois temas principais. O primeiro é que Obama nada sabe sobre o mundo dos negócios. O segundo é que Obama é socialista — não um marxista, mas um socialista do estilo europeu, com uma queda por redistribuição de renda governamental.

Essas teorias não estão erradas, mas inadequadas. Mesmo que pudessem dar conta da política doméstica de Obama, não explicam sua política externa. O problema real com Obama é pior — muito pior. Mas ficamos cegos sobre sobre sua agenda real porque, em todo o espectro político, procuramos enquadrá-lo em alguma versão da história dos Estados Unidos. No processo, ignoramos a própria história de Obama. Aqui está um homem que passou seus anos formativos — os primeiros 17 anos de vida — fora do território continental dos Estados Unidos, no Havaí, na Indonésia e Paquistão, como jornadas múltiplas subsequentes à África.

Uma forma simples de discernir o que motiva Obama é fazer uma pergunta simples: Qual é o sonho dele? É o sonho americano? É o sonho de Martin Luther King? Ou é outra coisa?

Não é certamente o sonho americano como concebido pelos fundadores [dos Estados Unidos]. Eles acreditavam em uma nação como “uma nova ordem para séculos”. Meio século depois Alexis de Tocqueville escreveu que os Estados Unidos criavam “uma espécie distinta da Humanidade”. Isso é conhecido como o excepcionalismo dos Estados Unidos. Mas quando perguntado sobre isso em uma entrevista coletiva em 2009, se ele acreditava neste ideal, Obama disse não. Os Estados Unidos, ele sugeriu, não são mais únicos ou excepcionais que o Reino Unido, a Grécia ou qualquer outro país.

Talvez, então, Obama tenha o mesmo sonho de Martin Luther King, de uma sociedade cega para a cor da pele. O presidente tirou proveito deste sonho; ele fez campanha como um candidato não-racial e muitos americanos votaram nele porque ele representa esse ideal. Mesmo assim, o sonho de King não é o de Obama: o presidente nunca defende a ideia de neutralidade racial. Essa falta de ação não é meramente tática; a questão racial simplesmente não é o que impulsiona Obama.

Qual é, então, o sonho de Obama? Não precisamos especular porque o presidente nos diz em sua autobiografia, Dreams From my Father. De acordo com Obama, o sonho dele é o sonho do pai dele. Notem que o título não diz “Sonhos de meu pai”, mas sonhos “Sonhos vindos de meu pai”. Obama não escreve sobre os sonhos do pais dele; ele escreve sobre os sonhos que recebeu do pai.

Então, quem era Barack Obama Sr.? Era um homem da tribo Luo que cresceu no Quênia e estudou em Harvard. Era um polígamo que, no curso de sua vida, teve quatro mulheres e oito filhos. Um de seus filhos, Mark Obama, acusou o pai de bater na mulher. Ele também era um alcoólatra que se envolveu em vários acidentes, matando um homem e fazendo com que suas próprias pernas fossem amputadas devido a ferimentos em outro acidente. Em 1982 ele se embebedou em um bar de Nairobi, bateu numa árvore e se matou.

Uma escolha estranha, certamente, para um herói. Mas para o filho, o velho Obama representava uma causa grande e nobre, a causa do anticolonialismo. Obama pai cresceu durante a luta da África para se tornar livre da colonização europeia e ele foi um dos integrantes da primeira geração de africanos escolhidos para estudar nos Estados Unidos e depois dar direção ao futuro do país [Quênia].

Sei muito sobre o anticolonialismo porque nasci em Mumbai, na Índia. Sou parte da primeira geração nascida depois da independência de meu país do Reino Unido. O anticolonialismo era a palavra de ordem da política no Terceiro Mundo pela maior parte da segunda metade do século 20. Para a maioria dos norte-americanos, no entanto, o anticolonialismo é uma ideia pouco familiar, assim deixem-me explicar.

Anticolonialismo é a doutrina pela qual os países ricos do Ocidente enriqueceram ao invadir, ocupar e pilhar os países pobres da Ásia, África e América do Sul. Como um dos que influenciaram intelectualmente Obama, Frantz Fanon, escreveu em The Wretched of the Earth, “o bem estar e o progresso da Europa foram construídos com o suor e os corpos de negros, árabes, hindus e gente das raças amarelas”.

Os anticolonialistas dizem que mesmo os países que garantem independência política podem se tornar economicamente dependentes de seus exploradores. Essa dependência é chamada neocolonialismo, um termo definido pelo estadista africano Kame Nkrumah (1909-72) em seu livro Neocolonialismo: O último estágio do imperialismo. Nkrumah, o primeiro presidente de Gana, escreveu que os países pobres são nominalmente livres, mas que continuam a ser manipulados de longe por poderes corporativos e elites plutocráticas. Essas forças do neocolonialismo oprimem não apenas o povo do Terceiro Mundo mas também cidadãos em seus próprios países. Obviamente a solução é resistir e derrubar os opresssores. Esta era a ideologia anticolonial de Barack Obama Sr. e de muitos de sua geração, incluindo muitos de meus parentes na Índia.

Obama pai era um economista e, em 1965, publicou um artigo importante no East Africa Journal chamado “Problemas diante de nosso socialismo”. Obama pai não era um socialista doutrinário; em vez disso, ele via a apropriação dos meios de produção pelo estado como uma forma necessária para atingir o objetivo anticolonial — tirar recursos dos estrangeiros e restaurá-los para o povo da África. Para Obama pai era uma questão de aut0nomia nacional. “É o africano que tem posse do país? Se sim, por que ele não deveria controlar os meios econômicos de crescimento deste país?”.

Como ele escreveu, “precisamos eliminar as estruturas de poder que foram construídas através da excessiva acumulação de riqueza, de forma que poucos indivíduos controlem a grande magnitude de recursos, como é o caso agora”. Obama pai propôs que o estado confiscasse terras privadas e aumentasse impostos para os mais ricos. Na verdade, ele insistiu que “teoricamente não há nada que possa evitar que o governo cobre 100% de impostos, desde que as pessoas recebam benefícios do governo equivalentes à renda taxada”.

Surpreendentemente, o presidente Obama, que conhece a história do país muito bem, nunca mencionou esse artigo dele. Ainda mais surpreendente é que não há virtualmente notícia de um documento que parece diretamente relevante ao que Obama junior está fazendo na Casa Branca.

Enquanto Obama pai pedia que a África se tornasse livre da influência neocolonial da Europa e especificamente do Reino Unido, ele sabia quando veio para os Estados Unidos em 1959 que o equilíbrio de poder estava mudando. Mesmo então, ele reconheceu o que se tornou um novo parâmetro da ideologia anticolonial: o líder neocolonial de hoje não é a Europa, mas os Estados Unidos. Como o teórico palestino Edward Said — ele foi um dos professores de Obama na Universidade de Columbia — escreveu sobre cultura e imperialismo, “os Estados Unidos substituiram os grandes impérios e são a força dominante”.

Da perspectiva anticolonial, o imperialismo americano está no ataque. Por um tempo, o poder dos Estados Unidos estava em cheque diante da União Soviética, mas desde o fim da guerra fria os Estados Unidos são o único superpoder. Além disso, o 11 de setembro forneceu a ocasião para que os Estados Unidos invadissem e ocupassem dois países, o Irã e o Afeganistão, além de buscar o mesmo domínio político que os impérios francês e britânico tiveram um dia. Na visão anticolonial, os Estados Unidos são o elefante que subjuga e pisa sobre os povos do mundo.

Pode parecer incrível sugerir que a ideologia anticolonial de Barack Obama pai é a mesma do filho, o presidente dos Estados Unidos. É o que estou dizendo. Desde os primeiros anos de vida e nos anos formativos, Obama aprendeu a ver os Estados Unidos como uma força da dominação e destruição global. Ele passou a ver os militares americanos como instrumento de ocupação neocolonial. Ele adotou as posições do pai de que o capitalismo e os mercados livres são palavras-código para a pilhagem econômica. Obama cresceu para entender os ricos como uma classe opressiva, uma espécie de poder neocolonial dentro dos Estados Unidos. Em sua visão de mundo, o lucro é uma medida de quanto eficaz você foi furtando o resto da sociedade e o poder dos Estados Unidos no mundo é a medida de quanto o país consome dos recursos do globo e como ameaça domina o resto do planeta.

Para Obama, as soluções são simples. Ele precisa trabalhar para acabar com o neocolonialismo nos Estados Unidos e no Ocidente. E aqui é onde nosso entendimento do anticolonialismo de Obama realmente decola, porque fornece uma chave vital para explicar não só suas principais ações políticas mas também os pequenos detalhes, de forma que nenhuma outra teoria consegue.

Por que apoiar a exploração de petróleo na costa do Brasil e não nos Estados Unidos? Obama acredita que o Ocidente usa uma fatia desproporcional dos recursos de energia do mundo, então ele quer que os Estados Unidos neocoloniais tenham menos e os países que foram colonizados tenham mais. Mais amplamente, sua proposta de impostos sobre o carbono tem pouco a ver com o fato do planeta se tornar mais frio ou quente; é mais uma forma de penalizar e, assim reduzir, o consumo de carbono dos Estados Unidos. Tanto quando era senador como agora, em seu discurso como presidente nas Nações Unidas, Obama propôs que o Ocidente subsidie maciçamente a produção de energia em países em desenvolvimento.

Rejeitando a fórmula socialista, Obama não demonstrou a intenção de nacionalizar os bancos de investimento ou o setor de saúde. Em vez disso, ele procura descolonizar essas instituições e isso significa colocá-las sob coleira governamental. É por isso que Obama retém o direito de se negar a receber os pagamentos dos bancos — para manter controle sobre eles. Para Obama, as companhias de seguro de saúde são golpistas opressivas, mas assim que elas se submeteram ao controle federal ele ficou feliz em fazer negócios com elas. Ele até prometeu expandir os negócios como resultado de uma lei que força todo americano a comprar apólices de seguro.

Se Obama é parte da mesma cruzada anticolonial de seu pai, isso explicaria porque ele quer que pessoas que já pagam perto de 50% de sua renda em impostos paguem ainda mais. O anticolonialista acredita que desde que os ricos prosperaram às custas dos outros, a riqueza deles na verdade não pertence a eles; desta forma o que quer que for extraído deles é automaticamente justo. Relembrem o que Obama pai disse em seu artigo de 1965: não há impostos muito altos, e mesmo uma taxa de 100% é justificada sob certas circunstâncias.

Obama apoia a mesquita no Marco Zero porque para ele o 11 de Setembro é um evento que libertou o monstro americano e nos levou ao Iraque e ao Afeganistão. Ele vê alguns dos muçulmanos que estão lutando contra os Estados Unidos como resistentes ao imperialismo americano. Certamente foi assim que o terrorista de Lockerbie Abel Baset al-Megrahi se via em seu julgamento. A percepção de Obama de Megrahi como um integrante da resistência anticolonial explicaria porque ele deu apoio tácito para que o assassino de centenas de americanos fosse libertado da prisão.

Finalmente, a NASA. Nenhuma explicação que não o anticolonialismo faz sentido para o curioso “mandato” que Obama deu para converter a agência espacial numa agência para relacionamento com os muçulmanos e o mundo. Podemos ver como nossa teoria está certa relembrando o pouso da Apollo 11 em 1969. “Um pequeno passo para o homem”, Neil Armstrong disse. “Um salto gigantesco para a Humanidade”.

Mas não foi o que o resto do mundo viu. Eu tinha 8 anos de idade então e vivia em minha Índia nativa. Eu relembro meu avô dizendo sobre a grande disputa entre os Estados Unidos e a Russia para colocar um homem na lua. Claramente, os Estados Unidos tinham vencido, e se tratou de um salto gigantesco não para a Humanidade, mas para os Estados Unidos. Se Obama tem essa mesma visão, não é de estranhar que ele queira detonar o programa espacial, tirando dele o papel de símbolo da grandeza dos Estados Unidos para transformá-lo em programa mais modesto de relações públicas.

Claramente a ideologia anticolonial de Barack Obama pai ajuda a explicar as ações e as políticas de seu filho no salão oval. E podemos ter dupla certeza da influência de seu pai porque aqueles que conhecem Obama bem testemunham sobre isso. Sua avó Sarah Obama (não é avó real mas uma das outras esposas do pai) disse à Nesweek, “eu olho para ele e vejo as mesmas coisas — ele tem tudo do pai. O filho está fazendo tudo o que o pai queria. Os sonhos do pais ainda estão vivos no filho”.

Em seus próprios escritos Obama enfatiza a centralidade de seu pai não apenas em suas crenças e valores mas em sua própria identidade. Ele chama o seu livro “o registro de uma jornada pessoal, interior — a busca de um filho pelo pai e através daquela busca um sentido para sua vida como um negro americano”. E, de novo, “foi na imagem do meu pai, um homem negro, filho da África, que eu carreguei todos os atributos que buscava para mim”. Embora o pai tenha ficado ausente virtualmente por toda a sua vida, Obama escreve, “a voz de meu pai ainda assim permaneceu límpida, inspiradora, dando ou segurando a aprovação. Você não trabalha suficientemente duro, Barry. Você precisa ajudar na luta de seu povo. Acorde, homem negro!”.

O climax da narrativa de Obama é quando ele vai para o Quênia e chora no túmulo do pai. É arrebatador: “Quando minhas lágrimas finalmente estavam gastas”, ele escreveu, “eu senti a calma sobre mim. Senti que o círculo tinha se fechado. Eu me dei conta que, quem eu era, as coisas que me preocupavam não eram mais uma questão de intelecto ou de obrigação, não mais uma construção de palavras. Vi minha vida nos Estados Unidos — a vida negra, a vida branca, o sentimento de abandono que senti quando criança, a frustração e a esperança que eu tinha testemunhado em Chicago — tudo isso estava conectado a este pequeno pedaço de terra, a um oceano de distância, conectado por mais que acidente de um nome ou cor de minha pele. A dor que senti era a dor de meu pai”.

Numa conclusão arrepiante, Obama escreve que “eu sentei no túmulo de meu pai e falei com ele através do solo vermelho africano”. Em certo sentido, através da terra em si, ele faz comunhão com o pai e recebe o espírito do pai. Obama adota a luta do pai, não pela recuperação do corpo, mas abraçando sua causa. Ele decide que, onde Obama pai fracassou, será bem sucedido. O ódio de Obama pai pelo sistema colonial se torna o ódio de Obama Jr.; as tentativas fracassadas do pai de endireitar o mundo definem o objetivo do filho. Através de um rito sacramental na tumba da família, a luta do pai se torna a marca de nascença do filho.

O colonialismo hoje é uma questão morta. Ninguém se preocupa com ele a não ser o homem na Casa Branca. Ele é o último anticolonialista. Economias de mercados emergentes como a China, Índia, Chile e Indonésia resolveram o problema do atraso; eles estão explorando a vantagem competitiva no trabalho e crescem muito mais rapidamente que os Estados Unidos. Se os Estados Unidos pretendem ficar no topo, precisamos competir num ambiente cada vez mais duro.

Mas em vez de nos preparar para o desafio, nosso presidente está preso na máquina de tempo do pai. Incrivelmente, os Estados Unidos estão sendo governados de acordo com os sonhos de um homem da tribo Luo dos anos 50. Este socialista africano, bêbado e promíscuo, que odiava o mundo por negar a realização de seus sonhos anticoloniais, agora define a agenda da Nação através da reencarnação de seus sonhos em seu filho. O filho faz acontecer, mas ele admite que está apenas vivendo os sonhos do pais. O pai invisível fornece inspiração e o filho diligentemente faz o trbalho. Os Estados Unidos hoje são governados por um fantasma.

Dinesh D’Souza, the president of the King’s College in New York City, is the author of the forthcoming book The Roots of Obama’s Rage (Regnery Publishing).

http://www.viomundo.com.br/voce-escreve ... igamo.html
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Re: Imprensa vendida

#253 Mensagem por prp » Dom Set 26, 2010 11:19 pm

PIG Yanque.
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Re: Imprensa vendida

#254 Mensagem por Enlil » Dom Set 26, 2010 11:42 pm

Party Press coup U.S. :!:

É assim q se diz Cupincha?

:roll: 8-]...
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Re: Imprensa vendida

#255 Mensagem por Bolovo » Dom Set 26, 2010 11:51 pm

Caramba. Lá os caras são bem piores com o Obama do que o pessoal aqui é com o Lula...
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
Trancado