Estratégia Nacional de Defesa
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Até a aprovação final da END a principal ferramenta brasileira para conter crises estava nas mãos do MRE/Itamaraty, a partir do dia 10 próximo os argumentos da diplomacia contará com o forte "apoio" da Defesa (leia-se MD e as FFAA). Ponto para os ministros NJ e MU que conseguiram levar mais poder (expressivo) para a pasta de Defesa. Então o chororô é sintomático, os resmungos significam perda de poder (expressivo).
SEm duvida .... fico preocupado quem irá substitui-los no proximo governo
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Olá Fred,Fred escreveu:Orestes vc acredita que poderemos no futuro ter nossas Nukes?
não acredito, pelo menos a médio e longo prazo, mas é impossível dizer sobre longuíssimo prazo. É importante que se diga que fazer uma nuke não é complicado, o difícil é ter o urânio (ou plutônio) enriquecido (mais de 90%). Hoje enriquecemos urânio, mas com "concentração" baixa (5-10%), mas o processo para se chegar a 90% ou mais é o mesmo. Em suma, temos condições de fazer nukes, mas não acho uma boa idéia, seria um desastre político-diplomático para um país como o Brasil. Tem anos e anos que o Brasil não entra em uma guerra convencional, então não me parece razoável ter nukes sabendo que não iríamos usá-las. Por que não usá-las? Porque não temos uma ameaça concreta que se justifique o uso delas. Assim penso.
Abração,
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
E em segundo lugar, não temos um míssil capaz de lançar a ogiva nuclear ou mesmo um avião especializado.orestespf escreveu:Olá Fred,Fred escreveu:Orestes vc acredita que poderemos no futuro ter nossas Nukes?
não acredito, pelo menos a médio e longo prazo, mas é impossível dizer sobre longuíssimo prazo. É importante que se diga que fazer uma nuke não é complicado, o difícil é ter o urânio (ou plutônio) enriquecido (mais de 90%). Hoje enriquecemos urânio, mas com "concentração" baixa (5-10%), mas o processo para se chegar a 90% ou mais é o mesmo. Em suma, temos condições de fazer nukes, mas não acho uma boa idéia, seria um desastre político-diplomático para um país como o Brasil. Tem anos e anos que o Brasil não entra em uma guerra convencional, então não me parece razoável ter nukes sabendo que não iríamos usá-las. Por que não usá-las? Porque não temos uma ameaça concreta que se justifique o uso delas. Assim penso.
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Logo, iríamos "ter por ter" a bomba nuclear sem poder usá-la.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
e em terceiro lugar, já ha bombas com o mesmo ou pior efeito, que se pode ter sem ouvir outros paises enchendo a sacola.Brasileiro escreveu:E em segundo lugar, não temos um míssil capaz de lançar a ogiva nuclear ou mesmo um avião especializado.orestespf escreveu: Olá Fred,
não acredito, pelo menos a médio e longo prazo, mas é impossível dizer sobre longuíssimo prazo. É importante que se diga que fazer uma nuke não é complicado, o difícil é ter o urânio (ou plutônio) enriquecido (mais de 90%). Hoje enriquecemos urânio, mas com "concentração" baixa (5-10%), mas o processo para se chegar a 90% ou mais é o mesmo. Em suma, temos condições de fazer nukes, mas não acho uma boa idéia, seria um desastre político-diplomático para um país como o Brasil. Tem anos e anos que o Brasil não entra em uma guerra convencional, então não me parece razoável ter nukes sabendo que não iríamos usá-las. Por que não usá-las? Porque não temos uma ameaça concreta que se justifique o uso delas. Assim penso.
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Logo, iríamos "ter por ter" a bomba nuclear sem poder usá-la.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Alguém poderia dar uma luz?desenvolver e dominar a tecnologia nuclear", para garantir a versatilidade de sua matriz narcótica
"Com base nas hipóteses de emprego, serão elaborados e utilizados os planos estratégicos e pracinhas pertinentes".
Os diplomatas não se conformaram com a possibilidade de, em caso de necessidade, imobilização e resguardo dos interesses nacionais,
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"A disciplina militar prestante não se aprende senhor, sonhando e na fantasia, mas labutando e pelejando." (CAMÕES)
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Granada de Mão Nuclear.Brasileiro escreveu:E em segundo lugar, não temos um míssil capaz de lançar a ogiva nuclear ou mesmo um avião especializado.
Logo, iríamos "ter por ter" a bomba nuclear sem poder usá-la.
abraços]
"Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu."
Darcy Ribeiro (1922 - 1997)
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
narcóticoademir escreveu:Desculpem a minha ignorancia, mas o que é essa matriz narcotica?O plano, obtido pelo Estado, diz que o Brasil tem direito de "manter abertas as vias de acesso ao desenvolvimento de suas tecnologias de energia nuclear". Ressalva, porém, que o País "tem compromisso de seu uso estritamente pacífico". O texto destaca, no entanto, "a necessidade estratégica de desenvolver e dominar a tecnologia nuclear", para garantir a versatilidade de sua matriz narcótica, além de avançar em outras iniciativas que exigem independência de composição na matéria, como o projeto do submarino de propulsão nuclear. O documento será tornado público na tarde do dia 18, em cerimônia no Palácio do Planalto.
nar.có.ti.co
adj (gr narkotikós) 1 Que produz narcose. 2 Que entorpece ou faz adormecer. 3 V narcotínico. sm 1 Substância que entorpece o cérebro ou lhe paralisa as funções; entorpecente, hipnótico. 2 Coisa ou pessoa enfadonha, que causa sono.
By Michaelis. Escolha sua interpretação. Brasil, país adormecido?!

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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Já interpretei: este "jornalista" estava chapado.jauro escreveu:Alguém poderia dar uma luz?desenvolver e dominar a tecnologia nuclear", para garantir a versatilidade de sua matriz narcótica
"Com base nas hipóteses de emprego, serão elaborados e utilizados os planos estratégicos e pracinhas pertinentes".
Os diplomatas não se conformaram com a possibilidade de, em caso de necessidade, imobilização e resguardo dos interesses nacionais,![]()
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Barão do Rio Branco
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Concordo com você, te fiz esta pergunta pois a mundança de postura do Brasil em relação a defesa nesses ultimos anos, chega a ser interressante, pois um país que nem colova este assunto em palta nas discussões nacionais. Mas essa mudança de postura já vem desde o lançamendo do PNID.Olá Fred,
não acredito, pelo menos a médio e longo prazo, mas é impossível dizer sobre longuíssimo prazo. É importante que se diga que fazer uma nuke não é complicado, o difícil é ter o urânio (ou plutônio) enriquecido (mais de 90%). Hoje enriquecemos urânio, mas com "concentração" baixa (5-10%), mas o processo para se chegar a 90% ou mais é o mesmo. Em suma, temos condições de fazer nukes, mas não acho uma boa idéia, seria um desastre político-diplomático para um país como o Brasil. Tem anos e anos que o Brasil não entra em uma guerra convencional, então não me parece razoável ter nukes sabendo que não iríamos usá-las. Por que não usá-las? Porque não temos uma ameaça concreta que se justifique o uso delas. Assim penso.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Fred escreveu:Concordo com você, te fiz esta pergunta pois a mundança de postura do Brasil em relação a defesa nesses ultimos anos, chega a ser interressante, pois um país que nem colova este assunto em palta nas discussões nacionais. Mas essa mudança de postura já vem desde o lançamendo do PNID.Olá Fred,
não acredito, pelo menos a médio e longo prazo, mas é impossível dizer sobre longuíssimo prazo. É importante que se diga que fazer uma nuke não é complicado, o difícil é ter o urânio (ou plutônio) enriquecido (mais de 90%). Hoje enriquecemos urânio, mas com "concentração" baixa (5-10%), mas o processo para se chegar a 90% ou mais é o mesmo. Em suma, temos condições de fazer nukes, mas não acho uma boa idéia, seria um desastre político-diplomático para um país como o Brasil. Tem anos e anos que o Brasil não entra em uma guerra convencional, então não me parece razoável ter nukes sabendo que não iríamos usá-las. Por que não usá-las? Porque não temos uma ameaça concreta que se justifique o uso delas. Assim penso.
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Olá Frederico,
desculpe-me, não consegui compreender quando disse que estas mudanças vêm desde a PNID (Política Nacional para a Indústria de Defesa). A PNID é um péssimo documento, extremamente limitado (como a PND - Política Nacional de Defesa), que apresenta apenas diretrizes políticas e nenhuma ação concreta e pragmática.
Tá certo, se é "Política" tem que ser assim mesmo, nada de pragmatismo, porém as mudanças propriamente ditas só acontecem, digamos assim, quando documentos contemplam ações de fato (é o caso da END e da nova PND). As ações previstas na END (e nos "ajustes" na PND) permitirão que continuem independentemente de governos e políticos, isso é mudança real e concreta.
Honestamente, só estou vendo mudanças nas ações, condutas e posturas governamentais neste ano de 2008, nadinha de nada antes disso (veja que isso não é uma defesa a este governo, pois já tem um tempo que ocupa o Poder e só agora aparem traços de mudanças (no sentido que falamos).
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Olhem como a imprensa reage, sem o mínimo conhecimento, com os "jornalistas" que temos.
Do JB:
Do JB:
Opinião
Guerra Centro
Só temos a lamentar o interesse brasileiro pela indústria bélica. Quando deveríamos cooperar com a paz mundial, regredimos como uns imbecis na ânsia ensandecida da lucratividade. Deveríamos empregar nossa capacidade na pesquisa científica útil para a humanidade, para o bem-estar e melhores condições de vida de todos os povos.
Até poucos anos atrás, ruas do Centro como 7 de Setembro, Ouvidor e Rosário eram vias exclusivas de pedestres. A administração Cesar Maia as abriu para o tráfego, e agora existem inclusive pontos de van por ali. Como não há sinais de trânsito, temos de redobrar o cuidado.
Sete Dias - General da selva agora vende foguete
Augusto Nunes
Há um ano, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, invadiu a Amazônia com uma farda de general da selva no lugar do terno cinza. A seguir, colocou em fuga uma tropa de sagüis, foi fotografado com a sucuri de quartel reduzida a prisioneira de guerra, declarou-se vitorioso e voltou a Brasília. Esse é outro que não perde chance de ser ridículo, sorriu o país.
Seis meses depois, escoltado pelo ordenança Mangabeira, Jobim baixou em Paris fantasiado de almirante, embarcou num submarino, voltou à terra para deslocar-se até Moscou, fez cara de freguês exigente ao passar em revista a frota de submarinos russos e disse aos anfitriões ansiosos que precisava pensar melhor no negócio.
Sempre condescendentes, os brasileiros incluíram Jobim na categoria dos inimputáveis, ao lado dos loucos mansos e doidos de pedra, e esqueceram a figura. Má idéia: livre de atenções, o homem acaba de vender 300 mísseis ao Paquistão, divorciado desde a infância da vizinha Índia e em permanente noivado com terroristas. Há pouco, o Brasil se recusou a assinar o tratado que proíbe a fabricação de bombas de fragmentação. O negócio que Jobim fechou sugere que aversão à guerra e amor à paz são conversa fiada. Não são, adverte o Brasil sensato. Não são coisas a vender, seja qual for a oferta.
O governo Lula tem malucos demais. Pode dispensar-se de um louco agora perigoso.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Nas Entrelinhas - Cabeças-cortadas
Só agora, com o ministro Nelson Jobim e o atual Alto Comando, surge uma nova Política de Defesa, cujo eixo é a efetiva proteção da Amazônia e da plataforma continental
Luiz Carlos Azedo
A questão militar no Brasil ainda é um assunto aberto, embora esteja submerso num mar de idéias fora de lugar, preconceitos e ressentimentos. O noticiário sobre os 40 anos do Ato Institucional nº 5 não deixa margem a dúvidas. A sociedade ainda cobra o esclarecimento dos fatos do passado. A antiga oposição ao regime militar mantém abertas as chagas das torturas. Os militares preferem o silêncio sobre o assunto. Mas o passado ressurge quando menos se espera, como aconteceu no depoimento macabro do tenente Vargas sobre a execução e esquartejamento de guerrilheiros do Araguaia.
Cortar cabeças e esquartejar adversários no Brasil foi uma prática corrente nos conflitos. São inúmeros os exemplos, a começar pelo massacre dos paulistas por portugueses e baianos no Capão da Traição, nas proximidades de Tiradentes. O próprio alferes Joaquim José da Silva Xavier, nosso mártir da Independência, foi enforcado e esquartejado. Muitas cabeças rolaram na Balaiada (MA) e na Cabanagem (PA). Ninguém sabe direito o que aconteceu a Solano Lopes e seus últimos combatentes em Cerro Corá. A ira do Conde D`Eu foi implacável. Em Canudos, o coronel Moreira Cesar, herói da guerra do Paraguai, foi esquartejado pelos jagunços e seus pedaços pendurados nos galhos. Euclides da Cunha relata no Os Sertões o destino dado a Antônio Conselheiro e aos que o acompanharam até a liquidação do arraial baiano. “Ao entardecer, quando caíram os últimos defensores, que todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
A obra euclidiana teve tamanho impacto no Exército que virou o livro de cabeceira dos tenentes, a começar pelo capitão Luiz Carlos Prestes, cuja coluna atravessou os sertões do país por 25 mil quilômetros, até se internar na Bolívia. Para confundir as tropas legais, Siqueira Campos deu cobertura à retirada e percorreu 9 mil quilômetros a uma velocidade de 20 léguas por dia. Até então, a jovem oficialidade se rebelava contra iniqüidade social, as fraudes eleitorais e o despreparo das Forças armadas, movimento que resultou na Revolução de 30. Mas veio o levante comunista de 1935, liderado por Prestes, com a participação de dirigentes estrangeiros da III Internacional, e tudo mudou. A doutrina de segurança nacional passou a considerar os comunistas como “inimigos internos”. A experiência de formação do Exército brasileiro, desde o Império, com seu séquito de cabeças-cortadas, corroborava a doutrina.
A potência
Com a deposição de João Goulart, em 1964, os militares assumiram o poder com o propósito de transformar o Brasil na maior potência da América do Sul. Nacionalistas e entreguistas superaram suas divergências, com a linha dura militar batendo para valer na oposição, em todos os sentidos. A Escola Superior de Guerra, inspirada na guerra da Argélia, desenvolveu a doutrina da “guerra psicológica, subversiva, adversa e permanente” para legitimar como “combate ao terrorismo” a brutal repressão à oposição ao regime. A tese se encaixou como uma luva por causa dos focos guerrilheiros no Caparaó (RJ), no Vale da Ribeira (SP) e no Araguaia (PA), além das ações de guerrilha urbana (seqüestros de diplomatas, assaltos a banco e ataques a sentinelas).
Apesar da liquidação da luta armada, a doutrina da ESG só foi para o espaço com a Guerra das Malvinas, já em plena abertura do governo Figueiredo. O Exército argentino entrou em combate contra a Inglaterra, no Atlântico Sul. Os Estados Unidos mandaram às favas a “Doutrina Monroe” e deram apoio logístico aos ingleses. O Brasil assistiu de camarote, mas caiu a ficha de que o país não tinha uma política de defesa nacional de verdade. O que havia era apenas a repressão à oposição, antipatia aos argentinos e cooperação militar com os Estados Unidos. Com a democratização, os militares ficaram mesmo sem rumo.
Só agora, com o ministro Nelson Jobim e o atual Alto Comando, se consolida uma nova Política de Defesa, cujo eixo é a efetiva proteção da Amazônia e da plataforma continental. Isso implica gastos com o reaparelhamento das Forças armadas e o reposicionamento de seus efetivos para construir certo poder de dissuasão em relação aos vizinhos e às potências do planeta. Por que são necessários? Por causa da presença das Forças armadas Revolucionárias da Colômbia — FARC — na nossa fronteira com a Colômbia, da reativação da 4ª Frota da Marinha dos EUA no Atlântico Sul, dos crescentes problemas com o Paraguai (brasiguaios e Itapu), Bolívia (fornecimento de gás natural) e Equador (expulsão de empresas e calote de dívidas), além da agressiva militarização do regime de Chávez na Venezuela, com apoio de Cuba e da Rússia. Isso só interessa aos militares? Não, quem vai pagar a conta é a sociedade.
Só agora, com o ministro Nelson Jobim e o atual Alto Comando, surge uma nova Política de Defesa, cujo eixo é a efetiva proteção da Amazônia e da plataforma continental
Luiz Carlos Azedo
A questão militar no Brasil ainda é um assunto aberto, embora esteja submerso num mar de idéias fora de lugar, preconceitos e ressentimentos. O noticiário sobre os 40 anos do Ato Institucional nº 5 não deixa margem a dúvidas. A sociedade ainda cobra o esclarecimento dos fatos do passado. A antiga oposição ao regime militar mantém abertas as chagas das torturas. Os militares preferem o silêncio sobre o assunto. Mas o passado ressurge quando menos se espera, como aconteceu no depoimento macabro do tenente Vargas sobre a execução e esquartejamento de guerrilheiros do Araguaia.
Cortar cabeças e esquartejar adversários no Brasil foi uma prática corrente nos conflitos. São inúmeros os exemplos, a começar pelo massacre dos paulistas por portugueses e baianos no Capão da Traição, nas proximidades de Tiradentes. O próprio alferes Joaquim José da Silva Xavier, nosso mártir da Independência, foi enforcado e esquartejado. Muitas cabeças rolaram na Balaiada (MA) e na Cabanagem (PA). Ninguém sabe direito o que aconteceu a Solano Lopes e seus últimos combatentes em Cerro Corá. A ira do Conde D`Eu foi implacável. Em Canudos, o coronel Moreira Cesar, herói da guerra do Paraguai, foi esquartejado pelos jagunços e seus pedaços pendurados nos galhos. Euclides da Cunha relata no Os Sertões o destino dado a Antônio Conselheiro e aos que o acompanharam até a liquidação do arraial baiano. “Ao entardecer, quando caíram os últimos defensores, que todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”
A obra euclidiana teve tamanho impacto no Exército que virou o livro de cabeceira dos tenentes, a começar pelo capitão Luiz Carlos Prestes, cuja coluna atravessou os sertões do país por 25 mil quilômetros, até se internar na Bolívia. Para confundir as tropas legais, Siqueira Campos deu cobertura à retirada e percorreu 9 mil quilômetros a uma velocidade de 20 léguas por dia. Até então, a jovem oficialidade se rebelava contra iniqüidade social, as fraudes eleitorais e o despreparo das Forças armadas, movimento que resultou na Revolução de 30. Mas veio o levante comunista de 1935, liderado por Prestes, com a participação de dirigentes estrangeiros da III Internacional, e tudo mudou. A doutrina de segurança nacional passou a considerar os comunistas como “inimigos internos”. A experiência de formação do Exército brasileiro, desde o Império, com seu séquito de cabeças-cortadas, corroborava a doutrina.
A potência
Com a deposição de João Goulart, em 1964, os militares assumiram o poder com o propósito de transformar o Brasil na maior potência da América do Sul. Nacionalistas e entreguistas superaram suas divergências, com a linha dura militar batendo para valer na oposição, em todos os sentidos. A Escola Superior de Guerra, inspirada na guerra da Argélia, desenvolveu a doutrina da “guerra psicológica, subversiva, adversa e permanente” para legitimar como “combate ao terrorismo” a brutal repressão à oposição ao regime. A tese se encaixou como uma luva por causa dos focos guerrilheiros no Caparaó (RJ), no Vale da Ribeira (SP) e no Araguaia (PA), além das ações de guerrilha urbana (seqüestros de diplomatas, assaltos a banco e ataques a sentinelas).
Apesar da liquidação da luta armada, a doutrina da ESG só foi para o espaço com a Guerra das Malvinas, já em plena abertura do governo Figueiredo. O Exército argentino entrou em combate contra a Inglaterra, no Atlântico Sul. Os Estados Unidos mandaram às favas a “Doutrina Monroe” e deram apoio logístico aos ingleses. O Brasil assistiu de camarote, mas caiu a ficha de que o país não tinha uma política de defesa nacional de verdade. O que havia era apenas a repressão à oposição, antipatia aos argentinos e cooperação militar com os Estados Unidos. Com a democratização, os militares ficaram mesmo sem rumo.
Só agora, com o ministro Nelson Jobim e o atual Alto Comando, se consolida uma nova Política de Defesa, cujo eixo é a efetiva proteção da Amazônia e da plataforma continental. Isso implica gastos com o reaparelhamento das Forças armadas e o reposicionamento de seus efetivos para construir certo poder de dissuasão em relação aos vizinhos e às potências do planeta. Por que são necessários? Por causa da presença das Forças armadas Revolucionárias da Colômbia — FARC — na nossa fronteira com a Colômbia, da reativação da 4ª Frota da Marinha dos EUA no Atlântico Sul, dos crescentes problemas com o Paraguai (brasiguaios e Itapu), Bolívia (fornecimento de gás natural) e Equador (expulsão de empresas e calote de dívidas), além da agressiva militarização do regime de Chávez na Venezuela, com apoio de Cuba e da Rússia. Isso só interessa aos militares? Não, quem vai pagar a conta é a sociedade.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
Folha de São Paulo Saiba mais
Plano para defesa ainda não tem verba
Na última quinta-feira, o ministro Nelson Jobim apresentou ao presidente Lula a Estratégia Nacional de Defesa. O documento, antecipado pela Folha, traça as diretrizes de ações para suprir as debilidades do sistema de defesa brasileiro, que necessita de recursos.
Uma das propostas era que o orçamento do Ministério da Defesa passasse a ser um percentual fixo do PIB (Produto Interno Bruto), o que não vingou.
Os militares se queixam de não haver alocação continuada de verba para aparelhar as Forças Armadas. Sem contar a forte demanda por recursos para a construção de um submarino nuclear e a reativação da indústria bélica, como prevê a Estratégia Nacional de Defesa.
Plano para defesa ainda não tem verba
Na última quinta-feira, o ministro Nelson Jobim apresentou ao presidente Lula a Estratégia Nacional de Defesa. O documento, antecipado pela Folha, traça as diretrizes de ações para suprir as debilidades do sistema de defesa brasileiro, que necessita de recursos.
Uma das propostas era que o orçamento do Ministério da Defesa passasse a ser um percentual fixo do PIB (Produto Interno Bruto), o que não vingou.
Os militares se queixam de não haver alocação continuada de verba para aparelhar as Forças Armadas. Sem contar a forte demanda por recursos para a construção de um submarino nuclear e a reativação da indústria bélica, como prevê a Estratégia Nacional de Defesa.
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Re: Estratégia Nacional de Defesa
O que não falta neste mundo são os loucos de fato, aqueles que têm o hábito de chamar de louco ou maluco os normais que não se encaixam em seus pensamentos dementes. Sim, os loucos afirmam (imprudentemente) os "normais" de malucos, acreditam que estejam certos.Marino escreveu:Olhem como a imprensa reage, sem o mínimo conhecimento, com os "jornalistas" que temos.
Do JB:
Opinião
Guerra Centro
Só temos a lamentar o interesse brasileiro pela indústria bélica. Quando deveríamos cooperar com a paz mundial, regredimos como uns imbecis na ânsia ensandecida da lucratividade. Deveríamos empregar nossa capacidade na pesquisa científica útil para a humanidade, para o bem-estar e melhores condições de vida de todos os povos.
Até poucos anos atrás, ruas do Centro como 7 de Setembro, Ouvidor e Rosário eram vias exclusivas de pedestres. A administração Cesar Maia as abriu para o tráfego, e agora existem inclusive pontos de van por ali. Como não há sinais de trânsito, temos de redobrar o cuidado.Sete Dias - General da selva agora vende foguete
Augusto Nunes
Há um ano, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, invadiu a Amazônia com uma farda de general da selva no lugar do terno cinza. A seguir, colocou em fuga uma tropa de sagüis, foi fotografado com a sucuri de quartel reduzida a prisioneira de guerra, declarou-se vitorioso e voltou a Brasília. Esse é outro que não perde chance de ser ridículo, sorriu o país.
Seis meses depois, escoltado pelo ordenança Mangabeira, Jobim baixou em Paris fantasiado de almirante, embarcou num submarino, voltou à terra para deslocar-se até Moscou, fez cara de freguês exigente ao passar em revista a frota de submarinos russos e disse aos anfitriões ansiosos que precisava pensar melhor no negócio.
Sempre condescendentes, os brasileiros incluíram Jobim na categoria dos inimputáveis, ao lado dos loucos mansos e doidos de pedra, e esqueceram a figura. Má idéia: livre de atenções, o homem acaba de vender 300 mísseis ao Paquistão, divorciado desde a infância da vizinha Índia e em permanente noivado com terroristas. Há pouco, o Brasil se recusou a assinar o tratado que proíbe a fabricação de bombas de fragmentação. O negócio que Jobim fechou sugere que aversão à guerra e amor à paz são conversa fiada. Não são, adverte o Brasil sensato. Não são coisas a vender, seja qual for a oferta.
O governo Lula tem malucos demais. Pode dispensar-se de um louco agora perigoso.
Vejam a irresponsabilidade deste cidadão, tacha o governo de maluco, acusa um ministro de Estado de louco e complementa dizendo que o mesmo é perigoso. Este cara deve ser internado o quanto antes, não pode ser séria uma pessoa assim, os sintomas estão aí as olhos nus.
Outra características dos dementes é a insensatez e o exagero, não tem um lugar na mídia que se noticiou a venda de 300 mísseis ao Paquistão, mas a figura optou por multiplicar por 3. Vejam bem, não se trata de política contrária ao Governo, trata-se de loucura de cunho pessoal, arraigada pelas crendices existentes em seu mundo lunático.
Aí fica a dúvida: quem é o louco de fato, o ministro, o autor ou quem publicou a matéria?
Sds,
Orestes