A Questão Indigena
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Re: A Questão Indigena
a coisa ta ficando feia
Cabeça dos outros é terra que ninguem anda... terras ermas...
-
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Re: A Questão Indigena
Me dói ler esse tipo de notícia e ver a inação total do nosso governo. Não acontece nada! Nada! Um e outro discursinho bocó e nada mais.
- Edu Lopes
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Re: A Questão Indigena
Tem que botar essa tal de Survival pra fora do Brasil urgentemente.Índios da Raposa Serra do Sol vão à Europa buscar apoio
Objetivo é montar lobby internacional para defender seus interesses na reserva em Roraima
Jamil Chade, de O Estado de S.Paulo
GENEBRA - Índios da reserva Raposa Serra do Sol desembarcam na Europa para montar uma lobby internacional para defender seus interesses em Roraima. Auxiliados por ONGs estrangeiras, eles estarão com ministérios das Relações Exteriores, parlamentares e membros do executivo de seis diferentes países europeus.
A turnê passará por Portugal, Espanha, França, Bélgica, Itália e Reino Unido. A idéia é conseguir apoio externo para que o governo brasileiro seja pressionado a garantir a proteção da reserva. A iniciativa é mais uma frente de oposição contra a idéia do governo de garantir que os conflitos na Amazônia não ganhem uma dimensão internacional.
A missão de indígenas contará com dois representantes dos moradores da reserva. Um deles é Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima. A outra é a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierlangela Nascimento da Cunha, representante da tribo Wapixana.
Em Londres, os índios terão sua agenda organizada pela entidade Survival, ativa na defesa dos interesses indígenas na Europa, mas que não dá informações sobre quem teria pago pela viagem dos índios. "Os indígenas vão apelar para que os ajudem a salvar a Amazônia", afirma um comunicado da entidade. Entidades católicas da Grã-Bretanha também estariam envolvidas.
Segundo a Survival, a reserva está sendo atacada por fazendeiros que teriam ferido a tiros pelo menos dez pessoas, queimado pontos e até jogado uma bomba. Em Londres, a agenda inclui uma reunião com o Ministério das Relações Exteriores e com parlamentares em Westminster. "Essa é uma batalha crucial para os índios brasileiros e para a Amazônia. Se os fazendeiros e políticos conseguirem roubar a reserva Raposa Serra do Sol dos indígenas, isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos brasileiras. Não podemos deixar que isso ocorra", afirmou Stephen Corry, diretor da entidade.
Durante a passagem dos indígenas pela Europa, uma série de conferências de imprensa será organizada para pedir uma atenção da mídia estrangeira ao conflito. A idéia é tentar obter o apoio da opinião pública européia e reforçar ainda mais a pressão sobre Brasília.
Imaginário
Os ativistas ingleses prometem até mesmo usar da literatura para convencer a opinião pública a dar atenção ao caso. Segundo a Survival, dois dos principais escritores britânicos - Sir Arthur Conan Doyle e Evelyn Waugh - se inspiraram na região da reserva há décadas para escrever livros de sucesso como "Lost World" e "Handful of Dust".
As entidades que organizam a viagem dos indígenas não poupam críticas ao governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva. As críticas também são dirigidas ao governo estadual de Roraima, por "apoiar os fazendeiros".
Segundo a Survival, um estudo feito nos Estados Unidos e no Brasil apontou que a melhor forma de evitar o desmatamento é protegendo as terras indígenas.
Fonte: http://www.estadao.com.br/nacional/not_nac191106,0.htm
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Re: A Questão Indigena
Sendo o governo fraco como sabemos que é, vai funcionar. Espero que o STF não seja.
Vinicius Pimenta
Você é responsável pelo ambiente e a qualidade do fórum que participa. Faça sua parte.
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Re: A Questão Indigena
Enquanto isto, o governo brasileiro....
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Re: A Questão Indigena
Por que os jornalistas, que tanto prezam por ser a voz do povo algumas vezes, não fazem uma matéria cobrando uma posição enérgica do governo mula?
[ ]s
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Slavsya, Otechestvo nashe svobodnoye,
Druzhby narodov nadyozhny oplot,
Znamya sovetskoye, znamya narodnoye
Pust' ot pobedy k pobede vedyot!
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- Edu Lopes
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Re: A Questão Indigena
Índíos vão reclamar ao papa
Representante da ONU diz que povos indígenas têm de participar das decisões de governo
GENEBRA - Os grupos indígenas de Roraima querem apoio do Vaticano na definição de suas terras na reserva Raposa Serra do Sol. Ontem, dois representantes de tribos da região iniciaram sua turnê pela Europa, que passará por seis países. "Estamos em uma missão diplomática. Queremos que o papa Bento XVI conheça nossa situação e possa nos dar apoio", afirmou a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierangela Nascimento da Cunha, representante da tribo wapixana.
O grupo, ajudado por entidades internacionais, fez um pedido de audiência ao Vaticano para poder encontrar o Papa ainda neste mês. "Gostaríamos que ele entendesse o que estamos passando", afirmou a representante dos wapixana. O Vaticano ainda não deu uma resposta, mas o objetivo do grupo é de que pelo menos a Santa Sé seja informada do que está ocorrendo no Norte do Brasil por meio de documentos que estão levando.
"O importante é que nossa terra não seja reduzida (demarcação em ilhas, como querem os arrozeiros da região). Isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos no Brasil. Isso é o que queremos que o Vaticano saiba. Não queremos que outros falem por nós. Queremos ser ouvidos e pedir o envolvimento do Papa", afirmou. Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e representante indígena makuxi, conta que há mais de dez anos esteve com o Papa João Paulo II para explicar a situação.
"Naquela época, já era complicada. Hoje, continuamos lutando", disse. "Estamos fazendo essa viagem para solicitar aos cidadão, governos e juízes europeus que nos apóiem urgentemente em nossa petição ao Supremo Tribunal Federal, para que ratifique e faça cumprir o decreto de homologação de nossa terra, firmada em 2005, e que determine a retirada dos invasores", declarou Jacir.
Ontem, os líderes indígenas estiveram com a vice-presidência do governo espanhol; hoje, se reúnem com deputados e entregam uma petição de entidades como Cáritas, Entreculturas, Manos Unidas, Survival International e Uyamaa à embaixada do Brasil em Madri.
Em Londres, o grupo ainda espera ser recebido em um show pelo cantor Carlinhos Brown. Os indígenas irão também à Comissão Européia, em Bruxelas, e têm encontro marcado em Paris com Danielle Mitterrand, ex-primeira dama francesa.
Direitos Humanos
A alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Louise Arbour, alerta que os povos indígenas no Brasil precisam participar das decisões de Estado que os afetem. "Precisamos acabar com o padrão paternalista que sempre existiu no mundo", afirmou Arbour, a maior autoridade na hierarquia das Nações Unidas para temas de direitos humanos. A crise na reserva Raposa Serra do Sol está chamando a atenção dos organismos internacionais e de governos estrangeiros.
Na ONU, o tema também entrou na agenda e a entidade já enviou pedidos para que o governo explique a crise. "O conceito da autodeterminação não significa que cada povo indígena tem o direito de ter seu próprio país. Mas garante que cada um deles tenha voz nas decisões de Estado que os afeta", explicou Arbour, que esteve no ano passado no Brasil.
"Um dos problemas em todo o mundo é que sempre há alguém que decide o que é melhor para os grupos indígenas. Isso precisa acabar e os grupos precisam fazer parte de todas as decisões que os impacte", disse. "A chave para garantir o direito dos indígenas é assegurar o total envolvimento dos povos nas decisões que afetam seu futuro. Eles não podem apenas ser consultados. Precisam ter voz", concluiu Arbour.
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... cia=pais08
Representante da ONU diz que povos indígenas têm de participar das decisões de governo
GENEBRA - Os grupos indígenas de Roraima querem apoio do Vaticano na definição de suas terras na reserva Raposa Serra do Sol. Ontem, dois representantes de tribos da região iniciaram sua turnê pela Europa, que passará por seis países. "Estamos em uma missão diplomática. Queremos que o papa Bento XVI conheça nossa situação e possa nos dar apoio", afirmou a coordenadora da Organização de Professores Indígenas de Roraima, Pierangela Nascimento da Cunha, representante da tribo wapixana.
O grupo, ajudado por entidades internacionais, fez um pedido de audiência ao Vaticano para poder encontrar o Papa ainda neste mês. "Gostaríamos que ele entendesse o que estamos passando", afirmou a representante dos wapixana. O Vaticano ainda não deu uma resposta, mas o objetivo do grupo é de que pelo menos a Santa Sé seja informada do que está ocorrendo no Norte do Brasil por meio de documentos que estão levando.
"O importante é que nossa terra não seja reduzida (demarcação em ilhas, como querem os arrozeiros da região). Isso abriria um precedente perigoso para todas as tribos no Brasil. Isso é o que queremos que o Vaticano saiba. Não queremos que outros falem por nós. Queremos ser ouvidos e pedir o envolvimento do Papa", afirmou. Jacir José de Souza, fundador do Conselho Indígena de Roraima (CIR) e representante indígena makuxi, conta que há mais de dez anos esteve com o Papa João Paulo II para explicar a situação.
"Naquela época, já era complicada. Hoje, continuamos lutando", disse. "Estamos fazendo essa viagem para solicitar aos cidadão, governos e juízes europeus que nos apóiem urgentemente em nossa petição ao Supremo Tribunal Federal, para que ratifique e faça cumprir o decreto de homologação de nossa terra, firmada em 2005, e que determine a retirada dos invasores", declarou Jacir.
Ontem, os líderes indígenas estiveram com a vice-presidência do governo espanhol; hoje, se reúnem com deputados e entregam uma petição de entidades como Cáritas, Entreculturas, Manos Unidas, Survival International e Uyamaa à embaixada do Brasil em Madri.
Em Londres, o grupo ainda espera ser recebido em um show pelo cantor Carlinhos Brown. Os indígenas irão também à Comissão Européia, em Bruxelas, e têm encontro marcado em Paris com Danielle Mitterrand, ex-primeira dama francesa.
Direitos Humanos
A alta comissária da ONU para Direitos Humanos, Louise Arbour, alerta que os povos indígenas no Brasil precisam participar das decisões de Estado que os afetem. "Precisamos acabar com o padrão paternalista que sempre existiu no mundo", afirmou Arbour, a maior autoridade na hierarquia das Nações Unidas para temas de direitos humanos. A crise na reserva Raposa Serra do Sol está chamando a atenção dos organismos internacionais e de governos estrangeiros.
Na ONU, o tema também entrou na agenda e a entidade já enviou pedidos para que o governo explique a crise. "O conceito da autodeterminação não significa que cada povo indígena tem o direito de ter seu próprio país. Mas garante que cada um deles tenha voz nas decisões de Estado que os afeta", explicou Arbour, que esteve no ano passado no Brasil.
"Um dos problemas em todo o mundo é que sempre há alguém que decide o que é melhor para os grupos indígenas. Isso precisa acabar e os grupos precisam fazer parte de todas as decisões que os impacte", disse. "A chave para garantir o direito dos indígenas é assegurar o total envolvimento dos povos nas decisões que afetam seu futuro. Eles não podem apenas ser consultados. Precisam ter voz", concluiu Arbour.
Fonte: http://www.tribunadaimprensa.com.br/not ... cia=pais08
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Re: A Questão Indigena
E a coisa vai ficando feia....
¨Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão ¨- Eça de Queiroz
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Re: A Questão Indigena
Supostos índios tentam aplicar golpe no DF
Órgãos públicos como Funai e Defensoria Pública apóiam um golpe que se tenta aplicar contra o governo do Distrito Federal: 26 supostos índios (incluindo gente de cabelos louros e olhos azuis, falando francês), que dizem compor quatro tribos, ocupam ilegalmente a área do Noroeste, novo bairro de Brasília, e se recusam a sair dela. Afirmam que agora têm “laços culturais” com a área invadida há alguns anos. Pura vigarice.
Link: http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php
Abraços,
Wesley
Órgãos públicos como Funai e Defensoria Pública apóiam um golpe que se tenta aplicar contra o governo do Distrito Federal: 26 supostos índios (incluindo gente de cabelos louros e olhos azuis, falando francês), que dizem compor quatro tribos, ocupam ilegalmente a área do Noroeste, novo bairro de Brasília, e se recusam a sair dela. Afirmam que agora têm “laços culturais” com a área invadida há alguns anos. Pura vigarice.
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Abraços,
Wesley
"A medida que a complexidade aumenta, as declarações precisas perdem relevância e as declarações relevantes perdem precisão." Lofti Zadeh
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Re: A Questão Indigena
tô doido! tô muito doido! tenho que estar muito doido mesmo!
eu também quero um pedaço! eu também quero ser presidente!
Fui.
tomar meu gardenal.
Um abraço!
Fernando Augusto Terra
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Re: A Questão Indigena
Não... mas vamos criar uma lei especifica para cada grupo da nossa sociedade. vamos criar leis especificas para os indios, favelados, homossexuais, negros, descendentes de escravos, descendentes de japones, italianos, etc.FIGHTERCOM escreveu:Supostos índios tentam aplicar golpe no DF
Órgãos públicos como Funai e Defensoria Pública apóiam um golpe que se tenta aplicar contra o governo do Distrito Federal: 26 supostos índios (incluindo gente de cabelos louros e olhos azuis, falando francês), que dizem compor quatro tribos, ocupam ilegalmente a área do Noroeste, novo bairro de Brasília, e se recusam a sair dela. Afirmam que agora têm “laços culturais” com a área invadida há alguns anos. Pura vigarice.
Link: http://www.claudiohumberto.com.br/principal/index.php
Abraços,
Wesley
A HONESTIDADE É UM PRESENTE MUITO CARO, NÃO ESPERE ISSO DE PESSOAS BARATAS!
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Re: A Questão Indigena
Ouça quem sabe, presidente
por Augusto Nunes
"Você sabe falar português?", pergunta o médico João da Silva Couto Lima, numa sala do Hospital de São Gabriel da Cachoeira, à jovem índia que ali chegara na véspera, acompanhando a avó doente. O balanço horizontal do rosto informa que não. O nervoso movimento pendular dos olhos acrescenta que a garota percorre a linha que separa o medo do pânico. "Quantos anos você tem?", Lima quer saber. Um fiapo de voz diz algo parecido com diezisseis.
"Ela tem 16 anos", compreende o major João da Silva Couto Lima. Para dirigir o único hospital da região batizada de Cabeça do Cachorro, nos cumes da Amazônia profunda, Lima trocou a farda pelo jaleco. Todos os médicos e enfermeiros são militares do Exército, engajados na 2ª Brigada de Infantaria de Selva. Todos os pacientes são índios.
Como a menina e sua avó, costumam percorrer centenas de quilômetros em busca da salvação. "Pelo sotaque, elas vivem perto da fronteira com a Colômbia ou com a Venezuela", diz Lima. "Mas não ignoram de que lado estão. Os índios que vêm de lá não sabem onde acaba um país e começa outro".
Mas dominam a arte de encurtar distâncias numa região onde as viagens são medidas em muitas horas, ou alguns dias. Caminhando por trilhas invisíveis a olhares forasteiros, tripulando barcos que avançam em segurança por igarapés, acabam chegando à cidade que ocupa o terceiro lugar no ranking das mais populosas do Amazonas.
Além dos 30 mil habitantes do centro urbano, espalha-se pelo município um número de filhos da selva rigorosamente incalculável. Os recenseadores do IBGE jamais conseguirão radiografar com precisão um universo formado por 22 etnias distribuídas por 610 comunidades. Decerto passam de 20 mil. Gente demais para nenhuma estrada.
"São Gabriel é a cidade mais indígena do Brasil", informa o general Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante da Brigada. Gaúcho, 52 anos, Mourão é considerado o melhor soldado de selva do país. É mais que isso, contam os moradores da cidade à beira do Alto Rio Negro, a 850 quilômetros (sete dias de barco) de Manaus.
Se não estivessem por lá os 1.700 homens comandados por Mourão, não existiria, por exemplo, o hospital. Concluído em 1988, começou a funcionar há quatro anos, por teimosia da Brigada. Em tese, a tropa deveria limitar-se a vigiar e proteger 1.500 quilômetros de fronteira. Não é pouca coisa, sobretudo quando o território a defender é freqüentemente invadido por garimpeiros vizinhos e infestado de narcotraficantes associados às Farc colombianas.
Mourão cuida disso tudo – e de muito mais. Entre 2006 e 2007, acabou involuntariamente promovido a governador militar da cidade flagelada pelo sumiço dos braços do Estado. O juiz de direito passou nove meses em Manaus, ajudando a mãe a perder a eleição. A promotora, licenciada por gravidez, protagonizou o mais demorado parto da história. Consumiu quase um ano. O delegado se foi. Ficou quem não faria falta: o prefeito corrupto. O general enfrentou tais problemas enquanto combatia dois exterminadores de tribos: o alcoolismo e a subnutrição.
Nenhum governo resolverá a questão indígena sem ouvir quem sabe. Ouça os soldados da Amazônia, presidente Lula.
Link: http://bootlead.blogspot.com/2008/04/selva.html
Abraços,
Wesley
por Augusto Nunes
"Você sabe falar português?", pergunta o médico João da Silva Couto Lima, numa sala do Hospital de São Gabriel da Cachoeira, à jovem índia que ali chegara na véspera, acompanhando a avó doente. O balanço horizontal do rosto informa que não. O nervoso movimento pendular dos olhos acrescenta que a garota percorre a linha que separa o medo do pânico. "Quantos anos você tem?", Lima quer saber. Um fiapo de voz diz algo parecido com diezisseis.
"Ela tem 16 anos", compreende o major João da Silva Couto Lima. Para dirigir o único hospital da região batizada de Cabeça do Cachorro, nos cumes da Amazônia profunda, Lima trocou a farda pelo jaleco. Todos os médicos e enfermeiros são militares do Exército, engajados na 2ª Brigada de Infantaria de Selva. Todos os pacientes são índios.
Como a menina e sua avó, costumam percorrer centenas de quilômetros em busca da salvação. "Pelo sotaque, elas vivem perto da fronteira com a Colômbia ou com a Venezuela", diz Lima. "Mas não ignoram de que lado estão. Os índios que vêm de lá não sabem onde acaba um país e começa outro".
Mas dominam a arte de encurtar distâncias numa região onde as viagens são medidas em muitas horas, ou alguns dias. Caminhando por trilhas invisíveis a olhares forasteiros, tripulando barcos que avançam em segurança por igarapés, acabam chegando à cidade que ocupa o terceiro lugar no ranking das mais populosas do Amazonas.
Além dos 30 mil habitantes do centro urbano, espalha-se pelo município um número de filhos da selva rigorosamente incalculável. Os recenseadores do IBGE jamais conseguirão radiografar com precisão um universo formado por 22 etnias distribuídas por 610 comunidades. Decerto passam de 20 mil. Gente demais para nenhuma estrada.
"São Gabriel é a cidade mais indígena do Brasil", informa o general Antônio Hamilton Martins Mourão, comandante da Brigada. Gaúcho, 52 anos, Mourão é considerado o melhor soldado de selva do país. É mais que isso, contam os moradores da cidade à beira do Alto Rio Negro, a 850 quilômetros (sete dias de barco) de Manaus.
Se não estivessem por lá os 1.700 homens comandados por Mourão, não existiria, por exemplo, o hospital. Concluído em 1988, começou a funcionar há quatro anos, por teimosia da Brigada. Em tese, a tropa deveria limitar-se a vigiar e proteger 1.500 quilômetros de fronteira. Não é pouca coisa, sobretudo quando o território a defender é freqüentemente invadido por garimpeiros vizinhos e infestado de narcotraficantes associados às Farc colombianas.
Mourão cuida disso tudo – e de muito mais. Entre 2006 e 2007, acabou involuntariamente promovido a governador militar da cidade flagelada pelo sumiço dos braços do Estado. O juiz de direito passou nove meses em Manaus, ajudando a mãe a perder a eleição. A promotora, licenciada por gravidez, protagonizou o mais demorado parto da história. Consumiu quase um ano. O delegado se foi. Ficou quem não faria falta: o prefeito corrupto. O general enfrentou tais problemas enquanto combatia dois exterminadores de tribos: o alcoolismo e a subnutrição.
Nenhum governo resolverá a questão indígena sem ouvir quem sabe. Ouça os soldados da Amazônia, presidente Lula.
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Abraços,
Wesley
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