EUA x Irã
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Re: EUA x Irã
Não creio em uma nova coalizão contra o Irã, o que deve acontecer serão ataques aéreos por parte dos israelenses as instalações iranianas, depois vem um embargo pesado para matar de vez qualquer iniciativa de reativação do projeto pelos iranianos...
¨Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão ¨- Eça de Queiroz
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Re: EUA x Irã
qual somali?cicloneprojekt escreveu:O negócio já está beirando o desespero, com os Sauditas querendo financiar a Rússia...Tigershark escreveu:Só esqueceram de perguntar quanto os iranianos pagam aos russos para manter este suporte.....
Acho que o ataque Israelense já está ´´e com data marcada. depois da eleição dos EUA.
Se o Maccain vencer então o ataque ficaria para sdepois do ano novo.
Se for o Somali o ataque será logo após as eleições.
Triste sina ter nascido português
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Re: EUA x Irã
A Índia também anda incomodada por conta do provável ataque por ter no Iran um grande fornecedor de energia:
India warns against any attack on Iran
by Staff Writers
New Delhi (AFP) July 14, 2008
India is "gravely concerned" over reports suggesting the use of military force against Iran and is strongly against any such action, the foreign ministry said on Monday.
There has been concern an attack against Iran could be imminent after it emerged Israel had practised a strike against Iranian nuclear facilities.
"India is gravely concerned at these statements threatening the use of military force against Iran," the foreign ministry said in a statement.
"India is against any such military attack, which constitutes unacceptable international behaviour. There is no military solution to the issues that are being discussed between Iran and the international community."
India's comments come after Iran intensified international tensions on the nuclear issue by conducting two days of tests, which included the firing of a missile that it says can reach Israel.
The United States and its regional ally Israel have never ruled out a military attack to end Iran's controversial nuclear work, which the West fears could be used to make weapons -- a charge vehemently denied by Tehran.
Energy-hungry India, which enjoys warm relations with Iran, expects to finalise a deal on a 7.5-billion-dollar pipeline that will transport gas from the Middle East to here via Pakistan.
New Delhi says Tehran has the right to peaceful use of nuclear energy but has asked it to cooperate with the United Nations nuclear watchdog.
India has previously rejected pressure from Washington not to do business with Iran, viewed in the US as a state sponsor of terrorism and seen as bent on acquiring nuclear weapons.
Earlier this year, New Delhi told the US not to interfere in its dealings with Iran after a State Department spokesman said Washington would like India to put pressure on Tehran over its nuclear programme.
"India calls upon all concerned Governments to exercise restraint and choose the peaceful path of persuasion and negotiations," the foreign ministry said.
India warns against any attack on Iran
by Staff Writers
New Delhi (AFP) July 14, 2008
India is "gravely concerned" over reports suggesting the use of military force against Iran and is strongly against any such action, the foreign ministry said on Monday.
There has been concern an attack against Iran could be imminent after it emerged Israel had practised a strike against Iranian nuclear facilities.
"India is gravely concerned at these statements threatening the use of military force against Iran," the foreign ministry said in a statement.
"India is against any such military attack, which constitutes unacceptable international behaviour. There is no military solution to the issues that are being discussed between Iran and the international community."
India's comments come after Iran intensified international tensions on the nuclear issue by conducting two days of tests, which included the firing of a missile that it says can reach Israel.
The United States and its regional ally Israel have never ruled out a military attack to end Iran's controversial nuclear work, which the West fears could be used to make weapons -- a charge vehemently denied by Tehran.
Energy-hungry India, which enjoys warm relations with Iran, expects to finalise a deal on a 7.5-billion-dollar pipeline that will transport gas from the Middle East to here via Pakistan.
New Delhi says Tehran has the right to peaceful use of nuclear energy but has asked it to cooperate with the United Nations nuclear watchdog.
India has previously rejected pressure from Washington not to do business with Iran, viewed in the US as a state sponsor of terrorism and seen as bent on acquiring nuclear weapons.
Earlier this year, New Delhi told the US not to interfere in its dealings with Iran after a State Department spokesman said Washington would like India to put pressure on Tehran over its nuclear programme.
"India calls upon all concerned Governments to exercise restraint and choose the peaceful path of persuasion and negotiations," the foreign ministry said.
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Re: EUA x Irã
e a Rússia acabou de assinar um acordo com o Irão para exploração do gás natural
estão mexendo num belo vespeiro
estão mexendo num belo vespeiro
Triste sina ter nascido português
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Re: EUA x Irã
e esta hein?
.............
http://dn.sapo.pt/2008/07/18/internacio ... a_o_i.html
http://ultimahora.publico.clix.pt/notic ... idCanal=11De acordo com o "The Guardian"
EUA planeiam abrir representação diplomática no Irão pela primeira vez desde 1979
17.07.2008 - 11h26 PÚBLICO
Os Estados Unidos planeiam estabelecer uma representação diplomática em Teerão pela primeira vez em 30 anos. A acontecer, este será um volte-face assinalável na política diplomática de George W. Bush no que toca a Teerão.
A notícia é hoje avançada pelo “The Guardian”, que sabe que este anúncio do estabelecimento de uma secção de interesses em Teerão será feito no próximo mês. Esta secção seria uma espécie de “primeiro passo” no caminho da implantação de uma embaixada.
Esta mudança de atitude em relação ao Irão acontece numa altura particularmente tensa entre os dois países, depois de o Presidente Mahmoud Ahmadinejad ter levado a cabo testes com mísseis de longo alcance, que colocaram Israel – um tradicional aliados norte-americano – à beira de uma crise de nervos.
Apesar disso, já ontem se podiam sentir alguns “ventos de mudança”, depois de ter sido anunciado que um responsável do departamento de Estado norte-americano, William Burns, seria enviado para a Suíça, para o encontro que decorre amanhã entre o chefe da diplomacia europeia, Javier Solana, e o negociador iraniano responsável pelo “dossier” nuclear.
Burns vai sentar-se à mesa das negociações, apesar de Bush ter, até ontem, dito sempre que afastava negociações directas com o Irão enquanto o país não suspendesse o seu programa de enriquecimento de urânio.
O regresso de diplomatas ao Irão está dependente do acordo de Teerão, mas o Presidente Ahmadinejad já indicou, no início desta semana, não estar contra a abertura de uma missão norte-americana no país. O Irão consideraria favorável qualquer pedido que tenha como objectivo melhorar as relações entre os dois países, disse. Além do mais, Teerão não teria face para negar o estabelecimento de uma representação de interesses, uma vez que o Irão tem embaixada em Washington.
Presentemente, os interesses norte-americanos no Irão estão oficialmente sob a alçada da Suíça, mas o que se passa na prática é que existe uma pequena equipa de americanos a trabalhar independentemente a partir da embaixada suíça em Teerão.
A criação de uma secção de interesses significaria o regresso de diplomatas americanos a Teerão pela primeira vez desde a crise dos reféns que começou com centenas de estudantes – no quadro na revolução iraniana de 1979 que levou ao derrube da monarquia – a entrarem de rompante na embaixada americana, no ano da revolução, tendo apenas libertado os reféns em 1981.
.............
http://dn.sapo.pt/2008/07/18/internacio ... a_o_i.html
EUA preparam reinício da diplomacia com o Irão
LUÍS NAVES
Golfo Pérsico. A Administração americana quer reabrir em Teerão uma representação diplomática e vai participar nas negociações sobre o programa nuclear iraniano. Mas este ainda não será o final no conflito criado pela invasão da Embaixada dos EUA, em 1979, e a tomada de 63 reféns durante 444 dias
Negociações sobre programa nuclear em fase crucial
Diplomatas americanos poderão regressar ao Irão, após três décadas de afastamento, se Teerão aceitar uma proposta dos EUA para reiniciar relações diplomáticas. A questão está a ser analisada pelos iranianos, soube-se ontem, confirmando o que escrevera The Guardian. Este diário britânico noticiou que Washington tem planos para instalar na capital iraniana uma secção de interesses diplomáticos, o primeiro passo para estabelecer uma futura embaixada.
O relançamento da diplomacia pode estar ligado ao momento crucial que atravessa o dossier do programa nuclear iraniano. Amanhã, em Genebra, o Irão vai responder a uma proposta europeia e na sala estará, pela primeira vez, um diplomata americano de alto nível.
O Irão já foi o principal aliado dos EUA na região, mas os dois países cortaram relações na sequência da revolução islâmica que derrubou o regime do Xá, no início de 1979. Em Novembro desse ano, estudantes iranianos tomaram de assalto a Embaixada americana em Teerão e fizeram 63 reféns. A crise durou 444 dias e incluiu uma tentativa de resgate militar que terminou em fiasco.
Durante 30 anos, sucessivas administrações americanas tentaram manter o regime iraniano mais ou menos isolado. O actual presidente, George W. Bush, reforçou a tendência, apesar da influência dos iranianos no vizinho Iraque. A retórica foi por vezes violenta e o vice-presidente Dick Cheney chegou a defender um ataque militar contra o Irão.
Agora, a seis meses de tomar posse nova administração, os EUA parecem mudar de política. Washington vai enviar este fim-de-semana o número três do Departamento de Estado, William Burns, para participar nas negociações de Genebra. Na mesa, estará uma proposta europeia que inclui apoios em troca da suspensão unilateral, pelos iranianos, do enriquecimento de urânio.
Há sinais de que a liderança iraniana está dividida sobre a resposta a dar aos europeus. O Presidente Mahmud Ahmadinejad, um conservador, recusa a suspensão do programa nuclear, mas Ali Velayati, um próximo do líder supremo iraniano, o ayatollah Ali Khamenei (que detém o verdadeiro poder), afirmou numa entrevista que o Irão devia aceitar a proposta europeia. Até agora, a Administração Bush tratou o regime iraniano como parte do "eixo do mal" e recusou negociações directas enquanto Teerão tentasse enriquecer urânio.
Triste sina ter nascido português
- rodrigo
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Re: EUA x Irã
Last update - 21:47 23/07/2008
Report: Israeli sources say Russia to supply new Iran air defenses
By Reuters
Iran is set to receive an advanced Russian-made anti-aircraft system by the year's end that could help fend off any preemptive strikes against its nuclear facilities, senior Israeli defense sources told Reuters on Wednesday.
The first delivery of the S-300 missile batteries was expected as soon as early September, one source said, though it could take six to 12 months for them to be deployed and operable - a possible reprieve for Israeli and American military planners.
Washington has led a diplomatic drive to deny Iran access to nuclear technologies with bomb-making potential, while hinting that force could be a last resort. Israel, whose warplanes have been training for long-range missions, has made similar threats.
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But the allies appear to differ on when Iran, which denies seeking atomic arms, might get the S-300. The most sophisticated version of the system can track 100 targets at once and fire on planes 120 km (75 miles) away.
Iran, which already has TOR-M1 surface-to-air missiles from Russia, announced last December that an unspecified number of S-300s were on order. But Moscow denied there was any such deal.
U.S. Secretary of Defense Robert Gates has denied knowledge of the Russian delivery.
"Based on what I know, it's highly unlikely that those air defense missiles would be in Iranian hands any time soon," said Gates, responding in a July 9 briefing to a question about the S-300 - also known in the West as the SA-20.
Gates meant that Iran was a good number of months away from acquiring the system, a U.S. official said.
An Israeli defense official said Iran's contract with Russia required that the S-300s be delivered by the end of 2008. A second source said first units would arrive in early September.
The official agreed with the assessments of independent experts that the S-300 would compound the challenges that Iran - whose nuclear sites are numerous, distant, and fortified - would already pose for any future air strike campaign by Israel.
Israel does not have strategic "stealth" bombers like the United States, though the Israeli air force is believed to have developed its own radar-evading and jamming technologies.
"There's no doubt that the S-300s would make an air attack more difficult," said the official, who declined to be named.
"But there's an answer for every counter-measure, and as far as we're concerned, the sooner the Iranians get the new system, the more time we will have to inspect the deployments and tactical doctrines. There's a learning curve."
Israel, which is assumed to have the Middle East's only nuclear arsenal, reportedly carried out a large-scale air force drill over the Mediterranean last month which was widely seen as a "dress rehearsal" for a possible raid on Iran. Some analysts also described it as a bid to pressure the West to step up sanctions.
The exercise involved overflying parts of Greece, which is among a handful of countries to have bought and deployed S-300s. But Greek media quoted Athens officials as saying that the system's radars were "turned off" during the Israeli presence.
According to the Israeli official, it would take a year for Iran to deploy the
S-300s and man them with trained operators.
Robert Hewson, editor of Jane's Air-Launched Weapons, said: "The minimum work-up time to be comfortable with the system is six months, but more time is preferable."
Hewson said the Iranian S-300 deal was being conducted via Belarus to afford discretion for Russia, which is already under Western scrutiny for helping Iran build a major atomic reactor.
"Belarus is the proxy route whenever Russia wants to deny it is doing the sale. But nothing happens along that route without Moscow saying so," he said.
http://www.haaretz.com/hasen/spages/1004840.html
Report: Israeli sources say Russia to supply new Iran air defenses
By Reuters
Iran is set to receive an advanced Russian-made anti-aircraft system by the year's end that could help fend off any preemptive strikes against its nuclear facilities, senior Israeli defense sources told Reuters on Wednesday.
The first delivery of the S-300 missile batteries was expected as soon as early September, one source said, though it could take six to 12 months for them to be deployed and operable - a possible reprieve for Israeli and American military planners.
Washington has led a diplomatic drive to deny Iran access to nuclear technologies with bomb-making potential, while hinting that force could be a last resort. Israel, whose warplanes have been training for long-range missions, has made similar threats.
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But the allies appear to differ on when Iran, which denies seeking atomic arms, might get the S-300. The most sophisticated version of the system can track 100 targets at once and fire on planes 120 km (75 miles) away.
Iran, which already has TOR-M1 surface-to-air missiles from Russia, announced last December that an unspecified number of S-300s were on order. But Moscow denied there was any such deal.
U.S. Secretary of Defense Robert Gates has denied knowledge of the Russian delivery.
"Based on what I know, it's highly unlikely that those air defense missiles would be in Iranian hands any time soon," said Gates, responding in a July 9 briefing to a question about the S-300 - also known in the West as the SA-20.
Gates meant that Iran was a good number of months away from acquiring the system, a U.S. official said.
An Israeli defense official said Iran's contract with Russia required that the S-300s be delivered by the end of 2008. A second source said first units would arrive in early September.
The official agreed with the assessments of independent experts that the S-300 would compound the challenges that Iran - whose nuclear sites are numerous, distant, and fortified - would already pose for any future air strike campaign by Israel.
Israel does not have strategic "stealth" bombers like the United States, though the Israeli air force is believed to have developed its own radar-evading and jamming technologies.
"There's no doubt that the S-300s would make an air attack more difficult," said the official, who declined to be named.
"But there's an answer for every counter-measure, and as far as we're concerned, the sooner the Iranians get the new system, the more time we will have to inspect the deployments and tactical doctrines. There's a learning curve."
Israel, which is assumed to have the Middle East's only nuclear arsenal, reportedly carried out a large-scale air force drill over the Mediterranean last month which was widely seen as a "dress rehearsal" for a possible raid on Iran. Some analysts also described it as a bid to pressure the West to step up sanctions.
The exercise involved overflying parts of Greece, which is among a handful of countries to have bought and deployed S-300s. But Greek media quoted Athens officials as saying that the system's radars were "turned off" during the Israeli presence.
According to the Israeli official, it would take a year for Iran to deploy the
S-300s and man them with trained operators.
Robert Hewson, editor of Jane's Air-Launched Weapons, said: "The minimum work-up time to be comfortable with the system is six months, but more time is preferable."
Hewson said the Iranian S-300 deal was being conducted via Belarus to afford discretion for Russia, which is already under Western scrutiny for helping Iran build a major atomic reactor.
"Belarus is the proxy route whenever Russia wants to deny it is doing the sale. But nothing happens along that route without Moscow saying so," he said.
http://www.haaretz.com/hasen/spages/1004840.html
"O correr da vida embrulha tudo,
a vida é assim: esquenta e esfria,
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem."
João Guimarães Rosa
a vida é assim: esquenta e esfria,
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Re: EUA x Irã
2008/07/20
O impasse iraniano
Alexandre Reis Rodrigues
Crescem os rumores de que está próximo um “ataque cirúrgico” da Força Aérea israelita às instalações nucleares do Irão; o exercício realizado no início de Junho, envolvendo mais de 100 F-15 e F-16, com muito treino de reabastecimento em voo a sugerir o ensaio de um ataque a grande distância, estão na origem desses rumores. Tem também havido referências a outros exercícios aéreos de Israel no espaço aéreo da Jordânia e do Iraque com treinos de aterragem em bases americanas neste último país, o que o respectivo ministro da Defesa desmentiu de imediato. O jornal israelita Haaretz, na edição de oito de Julho, referia-se a altas entidades na Arábia Saudita como tendo dito que o seu país «não se importaria com um eventual ataque de Israel ao Irão».
Se de facto houver um ataque, será o terceiro da Força Aérea israelita com o mesmo objectivo: destruir instalações nucleares em países próximos que possam estar a tentar construir um arsenal nuclear. O primeiro foi em 1981, contra o Iraque (central nuclear de Osirak), o segundo, o ano passado, contra o reactor construído pela Síria, com a ajuda da Coreis do Norte. Com estes antecedentes, a possibilidade de um ataque ao reactor de Bushehr (cuja entrada em funcionamento continua nas mãos da Rússia, já com mais de quatro anos de sucessivos adiamentos e sem data marcada) e às instalações nucleares de Natanz (onde se faz o enriquecimento do urânio) torna-se de facto plausível.
O primeiro ataque, pelo que diz o registo das reacções diplomáticas que vieram a público, não teve a aprovação dos EUA; o segundo terá sido coordenado com a administração americana para escolha do momento mais oportuno, em função das negociações em curso com a Coreia do Norte. É difícil imaginar que um possível próximo ataque ao Irão possa ser levado a cabo sem o assentimento e colaboração americana, dada a enorme importância dos interesses directos dos EUA sobre a situação política na área e, em especial, a resolução do problema iraquiano.
Aliás, neste caso particular, os calendários, israelita e americano, não jogam entre si. Os israelitas podem ter identificado neste momento (ou proximamente, entre as eleições americanas e a posse do novo presidente) uma janela de oportunidade que pode não se repetir tão cedo pelos seguintes motivos políticos e militares: a possível eleição de Obama pode alterar o actual relacionamento dos EUA com o Irão; este terá mais dificuldade em manter a estratégia de “pintar” os EUA como o grande opressor e, se surgir um acordo ou se o actual clima de hostilidade se atenuar, Israel pode perder espaço para agir; em termos operacionais, um ataque, dentro de seis a oito meses, ainda poderá ser feito sem ter que enfrentar os mísseis SA-20, adquiridos à Rússia e que se prevê estarem operacionais no início de 2009.
Bush, não tendo conseguido qualquer progresso com a sua política de confrontação, pode estar a ver nos últimos desenvolvimentos da postura iraniana a possibilidade de dar um rumo mais diplomático ao actual relacionamento. Um ataque israelita, neste contexto, deitaria tudo a perder; porém, a guerra psicológica que a possibilidade de um ataque envolve serve bem os interesses americanos: diz a Teerão que se não há entendimento, então poderá haver luz verde para Israel avançar. Sob esta perspectiva, ao fazer soprar os ventos da guerra, Israel pode estar apenas a “ajudar” a estratégia americana. Mas há quem pense exactamente o contrário: Joschka Fischer mostra-se convicto de que Israel pode atacar em breve (artigo no jornal Público, 8 de Junho 2008).
Ninguém duvida que Teerão já ponderou cuidadosamente sobre o que fará na eventualidade de um ataque; obviamente, nunca será nada do que as declarações de Ali Khamenei anunciaram: que nesse caso será lançado fogo a Telavive e à Esquadra americana no Golfo Pérsico. A possibilidade que salta à vista de todos é a interdição do Estreito de Ormuz (por onde passa 2/5 da produção mundial de petróleo) através da minagem das linhas de navegação; operacionalmente, é uma linha de acção relativamente acessível ao Irão, não obstante o controlo que a Marinha americana mantém sobre a situação na área. Não é, no entanto, uma opção verosímil porque se o Estreito fica interdito não será apenas para uma das partes; ficará também interdito ao Irão. Uma pequena percentagem das suas exportações de petróleo (cerca de um sexto) poderiam ser redireccionadas por terra para a Arábia Saudita, por pipeline, mas não haveria alternativa para a saída do gás; o Irão deixaria de poder tirar partido económico dos seus recursos energéticos, por incapacidade de os exportar.
O Irão tem uma poderosa máquina militar; uma máquina que está desenhada para garantir a sua integridade territorial e preservar a estabilidade interna. Os meios de que dispõe (400000 efectivos militares e 120000 Guardas da Revolução) e a configuração topográfica do seu território (com vários maciços montanhosos) desencorajam qualquer tentativa de invasão e muito menos de ocupação. O seu arsenal de mísseis balísticos e de cruzeiro é um importante elemento de dissuasão regional contra qualquer tentativa de ataque ao seu território. Tem, em qualquer caso, uma vulnerabilidade a um ataque aéreo cirúrgico, não obstante os investimentos feitos em defesa aérea, incluindo a aquisição de mísseis SA-20 à Rússia, e diversas medidas de protecção das suas instalações nucleares (dispersas e “enterradas”).
Enquanto não dispõe de armas nucleares, Teerão talvez tenha concluído que para dissuasão de qualquer tentativa de agressão, lhe bastará, pelo menos para já, apostar no “terror” do Ocidente perante uma interrupção das suas exportações de petróleo e gás, o que agravaria a escalada já quase incomportável de preços, ou usar a sua capacidade de “projectar poder” no exterior, punindo os inimigos longe da sua fronteira, através das organizações terroristas que apoia (Hezbollah, Hamas, etc.) e que tanto têm dificultado a solução dos problemas eternos do Médio Oriente. Com estas duas “ferramentas” e procurando aproveitar a oportunidade de os EUA estarem, de algum modo, “com as mãos atadas” pelo envolvimento militar no Iraque e Afeganistão, Teerão parece pensar que tem a seu favor condições únicas para desafiar o mundo e disputar a influência, em declínio, dos EUA na região.
A evolução da situação, em especial a inexistência de soluções à vista para o Iraque e Afeganistão, parece estar a favorecer o Irão, mas em termos económicos, que são os que interessam a longo prazo, o panorama é desastroso; não foi cumprida qualquer das promessas sob as quais o Presidente Ahmadinejad (“campeão dos pobres”) foi eleito: distribuição mais justa da riqueza, mais emprego e menos inflação. Como isso não chegasse, a produção de petróleo decresceu cerca de 12% por falta de investimento nos métodos de extracção. Mais de metade das reservas de gás (a 2ª maior reserva do mundo) estão a ser sub-exploradas, também por falta de investimento na modernização das infraestruturas; o anacronismo vai ao ponto de Teerão já importar gás do Turquemenistão e proximamente do Azerbaijão, conforme recentes negociações. Os peritos consideram que o sector é muito mal gerido, mais uma das circunstâncias que afasta o investimento estrangeiro. A situação toca as raias da irracionalidade: os 10 biliões que se estima terem sido investidos no programa nuclear poderiam ter permitido construir 10 centrais convencionais, alimentadas pelo gás que é queimado nas explorações de petróleo por não estar disponível a tecnologia que já permite a sua recuperação.
A alta dos preços do petróleo tem permitido tornear estas dificuldades e assim pôr o tempo do lado do Irão, passando quase incólume por quatro Resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sem dificuldades de maior e continuando a fazer progredir o enriquecimento de urânio (de 164 centrifugadores que tinha em funcionamento há três anos, vai neste momento a caminho dos 9000, incluindo os da nova geração que têm capacidade tripla de processamento). Teerão tem sido exímio a tirar partido do tempo; sempre que este começa a faltar ou a paciência ocidental parece esgotar-se logo vêm promessas de colaboração, maior transparência e, quando indispensável, algum progresso. Baradei, o presidente da Agência da Energia Atómica das Nações Unidas, e mesmo Solana já “embarcaram” neste jogo por várias vezes, acabando, afinal, por nada conseguirem de concreto.
Resta saber por quanto tempo mais pode o Irão manter esta situação, sem entrar em colapso económico. Muito depende da forma como funcionaram as sanções económicas, em especial, no que respeita à Alemanha e Itália, dois parceiros muito importantes; 3/4 das indústrias iranianas dependem de importações de material e de tecnologia alemã (1700 firmas a operar no Irão). Falta ver se os europeus, neste quadro, conseguem que as sanções sejam efectivas e se impedem que sejam boicotadas por terceiros, que é o que normalmente acontece,
Entretanto a União Europeia, pela voz de Solana tentou mais uma ronda de negociações (19 Julho), desta vez com a presença de um observador americano, o subsecretário de Estado, William Burns, o que constitui uma mudança importante da postura americana, aparentemente mais um sinal de interesse em conversações diplomáticas. A maioria dos observadores tem referido a existência de contactos secretos; este é o primeiro público para além das três rondas de negociação sobre o Iraque mas que têm excluído o tema nuclear. A esta circunstância junta-se a vontade já expressa dos EUA de abrir um posto diplomático em Teerão, colocando alguns diplomatas junto da Embaixada da Suíça (criando uma Secção de Interesses), iniciativa a que o Presidente Ahmadinejad deu apoio, acrescentando que o Irão estava aberto a conversações com os EUA, em vários campos.
As negociações em curso com a UE são sui-géneris: todas as partes as dão por bem-vindas mas nenhuma admite fazer cedências ou alterar políticas; bem pelo contrário. Khamenei fala mesmo em linhas vermelhas que o Irão nunca passará; já se sabe que a mais importante é a de parar as actividades de enriquecimento de urânio, o que para a UE é pré-condição de negociações. Nestes termos, não obstante o passo importante da junção dos EUA a este novo encontro, não se vê que a, curto prazo, se possa registar qualquer progresso (acabo de saber que foi decidido dar mais duas semanas para o Irão esclarecer o que pretende fazer em função das propostas feitas!).
Para encontrar um espaço de onde as duas partes principais (EUA e Irão) possam sair de forma airosa deste conflito, seria necessária uma estratégia nova para lidar com o problema. Bush acedeu, finalmente, a enviar um observador, no meio de um coro de protestos dos neoconservadores, que não se conformam com a cedência («a compete intellectual collapse», diz John Bolton); não é provável que possa ir mais longe no relativamente curto espaço de tempo que falta para concluir a sua presidência, embora possa ir abrindo caminho para uma solução pelo seu sucessor. A Europa continuará a não contar, porque apenas tem incentivos materiais a oferecer; só Solana é que parece não ter compreendido que não é nisso que Teerão está interessado. O que o Irão pretende é ver reconhecidas as suas preocupações de segurança, o que depende apenas dos EUA.
Se for possível acomodar os interesses das duas partes, então talvez possa haver alguma esperança. Mas os EUA parecem ser os primeiros a não acreditar nessa hipótese; se acreditassem não dariam a prioridade que estão a dar à instalação do escudo de protecção antimíssil na Europa, cuja razão de ser – segundo dizem – é protegê-los do Irão.
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Re: EUA x Irã
Senhores, boa tarde, a questão iraniana para ser entendida precisa passar primeiro por uma analise do quadro IRAQUIANO, neste último se torna necessário primeiro uma analise do quadro AFEGÃO.
Ao seguir o racicionio lógico com base na cronologia dos fatos verão mais uma vez que eu estava certo ao dizer que:
-->O FOCO DA GUERRA NÃO ERA PETRÓLEO, SENDO ESTE APENAS MAIS UM FATOR;
e
-->A PACIFICAÇÃO DO IRAQUE NADA MAIS É DO QUE UM RESULTADO DO AUMENTO DA POSSÍBILIDADE DE INVASÃO DO IRÃ.
Agora, penso eu, o cenário para o IRÃ é muito delicado, o último pais que parecia poder compensar os problemas geo-politicos não faz parte mais do "EIXO DO MAL", abandonando (a comprovar é claro) seus projetos nucleares, e isto joga muita pressão para cima do IRÃ, a Europa por sua vez, parece ter abandonado sua TOPEIRISSE DIPLOMATICA e resolveu participar do processo, para não ficar de fora dele, o que joga mais peso na balança e em cima do IRÃ.
O Irã por sua vez se encontra em uma posição muito complicada, onde se drenarem seus valiosos recursos humanos para dentro do iraque, podem ficar sem os mesmos para se defender de uma possível invasão, por outro lado, se nada fizerem, continuaram acuados, correndo atraz de um fator tecnológico, no caso, sabemos bem qual é.
Isso cria um circulo vicioso, onde quanto mais correm atraz de um artefato, menos tempo eles tem PARA CONSEGUIR O MESMO, visto que ISRAEL seguramente não deixara isto acontecer, ISRAEL apenas não atacou ainda pq espera uma definição americana, os EUA por sua vez não querem nem saber de marola com as eleições batendo na porta.
Nesse meio tempo, temos as FARC tentando vender URANIO e Chavez se metendo com o HAMAS e vai saber mais com quem. olhando de longe, isso tudo me parece mesmo é com um bom ""Puteiro"".
Ao seguir o racicionio lógico com base na cronologia dos fatos verão mais uma vez que eu estava certo ao dizer que:
-->O FOCO DA GUERRA NÃO ERA PETRÓLEO, SENDO ESTE APENAS MAIS UM FATOR;
e
-->A PACIFICAÇÃO DO IRAQUE NADA MAIS É DO QUE UM RESULTADO DO AUMENTO DA POSSÍBILIDADE DE INVASÃO DO IRÃ.
Agora, penso eu, o cenário para o IRÃ é muito delicado, o último pais que parecia poder compensar os problemas geo-politicos não faz parte mais do "EIXO DO MAL", abandonando (a comprovar é claro) seus projetos nucleares, e isto joga muita pressão para cima do IRÃ, a Europa por sua vez, parece ter abandonado sua TOPEIRISSE DIPLOMATICA e resolveu participar do processo, para não ficar de fora dele, o que joga mais peso na balança e em cima do IRÃ.
O Irã por sua vez se encontra em uma posição muito complicada, onde se drenarem seus valiosos recursos humanos para dentro do iraque, podem ficar sem os mesmos para se defender de uma possível invasão, por outro lado, se nada fizerem, continuaram acuados, correndo atraz de um fator tecnológico, no caso, sabemos bem qual é.
Isso cria um circulo vicioso, onde quanto mais correm atraz de um artefato, menos tempo eles tem PARA CONSEGUIR O MESMO, visto que ISRAEL seguramente não deixara isto acontecer, ISRAEL apenas não atacou ainda pq espera uma definição americana, os EUA por sua vez não querem nem saber de marola com as eleições batendo na porta.
Nesse meio tempo, temos as FARC tentando vender URANIO e Chavez se metendo com o HAMAS e vai saber mais com quem. olhando de longe, isso tudo me parece mesmo é com um bom ""Puteiro"".
- soultrain
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Re: EUA x Irã
http://www.senate.gov/~foreign/testimon ... 070201.pdfIf the United States continues to be bogged down in a protracted bloody involvement in Iraq, the final destination on this downhill track is likely to be a head-on conflict with Iran and with much of the world of Islam at large. A plausible scenario for a military collision with Iran involves Iraqi failure to meet the benchmarks; followed by accusations of Iranian responsibility for the failure; then by some provocation in Iraq or a terrorist act in the U.S. blamed on Iran; culminating in a “defensive” U.S. military action against Iran that plunges a lonely America into a spreading and deepening quagmire eventually ranging across Iraq, Iran, Afghanistan, and Pakistan.
Quem souber quem é este senhor perceberá a gravidade deste parágrafo. Se é possível encenar um ataque terrorista aos EUA pelo Irão...
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"O que se percebe hoje é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento"
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Re: EUA x Irã
Então não há respostas?
Este senhor, Zbigniew Brzezinski, é o equivalente democrata do Henry Kissinger, são defensores do "real politic" e têm muita influência em todos os governos recentes.
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Este senhor, Zbigniew Brzezinski, é o equivalente democrata do Henry Kissinger, são defensores do "real politic" e têm muita influência em todos os governos recentes.
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Re: EUA x Irã
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Re: EUA x Irã
Bush aparece como 'Coringa' em revista
Fonte: http://www.odia.com.br
Fonte: http://www.odia.com.br
EUA - Frank DiGiacomo, colaborador da revista americana Vanity Fair, retratou o presidente dos Estados Unidos George W. Bush como o Coringa, vilão dos filmes do Batman. A imagem faz referência ao último vilão, vivido pelo ator Heath Ledger.
A legenda diz tudo: "No Joke" (Sem Brincadeira, numa tradução livre).
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Re: EUA x Irã
CENTRO DE ESTUDOS DA FORÇA AÉREA PREVINE CONTRA ATAQUE AO IRÃ.
Por Jim Lobe – 31 de julho de 2008 – Inter Press Service.
Em meio a crescente especulação sobre a possibilidade de um bombardeio israelense ou americano contra as instalações nucleares iranianas no início deste mês, um grande estudo produzido para a Força Aérea dos Estados Unidos, por um alto centro de estudos, concluiu que uma ação militar americana contra o Irã “provavelmente teria efeitos negativos para os Estados Unidos.”
O estudo, pelo Projeto RAND FORÇA AÉREA, uma divisão da RAND Corporation da Califórnia, foi liberado em 9 de julho, o mesmo dia em que Teerã testou mísseis de médio e longo alcance numa aparente resposta aos relatos da semana anterior de que Israel tinha executado exercícios secretos desenhados para simular uma incursão contra as instalações nucleares do Irã, um mês antes.
Em meio a todos os fogos de artifício, no entanto, o relatório, que também pedia por uma estratégia multifacetada, desenhada para encorajar o desenvolvimento democrático no Irã, foi ignorado pela mídia.
Intitulado “Vulnerabilidades Econômicas, Demográficas e Políticas do Irã”, o relatório de 156 páginas, também pede para Washington “abaixar o tom” de suas declarações políticas apoiando “mudança de regime” e para “desencorajar grupos étnicos iranianos de se revoltarem contra o regime”. Ambas as políticas, foi dito, provavelmente serão contraproducentes.
Ao invés, de acordo com os três autores principais do estudo, Washington deve adotar uma aproximação mais paciente, “designada para criar condições para relações efetivas (com Teerã) à longo prazo.”
Como foi com a União Soviética, “com Teerã, o governo dos Estados Unidos terá, de novo, de manter um olho no longo prazo, comunicando-se com o atual governo, mas também encorajando mais discussão entre os iranianos e mais contatos e interações entre iranianos e americanos.”
“Sociedades e governos mudam. O governo dos Estados Unidos tem alguma habilidade de forjar tendências favoráveis no Irã, mas tais políticas irão levar tempo para frutificarem,” diz o relatório, que também observa que o Irã “parece estar à caminho de se tornar uma potência nuclear.”
Especulação sobre um possível ataque contra as instalações nucleares do Irã tem, de fato, diminuído um pouco, nas últimas três semanas, embora a questão tenha ressurgido de novo, como resultado das sucessivas visitas pelo chefe de estado-maior e ministro da defesa, Ehud Barak, semana passada. Na verdade, o Los Angeles Times, relatou na quarta-feira que os principais funcionários dos EUA reasseguraram Barak que a opção militar ainda estava “na mesa”.
Mesmo assim, a maioria dos analistas acredita que, embora um tal ataque – ou por Israel ou pelos EUA – permaneça possível, ele não é provável, se não por outra razão que os chefões militares no Pentágono, especialmente o presidente dos Chefes Combinados de Estado-Maior, almirante Michael Mullen, tem, cada vez mais, deixado clara sua oposição à idéia, no último mês.
Em acréscimo, a decisão de enviar um funcionário de alto-escalão do Departamento de Estado para participar, pela primeira vez, em conversas, dez dias atrás, com o Irã, como parte do processo Cinco Mais Um, que também envolve a França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China, foi considerada como sinal de que Washington está, cada vez mais, empenhado na diplomacia como meio de lidar com a preocupação sobre o programa nuclear do Irã.
Se, ainda, o Departamento de Estado receber da Casa Branca aprovação para abrir uma Seção de Interesses em Teerã – um movimento que é, atualmente, assunto de discussões no mais alto nível da administração – a probabilidade de um ataque, antes que o presidente George W. Bush deixe o cargo, irá recuar ainda mais.
A este respeito, o estudo da RAND reforça aqueles que favorecem entendimento com o Irã, mesmo enquanto apóia a manutenção de certos tipos de sanções, notavelmente o embargo de determinadas altas-tecnologias de liquefação de gás, como moeda de barganha para futuras negociações com Teerã. Para aumentar a pressão sobre o regime, o relatório também recomenda expandir planos de contingência para seqüestrar contas iranianas comerciais e bancárias no estrangeiro, e encorajar os aliados dos EUA a impedirem certos funcionários iranianos associados com o programa nuclear de obterem visas para viagem ao exterior.
Quanto à possibilidade de uma ataque, no entanto, o relatório é claro de que tal opção irá ser, quase certamente, contraproducente, particularmente com respeito às esperanças de Washington de que isso poderia resultar em diminuição de apoio ao regime ou, até mesmo, sua derrubada.
“Uma grande maioria dos iranianos acredita, firmemente, que o Irã tem o mesmo direito de outras nações a desenvolver a energia nuclear, incluindo a construção e operação de instalações de enriquecimento nuclear.” Ele diz, “se as instalações do Irã forem bombardeadas, o apoio público a qualquer retaliação que seu governo tomar, será, provavelmente, ampla.”
A mais provável resposta, na verdade, será “um forte impulso para retaliar, já que os críticos de tal política escolherão, provavelmente, manter silêncio” na onda nacionalista que iria se seguir.
E mais ainda, um tal ataque, “provavelmente não iria parar o programa nuclear iraniano,” de acordo com os autores. Enquanto ele poderia fazer a economia recuar de certa forma, o resultante acréscimo nos preços do petróleo iria permitir ao governo “financiar a reconstrução das instalações e continuar o atual programa se grandes conseqüências orçamentárias.”
Outra opção, o bloqueio da Ilha de Kharg, o principal terminal de carga do Irã, ou dos Estreitos de Ormuz, para impedir a exportação de petróleo iraniano iria, sem dúvida, ter um “efeito devastador” sobre a economia do Irã, mas também iria, “com toda probabilidade, fazer mais para solidificar o apoio público ao regime do que enfraquecê-lo,” de acordo com o relatório, que também frisou a possibilidade de que um tal passo vá assegurar um agudo crescimento dos preços do petróleo, e provavelmente, resultar em ataques iranianos contra o trânsito de petroleiros no Golfo.
O relatório também previne contra programas de ação clandestina desenhados para auxiliar grupos minoritários de oposição, “já que as forças de segurança iranianas tem, convincentemente, mostrado que podem lidar com grupos étnicos resistentes, e a oposição violenta ao domínio iraniano, mais provavelmente irá resultar em endurecer as atuais forças políticas e de segurança do que influenciar alguma mudança positica nas políticas do regime.”
Ao invés, Washington deveria concentrar seus esforços em forjar condições para um Irã mais pluralista, em favor de uma aproximação para com o regime que, diz o relatório, “a maioria dos iranianos percebe... como legítimo.” Ele pede por mais fundos para programas que facilitem contatos entre cidadãos iranianos e americanos e para encorajar funcionários e cidadãos dos EUA a fornecer comentários e entrevistas à mídia iraniana... .” Ao mesmo tempo, deve-se “por um fim nas declarações políticas dos EUA, advogando mudança de regime”, já que o governo, com freqüência, as utiliza como “desculpa para deter indivíduos que buscam mais liberdade.”
O relatório também pede por apoio aos esforços do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para encorajar melhor administração econômica e cessar a oposição americana a ascensão do Irã à Organização Mundial de Comércio.
Por Jim Lobe – 31 de julho de 2008 – Inter Press Service.
Em meio a crescente especulação sobre a possibilidade de um bombardeio israelense ou americano contra as instalações nucleares iranianas no início deste mês, um grande estudo produzido para a Força Aérea dos Estados Unidos, por um alto centro de estudos, concluiu que uma ação militar americana contra o Irã “provavelmente teria efeitos negativos para os Estados Unidos.”
O estudo, pelo Projeto RAND FORÇA AÉREA, uma divisão da RAND Corporation da Califórnia, foi liberado em 9 de julho, o mesmo dia em que Teerã testou mísseis de médio e longo alcance numa aparente resposta aos relatos da semana anterior de que Israel tinha executado exercícios secretos desenhados para simular uma incursão contra as instalações nucleares do Irã, um mês antes.
Em meio a todos os fogos de artifício, no entanto, o relatório, que também pedia por uma estratégia multifacetada, desenhada para encorajar o desenvolvimento democrático no Irã, foi ignorado pela mídia.
Intitulado “Vulnerabilidades Econômicas, Demográficas e Políticas do Irã”, o relatório de 156 páginas, também pede para Washington “abaixar o tom” de suas declarações políticas apoiando “mudança de regime” e para “desencorajar grupos étnicos iranianos de se revoltarem contra o regime”. Ambas as políticas, foi dito, provavelmente serão contraproducentes.
Ao invés, de acordo com os três autores principais do estudo, Washington deve adotar uma aproximação mais paciente, “designada para criar condições para relações efetivas (com Teerã) à longo prazo.”
Como foi com a União Soviética, “com Teerã, o governo dos Estados Unidos terá, de novo, de manter um olho no longo prazo, comunicando-se com o atual governo, mas também encorajando mais discussão entre os iranianos e mais contatos e interações entre iranianos e americanos.”
“Sociedades e governos mudam. O governo dos Estados Unidos tem alguma habilidade de forjar tendências favoráveis no Irã, mas tais políticas irão levar tempo para frutificarem,” diz o relatório, que também observa que o Irã “parece estar à caminho de se tornar uma potência nuclear.”
Especulação sobre um possível ataque contra as instalações nucleares do Irã tem, de fato, diminuído um pouco, nas últimas três semanas, embora a questão tenha ressurgido de novo, como resultado das sucessivas visitas pelo chefe de estado-maior e ministro da defesa, Ehud Barak, semana passada. Na verdade, o Los Angeles Times, relatou na quarta-feira que os principais funcionários dos EUA reasseguraram Barak que a opção militar ainda estava “na mesa”.
Mesmo assim, a maioria dos analistas acredita que, embora um tal ataque – ou por Israel ou pelos EUA – permaneça possível, ele não é provável, se não por outra razão que os chefões militares no Pentágono, especialmente o presidente dos Chefes Combinados de Estado-Maior, almirante Michael Mullen, tem, cada vez mais, deixado clara sua oposição à idéia, no último mês.
Em acréscimo, a decisão de enviar um funcionário de alto-escalão do Departamento de Estado para participar, pela primeira vez, em conversas, dez dias atrás, com o Irã, como parte do processo Cinco Mais Um, que também envolve a França, Alemanha, Grã-Bretanha, Rússia e China, foi considerada como sinal de que Washington está, cada vez mais, empenhado na diplomacia como meio de lidar com a preocupação sobre o programa nuclear do Irã.
Se, ainda, o Departamento de Estado receber da Casa Branca aprovação para abrir uma Seção de Interesses em Teerã – um movimento que é, atualmente, assunto de discussões no mais alto nível da administração – a probabilidade de um ataque, antes que o presidente George W. Bush deixe o cargo, irá recuar ainda mais.
A este respeito, o estudo da RAND reforça aqueles que favorecem entendimento com o Irã, mesmo enquanto apóia a manutenção de certos tipos de sanções, notavelmente o embargo de determinadas altas-tecnologias de liquefação de gás, como moeda de barganha para futuras negociações com Teerã. Para aumentar a pressão sobre o regime, o relatório também recomenda expandir planos de contingência para seqüestrar contas iranianas comerciais e bancárias no estrangeiro, e encorajar os aliados dos EUA a impedirem certos funcionários iranianos associados com o programa nuclear de obterem visas para viagem ao exterior.
Quanto à possibilidade de uma ataque, no entanto, o relatório é claro de que tal opção irá ser, quase certamente, contraproducente, particularmente com respeito às esperanças de Washington de que isso poderia resultar em diminuição de apoio ao regime ou, até mesmo, sua derrubada.
“Uma grande maioria dos iranianos acredita, firmemente, que o Irã tem o mesmo direito de outras nações a desenvolver a energia nuclear, incluindo a construção e operação de instalações de enriquecimento nuclear.” Ele diz, “se as instalações do Irã forem bombardeadas, o apoio público a qualquer retaliação que seu governo tomar, será, provavelmente, ampla.”
A mais provável resposta, na verdade, será “um forte impulso para retaliar, já que os críticos de tal política escolherão, provavelmente, manter silêncio” na onda nacionalista que iria se seguir.
E mais ainda, um tal ataque, “provavelmente não iria parar o programa nuclear iraniano,” de acordo com os autores. Enquanto ele poderia fazer a economia recuar de certa forma, o resultante acréscimo nos preços do petróleo iria permitir ao governo “financiar a reconstrução das instalações e continuar o atual programa se grandes conseqüências orçamentárias.”
Outra opção, o bloqueio da Ilha de Kharg, o principal terminal de carga do Irã, ou dos Estreitos de Ormuz, para impedir a exportação de petróleo iraniano iria, sem dúvida, ter um “efeito devastador” sobre a economia do Irã, mas também iria, “com toda probabilidade, fazer mais para solidificar o apoio público ao regime do que enfraquecê-lo,” de acordo com o relatório, que também frisou a possibilidade de que um tal passo vá assegurar um agudo crescimento dos preços do petróleo, e provavelmente, resultar em ataques iranianos contra o trânsito de petroleiros no Golfo.
O relatório também previne contra programas de ação clandestina desenhados para auxiliar grupos minoritários de oposição, “já que as forças de segurança iranianas tem, convincentemente, mostrado que podem lidar com grupos étnicos resistentes, e a oposição violenta ao domínio iraniano, mais provavelmente irá resultar em endurecer as atuais forças políticas e de segurança do que influenciar alguma mudança positica nas políticas do regime.”
Ao invés, Washington deveria concentrar seus esforços em forjar condições para um Irã mais pluralista, em favor de uma aproximação para com o regime que, diz o relatório, “a maioria dos iranianos percebe... como legítimo.” Ele pede por mais fundos para programas que facilitem contatos entre cidadãos iranianos e americanos e para encorajar funcionários e cidadãos dos EUA a fornecer comentários e entrevistas à mídia iraniana... .” Ao mesmo tempo, deve-se “por um fim nas declarações políticas dos EUA, advogando mudança de regime”, já que o governo, com freqüência, as utiliza como “desculpa para deter indivíduos que buscam mais liberdade.”
O relatório também pede por apoio aos esforços do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial para encorajar melhor administração econômica e cessar a oposição americana a ascensão do Irã à Organização Mundial de Comércio.