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O engenheiro Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), deu duas entrevistas nas quais acusa o PT e o PSDB de usarem os governos federal e de São Paulo para bancar as campanhas de Dilma Rousseff e José Serra à Presidência da Republica, em 2010.
À revista "Época", Pagot disse que o alto escalão do PT pediu auxílio para conseguir doações de empresas que tinham contratos com o Dnit para a campanha da presidente Dilma.
Já à "Istoé", ele acusou o PSDB de desviar dinheiro da obra do Rodoanel, em São Paulo, para abastecer o comitê do adversário de Dilma na eleição, o tucano José Serra.
Pagot foi exonerado do Dnit em 2011 após suspeitas de que havia um esquema de cobrança de propina no Ministério dos Transportes, ao qual o Dnit é ligado.
À revista "Época", ele afirmou que foi procurado pelo deputado federal José di Filippi Júnior (PT-SP), tesoureiro da campanha de Dilma, para auxiliar na arrecadação de recursos.
Após o pedido, Pagot, que naquele momento estava no comando do Dnit, afirmou ter se reunido com cerca de 40 empresas. Pelo menos 30 teriam feito doações para a campanha de Dilma.
SERRA
À revista "Istoé", Pagot afirmou que foi pressionado a liberar um aditivo de R$ 264 milhões para as obras do trecho sul do Roadoanel, que conta com recursos federais.
Ele disse ainda que as empreiteiras que tocaram a obra sustentaram a campanha de Serra à Presidência. Pagot afirma que 8% do valor do aditivo seriam destinados a Serra e seus aliados: o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), e o governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Segundo Pagot, quem pediu o aditivo foi o então diretor de obras da Dersa, Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, hoje fora do governo.
Em 2010, Souza foi acusado de desviar recursos de suposto caixa dois do PSDB.
Na ocasião, ele negou as acusações e processou os acusadores. Serra primeiro negou que o conhecesse. Souza disse então, em tom de ameaça: "Não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada. Não cometam esse erro". Depois disso, Serra afirmou que se confundiu por conta do apelido quando questionado se conhecia Paulo Preto.
Segundo Pagot, os desvios do Rodoanel não eram divididos de forma equânime entre Serra, Kassab e Alckmin: "Era 60% para o Serra, 20% para o Kassab e 20% para o Alckmin", afirmou à revista.
Também à "Istoé", Pagot afirmou ter sido procurado pela ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) para ajudar na campanha dela ao governo de Santa Catarina em 2010. Em nota à revista, a petista negou.
Ontem, membros da CPI do Cachoeira disseram que pretendem convocar Pagot para depor na comissão.
OUTRO LADO
Petistas e tucanos negam as acusações do ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot.
À revista "Época", o deputado federal José de Filippi Júnior (PT-SP), disse que foi Pagot quem o procurou oferecendo três aviões do então governador de Mato Grosso, o hoje senador Blairo Maggi (PR), seu padrinho político, para auxliar a campanha de Dilma Rousseff.
Segundo o deputado, a oferta não se concretizou. Ele sustenta que esteve com Pagot novamente apenas após as eleições, quando o ex-diretor do Dnit teria ajudado a saldar dívidas da campanha, obtendo R$ 1 milhão das empresas de Maggi --os recursos foram registrados.
Procurada pela reportagem, a assessoria do ex-governador José Serra, pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, citado na entrevista de Pagot à "Istoé", afirmou que "trata-se de uma calúnia pré-eleitoral aloprada". "A acusação é inconsistente e a credibilidade dos envolvidos é zero", disse. A assessoria disse que Serra tomará "medidas judiciais".
Em nota, o PSDB disse que "a matéria é caluniosa. As campanhas do governador Geraldo Alckmin e de José Serra sempre contaram com doações declaradas à Justiça Eleitoral".
Em nota, o prefeito Gilberto Kassab disse que a acusação é "improcedente e mentirosa" e que também acionará a Justiça. José Luiz de Oliveira Lima, advogado de Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, disse que também irá processar Pagot por calúnia.